1. INTRODUÇÃO

As Bibliotecas guardam parte de nossa História e informações de diversas áreas do conhecimento, sendo fundamentais para o desenvolvimento cultural e social dos cidadãos. Elas desempenham um papel importante na sociedade, e têm como objectivo disseminar informação, sendo, portanto, importante manter o acervo longe de perigo que possam ocasionar danos a este. Assim, é preciso preservar e conservar os acervos de bibliotecas, visando a sua protecção e
garantia de uso e protecção. (BARBOSA, 2015:10).

Dito isto, a questão que norteia esse estudo se configura em “conhecer os factores que condicionam para a deterioração dos acervos bibliográficos da biblioteca Provincial de Sofala”, na qual se busca perceber quais os métodos de protecção são utilizados visando à preservação e conservação do acervo da Biblioteca.

Quanto a estrutura da presente pesquisa, de início apresentam-se todos os itens iniciais que nortearam a pesquisa, nomeadamente: A justificativa, a problematização, as hipóteses, os objectivos, a delimitação do tema, a relevância da pesquisa, os resultados esperados, e as metodologias usadas na elaboração da pesquisa.

A presente pesquisa está estruturado em 3 (Três) capítulos, nomeadamente: O capítulo I faz a contextualização da Biblioteca Pública Provincial de Sofala. O capítulo II, faz a identificação dos principais agentes agressores da deterioração dos acervos das Bibliotecas, onde se faz juntamente uma menção das políticas e técnicas de conservação dos acervos bibliográficos da biblioteca. E o capítulo III, que por sinal é o último, nele se propõem algumas estratégias para minimizar e/ou mitigar o processo de deterioração dos acervos bibliográficos na biblioteca provincial de Sofala.

  1. Justificativa

Como alegações pessoais, se escolheu o tema pelo facto de ser da actualidade, outrora por abordar questões que se defrontam com os técnicos bibliotecários nos seus ambientes laborais com os acervos bibliográficos; Outrossim pelo facto do pesquisador ser usuário/leitor da biblioteca em alusão, que durante as suas visitas e estudos, se deparou com vários acervos num processo de deterioração, facto que despertou muita curiosidade em puder perceber as razões que estão por detrás deste fenómeno.

A presente pesquisa assentou também em razões de natureza académica. Pois, escolheu-se o tema pela curiosidade científica que visa responder a necessidade da falta dos estudos referentes a conservação dos acervos bibliográficos em Moçambique, particularmente na cidade da Beira, o que torna o assunto de desconhecimento e de desinteresse de muitos. Este facto, foi verificada com base em aulas teóricas tidas na disciplina de Preservação e Conservação de Documentos, do 4º ano, leccionado na Universidade pedagógica, curso de História.

A biblioteca é o local da memória, caso não existam museus ou arquivos, e mesmo que existam e actuando de forma concertada e complementar, cabe às bibliotecas recolher toda documentação sobre os aspectos do seu município e da própria comunidade, tais como: Dados estatísticos, livros, revistas, artigos de jornal, plantas, mapas, folhetos e fotografias.

Como pode se perceber, cabe às bibliotecas fazer a recolha da documentação dum determinado lugar/espaço, o que de certa forma cabe as mesmas, manter a sua integridade física, o que acarreta a aplicação de diversos procedimento técnicos para este fim.

Em síntese, a escolha do tema, foi movido por duas questões: O interesse do autor sobre o assunto da conservação dos acervos e pela preocupação em saber como o acervo de tal biblioteca está sendo conservado.

  1. Delimitação da pesquisa.

A pesquisa foi desenvolvida na cidade da Beira, especificamente na Biblioteca Provincial de Sofala. A escolha da Biblioteca provincial, deve-se a frequência que o autor da pesquisa faz à instituição, como usuário/leitor, constatando-se que a mesma representa um papel importante para a comunidade, e que actualmente seu acervo encontra-se em degradação e no processo de desaparecimento.

O tema se enquadra na linha de pesquisa da Documentação, especificamente na disciplina da Preservação e Conservação dos Documentos, leccionada no 4º Ano, na Universidade Pedagógica, que oferece bases teóricos e prático em relação ao pesquisado. 

O estudo abrange os períodos de entre 1990 à 2016. A escolha do período de 1990, deve-se ao facto deste período se enfocar largamente nas questões profissionais da Documentação e Informação em Moçambique, onde em todas as Bibliotecas Públicas Provinciais (BPP), se fez sentir o início de um processo sistemático de formação de quadros, com a capacitação dos primeiros grupos de bibliotecários que se deslocaram a países estrangeiros; foi neste período que a Biblioteca Provincial de Sofala era gerida por um profissional que havia se formado em ciências de informação pela Ex. URSS. Tudo indica que apesar dos desafios relacionados com a careira profissional (falta de especialistas), neste período, já tínhamos algumas instituições vocacionadas, e técnicos da documentação com formação básica e médio. O que não pode explicar a perpetração dos efeitos da deterioração nos acervos sem a sua posterior intervenção.

