Douglas Cassiano

Fabricia Bertolazzi Vargas

Joelma Haskel Velho

Luciane Camassola

Kelly Daise Fabris

Lidiane Nunes de Almeida

Lorivane Aparecida Meneguzzo

Taise da Luz Souza

A TECNOLOGIA DIGITAL E A INFÂNCIA

Atualmente as crianças demonstram muita afinidade com a tecnologia digital. Tanto que essa geração e conhecida como “Nativos digitais”, pois deixam de lado os brinquedos e as brincadeiras “tradicionais”, e procuram diversão em celulares, videogames, computadores, tablets, smartphones, etc. Mas até que ponto essa precoce digitalização é benéfica?

Decididamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Por isso, os limites recomendados para utilização dessas tecnologias são revistos constantemente, assim como a maneira com que os pequenos devem interagir com as telas.

Segundo Bueno, uma pesquisa realizada pela "Digital Diaries" mostrou que 57% das crianças até cinco anos de idade sabem utilizar aplicativos de smartphones, mas apenas 14% delas sabem amarrar os sapatos. Com a tecnologia fazendo parte naturalmente da vida dos pequenos, é natural que aprendam cada vez mais cedo a mexer nesses aparelhos. O problema é que as habilidades digitais estão se sobrepondo a etapas básicas do desenvolvimento infantil. Momentos importantes da infância, como aprender a nadar, a andar de bicicleta, e até mesmo o brincar estão ficando em segundo plano diante a imersão das crianças no mundo digital.

Sabemos que é através da brincadeira que a criança aprende a se movimentar, falar e desenvolver estratégias para solucionar problemas. A brincadeira tem papel preponderante na perspectiva de uma aprendizagem exploratória, ao favorecer a conduta divergente, a busca de alternativas não usuais, integrando o pensamento intuitivo. Brincadeiras com o auxílio do adulto, em situações estruturadas, mas que permitam a ação motivada e iniciada pelo aprendiz de qualquer idade parecem estratégias adequadas para os que acreditam no potencial do ser humano para descobrir, relacionar e buscar soluções [...] O brincar também contribui para a aprendizagem da linguagem. A utilização combinatória da linguagem funciona como instrumento de pensamento e ação. Para ser capaz de falar sobre o mundo, a criança precisa saber brincar com o mundo com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação lúdica. [...] As crianças que brincam geralmente não estão sós. A escola não deve cultivar apenas a espontaneidade, já que os seres humanos necessitam de diálogo, do grupo (KISHIMOTO, 1998). Portanto o brincar é de fundamental importância para o desenvolvimento saudável da criança.

A neuropediatra Liubiana Arantes Regazoni, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) dá algumas orientações aos pais em relação ao uso das tecnologias digitais. Segundo ela o primeiro contato com as “telas” seria permitido por alguns minutos diários, somente após os 2 anos de idade, desde que os pais estejam supervisionando e participando diretamente. Para o uso da internet entre os 2 a 5 anos de idade a criança deveria utilizar somente uma hora por dia. Porém o uso desses aparelhos eletrônicos não deve ocorrer nas duas horas que antecedem o sono da criança e muito menos durante as refeições.

A era digital é fato, as crianças estão imersas nesse universo, pois já nasceram e cresceram no ambiente rodeado pelos aparelhos tecnológicos. Porém cabe aos adultos supervisionar e controlar o acesso das crianças a esses recursos.

Esses aparelhos podem ser benéficos quando utilizados com parcimônia, já que facilitam a comunicação, a pesquisa, a interação com as mais diferentes culturas, acesso a informação em tempo real, etc. Mas também podem ser maléficos pois podem levar ao sedentarismo e consequentemente a obesidade, conduta antissocial, agressividade, atrasos no desenvolvimento físico e motor, transtornos mentais e comportamentais como depressão e ansiedade.

Ainda não existe aparelho que possa substituir as relações sociais, o contato pessoal, a troca de olhares, de carinhos. Portanto cabe a nós adultos incentivar a criança a brincar com os amigos a interagir e principalmente controlar o tempo e os conteúdos acessados pelas crianças.  É preciso mostrar que somos nós, adultos, que temos autoridade para determinar quando e como a criança vai usar esses recursos.

Outro neuropediatra também membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Dr. Christian Müller, diz que o controle é fundamental. Ele alerta que estudos comprovaram a existência de alterações físicas e comportamentais devido ao uso excessivo de tablets e smartphones pelas crianças, dentre as mais comuns estão: dores de cabeça, alterações posturais, prejuízos na visão e no sono, já que a luz emitida pelos aparelhos altera a liberação da melatonina, hormônio que regula o sono e que só é liberado no escuro.

Porém ele diz que: não é a favor de proibir o uso dos aparelhos pelas crianças, mas garante que o uso indiscriminado tem trazido muito mais problemas do que benefícios, e isso precisa ser reavaliado. Assim sendo recomenda o uso com supervisão e controle dos adultos.

Portanto muito mais do que olhar para as crianças usando os equipamentos, nós, adultos precisamos, interagir nos relacionando afetivamente com elas. Isso não significa ficar o tempo todo com a criança, mas sim, o tempo disponibilizado para a criança ter qualidade.

 

BUENO, Mariana. Tecnologia pode Atrapalhar o Desenvolvimento Infantil. Disponível em: http://www.vix.com/pt/bdm/bebe/1-a-3-anos/materia/tecnologia-pode-atrapalhar-desenvolvimento-infantil. Acesso em maio de 2017.

KISHIMOTO, Tizuku Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.