A PRIMEIRA MULHER QUE CONQUISTOU UMA CADEIRA NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS FOI UMA CEARENSE!  SE VOCÊ NÃO SABIA SAIBA QUEM É.

 ¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos

 RESUMO

 O Ceará é palco de grandes nomes na Literatura Brasileira, entre estes grandes vultos literários, uma cearense mulher foi a primeira a ingressar na Academia de Letras. Ademais se destacam também no Teatro, na arte popular, no Humor e até no Esporte. Além de grandes vultos históricos que se passaram e hoje estão em nossa memória e nossa história.      

Destarte, as mulheres cearenses também contribuíram nessa efervescência cultural e estão em foco cada vez mais. Aqui cito algumas, e as demais fica em minha memória e nos livros contados por historiadores. Em destaque a escritora Rachel de Queiroz; a educadora Henriqueta Galeno; a abolicionista Maria Tomásia; a Farmacêutica Maria da Penha, Jovita Feitosa e a socióloga Julieta Arraes. No Teatro Antonieta Noronha e Melissa Holanda Gurgel, a rainha da beleza brasileira que foi miss Brasil em 2014. Anteriormente outra cearense natural da cidade de Sobral, Emília Barreto Corrêa Lima que foi Miss Brasil no ano de 1955, representando nosso Estado do Ceará. 

Deixo aqui meus sinceros votos de gratidão às nossas queridas mulheres cearenses que fizeram e lutam por seus ideais, conquistando, porém, cada dia mais seus direitos com dignidade, luta e força feminina. 

No dia 04 de novembro de 1977, a escritora cearense Rachel de Queiroz foi consagrada imortal na Academia de Letras Brasileira.

 

PALAVRA CHAVE: LITERATURA BRASILEIRA. MULHER CEARENSE. ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. RACHEL DE QUEIROZ.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O Ceará é a terra da luz. Não só por sua beleza natural e suas praias exuberantes. O nome se dá por ser o primeiro estado brasileiro na “Libertação dos Escravos”, ano de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea. Por causa disso apelidaram a Província do Ceará de “Terra da Luz” Alguns assemelham por ter um sol como atenuante. Mas a primeira é o motivo real.

Assim é nossa literatura. Em séculos passados já perduravam aos cearenses no convívio da cultura brasileira. Entre eles, os cearenses já faziam parte da primeira turma do Curso de Medicina em Olinda – Recife.  E uma mulher se destacou na Literatura Brasileira. Alcançou a imortalidade na Academia Brasileira de Letras. Era a cearense Rachel de Queiroz, a primeira mulher brasileira que entrou nessa honrosa Arcádia.

 

  1. UMA BREVE TRAJETÓRIA DE RACHEL DE QUEIROZ

 

Em pleno mês de novembro, numa região semiárida nasceu Rachel de Queiroz. Seus pais fizeram o trajeto a cavalo do município de Quixadá, interior do Ceará até Fortaleza, pois, Dona Clotilde estava grávida de sua primeira filha, a menina que se chamara de Rachel.

Sendo a primeira filha do casal, seus genitores partiram para casa situada na Rua Amélia, atualmente Rua Senador Pompeu, nas proximidades do Passeio Público, onde moravam os avós de Rachel, pois, segundo seus pais ali ficariam mais seguros no parto de sua primogênita. Na segunda quinzena do mês de novembro, dia dezessete do ano de 1910, em Fortaleza, seus pais Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz receberam a benção do Criador. Nasce então a menina que recebeu na pia batismal o nome de Rachel.

Aos 45 dias de nascida, seus pais a levaram de volta para o Sitio do Junco, uma propriedade da família no município de Quixadá.

Embora nascida em Fortaleza, a capital cearense, a escritora tinha uma paixão incontrolável pelo município de Quixadá, onde não escondia em dizer ser natural desse município em que seus pais tinham uma fazenda e lá passava maior tempo com sua família, irmãos e amigos mais próximos. Suas palavras e versos contava o amor que sentia pela querida cidade de Quixadá. E Dizia “Apesar de não ter nascido nesse lugar, já andava por lá antes mesmo de nascer” referindo à gestação de sua mãe quando estava grávida da menina Rachel. Depois, sua mãe Dona Clotilde teve mais quatros filhos: Roberto, Flavio, Luciano e Maria Luiza, a mais nova em 1926.   