Em contrapartida, a escolha de 2016 como baliza cronológica, deve-se ao facto de ter corrido o IX festival da cultura, na qual o pesquisador por ter acompanhado e assistido a feira do livro[1], deparou-se com muitos acervos da biblioteca em estudo num estado de deterioração, posto a exposição. Nesta senda, o pesquisador sentiu a pertinência da abordagem do assunto, com vista a conhecer os reais factores da deterioração dos acervos. Facto que tendo em conta ao número de indivíduos com formação na área da documentação não devia estar a se perpetrar.

  1. Problematização:

AMARAL, (1994), no seu artigo intitulado “Documentação em Moçambique: Origem e Evolução. In Seminário Gestão da Informação no Contexto Moçambicano”, Afirma: “A Biblioteca Provincial de Sofala é a primeira, maior da província de Sofala, e a mais antiga[2] de Moçambique (desde 1957) ”.

No entanto, se depreende que a Biblioteca Provincial de Sofala, constitui o maior fulcro da deterioração dos acervos.

Nas estatísticas dos acervos feitas em Abril de 2016 (dia do livro e dos direitos do autor), concluiu-se que a instituição possui um total de 21.312 obras diversas, estando disponíveis ao público aproximadamente 4.000 para leitura, e as restantes em estado de degradação, servindo apenas para pesquisa, (M’BIZA, 2016).

Contudo, tal facto, chega a apresentar deste modo contornos alarmantes para entidades que usufruem do uso dos mesmos, pois acredita-se que sendo uma Biblioteca Pública e que abarca toda a província deveria dispor de vários acervos e de boa qualidade.

O artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 adoptado pela Assembleia das Nações Unidas afirma que toda pessoa tem direito de “receber e transmitir informações e ideias”, sendo assim, o acesso às informações contidas nos documentos da biblioteca é reconhecido como um direito universal de toda sociedade. Sendo a biblioteca o património nacional, guardião da memória colectiva, é necessário que todos que o utilizem participem de maneira activa na sua conservação.

Neste sentido, o autor da presente pesquisa, sendo munícipe da cidade da Beira, usuário da biblioteca em estudo, e constituindo um acto cívico à conservação dos acervos bibliográficos (manifesto da UNESCO 1994), o pesquisador procura conhecer os reais factores que estão por detrás desta problemática (da deterioração dos acervos nesta biblioteca).

Pois, na sociedade contemporânea a informação actua como mola propulsora no desenvolvimento económico e cultural das instituições. As bibliotecas têm o dever de conservar os testemunhos escritos da sua história através de documentos que são testemunhos concretos de sua identidade.

A Biblioteca Provincial de Sofala, actualmente assume o papel de centro de referência para estudantes e pesquisadores que em sua maioria, buscam conhecer a cultura e a história da cidade e desenvolvem pesquisas de carácter histórico, socioeconómico e cultural. É uma instituição relacionada com a cultura, por isso, tem como principal tarefa conservar a herança documental para gerações futuras, mas, depreende-se que maior parte dos acervos, apresentam condições inadequadas que põem em risco a manutenção das informações.

Contudo, a Biblioteca Provincial de Sofala, sendo a mais antiga, rica e com vastos acervos, estão também sujeitos há múltiplos riscos, a deterioração, destruição ou mesmo ao desaparecimento, o que constitui, e/ou, constituirá uma perda irreparável, competindo aos diversos organismos públicos e privados e aos cidadãos em geral, a responsabilidade de impedir este processo de empobrecimento do nosso acervo. Nesta tónica, levanta-se a seguinte pergunta de partida:

Quais são os factores que condicionam a deterioração dos acervos na Biblioteca Pública Provincial de Sofala?

  1. Hipóteses:

Segundo GIL (1991), “Hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema. São provisórias porque poderão ser refutadas com o desenvolvimento da pesquisa”.

  1. Hipótese principal

A maior parte dos danos provocados nos acervos na Biblioteca, tem como origem, a utilização inadequada dos acervos tanto pelos funcionários, como pelos usuários, uma vez os mesmos têm realizado actos como: Manusear com as mãos sujas; usar clipes metálicos e grampos; por fazerem anotações e destaques com marca texto; dobrar páginas; retirar o livro de forma inadequada das estantes[3]; arrancar ou cortar páginas; humedecer os dedos com saliva para virar as páginas, e apoiar cotovelos durante a leitura.

