RESUMO: Objetivo: desvelar através de comparativos sobre a satisfação profissional do enfermeiro no Brasil e em Portugal. Método: revisão integrativa da literatura de artigos completos, publicados no período entre 2012 a 2017 e disponíveis no idioma português. Resultados: os enfermeiros de ambos países se consideram sobrecarregados, o que corrobora com o sentimento de insatisfação. 

Consideram-se satisfeitos os profissionais que possuem nível de autoestima elevado e que praticam constantemente a resiliência, fator esse que é amplamente incentivado em Portugal e pouco difundido no Brasil, caracterizando assim as principais diferenças entre os dois países. Conclusão: Os estudos evidenciaram que, não obstante da dificuldade de trabalhar com o cuidado à vida, os enfermeiros ainda precisam lidar com fatores como a sobrecarga de trabalho, duplas jornadas e déficit de recursos humanos, a ausência ou ineficiência desses itens agrega o sentimento de insatisfação profissional, resultando em dificuldades laborais a curto, médio e/ou longo prazo.

Descritores: Enfermagem, satisfação, trabalho.


  1. INTRODUÇÃO 

A história do Brasil, desde sua colonização há aproximadamente 517 anos, até os dias atuais está diretamente ligada ao país de Portugal. A cultura, o idioma, os aspectos sociais, entre outras características do povo brasileiro, sempre possuíram grande influência por parte dos hábitos portugueses. Desfrutar dessa realidade, em continentes distintos, é um privilégio de poucos países. Porém desde que os lusitanos se adentraram ao território brasileiro até nossa contemporaneidade, muitos valores supracitados permaneceram, entretanto, alguns aspectos foram se distinguindo com o passar dos anos.

Existe um grande paradigma desde os tempos passados até a atualidade, quando a temática é traçar um paralelo entre Brasil e Portugal. Para Rio-Torto (2012) os países europeus contemplam maiores recursos financeiros, isso faz a economia girar mais rápido, sendo aspecto favorável ao profissional, no caso o enfermeiro.

De acordo com pesquisa realizada pela Unidade de Coordenação Internacional de Portugal (2017), os trabalhadores portugueses estão se destacando consideravelmente dentro do mercado de trabalho no âmbito mundial. Sendo assim, os profissionais de enfermagem estão sempre bastantes presentes e ativos dentro desses dados.

Apesar de possuírem como principais fatores estressores, cargas horarias longas, assim como é a realidade aqui no Brasil, existe ainda a constante necessidade de atualização profissional isso faz com que os enfermeiros considerem o mercado de trabalho carente de adequações (FELLI, 2016).

 Já os brasileiros afirmam ser a maior dificuldade, a inserção no mercado logo após a graduação, na maioria das vezes pela ausência de experiência prática/técnica no campo de atuação (TAKAHASHI, 2008).

E no contexto brasileiro, após a inserção no mercado de trabalho dentre os fatores que levam ao absenteísmo, destacam-se a sobrecarga de trabalho, as condições inadequadas para desenvolver suas atividades, o desgaste do colaborador, o dimensionamento inadequado, as licenças médicas e de afastamento das suas atividades, os acidentes e doenças ocupacionais, a jornada de trabalho, as desordens psicológicas e a insatisfação com o trabalho. Foi o descrito por Santos et al (2014), após realizar um estudo com metodologia de revisão literária, caracterizada por dados qualitativos e descritivo-analíticos, publicado no Brasil.

No Brasil, mesmo em tempos de crise, e contrariando o que é exposto pelo senso-comum, os enfermeiros possuem um mercado de trabalho satisfatório capaz de comportar boa parte dos profissionais disponíveis. Notórias diferenças e semelhanças são podem ser analisadas traçando um paralelo entre os dois países citados anteriormente. O mercado de trabalho segrega os profissionais, de maneira que somente aqueles que possuem um maior desempenho técnico/cientifico obterão um espaço ou oportunidade de emprego. Sabidamente os profissionais estão aprimorando-se, a fim de se manterem inseridos no mercado profissional, sempre almejando sua ascensão nesse contexto e consequentemente o reconhecimento em seu campo de atuação.

O enfermeiro possui inúmeras oportunidades, uma vez que a área da enfermagem oferta uma série de possibilidades e características de trabalho. Esse fenômeno dá-se, por que a enfermagem no contexto de grupo da saúde é a classe mais requisitada para o cuidado (VIEIRA, 2001). Aproveitando desta situação, o número de profissionais enfermeiros é crescente fazendo necessária uma disputa para fins de permanência no mercado e estabilização (SANTOS, 2014).

Em pesquisa de natureza descritiva realizada por meio de revisão de bibliográfica sistematizada, realizado por Costa et al (2015) no Brasil, onde ficou evidenciado que a maioria dos participantes apresentavam um nível de estresse, entretanto nem sempre conseguiam identificá-lo.

Baseando-se nesses dados, surge o interesse em definir variáveis no nível de investimento do bem-estar do profissional enfermeiro, explicitando um panorama entre Brasil e Portugal. Levando em consideração fatores relacionados ao estresse do profissional nos distintos países, para que diante das informações adquiridas, se possível, identificar os fatores favoráveis quanto a atuação profissional e as desvantagens do mercado para essa classe profissional nas diferentes nações analisadas.

No Brasil, dentre as distintas formas pelas quais se apresentam a excessiva sobrecarga sobre os profissionais enfermeiros, temos a síndrome de Burnout. Os fatores que influenciam no desenvolvimento dessa patologia têm além da sobrecarga de trabalho, condições inadequadas para execução de suas atividades; as relações interpessoais conflituosas; pouca autonomia profissional; ausência de expectativas; ambiguidades no contexto de atribuições e a insatisfação salarial. (RIO-TORTO 2012).

No transcorrer da pesquisa, dados referentes aos níveis de resiliência dos enfermeiros serão informados, sendo que, será realizado um comparativo entre os dois países, identificando as variáveis no que se referem ao bem-estar do profissional dessa classe, no que consiste o principal foco desse trabalho.

 

 

           

  1. DESENVOLVIMENTO

 

Seja pela semelhança no idioma, na cultura, nos hábitos de vida, gastronomia, Brasil e Portugal possuem várias semelhanças entre si. O fato de possuirmos um contexto histórico tão evidente e homogêneo expõe uma série de paridade entre nossas realidades. Entretanto, essa “herança” nem sempre se mantem tão idônea quanto o ideal. O Brasil infelizmente possui essa característica de importar não somente pontos positivos de outras nações, mas também pontos negativos e muitas vezes, pontos negativos esses, que são desenvolvidos ou criados no meio social brasileiro.

