A SUPREMA IRONIA.

"... e no Sétimo Dia, para não ficar com as vastas mãos abanando, criou o homem à sua imagem e semelhança." Vinicius de Morais.

Com essa verve irônica, o poetinha maior saudou o Pai Criador por sua obra, considerada (erroneamente?) mais importante e complexa. O homem, diz um trecho bíblico em sua metafísica embutida (e enrustida) sempre oculta ao profano e só revelada aos iniciados, que este ser foi criado tomando por base a "Forma Divina".
A Forma ou mesmo a Forma! A bem da verdade criou um Microcosmo, cópia exata e diminuída do Macrocosmo. Daí a nossa importância como unidades exatas e animadas por uma Centelha desfragmentada do seio do Criador (Ele é ativo ou passivo?), plasmado em um conjunto.
O corpo físico e a alma, plástica e sensível, formando um verdadeiro carro de combate. Um aríete para romper obstáculos criados para funcionarem como incidentes de percurso. Necessários ao exercício de superação e aprendizado.
Tudo fruto de um momento de distração e divagação do Criador de todos!
Essas crias foram vestidas de múltiplas roupagens, próprias à ação atualizadora das realidades divinas. Vestimentas de Karma ou Dharma. Aqui vale e tomo como inverídica a reflexão extraída do universo rosiano: "Ninguém nasce papudo nem carrega papo por gosto".
Quando nascemos, um anjo encarregado do nosso destino gira a roda da sorte. Por pura gozação ou mesmo uma pequena sacanagem as partes acertam, entre si, o "modus operandi" da vida do trouxa. Somos, então, mandados a esse mundo doido. Aí, a nossa pobre alma, suscetível, vaga mesmo a bordo do barco de Caronte, que singra as fétidas águas do Rio Letes.
Chegamos a passar em frente às três Parcas Filhas da Necessidade!
O Macro está contido no Micro, mas o Micro não está no Macro. Uma Suprema Ironia do Criador ou um verdadeiro trocadalho do carilho...