A produção filosófica está plenamente ligada à história da filosofia, pois uma supõe a outra, ou seja, a história da filosofia é demarcada por todos os pensadores que, com seus trabalhos respectivos à cerca das questões estudadas, marcaram épocas e movimentos filosóficos nos quais se demonstrava as diferentes maneiras de abordagem e pensamento.

A intenção primeira dos filósofos era a de tentar configurar um conhecimento autêntico e livre de “pressupostos”, mas acabaram por produzir conhecimentos particulares, recheados dos mesmos pressupostos dos quais tentavam se abster, resultando assim em tendências como; tradicionalismo, cientismo, fideísmo. No entanto, uma filosofia isenta de pressupostos, o que poderíamos chamar de verdadeira filosofia, denominar-se-á então de filosofia autônoma, sendo este o objetivo último da mesma.

Esta dita Autonomia da filosofia é evidenciada pelo problema primeiro de identificar a verdadeira maneira da mesma ser alcançada, ou seja, será ela determinada através do problema em si ou pelo “filósofo” que, marcado por pressupostos às vezes imperceptíveis a ele mesmo, tenta de outra maneira ser reconhecido não como produtor de um verdadeiro conhecimento, mas tão só como especulador de uma verdade que se acredita, esteja implícita e oculta em determinado objeto de estudo.

No entanto, não cabe aqui identificar qual o filósofo ou produção filosófica que pode ser acolhido(a) como isento, um verdadeiro reflexo da resposta legítima (o que seria uma utopia), mas tão só observar se este ou aquele conhecimento não é fruto de um empirismo científico, descendente de uma experiência comprobatória, mas forjado a partir da especulação intelectual que é o “método” da produção filosófica.

Assim sendo, define-se aqui a produção filosófica como uma “idéia”, ainda oculta à nossa práxis judicativa ou conceptual. Um conhecimento que ao invés de fornecer uma resposta definitiva causa ao contrário mais questionamentos devido aos diversos enfoques sobre determinadas matérias.

Devido à ausência de imparcialidade ou mesmo a falta de neutralidade dos filósofos se faz necessário o estudo não propriamente das obras a eles atribuídas, mas a “atitude básica pessoal” de cada um deles de forma que se possa traçar um perfil de seu método de construção intelectual.

Este exercício constante formará a primícia da autonomia da filosofia, partindo de certos filósofos, precursores nessa retrospectiva histórica que procura determinar a consolidação da filosofia em si como a arte do pensar a partir da reflexão em si mesma, iniciada por meio de um ponto de vista subjetivo, escolhido de maneira diversa, isenta dos parâmetros que determinam a ciência.

Assim sendo, apesar desse esforço contínuo da busca da verdade, com formas variadas na forma do pensamento, se faz mister evidenciar que ela, a verdade, existe independe desse esforço da elucubração mental, como uma estrela existe ainda que não tenhamos um telescópio pra que possamos observá-la.