A menina que mudara suas vidas no campo em pleno semiárido nordestino. Aos tempos de adolescência pela janela de sua casa, na fazenda no interior cearense, no município de Quixadá apreciava a leitura, com livros encomendados por sua mãe de Fortaleza para Quixadá. Nessa época seu pai, o Dr. Daniel deixara o cargo de promotor para assumir o cargo de professor no Liceu do Ceará. Sempre amou o campo, a natureza, mesmo com a seca que assolava o Ceará nos anos de 1915 e 1919.  

No ano de 1915, uma grande seca assolou todo o estado do Ceará; então seus pais, mudaram para a cidade do Rio de Janeiro, levando consigo a menina Rachel. De lá, partiram para a cidade de Belém do Pará. Dois anos mais tarde retornam para a cidade de Fortaleza, capital cearense.

Trabalhou como professora substituta de História. Em Fortaleza, no Ceará, foi diplomada no Colégio Imaculada da Conceição, colégio de freiras onde é matriculada com exigência de sua avó materna para receber formação religiosa. Foi lá que a romancista concluiu o Curso Normal. Era ano de 1925. Escreveu crônica e poesias na imprensa cearense usando um pseudônimo no Jornal O Ceará com suas produções que impressionou Demócrito Rocha onde a convenceu para assumir a direção da página literária desse jornal. Nesse mesmo ano, já professora voltou para o Quixadá. Foi eleita rainha do Estudante no ano de 1928, época da morte de João Pessoa, episódio de comoção nacional.  

Foi à primeira mulher agraciada e homenageada com o Prêmio Camões de Literatura instituído pelo Governo do Brasil e de Portugal atribuído àqueles autores que colaboraram para o enriquecimento do patrimônio literário cultural da Língua Portuguesa. Torna a primeira mulher eleita na Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira de Nº 5.

Após se tornar escritora consagrada muda-se para a cidade do Rio de Janeiro onde recebe outro prêmio com sua obra “As Três Marias” agraciada com o Prêmio Felipe d'Oliveira, obra adaptada para a televisão brasileira. E a minissérie brasileira Memorial Maria Moura interpretada pela atriz Glória Pires.

Rachel de Queiroz foi presa, seus livros e exemplares foram queimados, acusada de apoiar a Ditadura Militar. O Ceará era seu refúgio e sua paixão. Sempre que tinha tempo visitava sua fazenda e apreciava uma boa comida caseira em sue fogão à lenha. Rachel amava balançar numa rede. Faleceu no dia 4 de novembro de 2003, enquanto dormia em seu apartamento no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, vítima de problemas cardíacos, pouco antes de completar seus 93 anos. Seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras.

 

3 – A FAZENDA “NÃO ME DEIXE” DOAÇÃO DE SEU PAI VIROU MEMORIAL

 

A família da romancista possuía várias fazendas e sítios, em Quixadá e na capital. Em Fortaleza seu pai comprou um sitio no Bairro do  Pici. Lá residiram.  

Um deles comprado por seu pai e certo dia, Sr. Daniel de Queiroz, quis lhe fazer uma surpresa e mandou selar dois cavalos.

Montados, cavalgando entre os campos a conversa foi promissora. Disse-lhe que a levaria para uma fazenda onde lá seria sua morada. E lhe fez um único pedido. Que Rachel fizesse uma casinha para o nascente. Ali se tornaria o grande refúgio da romancista com sua outra irmã mais nova, Maria Luiza.

A fazenda foi chamada de “Não me deixes.” Ganhou de seu pai em 1920. A casa da fazenda era sempre cheia de amigos, visitantes, sobrinhos da escritora. O banquete era oferecido para todos. Bolos, café, tapioca, queijo. Tudo que uma fazenda de bom oferece. No inverno a fartura vinha em dobro.

