Encruzilhada. Assim estamos nós, professores da Educação Infantil, em relação a essa nova geração de pais que temos de “conviver” diariamente em nossas escolas.

Por que eles (pais) tentam nos “ensinar” a sermos educadores?    Questionam nossa autoridade, nossa formação acadêmica, fazem comentários desconexos e geralmente fora da realidade escolar e – quase – querem tirar nossa autonomia profissional.

Famílias podem e devem servir de apoio para crianças que entram na escola – ou, contrariamente, podem ser fontes de estresse, distração e comportamentos inadequados das mesmas. Escola e família devem formar uma equipe que trabalhe com base na colaboração e compartilhamento, desenvolvendo ações que sejam capazes de melhorar o rendimento dos nossos “pequenos”. 

Pais que veem os professores como aliados e professores que enxergam pais como potencializadores do rendimento escolar possuem grandes possibilidades de conversar francamente sobre eventuais problemas dos seus filhos, e isso enriquece a relação e se traduz em uma convivência harmônica entre todos. 

Convivemos, hoje, com uma dupla desvalorização: a primeira, do nosso “ser” profissional em virtude de salários baixos e condições muitas vezes inadequadas de trabalho; e a segunda, da intromissão igualmente inadequada de muitos pais, que tentam repassar à escola suas responsabilidades esquecendo que professores não são e nunca serão meros babás dos seus filhos. 

Explicando melhor: caso haja falhas pontuais e que naturalmente acontecem em qualquer ambiente de trabalho, temos nosso profissionalismo questionado em muitas plataformas por pessoas - pais principalmente - que geralmente desconhecem nosso dia a dia nas unidades de ensino. Elas quase sempre fazem pré-julgamentos e crucificam professores e demais profissionais que têm a alegria e o prazer de cuidar dos seus filhos. 

Esse “diagnóstico” precipitado e geralmente desprovido de conhecimento dos fatos reais nos magoa e desmotiva, fazendo com que pensemos em desistir da carreira porque é desanimador estarmos sempre procurando fazer nosso melhor e pessoas, que deveriam nos incentivar e ajudar, são as primeiras a nos “por pra baixo” e nos abalam psicologicamente. 

Os primeiros anos de vida de uma criança devem ser acompanhados de perto por pais e educadores, e manter uma boa comunicação é essencial para que a convivência se revele harmônica e traduza em um melhor atendimento e rendimento da mesma. 

Pais, tenham a mais plena certeza nós, professores, somos e seremos os primeiros a querer o melhor para os seus filhos e vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que os mesmos cresçam intelectualmente e como seres humanos – e, claro, os encham de alegria e satisfação. 

Mas para isso precisamos de uma participação mais colaborativa e respeitosa, pois só assim atingiremos um objetivo comum que é o cuidar e educar. Essa relação se for baseada na sinceridade e, não, no disse-me-disse e em exageros, tem grandes chances de prosperar e se tornar boa para ambas as partes. 

Pais, a interferência no processo educativo e comportamental é saudável, porém precisamos estar sempre abertos ao diálogo, que se respeite a autoridade do professor e da escola e que a plena harmonia é valiosa e imprescindível para uma educação e um cuidar de qualidade e que satisfaça a todos. 

AUTORAS: Kédma Macêdo Mendonça & Sibele Silva Leal Rodrigues, pedagogas, são professoras na rede municipal em Rondonópolis.