Tamanha similitude sem dúvidas é atrativa para questionar por que em Portugal os profissionais enfermeiros, possuem acompanhamento e estímulo acerca do seu bem-estar no campo de atuação e no Brasil isso não ocorre de forma tão assídua?

Segundo Pedro (2011), no país europeu, o atuante nessa área possui as mesmas características daquele enfermeiro que atua aqui em nosso país, entretanto, as autoridades competentes de Portugal procurarem fazer com que esse colaborador, converta toda essa sobrecarga em resiliência. Resiliência é compreendida como “a capacidade humana para enfrentar, vencer e sair fortalecido ou transformado por experiências de adversidade”, denotando a ideia de evolução (YUNES, 2003).

A satisfação com o trabalho é um conjunto de sentimentos favoráveis que os indivíduos apresentam em relação ao mesmo, e quanto maiores forem os fatores de satisfação, maior poderá ser o empenho do profissional em prestar uma assistência qualificada, refletindo um serviço de melhor qualidade (VIEIRA, 2001).

O profissional satisfeito, não somente o enfermeiro, mas todas as profissões atuam de maneira mais produtiva, tendo como resultado um trabalho efetuado com excelência. Nos enfermeiros, consiste em uma assistência segura e de qualidade, que facilita a reabilitação e recuperação daqueles que os buscam.

De outro ângulo, a insatisfação ao que se espera favorece os fatores contrários. Uma premissa descrita é a série de fatores negativos agregados em um mesmo desempenho. Vertentes existem antes da instalação da insatisfação profissional, que contam como exemplo a remuneração inferior ao esperado e/ou adequado, e novamente a jornada de trabalho extensa e/ou dupla jornadas quando se faz necessário.

Identificar e intervir quando se obtém a insatisfação do profissional deve ser algo que o gestor tenha como foco, a fim de reduzir esses índices propiciando a qualidade na assistência ao paciente/cliente. Existem inúmeras maneiras de se motivas e satisfazer o profissional, normalmente a mais comum é a adaptação ás situações imposta, o que é conhecido como resiliência. Por outro lado, é preciso ter incentivos para desenvolvê-la e também força de vontade por parte dos enfermeiros, visto que em ambos os países a indagação com maior ênfase é observada constantemente por ambos.

 

  1. A carga horária dos enfermeiros no Brasil e em Portugal

 

Na realidade brasileira contamos com três categorias distintas dentro do campo de atuação da enfermagem, são eles: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Essas classes possuem uma entidade que regulamenta o exercício profissional a nível nacional, que é Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Além do Cofen que possui supremacia sobre o exercício da enfermagem no âmbito federativo, conta-se ainda com os Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren), órgãos responsáveis por assuntos pertinentes a profissionais de enfermagem de cada unidade federal. Importante lembrar que o sindicato dos Enfermeiros é separado do sindicato dos técnicos de enfermagem.

De acordo com Conselho Federal de Enfermagem em sua Resolução de número 0543 de 2017, o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem no Brasil deve basear-se em características relativas como ao serviço de saúde, ao serviço de enfermagem e ao paciente. Isso afirma que as a jornada de trabalho, infelizmente sofre mudanças de acordo com o regime a ser exercido junto ao acordo com o órgão empregador. Esse fato faz surgir o grande agravo do profissional que é a extensa jornada de trabalho, ou, quando jornadas reduzidas que acabam por resultar em salários baixos (COFEN, 2017).

Em Portugal, entretanto essa realidade é bastante distinta, sendo que, nesse país ao contrário de como é constituído a equipe de saúde, aquela nação conta com um profissional que designa atividade de auxiliar de acto médico, e a enfermagem conta apenas com o profissional enfermeiro. A Ordem dos Enfermeiros é a entidade responsável pela regulamentação do exercício da função de enfermeiro nesse país (ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2015).

O Estatuto da Ordem dos Enfermeiros de Portugal, afirma que cálculo das necessidades de dotação de enfermeiros não pode limitar-se ao critério do número de horas de cuidados por doente e por dia ou tempos médios utilizados em determinados procedimentos, sendo consensual que a definição de um dimensionamento apropriado deve considerar, também, aspetos como as competências profissionais, a arquitetura da instituição, a desconcentração de serviços, a formação e a investigação a realizar (PORTUGAL, Decreto-lei n.º 104/98, de 21 de abril).

Contudo o que foi supracitado é notório que não detemos de valores exatos para realizar o comparativo entre os países, porem a vertente em comum é que existe a adequação de acordo com características pré-determinadas.

Espera-se que esse estudo possa contribuir para que todos os enfermeiros possam pleitear de cargos, onde seja investido no crescimento e bem-estar do profissional, dentre da sua área de atuação. Onde esse colaborador seja assistido de forma holística, sempre respeitando seus valores princípios e limites.

Diante disso, surge o questionamento apesar de tamanha essa parecença, quais as evidencias científicas relacionadas a satisfação e insatisfação entre os profissionais enfermeiros do Brasil e de Portugal?

 

 

  1. MATERIAIS E MÉTODO

 

 

Revisão Integrativa de literatura (RIL) cuja coleta de dados ocorreu em fontes disponíveis online. A busca foi realizada, durante os meses de Abril de 2017 a Outubro de 2017.

A RIL é um método amplo que permite a inclusão de literatura teórica e empírica, bem como outros estudos com abordagens quantitativas e/ou qualitativas. Em outras palavras, o referido método permite atualizar as discussões relacionadas a um tema específico, a partir da síntese de estudos publicados.

A Revisão Integrativa é constituída por seis fases as quais serão a seguir descritas com as ações realizadas neste estudo.

Para avaliação do nível de evidência foi utilizada a proposta de Melnyk e Fineout-Overhot, 2005 apud Milani et al (2011), que classifica os estudos em:

NÍVEIS

TIPO DE ESTUDO

1

Revisões sistemáticas ou meta-análise de relevantes ensaios clínicos.

2

Evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico, randomizado, controlado e bem delineado.

3

Ensaios clínicos bem delineados, sem randomização.

4

Estudos de coorte e de caso-controle bem delineado.

5

Revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos.

6

Evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo.

7

Opinião de autoridades ou relatório de Comitês de especialistas.

 

Fase 1: Identificação do tema ou questionamento da Revisão Integrativa

 

A identificação do tema “a satisfação do profissional do enfermeiro - estudo comparativo entre Brasil e Portugal: revisão integrativa da literatura” e da questão norteadora “Como se apresentam os resultados de estudos publicados em periódicos nacionais acerca da satisfação profissional do enfermeiro em Brasil e Portugal?” se deu pelo contato dos pesquisadores com a evidência das diferenças de investimento no profissional e pela pouca produção científica a respeito do tema.

