Eu falho nos entalhes da costela de quem já chegou ao seu estado permanente de criação. Chegaste? Ávida de desespero se encontra a minha sorte nos encontros das ribanceiras coléricas. Dar-te-ei um pouco de mim, os farrapos destroçados e carcomidos pelos anos de vida. Eu para te entregar como uma bolha a estourar no ar. Entregar-me-ei a ti em forma de ideia. Esta que repousa sobre as formas mais comuns do meu infame  pensar. 

As entregas fazem parte do mundo para o qual eu sigo. De ideias ainda em contato com a realidade, impugna ser o que é a realidade. O que era! É, de certo modo, o que ainda não deixou de ser. A realidade violenta o existir de ser ela mesma, uma vez que, sendo, ela falseia a ação. Agindo, o que era continua sendo; o por vir é a ação em conformidade ao que é real.

Na escuridão, o real é o que existe sem a percepção de outrem. Só se pode ver o que é aparente. Me aparece mais do que se deixa mostrar. O visível é a aparência do real que se manifesta na realidade. 

Finda a linha que corta a extremidade mais próxima do pensamento real com a sua ação de força inoperante. A realidade é que está para a ação, como a ação volta em direção ao que se move. O movimento age como uma realidade que se manifesta, deixa-se aparente, todavia. 

Às vezes, até a dúvida pode reinar. De que jeito o escuro que era resultante de uma ausência de luz, pode, com seu existir, permitir a existência de um ser? Ele, o que existe, existe nele, mesmo sem a necessidade da manifestação. O que se confunde é o que é aparente. A manifestação do existente só é possível na força do que se deixa aparecer. 

O que manifesta em meio à realidade muda de rumo de acordo com o seu meio. A luz é enxergada na sua totalidade na presença do escuro; o ar é sentido na sua ação ao meio: no sopro frio ou quente; no balançar das folhagens das plantas. O existir de qualquer coisa não depende do meu eu para ser. O existente existe porque foi criado. Só existe o que é. O que é que “é”? Aquilo que existe. A realidade, com sua ação, existe. Existe: está aí. É uma realidade. 


Padre Joacir d’Abadia, filósofo, autor de 15 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da "Casa do Poeta Brasileiro -  Seção Formosa-GO"_Contato: (61) 9 9931-5433 | Siga lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/