Resumo

O ser humano portador de necessidades especiais, durante séculos, e até mesmo milênios, foi discriminado como portador de enfermidades contagiosas, perigosas, delinquentes e até mesmo demoníacas. Com o avanço da ciência e da tecnologia, e uma ampla mudança de pensamento, essas pessoas passaram a ser vistas de forma diferente no contexto social. Nas últimas décadas, várias tem sido as tentativas de socialização das pessoas com deficiência; surgiram múltiplas discussões sobre esse tema, como simpósios, seminários e conferências e tais atitudes contribuíram para o processo atual denominado inclusão.

A inclusão representa um discurso muito recente que vem passando por profundas alterações no contexto social, principalmente no ambiente escolar, sendo observado um movimento nas ações escolares a favor da inclusão nas séries iniciais do ensino fundamental; porém, não é isso que os documentos e as discussões vêm pautando, mas a inclusão em toda a organização da organização escolar, básica e superior. Entretanto, torna-se importante ressaltar que o movimento de inclusão no âmbito escolar não limita-se apenas à pessoa com deficiência, mas a todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, torna-se necessário identificar mecanismos consistentes para que as escolas trabalhem por uma sociedade inclusiva.

A escolha do tema baseia-se na necessidade de investigarmos a construção do conhecimento sobre o assunto em questão, tendo como marco inicial, a atuação dos autores em atividades comunitárias e profissionais.

1 introdução

A educação especial, segundo Almeida (2004) é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas com necessidades educacionais especiais, entre as quais também condutas típicas ou altas habilidades, e que está presente nos diferentes níveis do sistema de ensino.

O ensino regular almeja uma evolução na qualidade de escolarização, que contemple a educação inclusiva. Especialistas acreditam que a concretização da qualidade da educação se fará com todos os tipos de crianças dentro de uma escola regular (WERNECK, 2000).

A educação inclusiva, por ser uma inovação, tem seu conceito muito distorcido além de ser um movimento polemizado por todos os seguimentos educacionais e sociais. No entanto, para garantir o direito de todos à educação, faz-se necessário inserir os alunos com déficit de toda ordem no ensino regular (MANTOAN, 1997b).

A educação inclusiva não espera que o aluno com necessidades especiais adapte-se aos outros alunos.

[...] o que é visado é que ele atinja o máximo de sua potencialidade junto com os seus colegas ‘normais’. Com isso fica garantido o direito à singularidade da sua atenção. Pois para o paradigma da inclusão não são os deficientes que tem que se adaptar aos normais, mais os normais que tem que aprender a conviver com os deficientes (MRECH apud AMARAL, 2002, p.56).

Almeida (2004) completa que inclusão não significa somente inserir o aluno com deficiência no sistema regular de ensino, mas sim que o sistema educacional dê respostas educacionais com qualidade ao conjunto de pessoas. 

2 INTEGRAÇÃO VERSUS INCLUSÃO

Como já explicitado anteriormente, durante décadas, a realidade das pessoas com deficiência foi à exclusão. A inclusão social era difícil, a inclusão escolar não era sequer analisada e a inclusão no mercado de trabalho era utopia. Porém, num determinado momento pensou-se na inclusão como uma luta e conquista individual e não como um direito. Este processo, que depende mais do sujeito e de ele se adaptar às exigências da sociedade, foi denominado integração. E, ao contrario, quando se torna uma questão de direitos e de a sociedade se preparar para receber as diferenças, denomina-se inclusão (BATISTA, 2000).

Prieto (2002) lembra que na década de 1990, no Brasil, o discurso da inclusão escolar assumiu statu privilegiado. Porém, ainda há diversos discursos contrários. Há alguns autores e profissionais que atuam no meio educacional pela universalização do acesso e pela qualidade de ensino. Mas também há aqueles, menos avisados ou pouco informados, que tem interpretado a inclusão escolar como mero acesso de alunos com necessidades especiais na classe comum, o que caracteriza apenas uma integração. Cabe ressaltar, que por muitas vezes a própria estrutura física escolar não permite o trabalho correto nesta área. Destaca-se ainda a falta de recursos e apoio do próprio Estado para com os envolvidos no processo educativo.