 

Fase 2: Amostragem ou busca na literatura

 

Realizou-se a busca das publicações/artigos no sítio da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF).

As palavras-chave utilizadas foram: enfermagem, satisfação e trabalho. Os critérios para a escolha das palavras-chave consistiram em: pertencer aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e representar ao menos em parte a temática do estudo. No intuito de potencializar a obtenção de artigos que refletissem o tema em questão, além da utilização individual dos descritores para a busca nas bases de dados, foi realizada busca cruzada com o descritor “insatisfação”.

Como critérios de inclusão dos artigos estabeleceram-se: artigos completos; publicados no período entre 2012 a 2017; disponíveis no idioma português; indexados nas bases de dados mencionadas; que versassem acerca satisfação profissional do enfermeiro em Brasil e Portugal.

 

Fase 3: Categorização dos estudos

 

As informações extraídas dos artigos selecionados se referiram aos seguintes itens: título do periódico e do artigo; titulação dos autores; ano, local, volume e número da publicação. Além desses itens, nos estudos foram observadas as informações sobre as metodologias utilizadas, os resultados alcançados e as conclusões a que os autores chegaram.

 

Fase 4: Avaliação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa

 

Foi realizada a busca inicial pelos resumos dos artigos que respondiam aos descritores adotados e, selecionados aqueles que mencionavam fatores relacionados à satisfação profissional do enfermeiro em Brasil e Portugal.

 

Fase 5: Interpretação dos resultados

            A partir de repetidas leituras dos resumos selecionados na fase anterior, se extraiu aqueles estudos que versavam a respeito da satisfação profissional do enfermeiro em Brasil e Portugal.

Em relação ao tratamento dos dados, foi aplicado o método de Análise de Conteúdo, que propiciou o agrupamento do conteúdo estudado em categorias temáticas. A análise de conteúdo foi desenvolvida em três etapas:

a) etapa I – pré-exploração do material: nessa etapa foram realizadas leituras flutuantes dos artigos selecionados no intuito de conhecer o contexto e abstrair impressões importantes à construção da próxima etapa;

b) etapa II – seleção das unidades de análise: após a interação dos pesquisadores com o material, foram destacadas sentenças, frase e parágrafos que se apresentavam com maior frequência no objetivo de construir unidades temáticas;

c) etapa III – categorização dos estudos: nessa etapa por meio de leitura profunda do material distribuído nas categorias, foram expressos os significados e as interpretações abstraídas no intuito de construir novos conhecimentos.

 

Fase 6: Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da Revisão Integrativa.

 

Após leitura exaustiva do material selecionado, as informações capturadas foram disponibilizadas em quadros e tabelas. Na discussão dos dados estes foram agrupados em duas categorias temáticas: contextualização da satisfação e outra de insatisfação do enfermeiro.

 

 

 

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

  1. Perfil dos estudos

 

Dos 14 (quatorze) artigos encontrados e utilizados para a construção dos resultados, todos foram divulgados em diferentes periódicos nacionais. Todos são específicos da enfermagem. Os periódicos com maiores números de publicações foram as Revista Brasileira de Enfermagem e a Revista latino-americana de enfermagem, o período com maior número de publicação foi aquele compreendido entre 2012 e 2015 (oito artigos). A maioria dos estudos é de nível de evidência 5. Em relação à autoria dos estudos todos são exclusivamente de enfermeiros. Fizeram parte das amostras 1257 profissionais de enfermagem, 83 idosos e 392 pacientes.

 

  1. Motivos de satisfação dos enfermeiros

 

A qualidade na assistência ofertada a população, está diretamente ligada ao índice de satisfação do profissional que desenvolve esse trabalho. Logo, pode-se constatar que esses são fatores correlacionados, e são determinantes para o bem-estar tanto do paciente, quanto do profissional.

 

           

Estudo/Tipo

Objetivo

Público da pesquisa

Resultados \ Conclusão

Atuação profissional e bem-estar em enfermeiros.

 

SANTOS, DAC E VANDENBERGH, LUC (2013)

 

 Trabalho de pesquisa, do tipo transversa e analítico.

 

Nível de Evidência 5

 Identificar o grau de bem-estar de enfermeiros da cidade de Rondonópolis-MT e relacioná-lo com aspectos da sua atuação profissional.

128 enfermeiros da subsede do COREN-MT participaram da pesquisa.

Identificou-se que 78,1% dos enfermeiros possui bem-estar elevado; mulheres (82,5%) mais que homens (61,5%). Sobrecarga de horas de trabalho semanal é prejudicial ao bem-estar. Maior bem-estar associa-se com satisfação com o trabalho e percepção de eficiência profissional.

Indicadores de prazer e sofrimento no trabalho da enfermagem em um serviço de hemodiálise.

 

PRESTES FC et al  (2015)

 

Estudo quantitativo, transversal.

 

Nível de Evidência 5

Mensurar os indicadores de prazer e sofrimento no trabalho e relacioná-los com as características
sociodemográficas e laborais dos trabalhadores de enfermagem
de um serviço de hemodiálise do sul do Brasil.

A população foi composta de 51 trabalhadores de enfermagem do serviço (seis enfermeiros, 33 técnicos e 12 auxiliares de enfermagem).

O prazer relacionado à atividade laboral sobressaiu-se no contexto do trabalho
investigado. Os trabalhadores de enfermagem do serviço de hemodiálise pesquisado consideraram a liberdade de expressão
crítica, enquanto que a realização profissional, o esgotamento profissional e a falta de reconhecimento foram avaliados
satisfatoriamente.

Qualidade de vida e capacidade para o trabalho de profissionais de enfermagem.

QUEIROZ DL, SOUZA DC (2012)

 

Estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal.

 

Nível de Evidência 4

Objetivou avaliar a QV e a capacidade para o trabalho (CT) dos profissionais de enfermagem de um hospital de grande porte

Foram avaliados
129, pertencentes a três categorias profissionais (auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e enfermeiros).

Pode-se dizer que os profissionais de enfermagem amostrados possuem uma percepção positiva de sua qualidade de vida e capacidade para o trabalho, e torna-se evidente a condição central que o trabalho ocupa em suas vidas e o quanto é importante no processo de autorrealização pessoal e profissional.

Satisfação dos idosos e profissionais de enfermagem com o cuidado prestado em uma instituição asilar.