 

 4 –  SEU PRIMEIRO LIVRO – “ O QUINZE”

 

Entre a labuta com seus irmãos e seus genitores a menina encontrava tempo para rabiscar. Daí surgiu às primeiras linhas e manuscritos.

Dizia que suas aspirações poéticas e com grandes amigos intelectuais foi de lá que nasceu a obra “O QUINZE.” O livro foi escrito quando tinha apenas 19 anos, onde ficou reconhecida nacionalmente como uma grande escritora.

A publicação só ocorreu no ano de 1930, feito com recursos próprios de seus familiares com o livro “O Quinze”.

Os manuscritos e primeiras linhas do livro “O Quinze” eram escritos à noite a luz de querosene. Suas espirações eram na vivência das secas, dos campos de concentração aqui no Ceará, onde visitava sempre para suas pesquisas, das conversas de populares e familiares. Ela mesma brincava de escritora e com seus versos disse assim “Há de ter todos os defeitos daquilo que a gente produz nesta idade que estou.

O romance mostra a luta e o sofrimento do povo nordestino nas grandes secas, os campos de concentração, os cassacos da secas, os retirantes e as questões sociais que abalam nosso povo e nossa nação. 

Sua obra o Quinze foi traduzida em Alemão, Francês, italiano e espanhol. Outras obras foram escritas e também traduzidas: As três Marias, foi traduzida em Alemão e inglês. Entre outras, a obra João Miguel com tradução em francês e Memorial Maria Moura traduzido em Alemão.       

 

5- RACHEL E SUAS ASPIRAÇÕES LITERÁRIAS.

 

Sempre quando alguém a entrevistava e indagava de onde vinha seus talentos e paixão pela literatura, a escritora e romancista cearense reprisava com notoriedade que a paixão pela leitura advinha de seus pais.

Ao relembrar do passado, dizia que Dona Clotilde, sua genitora junto com seu pai, o Sr. Daniel amava uma boa leitura. Enfatizava os escritores e autores prediletos que seus pais escolhiam tendo como paixão. Entre os escolhidos Eça de Queiroz, Machado de Assis.

 Um dos mais conhecidos de todos os tempos, o escritor russo Liev Tolstói. Todos traduzidos para uma boa leitura. Entre um e outro escritor tinha lá suas preferências. Eça era o autor predileto de sua avó, do pai e tias. A romancista se identificava mais com o escritor Machado de Assis. Era machadiana até a alma. No Ceará, com amigos escritores sempre frequentava a Casa do poeta Juvenal Galeno, onde residia.    

 

 

REFERÊNCIAS

 

Sites e pesquisas:

 

O QUINZE, Queiroz, Rachel. Romance 1ª Edição. 1930. p.147. Editora. José Olympio. Brasil.

https://www.portugues.com.br/literatura/rachel-queiroz.html. Acesso em 19 de novembro de 2019.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9mio_Cam%C3%B5es. Acesso em 18 de novembro de 2019.

https://www.todamateria.com.br/o-quinze/. Acesso em 19 de novembro de 2019.

https://www.culturagenial.com/livro-o-quinze-de-rachel-de-queiroz/. Acesso em 20 de novembro de 2019.

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¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos é escritor, poeta, cordelista, historiador e cronista. Membro da ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará. Patrono da Cadeira nº 97 do Município de Forquilha no Ceará. Bacharel em Direito pela FLF- Faculdade Luciano Feijão. Pós – Graduado em Ciências (Matemática) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. Especialista em Meio Ambiente pela Universidade Vale do Acaraú. Formado em Construção Civil (Edificações).

Entre os livros publicados: Os Estados Unidos de Sobral, lançado na Casa da Cultura de Sobral em 2018. Publicou o livro de crônicas Mais uma Vez. Tempo de Sol lançado não Mercado dos Pinhões em Fortaleza. Participou da Primeira FLINAU no Náutico Atlético em Fortaleza com o lançamento do livro Sonhos do Amanhã. Participou da 1ª Feira de Livro Domingos Olímpio com os cordéis, O Barão de Sobral, O menino que se transformou em Didi - Mocó o Trapalhão. Autor da Poesia é Saco, Diário de um Professor. Colaborador de artigos jurídicos na web.