A animação “A menina que odiava livros” conta a história de Nina, uma garota que não gostava de ler, mas que, dentro de casa, vivia cercada por livros – eles estavam nas prateleiras, mesas de cabeceira, guarda roupa, nos armários, no sofá, na escada, na cadeira, empilhados na sala...

Os pais de Nina apreciavam muito a leitura e, apesar da grande quantidade de livros presentes em casa, adquiriam cada vez mais volumes.

Um dia o gatinho da menina derrubou uma pilha de livros e os personagens das histórias invadiram a sala, fazendo uma grande bagunça. Isso fez com que a garota descobrisse e admirasse o fascinante universo da literatura.

Em contrapartida, o vídeo “Vida Maria” mostra o contentamento de uma garotinha chamada Maria José em escrever o seu nome no caderno. A mãe por sua vez a pega “desenhando o nome” e diz para a filha ajudá-la nos afazeres da casa e no cuidado com os animais, ao invés de perder tempo com aquilo.

Consequentemente, quando Maria José teve seus filhos, os tratou da mesma maneira. No fim do vídeo é mostrado o caderno das “Marias” e percebe-se que, na realidade dessa família, as personagens não tiveram a oportunidade para firmar um futuro novo.

Nos trechos do filme “Como Estrelas na Terra, toda criança é especial” é retratado como o garotinho Ishaan Awasthi sofre na escola por não ter uma equipe que soubesse valorizar e entender as suas necessidades. Ao contrário, o menino era rotulado como indisciplinado ao dizer que as letras dançavam em sua frente.

Nesse sentido, é possível compreender que o meio social na qual a criança está inserida pode interferir na formação do indivíduo e, além da escola, a família também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cultural dos estudantes. Talvez se Maria José tivesse recebido o apoio de sua mãe para estudar, o seu destino teria sido diferente, Nina não descobriria o fantástico mundo da literatura e Ishaan Awasthi não desenvolveria a habilidade da leitura e da escrita se não encontrasse no caminho um educador que percebesse o seu real “problema”, a dislexia.

Roxane Rojo no texto “Letramento e capacidades de leitura para a cidadania” relata o depoimento de Miúcha, irmã mais velha de Chico Buarque de Hollanda e filha de Sérgio Buarque de Hollanda, sobre a influência do pai no incentivo à leitura. Sérgio não obrigava os filhos a ler, mas os instigava e os desafiava.

Rojo ainda discorre sobre o avanço das pesquisas em relação à leitura, a partir da segunda metade do século passado até os dias atuais. A autora ressalta:

Mais recentemente, a leitura é vista como um ato de se colocar em relação um discurso (texto) com outros discursos anteriores a ele, emaranhados nele e posteriores a ele, como possibilidades infinitas de réplica, gerando novos discursos/textos. O discurso/texto é visto como conjunto de sentidos e apreciações de valor das pessoas e coisas do mundo, dependentes do lugar social do autor e do leitor e da situação de interação entre eles – finalidades da leitura e da produção do texto, esfera social de comunicação em que o ato da leitura se dá. Nesta vertente teórica, capacidades discursivas e linguísticas estão crucialmente envolvidas (ROJO, 2004, p. 3-4).

Entretanto, nem todas as habilidades de leitura têm sido bem trabalhadas na sala de aula e, apesar da leitura diária feita pelo professor ter se tornado uma prática recorrente, principalmente àquelas que desenvolvem a leitura realizada pelos alunos e, em consequência, a fluência leitora dos educandos, necessitam de um olhar mais atento.

Concluindo, ninguém nasce gostando de ler e ninguém se torna um leitor por acaso. A família e a escola desempenham um papel essencial na formação de um bom leitor. Um leitor que seja apto a estabelecer uma relação de diálogo com o texto, um agente capaz de produzir sentido ao que está escrito e que o faça de forma crítica e consciente.

Referência Bibliográfica:

 

ROJO, R. H. R. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo, SEE: CENP, 2004.