 

CASTRO VC et al  (2013)

 

Estudo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa.

 

Nível de Evidência 4

Identificar o nível de satisfação dos idosos com a qualidade do atendimento à saúde prestado pelos profissionais de  e o nível de satisfação destes profissionais acerca das atividades que exercem.

Do total de 83 idosos, foram entrevistados 23.

Tanto os idosos como os profissionais sentem-se satisfeitos com o cuidado prestado sendo que os primeiros enfatizaram a infraestrutura da instituição, as atitudes dos profissionais diante da dependência de cuidados e a relação profissional/idoso, enquanto os profissionais destacaram o trabalho em equipe, a remuneração e a gratificação demonstrados pelos idosos como determinantes da sua satisfação com o trabalho.

O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem.

 

SILVINO ZR et al  (2012)

 

Pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa.

 

Nível de Evidência 5

Identificar o perfil dos trabalhadores de enfermagem e caracterizar as condições de trabalho que levam o profissional de enfermagem da unidade hospitalar ao sofrimento psíquico.

Foram entrevistados 40 sujeitos entre técnicos e enfermeiros.

Os dados confirmaram que o maior sofrimento psíquico está diretamente ligado a organização do trabalho e não com a profissão.

Valorização e motivação de enfermeiros na perspectiva da humanização do trabalho nos hospitais.

 

SPRANDEL LIS et al  (2012)

 

Estudo descritivo de abordagem qualitativa.

 

Nível de Evidência 5

Identificar como os enfermeiros percebem a valorização do
trabalho e a motivação profissional no exercício de suas atividades.

Totalizando 12 sujeitos entrevistados.

Os enfermeiros vivenciam um conflito com os valores e compromissos do seu trabalho, gerando a insatisfação profissional, o que torna clara a necessidade de humanizar todo o seu processo de trabalho, possibilitando o atendimento às necessidades humanas
no seu cotidiano.

 

Um estudo transversal e analítico, realizado por Santos e Vandenbergh (2013) com 128 enfermeiros identificou que a maioria possui bem-estar elevado, principalmente as mulheres, apesar da sobrecarga de trabalho semanal, o bem-estar desses profissionais está associado à satisfação com o trabalho e percepção de eficiência profissional.

Em relação a atividade laboral alguns indicadores levados em consideração em estudo transversal quantitativo, realizado com profissionais de enfermagem, sendo deste seis (06) enfermeiros, no campo de atuação de hemodiálise, foi constatado um aumento significativo no prazer relacionado ao contexto de trabalho. Sendo que os colaboradores atuantes nessa área específica consideram a liberdade de expressão crítica, realização profissional, esgotamento profissional, entre outros itens avaliados foram classificados de forma satisfatória. (PRESTES et al 2015).

Com objetivo de realizar uma avaliação na capacidade de trabalho e qualidade de vida de profissionais de enfermagem em uma unidade hospitalar de grande porte, foi realizado um estudo quantitativo, descritivo e transversal, onde foram avaliados cento e vinte e nove (129) profissionais atuantes no serviço de enfermagem em três distintas categorias – enfermeiros, técnicos em enfermagem e auxiliares em enfermagem. Essa análise realizada por Queiroz e Souza (2012), evidenciou que os trabalhadores de enfermagem amostrados possuem visão positiva no que diz respeito a qualidade de vida e capacidade de trabalho. Partindo dessa premissa, pode-se constatar o quanto evidencia-se o quanto o trabalho é essencial em suas vidas e tamanha é a importância para a autorrealização profissional e pessoal.

            A satisfação é uma característica compartilhada tanto entre idosos, assistidos em determinada unidade na cidade de Maringá-PR, quanto por profissionais de enfermagem atuantes na mesma instituição. Essa informação é trazida por meio de estudo realizado por Castro (2013), que possuiu um método descritivo e exploratório de abordagem qualitativa, onde foram enfatizadas as atitudes profissionais frente a dependência de cuidados, relação profissional e idoso e a infraestrutura da instituição.

            Em conformidade com os relatos de Silvino et al (2012) em sua pesquisa descritiva e exploratória, foi possível extrair que o sofrimento mental está presente na vida laboral de profissionais que contam com uma interação, na maior parte do tempo, com quem necessita de sua ajuda, seja professores, profissionais de saúde entre algumas outras profissões. Essa interação e necessidade de cuidado constante desencadeiam processos que fogem ao controle habitual de saúde laboral. Esse item condiz com desgaste psíquico e emocional, onde o enfermeiro e sua equipe estão inteiramente ligados.

            Foram indagados fatores condizentes a saúde psíquica do enfermeiro, entre eles o que os motivou a escolherem essa profissão e o fator relação interpessoal foi o mais questionado. No que concerne a este último fator a convivência com a chefia obteve o maior ressalvo. O autor relata ainda que o sofrimento psíquico pode ser um estado de ausência de bem-estar, podendo ser gerado por fatores múltiplos, no caso dos entrevistados as relações entre enfermeiros e técnicos de enfermagem condizem para conflitos entre as subdivisões profissionais gerando insatisfação em ambos os profissionais. Não obstante, os enfermeiros consideram-se satisfeitos com sua atuação profissional, desde que seu fluxo de trabalho e seu resultado continuem sendo alcançados (SILVINO et al 2012).

Para Silveira et al (2012) a satisfação pode ser percebida como um dos principais fatores relacionados com a produtividade e a qualidade do trabalhado interferindo no resultado final de seu labor.

            Durante sua pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, Sprandel et al (2012) ele identificou que o quesito satisfação está relacionada com o resultado de sua assistência, assim sendo quando a recuperação do cliente/paciente é positiva o enfermeiro considera-se satisfeito pois alcançou seu objetivo. Outrora os enfermeiros afirmam que sua satisfação profissional condiz com seus objetivos de vida, onde cada um almeja suas metas e, quando finalmente à alcançam sentem-se satisfeito.

Em síntese os autores supracitados concordam que para obter satisfação profissional é preciso trabalhar com situações agradáveis onde o profissional sinta prazer em ali estar. Os enfermeiros entrevistados relatam que o resultado de sua ação, ou seja, a evolução do paciente condiz fielmente para o sucesso de sua atuação, isso ocorre também no Brasil como também em Portugal.

 

  1. Motivos de insatisfação do enfermeiro

 

Estudo/Tipo

Objetivo

Público da pesquisa

Resultados \ Conclusão

Processo de trabalho e seu impacto nos profissionais de enfermagem em serviço de saúde mental.

 

SOUZA IA et al (2015)

 

Estudo transversal.

