RESUMO           

O presente trabalho tem como objetivo principal discorrer sobre a importância da Avaliação Psicológica dentro do contexto organizacional, sobretudo nos processos seletivos. Para isso, foi discutido neste trabalho, o histórico da Avaliação Psicológica, desde o seu surgimento até o momento em que ela ganhou o seu espaço dentro da Psicologia; a Psicologia Organizacional e o fazer do psicólogo nesse contexto, trazendo um pouco da história da psicologia dentro dessa área, como também as atividades realizadas pelo psicólogo inserido nesse contexto; além de trazer a diferença entre Avaliação Psicológica e Testagem Psicológica; e por fim, aborda sobre a realidade da Avaliação Psicológica no Brasil. Esta pesquisa foi realizada por meio da pesquisa de revisão de literatura, verificando-se o que tem sido produzido atualmente sobre a temática. A pesquisa foi realizada com base em outros trabalhos científicos já publicados, dos anos 2000 a 2018, nas bases de dados SciELO e PePSIC, como artigos científicos, além de utilizar livros de autores que são referência no assunto. Por meio desta pesquisa, pôde-se concluir que a Avaliação Psicológica conquistou o seu espaço dentro do contexto organizacional, não só como uma ferramenta importante para obtenção de informações, como também é reconhecida como um processo que agrega valor à empresa que a utiliza como ferramenta em processos seletivos externos e internos. Porém, apesar de ser uma ferramenta amplamente utilizada por psicólogos no contexto organizacional, por permitir o levantamento de informações relevantes sobre o candidato avaliado, se verifica que ainda há poucos estudos científicos publicados sobre este tema nesse contexto, o que revela a necessidade de uma maior produção científica a respeito da temática no Brasil.

Palavras-chave: Avaliação Psicológica; Psicologia Organizacional; Processo Seletivo.

1. INTRODUÇÃO

Este estudo tem o objetivo de fazer uma pesquisa bibliográfica sobre a avaliação psicológica no contexto organizacional, mais especificamente na realização de processo seletivo de candidatos para preenchimento de vagas disponíveis. O processo seletivo se caracteriza pela utilização de diversas estratégias e ferramentas, como, por exemplo, provas escritas, entrevistas e dinâmicas de grupo, para a seleção dos candidatos que melhor se adequam para exercer determinado cargo. A realização da avaliação psicológica como uma das etapas do processo seletivo surge como uma forma de verificar características individuais de cada candidato, aumentando a possibilidade de contratar o candidato mais adequado para determinado cargo. A avaliação psicológica possibilita ao profissional da psicologia, examinar onde as pessoas se distinguem entre si, além de se mostrar também como um instrumento muito útil para presumir antecipadamente as características particulares de cada pessoa, que contribuirão para a formulação de hipóteses a respeito dessas características. Ou seja, através deste procedimento, o psicólogo poderá também prever possíveis comportamentos e criar estratégias para poder intervir de forma eficaz no desenvolvimento de determinadas competências, tomando como base o que foi apontado no processo seletivo (LEGORI; BASEGGIO, 2011). O termo avaliação psicológica foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1948, com a publicação da Oficina de Serviços Estratégicos do Exército. Tanto a história da avaliação psicológica, quanto a história dos testes psicológicos, se confundem, dando a entender que as duas coisas tivessem a mesma finalidade (AVOGLIA, 2012). No Brasil, a história da avaliação se confunde com a história da psicologia, dando a entender que a trajetória de ambas são a mesma, uma vez que a avaliação psicológica se constitui como uma das primeiras práticas do Psicólogo - Antes mesmo da regulamentação da Psicologia no ano de 1962, já havia profissionais realizando o processo de avaliação psicológica. Além disso, se verifica que desde o início do século XX, já havia laboratórios que produziam pesquisas na área de testes (HUTZ, 2015). 9 No Brasil, a avaliação psicológica foi sendo inserida nos contextos clínico, esporte, forense, hospitalar, da orientação profissional e do psicodiagnóstico. Com o passar dos anos, a avaliação psicológica está presente nos mais diversos campos, desde clínicos até laborais. O artigo número 1 da Resolução 9/2018, define a Avaliação Psicológica como (...) um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas. Geralmente, a avaliação consiste em coletar dados através de testes sistemáticos, entrevistas, observação, facilitando assim, a obtenção de dados que podem ser interpretados como forma a alcançar uma descrição aproximada de determinado processo psicológico. Considerando de modo especifico o contexto organizacional, frequentemente são utilizados testes que avaliam processos cognitivos, como, atenção (atenção concentrada, alternada, dividida), memória, inteligência não-verbal, habilidades sociais. Esses são fenômenos psicológicos que são geralmente quantificados através de testes psicométricos que se utilizam de escores para fazer uma medição de determinado aspecto psicológico; além desses tipos de testes que podem fazer medição, existe também os testes projetivos, que se destina a descrever características da personalidade do sujeito avaliado, que geralmente são utilizados para a avaliação dos traços de personalidade dos sujeitos (THADEU; FERREIRA; FAIAD, 2012). O foco deste trabalho se deu na discussão acerca da relevância da avaliação psicológica como uma etapa dos processos seletivos das organizações. Para tanto, foi realizado um estudo bibliográfico com a finalidade de se levantar o que tem sido produzido sobre a utilização da avaliação psicológica no contexto organizacional, mais especificamente na realização de processos seletivos no Brasil. O estudo se justifica pelo crescente interesse da comunidade científica brasileira em realizar estudos sobre a Avaliação Psicológica, reforçando a ideia de que os métodos e as técnicas de avaliação psicológica pedem conhecimentos mais amplos e aprofundados de diferentes áreas da Psicologia, com o objetivo de que os resultados atingidos possam ser considerados em conformidade com as necessidades de cada 10 contexto. Desta forma, este estudo tem como justificativa demostrar que de algum modo, a avaliação psicológica vem sendo um procedimento muito utilizado para que se possa conhecer os potenciais, as competências e habilidades características de cada pessoa que se candidata a determinado trabalho, além de perceber os limites das mesmas, entendendo de maneira mais acurada o funcionamento da psicologia humana, como o funcionamento cognitivo e emocional, dando continuidade aos trabalhos já realizados e possibilitando ainda mais a realização de estudos sobre o tema. 11 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Levou séculos para que o homem entendesse as diferenças que cada indivíduo tem, fossem comportamentos “anormais” ou problemas mentais sérios. Para que fossem explicadas tais “anormalidades”, o homem criou as mais variadas explicações para esses fenômenos, como explicações religiosas ou mágicas, o que fazia com que se distanciassem da realidade de enxergar esses problemas como parte da condição humana. A atenção nas diferenças individuais, cresceu muito por volta do final do século XVIII e início do século XIX. E foi nesse contexto que surgiram os testes psicológicos, sofrendo influências de conceitos do campo da Física, Química, Astronomia, Medicina, Psiquiatria e da investigação social (WERLANG; VILLEMOR-AMARAL; NASCIMENTO, 2010). Por volta do século XIX os testes tiveram grande valor para a psicologia, do ponto de vista do desenvolvimento científico, já que os psicofísicos alemães Weber e Fechner deram os primeiros passos para que a psicologia fosse reconhecida como uma disciplina científica, cujo grande pioneiro deste feitio foi Wilhelm Wundt, com a criação do primeiro laboratório dedicado à pesquisa psicológica, na Alemanha, mais especificamente em Leipzig (AMBIEL, 2011). [...]