A RASTREABILIDADE NA PECUÁRIA BOVINA DE CORTE E O FUTURO DA PECUARIA BRASILEIRA

Por Romão Miranda Vidal | 10/12/2010 | Sociedade

A RASTREABILIDADE NA PECUÁRIA BOVINA DE CORTE E O FUTURO DA PECUÁRIA BRASILEIRA.

"Desde que los hombres viven en comunidad, ha existido la regulación moral de la conducta para el bienestar colectivo. Cuando rige la razón, se espera que la conducta moral resulte del pensamiento racional. Los que buscan el poder se rigen por otros criterios e intentan convencer a los demás de que son morales".
Autora: Mª Aurora Estrada Fernández.
Fonte:Portal Veterinário Albéitar.
Última actualización 09/12/2010@09:59:22 GMT+1.

O exposto acima, que as senhoras e senhores acabaram de ler, traduz na realidade uma situação de revolta e indignação que reina na Espanha, em razão do estado pré-catastrófico existente, relativo à Rastreabilidade.
No momento presente as autoridades espanholas, tendem a transferir todos os procedimentos ligados à Rastreabilidade aos pecuaristas. Os pecuaristas estão sendo chamados à administrar seus rebanhos, proceder os registros e determinar por assim dizer o futuro da Rastreabilidade espanhola. Similar a advogar em causa própria.

Mas tal não é de se admirar, uma vez que a Rastreabilidade espanhola obedece a ditames da Comunidade Européia, que por sua vez é de uma burocracia prussiana, sem limites, chegam ao ponto de adotar um sistema de caderneta para cada animal, ou seja, existe um sistema de controle que à medida que os animais são negociados, a caderneta os acompanha até o abate. Burocrático na sua totalidade.

O que a Comunidade Européia prega é uma coisa. O que ela pratica é outra.
O que a Comunidade Européia exige dos países exportadores é o máximo rigor, com a sanidade, qualidade, bem estar animal, boas práticas animais e etc. Mas não é tão rígida assim para com os seus produtores.

Se houvesse um consenso no tocante a Rastreabilidade aplicada na pecuária de corte, como existe em relação à Apicultura na Europa, estaríamos em uma situação mais confortável. O texto abaixa ilustra:
"A rastreabilidade é uma ferramenta para o controle dos processos, que permite determinar todas as variáveis associadas à elaboração de um determinado produto, e tomar ações corretas e adequadas fazendo mais confiável o processo. Para instrumentar um sistema de rastreabilidade se deve desenvolver um sistema de geração e controle de registros de todas as atividades que se realizam em cada uma das etapas de produção, colheita, Sala de Extração de Mel, Sala de Fracionamento, venda, exportação e venda do produto ao consumidor." (*) Apitrack.

Isto posto vamos transferir o enunciado inicial da Médica Veterinária, Doutora Maria Aurora Estrada Fernández, para o cenário brasileiro.
Inicialmente quando da criação do mecanismo que se prestava de forma inacreditável monitorar todo o rebanho bovino e bubalino do Brasil, algo como 189.000.000 à época, na ânsia de atender as exigências da C.E., o MAPA foi o precursor em colocar o sistema denominado de Rastreabilidade. Não tinha a menor condição. Não tinha experiência alguma. O cenário se apresentava altamente confuso. Não tinha infra-estrutura técnica e orçamentária.

E foi neste cenário confuso que o MAPA de forma inacreditável, pois foi muito rápido o credenciamento das primeiras famigeradas "certificadoras", que por uma coincidência sui generis autorizou uma no Rio Grande do Sul, cujo Ministro da Agricultura, Pecuária de Abastecimento era daquele estado. Mas não menos coincidente autorizou uma outra empresa de um ex-funcionário do MAPA.

E então a barbárie se instalou no Brasil.
A obrigatoriedade de se colocar brincos plásticos nas orelhas de 189.000.00 de bovinos e bubalinos se configurava com algo sem precedente, na pecuária brasileira. As tais "certificadoras" em número de 23 até então estavam diante de um faturamento previsto da ordem de R$ 189.000.000,00 se cobrassem R$ 1,00 por animal cadastrado. Como existiam 23 "certificadoras" na divisão resultaria R$ 8.127.391,30 por entidade credenciada pelo MAPA, ou R$ 684.782,60 por mês. Algo que muito pecuarista não conseguiria faturar em 10 a 15 anos.

Por esta razão ou razões é que escolhi a citação inicial deste artigo, em especial na última frase: Los que buscan el poder se rigen por otros criterios e intentan convencer a los demás de que son morales".

E isto é tão verdade que no momento atual o Brasil apresenta um rebanho superior a 230.000.000 de unidades e o número de propriedades autorizadas pelos importadores a fornecer carne bovina para a C.E. não passa de 2.600.

A pecuária brasileira está muito acima dos interesses duvidosos, dos setores que atuam no segmento de venda de identificadores eletrônicos. Louvável o lançamento do microchip por uma indústria no Rio Grande do Sul, que deverá ter um segmento para a pecuária.
Mas só isto não basta. O microchip é um ferramental de RDF que facilita a coleta de dados a serem transferidos para uma plataforma. Na realidade estamos evoluindo no sentido de provermos sistemas informatizados a pecuária de corte.

Infelizmente este é apenas um dos inúmeros itens que fazem parte de todo um sistema produtivo. Há muito que se fazer em termos de Rastreabilidade.
Ainda não se tem acento nos Comitês da ABNT ou em um Sub-Comitê quem apresente algo plausível em termos de Rastreabilidade.
Para melhor informação é o Comitê ? 12 -.

Convem lembrar que não existem procedimentos técnicos certificados, para vários setores da pecuária de corte. Posso até incorrer em uma falha, mas acredito que um dos Protocolos existentes e críveis é originário do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal ? CBRA -.

Muito se tem falado, escrito, debatido e até se buscando exemplos em outros países.
Mas há de se concordar que para um país continental como o nosso, há muito que se fazer em relação à Rastreabilidade e a Pecuária Bovina de Corte.

Menos se valer de benesses governamentais, de informações antecipadas e de favores especiais.