 

Nível de Evidência 4

Analisar o processo de
trabalho e seu impacto nos profissionais de Enfermagem
de um serviço de saúde mental destinado à atenção de usuários de álcool e outras drogas.

A amostra não intencional foi composta por oito profissionais de Enfermagem.

Os profissionais de Enfermagem, em seu processo de trabalho, estiveram expostos a todas as cargas de desgaste, sendo o desgaste psíquico mais intenso que o físico, o qual refletiu na insatisfação com a atividade laboral e na saúde física dos trabalhadores.

Enfermeiros dos grandes hospitais públicos no Rio de Janeiro:
características sociodemográficas e relacionadas ao trabalho.

 

GRIEP RH, et al (2013)

 

Utilizou metodologia seccional.

 

Nível de Evidência 5

Descrever aspectos metodológicos do referido estudo e apresentar características sócio-demográficas e de trabalho dos enfermeiros e
enfermeiras que atuam nesses hospitais.

Foram entrevistados um total de 12 profissionais enfermeiros.

 Aspectos desafiadores: baixa frequência de formação em cursos de mestrado e doutorado,
além de cargas semanais extensas e os múltiplos vínculos empregatícios. A insatisfação e a intenção de abandonar a profissão já é mais frequente do que aquela observada em
estudos internacionais.

Percepção dos trabalhadores de enfermagem acerca da satisfação no contexto do trabalho na UTI.

 

SILVEIRA RS et al / (2012)

 

Pesquisa qualitativa, exploratória.

 

Nível de Evidência 5

Conhecer as percepções dos trabalhadores da
enfermagem acerca da satisfação ou insatisfação no contexto
do trabalho da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

De um total de 23 trabalhadores de enfermagem que
atuam na UTI, 13 aceitaram e foram participantes desse
estudo.

Foi possível constatar a percepção dos trabalhadores de que
a satisfação no processo de trabalho parece favorecer seu desempenho profissional. E, apesar de os trabalhadores da enfermagem constituírem o maior contingente da força de trabalho na área da saúde, ainda são inúmeras as dificuldades para melhorar suas condições de trabalho, as quais produzem a ausência de satisfação.

Valorização e motivação de enfermeiros na perspectiva da humanização do trabalho nos hospitais.

 

SPRANDEL LIS et al  (2012)

 

Estudo descritivo de abordagem qualitativa.

 

Nível de Evidência 5

Identificar como os enfermeiros percebem a valorização do
trabalho e a motivação profissional no exercício de suas atividades.

Totalizando 12 sujeitos entrevistados.

Os enfermeiros vivenciam um conflito com os valores e compromissos do seu trabalho, gerando a insatisfação profissional, o que torna clara a necessidade de humanizar todo o seu processo de trabalho, possibilitando o atendimento às necessidades humanas
no seu cotidiano.

Estresse ocupacional e satisfação dos usuários com os cuidados de saúde primários em Portugal.

 

ROQUE H et al / (2015)

 

Estudo com características descritivas, quanti-qualitativas e comparativas.

 

Nível de Evidência 5

Analisar o estresse
ocupacional nos profissionais da saúde e o seu impacto nos pacientes através dos níveis de satisfação.

A amostra é constituída por 305 profissionais
da saúde e 392 pacientes das USF.

Oitenta e quatro por cento dos profissionais
relatam níveis moderados a elevados de estresse ocupacional, o que representa uma elevada percepção do nível de exigência colocado pela prática profissional.

Fatores de risco para doenças cardiovasculares em profissionais
de enfermagem: estratégias de promoção da saúde.

 

MAGALHÃES FJ, et al (2014)

 

Estudo descritivo, documental, de natureza quantitativa.

 

Nível de Evidência 5

Identificar os fatores de risco modificáveis e não modificáveis para DCV presentes nos profissionais de enfermagem de um hospital público de referência e doenças cardiopulmonares e descrever as estratégias de promoção da saúde realizadas pelos profissionais do SESMT para o controle e a prevenção desses fatores de risco.

A população foi composta por 175 prontuários de profissionais de enfermagem da referida instituição.

Ao focalizar na Enfermagem, considerada uma profissão que se compromete com a saúde do ser humano e sua qualidade de vida, percebe-se que estes necessitam de maior autoestima
e preocupação com a própria saúde; ressaltando que os profissionais de enfermagem são vulneráveis aos fatores que predispõem às DCV.

Necessidades humanas básicas
dos profissionais de enfermagem:
situações de (in)satisfação no trabalho.

 

Regis FLFV (2011)

 

Abordagem qualitativa com
adoção de técnicas quantitativas.

 

Nível de Evidência 5

a) Caracterizar situações de (in)satisfações dos integrantes da equipe de enfermagem no trabalho; b) Analisar as implicações das (in)satisfações dos integrantes da
equipe de enfermagem no trabalho.

Foram envolvidos dezoito participantes, sendo seis enfermeiras, quatro técnica e oito auxiliares de enfermagem, todos do sexo feminino, com idades variando de 21 a 58 anos, tempo de exercício profissional de nove meses a 31 anos e tempo de trabalho na instituição entre nove
meses e 25 anos.

As insatisfações mais encontradas estiveram relacionadas com vários aspectos levantados pelos participantes da pesquisa, tais como: hidratação, alimentação, descanso, salário,
carga e déficit de funcionários. As necessidades de transcendência ainda precisam ser mais exploradas em futuras investigações.

Prevalência de distúrbios psíquicos menores em
enfermeiros docentes.

 

TAVARES JP et al (2014)

 

Estudo epidemiológico seccional.

 

Nível de Evidência 5

Verificar a prevalência de Distúrbios Psíquicos Menores, em enfermeiros
docentes das universidades federais públicas do Rio Grande do Sul e identificar a associação entre esses distúrbios e as variáveis sociodemográficas e laborais.

Totalizou uma população elegível de 144 docentes.

O presente estudo permitiu verificar a suspeição de DPM em 20,1% dos enfermeiros docentes. Evidenciou-se que nem todas as situações de trabalho foram fontes de desgaste ao trabalhador. No entanto, observou-se diferença significativa para suspeição de DPM entre os enfermeiros docentes que não desenvolviam atividades de extensão.

Relação entre resiliencia e burnout: promoção da saúde mental e ocupacional dos enfermeiros.

 

SILVA SM et al/ (2016)

 

Quantitativa,
do tipo transversal, exploratório e descritivo.

 

Nível de Evidência 4

Verificar se a resiliência se constitui como protetora do Burnout, e desta forma, pode ser utilizada na promoção da saúde mental e ocupacional dos enfermeiros.

