A TECNOLOGIA DIGITAL E A INFÂNCIA
Publicado em 26 de agosto de 2017 por Lorivane Aparecida Meneguzzo
Douglas Cassiano
Fabricia Bertolazzi Vargas
Joelma Haskel Velho
Luciane Camassola
Kelly Daise Fabris
Lidiane Nunes de Almeida
Lorivane Aparecida Meneguzzo
Taise da Luz Souza
A TECNOLOGIA DIGITAL E A INFÂNCIA
Atualmente as crianças demonstram muita afinidade com a tecnologia digital. Tanto que essa geração e conhecida como “Nativos digitais”, pois deixam de lado os brinquedos e as brincadeiras “tradicionais”, e procuram diversão em celulares, videogames, computadores, tablets, smartphones, etc. Mas até que ponto essa precoce digitalização é benéfica?
Decididamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Por isso, os limites recomendados para utilização dessas tecnologias são revistos constantemente, assim como a maneira com que os pequenos devem interagir com as telas.
Segundo Bueno, uma pesquisa realizada pela "Digital Diaries" mostrou que 57% das crianças até cinco anos de idade sabem utilizar aplicativos de smartphones, mas apenas 14% delas sabem amarrar os sapatos. Com a tecnologia fazendo parte naturalmente da vida dos pequenos, é natural que aprendam cada vez mais cedo a mexer nesses aparelhos. O problema é que as habilidades digitais estão se sobrepondo a etapas básicas do desenvolvimento infantil. Momentos importantes da infância, como aprender a nadar, a andar de bicicleta, e até mesmo o brincar estão ficando em segundo plano diante a imersão das crianças no mundo digital.
Sabemos que é através da brincadeira que a criança aprende a se movimentar, falar e desenvolver estratégias para solucionar problemas. A brincadeira tem papel preponderante na perspectiva de uma aprendizagem exploratória, ao favorecer a conduta divergente, a busca de alternativas não usuais, integrando o pensamento intuitivo. Brincadeiras com o auxílio do adulto, em situações estruturadas, mas que permitam a ação motivada e iniciada pelo aprendiz de qualquer idade parecem estratégias adequadas para os que acreditam no potencial do ser humano para descobrir, relacionar e buscar soluções [...] O brincar também contribui para a aprendizagem da linguagem. A utilização combinatória da linguagem funciona como instrumento de pensamento e ação. Para ser capaz de falar sobre o mundo, a criança precisa saber brincar com o mundo com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação lúdica. [...] As crianças que brincam geralmente não estão sós. A escola não deve cultivar apenas a espontaneidade, já que os seres humanos necessitam de diálogo, do grupo (KISHIMOTO, 1998). Portanto o brincar é de fundamental importância para o desenvolvimento saudável da criança.
A neuropediatra Liubiana Arantes Regazoni, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) dá algumas orientações aos pais em relação ao uso das tecnologias digitais. Segundo ela o primeiro contato com as “telas” seria permitido por alguns minutos diários, somente após os 2 anos de idade, desde que os pais estejam supervisionando e participando diretamente. Para o uso da internet entre os 2 a 5 anos de idade a criança deveria utilizar somente uma hora por dia. Porém o uso desses aparelhos eletrônicos não deve ocorrer nas duas horas que antecedem o sono da criança e muito menos durante as refeições.
A era digital é fato, as crianças estão imersas nesse universo, pois já nasceram e cresceram no ambiente rodeado pelos aparelhos tecnológicos. Porém cabe aos adultos supervisionar e controlar o acesso das crianças a esses recursos.
Esses aparelhos podem ser benéficos quando utilizados com parcimônia, já que facilitam a comunicação, a pesquisa, a interação com as mais diferentes culturas, acesso a informação em tempo real, etc. Mas também podem ser maléficos pois podem levar ao sedentarismo e consequentemente a obesidade, conduta antissocial, agressividade, atrasos no desenvolvimento físico e motor, transtornos mentais e comportamentais como depressão e ansiedade.
Ainda não existe aparelho que possa substituir as relações sociais, o contato pessoal, a troca de olhares, de carinhos. Portanto cabe a nós adultos incentivar a criança a brincar com os amigos a interagir e principalmente controlar o tempo e os conteúdos acessados pelas crianças. É preciso mostrar que somos nós, adultos, que temos autoridade para determinar quando e como a criança vai usar esses recursos.
Outro neuropediatra também membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Dr. Christian Müller, diz que o controle é fundamental. Ele alerta que estudos comprovaram a existência de alterações físicas e comportamentais devido ao uso excessivo de tablets e smartphones pelas crianças, dentre as mais comuns estão: dores de cabeça, alterações posturais, prejuízos na visão e no sono, já que a luz emitida pelos aparelhos altera a liberação da melatonina, hormônio que regula o sono e que só é liberado no escuro.
Porém ele diz que: não é a favor de proibir o uso dos aparelhos pelas crianças, mas garante que o uso indiscriminado tem trazido muito mais problemas do que benefícios, e isso precisa ser reavaliado. Assim sendo recomenda o uso com supervisão e controle dos adultos.
Portanto muito mais do que olhar para as crianças usando os equipamentos, nós, adultos precisamos, interagir nos relacionando afetivamente com elas. Isso não significa ficar o tempo todo com a criança, mas sim, o tempo disponibilizado para a criança ter qualidade.
BUENO, Mariana. Tecnologia pode Atrapalhar o Desenvolvimento Infantil. Disponível em: http://www.vix.com/pt/bdm/bebe/1-a-3-anos/materia/tecnologia-pode-atrapalhar-desenvolvimento-infantil. Acesso em maio de 2017.
KISHIMOTO, Tizuku Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.
