A RUA CARMELO ZOCOLLI E OS BONS TEMPOS DE INFÂNCIA! 

Professor Me. Ciro José Toaldo

No artigo anterior foram narradas algumas memórias ligadas com a Rua Carmelo Zocolli, em Capinzal, SC, continuando, vamos trazer a lembrança dos bons tempos de infância vividos nesta rua, seja pelas brincadeiras e também pelo aguardo, com ansiedade, do final de ano, quando haveria a vinda do papai noel. Os encantos de desse tempo da chegada do ‘bom velhinho’, atrelado com o calor, eram estímulos que nos faziam viajar em meio as fantasias mirabolantes, pareciam sair de uma caixa mágica. Estes episódios nos faziam viver com intensidade e estão registrados na mente. Infelizmente, vivemos em uma época aonde estes

‘valores’ parecem perdidos pela nossa sociedade, na verdade, cada vez mais, está havendo o desencantando do mundo infantil.

     Não desejo adentrar na paranoia da defesa ou ataque do tal consumismo, apenas rememoro os bons tempos de infância, espero levar os leitores, não apenas conhecer esse tempo de nossa infância, mas, também eles possam rememorar a sua infância. Nesta rua brincávamos de pegapega, esconde-esconde, pular na grama, correr até faltar o ar, construir cabanas no mato e nos dias de chuva fazer gigantescos açudes nas valetas. Este era o nosso cotidiano, contudo, aguardávamos o final de ano, o natal, principalmente na sua véspera, aonde sabíamos que o papai noel chegaria, este sim era ‘tempo de encanto e de magia’.

Aquela noite, da véspera do natal, não importando se estrelada ou chuvosa, tinha um significado especial: toda a vizinhança se reunia, na casa de meus pais, sendo um momento de festa e de confraternização, aonde todos esperavam com muita intensidade a chegada do

‘velhinho com a sua roupa vermelha’. E, quando ele chegava, com toda sua pomposidade, antes da entrega dos presentes, havia uma espécie de ritual, cada pessoa que se encontrava na grande sala de nossa casa, poderia ser velho ou criança, deveria se ajoelhar em sua frente e responder suas perguntas, fazer uma oração e depois receber o seu presente. Apesar de certo medo, pois ele era meio bravo, tudo era superado pela alegria de receber presente, deliciar-se com balas e alguns chocolates; aliás, era apenas na páscoa e natal que haviam essas guloseimas.

Meus amigos, passaram-se mais de cinquenta anos e, confesso ainda sonhar com este ‘papel noel’ da rua Carmelo Zocolli. Tantas mudanças aconteceram, mas, a saudade destas boas recordações, não são esquecidas. Talvez, em meio a tantas inovações, esqueceu-se de pensar no coração humano que precisa se encher de amor, esperança, e principalmente da ‘inocência’ de uma criança.  Na verdade, o nosso coração, bem como a existência humana são sedentos de simplicidade, assim como do foi o nosso tempo infância, aonde pulávamos, riamos e ficávamos felizes com qualquer ação que nos fosse feita, como a do natal, onde podíamos receber brinquedos e lambuzara a boca com os doces recebidos. 

Rua Carmelo Zocolli, como esquecer? Como não lembrar dos colegas de infância?

Quanta lembrança! Reta a saudade de um tempo que não voltará!  Minha eterna gratidão aos meus pais, eles nunca deixaram morrer meus ‘encantos de criança’. Quiçá nossas crianças e adolescentes possam contar com pais brilhantes, como foram os nossos que conseguiram, apesar das dificuldades, entender o quanto é gratificante exercer a imaginação e os encantos de uma criança! 

Deus abençoe todos! Até o próximo!