A amostra foi constituída por 200 enfermeiros que trabalhavam em hospitais públicos da área metropolitana
do Porto.

Trabalhadores resilientes tendem a ter maior desempenho e a serem mais comprometidos com o trabalho, com a organização, e consequentemente, com a prestação da assistência de enfermagem com maior qualidade. Mas para tal, é necessário ter também iniciativas institucionais resolutivas e motivadoras que promovam a saúde do trabalhador de enfermagem.

 

Dentro do campo de atuação, independentemente da classe profissional, o colaborador deverá apresentar um nível satisfatório para o desenvolvimento de suas atividades cotidianas. Sendo que, a insatisfação profissional poderá interferir diretamente na qualidade do serviço oferecido.

Com o intuito de analisar o processo de trabalho e o impacto causado em profissionais de enfermagem, um estudo realizado de forma transversal, contando coma contribuição de oito profissionais de enfermagem, onde foi constatado que essas classes profissionais sempre estiveram expostas a todas as cargas de desgaste. O desgaste psíquico é mais intenso se comparado com o físico, caracterizando assim uma insatisfação com a saúde física e atividades laborais. (SOUZA et al 2015).

Aspectos desafiadores, como por exemplo, a baixa frequência de cursos de formação em mestrado e doutorado, as extensas cargas horárias e múltiplos vínculos empregatícios, estão dentre os principais fatores de insatisfação por parte de enfermeiros, é o que o estudo metodológico seccional realizado por Griep et al (2013) nos traz. Essa insatisfação e a intenção de abono para com a profissão, é bem mais frequente no Brasil se comparado a estudos realizados internacionalmente.

            Para Silveira et al (2012) um fator que indica ausência de satisfação é a desunião por parte da equipe, onde enfermeiros e técnicos de enfermagem não encontram um senso crítico de união e acabam por estar constantemente em conflitos gerados por situações diversas. Essas situações se desvelam em desunião devido a outros fatores que culminam esse resultado, à exemplo a deficiência dos recursos humanos e materiais, onde este fator é inerente não somente ao convívio e união da equipe, mas também na qualidade da assistência prestada ao paciente. A partir do momento em que cada profissional se comprometer consigo mesmo ao modo de focar apenas no seu fazer, os resultados encontrados serão diferentes destes.

            Para Sprandel et al (2012) a tocante jornada de trabalho novamente foi discutida como fator de insatisfação sendo formulado este, a maior parte das questões expostas pelos enfermeiros. Para os entrevistados essa alta demanda de trabalho faz com que o seu ‘ideal de trabalho’ seja frustrado, pois o profissional não consegue atingir seu êxito deixando-o frustrado, logo insatisfeito.       

            O estresse ocupacional vem sendo estudado constantemente visto ser um contexto em desenvolvimento e grande aumento em seus números. Os autores Roque et al no ano de 2015 desvelarem sobre essa perspectiva fazendo ainda um enlace com a satisfação dos usuários de saúde, este estudo foi realizado em Portugal. Baseando-se em um questionário contendo 25 itens respondidos por       305 profissionais e 392 pacientes de unidades de saúde familiar – USF, foi indagado como este o nível de estresse dos profissionais e como isso resultada na satisfação dos usuários.

            Como resultado desta pesquisa os enfermeiros tiverem os níveis mais elevados de estresse seguido pelos secretários clínicos. Para Roque et al (2015) no que concerne aos enfermeiros, outros estudos portugueses mostram valores mais baixos de estresse do que os que foram aqui identificados, e estudos internacionais mostram valores mais elevados, essa variação ocorre devido a linha de pesquisa e o público alvo. Para tanto, obteve-se resultante desta pesquisa que os enfermeiros carecem de medidas de prevenção e remediação ao nível individual e organizacional como forma de diminuir o estresse, de fato desencadeados não somente de forma coletiva, mas também de modo individual. Concluem os autores que essa insatisfação diante deste realce poderá ter implicações ao nível de estresse experimentado pelos profissionais, o que terá consequências futuras em termos da degradação do seu desempenho laboral.

            A fim de relatar sobre as necessidades humanas básicas dos profissionais de enfermagem, o autor Regis (2011) afirma que as insatisfações mais encontradas estiveram relacionadas com vários aspectos levantados pelos participantes da pesquisa, tais como: hidratação, alimentação, descanso, salário, carga e déficit de funcionários. A pesquisa realizada indicou a necessidade de a equipe estar se reunindo periodicamente a fim de solucionar as insatisfações apresentadas. Diante dos problemas encontrados o autor afirma que:

É justamente na influência decorrente de necessidades insatisfeitas que se fundamentam as possíveis consequências para o cuidado, pois a enfermeira e os demais integrantes da equipe tenderão a reproduzir suas insatisfações na relação do cuidado com o outro, podendo comprometê-lo (REGIS, 2014, p.3).

 

            Solucionar os fatores estressores em qualquer instituição deve ser ação primordial executada pelo enfermeiro junto ao gestor da unidade, buscando assim, melhorias para o enfrentamento individual e/ou coletivo (REGIS, 2011).

            Ao focalizar na enfermagem, deparamo-nos com situações estressoras em todos os momentos durante seu labor, isso condiz com a atualidade em que vivemos atualmente onde tudo é designada para o dia anterior e deve ser executado com eficiência e eficácia. Diante dessa necessidade, surge a necessidade de avaliar a saúde de quem cuida da saúde de terceiros, o enfermeiro. Em uma pesquisa realizada por Magalhães, et al (2014) ele busca identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) na equipe de enfermagem. Foram analisados prontuários de 15 enfermeiros de determinada instituição onde se percebeu enormes riscos para DCV. Nos resultados perceberam-se fatores de risco como antecedentes familiares com hipertensão arterial (72,9%), sedentários (64,9%), peso elevado (56,4%), circunferência abdominal elevada (49,7%), dentre outros.

            Vários fatores concorrem para essa problemática, o que termina por dar lugar à insatisfação profissional, que está atrelada com esses fatores, abrangendo ainda sobrecarga de trabalho, dupla jornada e inúmeras responsabilidades. Medidas educativas como orientações e incentivo a eliminar hábitos não saudáveis foram propostos pelos autores como forma de reverter essa situação.