A situação atual do atendimento às necessidades escolares da criança brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e evasão no ensino fundamental. Entretanto, na sociedade, como na cultura escolar, o problema está centrado no aluno, pois é considerado incompetente por não apresentar resultados escolares satisfatórios. Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências (MANTOAN, 2004a).

Werneck, em entrevista ao site Educacional, acerca do conceito de inclusão e integração, destaca:

[...] é preocupante como a palavra inclusão é mal utilizada, Entre os equívocos, ela enumera: confundir integração com inclusão; pensar que a inclusão é privilegio de portadores de deficiência ou é feita somente para beneficiá-los; achar que a inclusão é igual a respeito às diferenças; ou que se trata de reinserção social dos desvalidos, das vitimas do sistema, de quem não tem o que comer ou onde morar. [...] a integração é um movimento mais antigo e que propunha que as pessoas com qualquer tipo de comprometimento ou deficiência estivessem juntas, que elas tivessem o direito ao mesmo que nós, pessoas comuns, digamos assim. Não tinha, porém, a preocupação de mudar ambientes, estruturas e relacionamentos que já existiram (WERNECK, 2000, p.1).

A prática da inclusão, segundo Almeida (2004), segue o modelo social da deficiência, segundo o qual, a tarefa de cada cidadão consiste em modificar a sociedade para torná-la capaz de acolher todas as pessoas que apresentem alguma diversidade, portanto, trata-se de uma sociedade de direitos iguais para todos.

Para a integração do aluno na escola, não há necessidade de uma perspectiva de que a escola deve mudar para acomodar cada vez mais alunos. “A integração significa tornar as escolas regulares em escolas especiais através da transposição das melhores praticas, dos melhores professores e dos melhores equipamentos das escolas especiais para o sistema regular de ensino” (MITTLER, 2003, p.34).

Cardoso (2001, p.51) resume que “[...] a integração significa a colocação de pessoas com necessidades educacionais especiais juntamente com pessoas que não as têm no mesmo contexto”.

A inclusão implica em uma reforma radical nas escolas em termos de currículo, avaliação e pedagogia e em formas de agrupamento dos alunos nas atividades de sala de aula. Ela é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam bem vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência (MITTLER, 2003, p.34).

Reiterando a posição de Mitter, quanto à reforma educacional, Mantoan (1997a, p.145), afirma que “a inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral.”

A política de inclusão dos alunos, que apresentam necessidades educacionais especiais, na rede regular de ensino, não consiste somente na permanência física desses alunos, mas no propósito de rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando suas diversidades e criando espaços inclusivos. Dessa forma, a inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola incide de sua função, coloca-se à disposição do aluno (SCHNEIDER, 2005).

 INTEGRANTES DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

Acredita-se que exista um forte laço que une, integra e media os atores do processo ensino aprendizagem: a família, a escola e a comunidade.

Com o ingresso no ambiente da educação infantil, a criança passa da família para a escola, trazendo consigo uma série de hábitos, conhecimentos e, inclusive, valores insipientes que poderão ser melhorados e aumentados a partir das relações interpessoais estabelecidas entre a criança, o educador e os colegas. Para tal, é necessário um ambiente escolar capaz de proporcionar condições e estímulos positivos, como também um conjunto de elementos que possam possibilitar tanto a integração entre as crianças quanto a realização de atividades diversificadas e a ocupação ativa dos espaços (RODRIGUES; KREBS; FREITAS, 2005 p.162).

A inclusão deve ser conciliada com uma educação para todos, com um ensino especializado no aluno. Entretanto, não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionaria sem enfrentar um desafio ainda maior: as consequências que recaem sobre o fator humano (MANTOAN, 2004b).

Portanto, percebe-se, que muitos dos espaços e os meios materiais usados para a eficácia de um processo escolar de qualidade permitem que sua prioridade seja cedida ao desenvolvimento de novos comportamentos e formas de interação na escola, exige, portanto transformações no relacionamento, não só pessoal e social como também no processo de ensino e aprendizagem.

A inclusão escolar pode ser definida consensualmente, como um sistema pedagógico voltado para atender a todos, respeitando as diferenças. Porém, não é a realidade de todas as instituições de ensino publico regular. Constatam-se vários equívocos que contribuem para o insucesso do processo de inclusão no ensino publico regular. Um deles é a falta de formação adequada do profissional de educação.

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