O Rafting foi descoberto em 1869, quando John Wesley Powel organizou a primeira expedição no Rio Colorado, EUA. Em 1896, Nataniel Galloway revolucionou as técnicas e, em 1909, foi realizada a primeira viagem com finalidade comercial, pela Julio's Stone's Grand Canyon.

Em 1980 surgiu o bote "self bailer" que, aliado aos novos materiais mais leves, resistentes e seguros, deu um grande impulso ao rafting. Hoje existem mais de 5.000 companhias só nos EUA, e outras tantas espalhadas pelo mundo.

No Brasil, a história do Rafting é mais recente. Os primeiros botes para corredeiras chegaram em 1982, pela primeira empresa brasileira especializada em rafting, a TY-Y Expedições. De lá para cá, a prática do rafting vem crescendo, inclusive como importante ferramenta para programas de Recursos Humanos, na aplicação da metodologia vivencial ao ar livre, chamado de Rafting Empresarial.

Para a prática do rafting são utilizados botes especiais, remos, capacetes, coletes salva-vidas, empresas e instrutores especializados, que oferecem toda segurança para que uma equipe possa descer corredeiras de rios, classificadas em níveis, de acordo com as dificuldades e quedas, sendo de I a III e, eventualmente, IV, os mais adequados para programas de treinamentos, como Team Building, Liderança, Motivação, entre outros, onde todos podem participar; independente de idade, peso, receios ou medos, pois a programação e prática são ajustadas ao perfil do grupo, respeitando os limites individuais das pessoas.

Enquanto a prática do rafting comercial é uma aventura maravilhosa, cheia de fantasias, medos imaginários, que, normalmente, são estimulados pelos instrutores para aliviar o stress do dia a dia; a descida de Rafting Empresarial é customizada de acordo com as necessidades das empresas, após diagnóstico, e tem como foco: trabalho em equipe, integração, sincronismo, motivação, superação de limites individuais e equipes, quebra de paradigmas, liderança, inversão de papéis, entre outras habilidades que surgem, no perfil do grupo. Tudo isso é vivenciado em contato com a natureza, clima lúdico que também proporciona a interação com o meio ambiente, em locais maravilhosos no Brasil. Daí a fama da cidade de Brotas, inclusive em nível internacional.

Até o momento pratiquei rafting comercial em diversos rios, tais como: Rio Jacaré Pepira, Brotas - SP, Rio Juquiá, Juquitiba - SP, Rio Paraibuna, São Luiz do Paraitinga SP, Rio Itajaí-Açu, Apiuna-SC, Rio Formoso, Bonito - MTS e Rio Pardo, Cadonde - MG. Cada um oferece um estilo diferente de classificação das corredeiras, que depende do nível da água, topografia do leito, equipe técnica treinada para a prática do Rafting Empresarial, entre outros fatores, principalmente de segurança. Esse Know-How oferece condições da Razão Humana avaliar a inclusão ou não da prática em programas de T&D.

Um dos paradigmas para a inclusão dessa atividade nos treinamentos empresariais é o receio do gestor de RH com relação aos medos, por nem todos saberem nadar e se imaginarem dentro de um rio. É importante salientar que eu também não sei nadar e em todas as descidas acompanho o grupo, sendo que, para isso, pesquisei sobre os medos, seus efeitos e criei uma metodologia diferenciada para auxiliar pessoas a superar seus limites imaginários e, além de todo equipamento de segurança, a presença de um especialista em salvamento aquático, uso a empatia para motivar os mais receosos remando com eles, no mesmo bote.

O medo é uma emoção que sinaliza ao homem a existência de um perigo ou ameaça (real ou imaginária), positiva ou negativa. A necessidade do SER HUMANO em sentir-se protegido e seguro é natural. Porém, o medo ou fobia muitas vezes tem o poder de paralisar e impedir o crescimento pessoal ou profissional que, através deste, o indivíduo pode esconder de si mesmo, das relações com o próximo, sonhar, inovar, arriscar, crescer, entre outros. O medo se apresenta em várias situações, algumas pessoas têm medo de andar de avião, ficar sozinho, falar em público, do futuro, de sonhar e até de amar. Podemos classificar o medo em níveis diferentes: natural, traumático ou fóbico.

Para todos os casos e em especial o de Fobia, uma boa alternativa é a busca do autoconhecimento, por exemplo, interar-se como é formada a nossa personalidade. Como posso lidar com minhas emoções? Como rever e equilibrar meus conceitos de vida, entre eles, os Ensinados, Pensados e Sentidos, que fazem parte da formação de nossa personalidade e usamos no dia-a-dia. Uma das técnicas simples podem ser o conhecimento e uso da Análise Transacional - AT. Eric Berne, o criador da AT, afirma que nossa personalidade é formada por três estados de ego: Pai, Adulto e Criança; todos eles atuando em circuitos positivos e negativos, em maior ou menor grau.

A compreensão dos estados de ego é uma excelente opção para a superação dos medos. Em vários programas de T&D, principalmente no Rafting Empresarial, utilizamos os conceitos de AT que, somados às competências chaves, contribuem com o desenvolvimento dos profissionais na era dos autos: autoconhecimento, auto-estima, automotivação, autoconfiança, auto-realização, entre outros, que também têm como objetivo a superação dos medos individuais e equipes. Para complemento desse assunto, indico meu artigo A Razão do Medo A Gestão do Autoconhecimento, interessante também para que executivos e gestores de T&D e RH desmistifiquem tais paradigmas.

Pena que Paul Dinsmore, em seu livro TEAL Uma Revolução em Educação Empresarial, um importante documento do valor da prática de Treinamento Experiencial ao Ar Livre, não tenha dedicado maior atenção ao rafting, citando apenas que os participantes navegam em botes infláveis que oferecem relativa proteção, além dos equipamentos individuais como capacete e colete., sem ressaltar a segurança de equipes especializadas que já consagraram sua prática em todo mundo, principalmente nos diferenciais necessários para sua inclusão em programas de T&D.

Em todos os treinamentos em que a empresa Razão Humana incluiu o Rafting Empresarial, a adesão dos participantes foi de 100%, as médias das avaliações superiores a 9.5, sem nenhum incidente e sempre houve entre eles alguém com medo, que no final agradeceu pela oportunidade da vivência e superação de seus limites.