            O trabalho do enfermeiro docente apresenta algumas peculiaridades: multiplicidade de atividades, pressões institucionais, problemas de relacionamento entre os pares e falta de interesse dos estudantes, além de deparar-se com turmas com elevado número de estudantes (Tavares et al 2014). Além disso esses profissionais em grande maioria possuem outro vínculo empregatício, o que concerne para gerar a insatisfação profissional diante da sua atuação. Em sua pesquisa os autores Tavares et al 2014, delinearam índices alarmantes acerca de distúrbios psíquicos desencadeados por enfermeiros docentes, essa pesquisa traz a luz a ideia de que, não obstante o enfermeiro assistencial, o enfermeiro docente também está exposto a riscos ocupacionais. Esses fatores corroboram grandemente para surgimento da insatisfação do profissional.

            A fim de evitar e/ou diminuir esses índices é necessário às mesmas ações executadas para enfermeiros assistenciais, como orientação educativa e proposta de redução da insatisfação profissional.

A saúde mental dos enfermeiros atua juntamente com o desenvolvimento profissional, o que condiz com a necessidade de manter os dois parâmetros alinhados e longe de qualquer obstáculo que dificulte a êxtase em ambas as partes. Conta-se muito com a resiliência dos enfermeiros a fim de suprir as demandas do dia a dia. Esse termo resulta das crenças do indivíduo, podendo conduzi-lo à adaptação saudável diante das adversidades e a uma experiência que implica amadurecimento e desenvolvimento, ou seja, todo indivíduo tem uma predisposição à resiliência, que pode ser desenvolvida a partir das vivências durante toda a vida (Rodrigues et al 2013). Resiliência é um privilégio de alguns indivíduos, pois não se nasce resiliente nem se adquire naturalmente no desenvolvimento humano. É uma competência passível de ser aprendida e de desenvolver ao longo da existência por meio do processo interativo do sujeito com outros seres humanos e de processos intrapsíquicos. Para tal, a pessoa deve apropriar-se de sua realidade e transformá-la, transformando, consequentemente, a si mesmo num movimento dialético (TAVARES et al 2014).

            Diante do exposto pelos autores Rodrigues et al (2013) é imprescindível que a busca e o incentivo pela resiliência seja enfatizado a fim de reduzir índices de descontentamento com a profissão, frustração diante da atuação e a insatisfação de maneira geral.

            Em síntese, é possível afirmar que em ambos os países, a principal queixa de insatisfação do enfermeiro surge devido às longas jornadas de trabalho. Porém esse fator requer preceptores, que possuem mais de um vínculo empregatício, que também ocorre devido à baixos salários ofertados aos enfermeiros.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os resultados desse estudo demonstraram que o profissional enfermeiro carece de jornadas de trabalho reduzidas a fim de minimizar os níveis de stress desse profissional, o que condiz fielmente com o fator de satisfação do mesmo.

Os estudos evidenciaram que os enfermeiros atuantes em Portugal contam com um item divisor de águas, que é o incentivo por parte dos empregadores, à resiliência e a adaptação dos enfermeiros visando melhorar o estado emocional, favorecendo assim a satisfação do enfermeiro. No Brasil, possui diretrizes que impõe o incentivo ao desenvolvimento profissional, entretanto, o que se pôde observar foi que a sobrecarga, os salários reduzidos e a imensa responsabilidade acabam por não ofertar oportunidades aos enfermeiros de fazerem uso de seus direitos legalmente aprovados.

Concluímos neste estudo que os enfermeiros possuem um perfil bastante semelhante independentemente do país em que atua, e possuem como fator de principal insatisfação a sobrecarga de trabalho e a necessidade de dupla jornada para aquisição de remuneração que supra suas necessidades básicas de vida.

Torna-se, portanto, necessário que, não somente os órgãos empregadores, mas também toda a ordem da classe, vá a procura de medidas normativas e intensifiquem as orientações educativas e lutas da categoria.

Portugal e Brasil demonstram mais uma vez suas semelhanças históricas, aperfeiçoando as relações entre os países. Acreditamos que os enfermeiros podem desenvolver ações que viabilizem o cuidado ao paciente de modo que não se abstenha da assistência a própria saúde. Diante desse exposto, fica a necessidade de executar estudos mais específicos para essa classe profissional, e impor medidas que visem à diminuição de fatores estressores que vão contra o objetivo de qualquer profissional, que é a satisfação em seu campo de atuação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ABREU M.; BAPTSTA P.; BORGES E.; FELLI V. QUEIRÓS C.; SILVA.  Relação entre resiliência e burnout: promoção da saúde mental e ocupacional dos enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. Porto-Portugal. n. 16, dez. 2016. Disponível em: <  http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpesm/n16/n16a06.pdf >. Acesso em: 17 nov. 2017.

 

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA DE PORTUGAL. Estatuto da ordem dos enfermeiros. Diário da República, 1.ª série — N.º 181 — 16 de setembro de 2015. Disponível em: < http://www.ordemenfermeiros.pt/legislacao/Documents/LegislacaoOE/Lei_156_2015_SegundaAlteracaoEstatutoOE_set2015.pdf > Acesso em 30 de Julho de 2017.

 

AVILA L.I; FILHO W. D. L; FUNCK C.R; LUNARDI V. L; SILVEIRA R.S; VIDAL D.A.S.  Percepção dos trabalhadores de enfermagem acerca da satisfação no contexto do trabalho na UTI. Revista Oficial do Conselho Federal de Enfermagem. Brasil v. 3, n. 2. p. 93-96, 2012. Disponível em:< http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/262>. Acesso em: 12 set. 2017.

 

BECK C. L. C.; LAUTERT L.; MAGNAGO T. S. B. S.; PRESTES F. C.; SILVA R. M.; TAVARES J.P.  Prevalência de distúrbios psíquicos menores em
enfermeiros docentes. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem. Rio Grande do Sul. v. 18, n. 3, p. 407-414, jul/set. 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n3/1414-8145-ean-18-03-0407.pdf >. Acesso em: 17 nov. 2017.

 

BECK C.L.C; MAGNAGO T.S.B.S; PRESTES F.C; SILVA R.M. Indicadores de prazer e sofrimento no trabalho da enfermagem em um serviço de hemodiálise. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 49, n. 3, p. 469-477, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n3/pt_0080-6234-reeusp-49-03-0469.pdf>. Acesso em 09 set. 2017.

 

BRAGA A.L.S; CORTEZ E.A; DUTRA V.F.D; PAULA G.S; REIS J.F; SILVINO, Z.R.O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem. Revista online de pesquisa: Cuidado é fundamental. Rio de Janeiro, Ed. Supl., jan/mar p. 33-36, 2012. Disponível em: < http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1664>. Acesso em: 22 set. 2017.

