A SAÚDE MENTAL DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM ATUANTE EM  INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA

MARIA MARGARIDA BASTOS MARINS1, ROSA GOMES DOS SANTOS FERREIRA2, JAQUELINE CASTILHO DE OLIVEIRA3

1 Fisioterapeuta. Especialista em Saúde Mental. Técnica em Enfermagem do Hospital Escola São Francisco de Assis, UFRJ.

2 Doutoranda em Enfermagem, EEAN-UFRJ. Enfermeira Especialista em Saúde Mental.

3 Professora do Curso de Pós-Graduação em Saúde Mental. AVM.

RESUMO

Este estudo objetiva descrever o trabalho do profissional de enfermagem que atua em internação psiquiátrica, identificando os fatores de risco ocupacional que podem correlacionar-se ao desgaste mental, neste ambiente. Estudo qualitativo, descritivo, exploratório, de caráter de revisão narrativa e bibliográfica. Averiguamos que o profissional de enfermagem que atua nesta especificidade carece crescentemente, sobretudo pelo advento da Reforma Psiquiátrica, de capacitação, a fim de que desenvolva suas habilidades e competências inerentes ao desenvolvimento seguro de suas funções. Prestar assistência ao portador de sofrimento psíquico, não pode ser encarado como desencadeante direto e risco ocupacional ao trabalhador. Há que se considerar outras motivações, caso o profissional desenvolva alguma patologia de caráter psíquico. No Brasil há pouco estudo deste tema e acreditamos nesta proposta, a fim de que nos empenhemos em acompanhar a saúde mental, a qualidade de vida do trabalhador que atua em área tão árdua e de diferenciada demanda.

Descritores: trabalho; enfermagem psiquiátrica; saúde mental.

INTRODUÇÃO

No âmbito da atuação de enfermagem em saúde mental, várias sensações são percebidas por estes trabalhadores, sejam de modo positivo ou sob o viés da angústia, da impotência e da tristeza em acompanhar o sofrimento psíquico do outro.

Dentre as atribuições do trabalho de enfermagem, o cuidado em saúde mental é uma atividade desgastante e que estabelece muito além das ações de cunho físico, cabendo-nos, no cotidiano das ações, avaliar o que o usuário sente e muitas vezes, aquilo que não se consegue expressar em palavras, pois estes vivem no seu “mundo”.

Nesta perspectiva, instiga-nos publicizar ao leitor, de que modo o trabalhador de enfermagem, atuante em internação psiquiátrica, lida com a sua atribuição? Há prazer ou prevalece o sofrimento? Isso pode levá-lo ao adoecimento mental?

A partir deste fomento, apresentamos a condução de nosso estudo, apresentando como objetivos, o de analisar, se há propensão do sofrimento mental no profissional de enfermagem que atua com usuários sob internação psiquiátrica, constatar os estressores do trabalho de enfermagem em internação psiquiátrica; identificar as dificuldades encontradas no desempenho da função; descrever o cotidiano do trabalhador de enfermagem em internação psiquiátrica, através do relato de experiência profissional de maneira informal e através da menção de literatura específica.

Toda a atividade do cuidado de enfermagem está naturalmente conectada ao trato direto com o usuário, o que é muitas vezes, desgastante, sobretudo para quem atua diretamente em internação psiquiátrica, dada a complexidade de sinais e sintomas que acometem esses indivíduos, bem como os processos biopsicossociais dessa população.

Com o advento da Reforma Psiquiátrica, tornou-se indispensável o desenvolvimento do atendimento e melhores condições de assistência e tratamento para a reinserção desses usuários, mais ainda há muito a ser discutido e principalmente implantado.

Com isto, supõe-se que será ofertada uma melhor qualidade de vida para os portadores de transtorno psíquico, acreditando como conseqüência, uma melhor assistência do profissional de enfermagem que lida com essa clientela.

METODOLOGIA

Conhecimento empírico, também chamado vulgar ou de senso comum, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, após ensaios e tentativas que resultam em erros e em acertos. Este tipo de conhecimento é ametódico e sistemático. O conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer, além do fenômeno, suas causas e leis (L. CERVO, P.BERVIAN, 2002).

A pesquisa qualitativa responde as questões muito particulares e se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilha com seus semelhantes. Desta forma, a diferença entre abordagem quantitativa e qualitativa da realidade social é de natureza e não de escala hierárquica (MINAYO, 2010).

Esta pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratório, busca retratar o assunto, adotando o método de pesquisa bibliográfica e discussão através de relato informal, sendo o cenário, o ambiente de internação nos hospitais psiquiátricos, onde estão inseridos os trabalhadores de enfermagem, servindo de amparo para as discussões. [...]