 

CASTRO VC, DERHUN FM, CARREIRA L. Atuação profissional e bem-estar em enfermeiros. Satisfação dos idosos e profissionais de enfermagem com o cuidado prestado em uma instituição asilar. Revista pesquisa cuidado fundamental (Online); 5(4):493-502, out.-dez. 2013. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4767709.pdf >. Acesso em: 04 nov. 2017.

 

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Atualiza e estabelece parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nos serviços/locais em que são realizadas atividades de enfermagem. Resolução COFEN 543/2017. Disponível em: < http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-5432017_51440.html > Acesso em 14 de agosto de 2017.

 

COSTA P.; ROQUE H.; SILVA I.; VELOSO A.  Estresse ocupacional e satisfação dos usuários com os cuidados de saúde primários em Portugal. Ciência e Saúde Coletiva. Braga- Portugal. v. 20, n.10, p. 3087-3097, 2015. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csc/v20n10/1413-8123-csc-20-10-3087.pdf >. Acesso em: 17 nov. 2017.

 

CUSTÓDIO I. L.; LIMA F.E.T.; MAGALHÃES F. J.; MENDONÇA L. B. A.; OLIVEIRA S. C.; REBOUÇAS C. B. A.  Fatores de risco para doenças cardiovasculares em profissionais
de enfermagem: estratégias de promoção da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasil. v. 67, n. 3, p. 394-400, 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n3/0034-7167-reben-67-03-0394.pdf >. Acesso em 17 nov. 2017.

 

FONSECA M.J.M; GRIEP R.H; MELO E.C.P; ROTENBERG L; PORTELA L.F.  Enfermeiros dos grandes hospitais públicos no Rio de Janeiro:
características sociodemográficas e relacionadas ao trabalho. Revista Brasileira de Enfermagem. Rio de Janeiro, v. 66, Ed. Esp. p. 151-157 2013. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea19.pdf>. Acesso em: 28 set. 2017.

P.H; SOUZA I.A.S.  Processo de trabalho e seu impacto nos profissionais de enfermagem em serviço de saúde mental. Acta Paul de Enfermagem. São Paulo. v.28, n.5, 2015. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ape/v28n5/1982-0194-ape-28-05-0447.pdf>. Acesso em: 25 set. 2017.

 

PORTO I. S.; REGIS L. F. L. V.  Necessidades humanas básicas dos profissionais de enfermagem: situações de (in)satisfação no trabalho. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo. v. 45, n. 2, p. 334-341. 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/v45n2a04.pdf >. Acesso em: 17 nov. 2017.

 

PORTUGAL. Guia Prático – Destacamento de Trabalhadores de Portugal para Outros Países. Unidade de Coordenação Internacional. Publicação 6 de novembro /2017. (N49 – v1.05) Disponível em: < http://www.segsocial.pt/documents/10152/26154/N49_destacamento_trabalhadores_portugal_outros_paises/8cc3f642-e286-4ef1-8210-d86bb3833a0b > Acesso em 14 de Maio de 2017.

 

QUEIROZ D.L., SOUZA D.C. Qualidade de vida e capacidade para o trabalho de profissionais de enfermagem. Revista Psicólogo informação. Campo Grande, a. 16, n. 16, 2012, jan/dez. Disponível em:< https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/PINFOR/article/view/3999/3478>. Acesso em: 22 set. 2017.

 

RIO-TORTO, Graça Maria. Operações e paradigmas genolexicais do português. Filologia e Lingüística Portuguesa. n. 2, p. 39-60, 2012. Disponível em < https://www.revistas.usp.br/flp/article/view/59658/62754 >. Acesso em 15 de Ago de 2017.

 

SANTOS NAC, MAMEDE NM, PAULA MAB. Principais causas de afastamento do trabalho na equipe de enfermagem: revisão integrativa da literatura.  Revista de Administração em Saúde. Vol. 16, Nº 64 – Jul-Set, 2014. Disponível em: < http://portalrev.enfermagem.bvs.br/index.php?issn=1519-1672&lang=pt > Acesso em 31 de outubro de 2017.

 

SANTOS, D.A.C; VANDENBERGH, L.U.C. Atuação profissional e bem-estar em enfermeiros. Revista de Enfermagem da UFSM. Rio Grande do Sul, v. 3, n.1, jan/abril. 2013. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/viewFile/6676/pdf>. Acesso em: 04 nov. 2017.

 

SILVA, PEDRO JOSÉ, et al. A prática discursiva sobre a formação de enfermeiros em Portugal. Revista de Enfermagem Referência - III - n.° 3 – 2011. Disponível em: < http://www.scielo.mec.pt/pdf/ref/vserIIIn3/serIIIn3a14.pdf > Acesso em 31 de Setembro de 2017.

 

SPRANDEL L.I.S; VAGHETTI H. H. Valorização e motivação de enfermeiros na perspectiva da humanização do trabalho nos hospitais. Revista Eletrônica de Enfermagem . Goiás, v. 14, n. 4, Out./dez., p. 794-802, 2012. Disponível em: < https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v14/n4/pdf/v14n4a07.pdf>. Acesso em: 22 set. 2017.

 

SPRANDEL LIS, VAGHETTI HH. Valorização e motivação de enfermeiros na perspectiva da humanização do trabalho nos hospitais. Revista Eletrônica Enfermagem [Internet]. 2012 oct/dec;14(4):794-802. Disponível em:< http://www.fen.ufg.br/revista/v14/n4/v14n4a07.htm. > Acesso em 17 de novembro de 2017.

 

TAKAHASHI, Alda Akie; BARROS, Alba Lúcia Bottura Leite de; MICHEL, Jeanne Liliane Marlene  and  SOUZA, Mariana Fernandes de Dificuldades e facilidades apontadas por enfermeiras de um hospital de ensino na execução do processo de enfermagem. Acta paul. enferm. [online]. 2008, vol.21, n.1, pp.32-38. ISSN 1982-0194.  Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n1/pt_04.pdf > Acesso em 13 de setembro de 2017.

 

VIEIRA, Ana Luiza Stiebler et ai. Mercado de trabalho em saúde no brasil: empregos para os enfermeiros nas três últimas décadas. Revista Brasileira de Enfermagem , Brasilia, v. 54, nA, p. 623-629, out./dez.2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v54n4/v54n4a10.pdf > Acesso em 27 de Agosto de 2017.

 

YUNES, MARIA ANGELA MATTA. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicologia em Estudo, Maringá,v. 8, num. esp., p. 75-84, 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pe/v8nspe/v8nesa10.pdf > Acesso em 23 de outubro de 2017.

 

 

[1]Enfermeira; email: [email protected];