  1. Hipótese Secundária

A inexistência da ventilação. A Biblioteca não possui quaisquer ventilações para deter a acção da poeira, nem mesmo natural por meio das janelas no local acondicionado o acervo, pois favorece a proliferação de fungos, bactérias, insectos e outras pragas, que bruscamente contribuem fortemente na deterioração dos acervos; por outro lado, a temperatura, por ser tão alta, aumenta a quantidade de água contida no ar, ocasionando a condensação de humidade, e a formação de gotas água que amolecem as fibras das estruturas dos acervos.

  1. Objectivos:
    1. Geral:
  • Conhecer os factores que condicionam a deterioração dos acervos bibliográficos na biblioteca pública provincial de Sofala.
    1. Específicos:
  • Contextualizar o historial da Biblioteca Provincial de Sofala;
  • Identificar os principais agentes agressores dos acervos bibliográficos da Biblioteca;
  • Propor estratégias de mitigação do processo da deterioração dos acervos bibliográficos na biblioteca provincial de Sofala.
  1. Relevância da pesquisa:

É importante preservar e conservar todos os acervos, para que se possa entender a história e a trajectória da sociedade contida na memória dos documentos.

Assim sendo, o acervo constitui um caminho que ilustra o passado existencial, serve como fonte histórica, permite a inserção do indivíduo com a realidade do passado e constitui imensa potencialidade no campo da motivação, permitindo ilustrar o passado e possibilitar uma melhor compressão da sociedade em que está inserido. Através da interacção entre diferentes tempos.

Ideia também defendida pela PROENÇA, (1990:58) de que “o aluno só poderá tomar consciência da evolução contínua do mundo em que vive, se for progressivamente habituado a confrontar as épocas passadas com a actualidade”.

De igual forma, tais acervos poderão ser usados como fontes no processo de ensino e aprendizagem, como afirma PROENÇA (1992:127 “Não é possível fazer ou ensinar a história sem fontes históricas”.

  1. Resultados esperados.

Espera-se que esta pesquisa seja mais um instrumento de auxílio aos profissionais das bibliotecas e os demais da área da Documentação, para que massifiquem acções de conservação dos acervos bibliográficos na cidade da Beira, particularmente na Biblioteca Provincial de Sofala.

Naturalmente, o tema não se esgotou nesta pesquisa. Assim sendo, é intenção do proponente aprofundar os assuntos apresentados.

Este estudo poderá ser igualmente replicado nas demais Bibliotecas, sejam elas Públicas ou Escolares, a fim de ampliando-se o conhecimento. Neste sentido, podem ser feitas pesquisas olhando para a gestão dos acervos.

É também orientação, para trabalhos futuros, a realização de uma reflexão aprofundada sobre os utilizadores das Bibliotecas Públicas, analisando o seu nível de envolvimento, participação e satisfação com o objectivo de desenvolver serviços adequados às suas necessidades.

Neste sentido, vem acede de abordar este tema com finalidade de chamar atenção especialmente aos técnicos profissionais das bibliotecas, mas também à comunidade académica, sociedade civil, docentes/professores e estudantes/alunos sobre a necessidade de fazer análise aprofundada sobre a conservação dos acervos na cidade da Beira, concretamente na biblioteca pública provincial de Sofala.

  1. QUADRO METODOLÓGICO.

 

  1. Características da Pesquisa.

Este estudo é caracterizado como sendo uma pesquisa de campo, pois foi realizado com base nas observações e interpretações de factos que ocorrem na Biblioteca Provincial, mediante a exploração dos fenómenos que lá ocorrem, não obstante, o uso da entrevista e do inquérito foi eficiente para a sua efectivação. Também, o estudo é caracterizado como sendo uma pesquisa bibliográfica, pois foi realizado com base em levantamentos de artigos científicos, livros, sites da internet entre outras fontes de informação que versam sobre a temática em pauta, não deixando do lado dos documentos primários, caso das informações colhidas em fotografias, e informações de arquivos do Conselho Municipal da Beira (C.M.B), que tratam do tema em estudo.

Quanto às abordagens da pesquisa, esta, classifica-se como qualitativa e quantitativa. A quantitativa pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de colectas de informações, quanto no tratamento dela. Com abordagem qualitativa não se pretende enumerar ou medir os dados colectados, mas sim, compreender as características apresentadas pelo pesquisado detalhadamente”.

  1. INSTRUMENTOS DE COLECTA DE DADOS.
    1. Métodos de abordagem:
      1. Método dedutivo.

Com este método analisou-se o tema em questão partindo dos contextos mais generalizados, fazendo uma análise regressiva e decrescente da problemática levantada, desde as primeiras discussões de conservação dos acervos bibliográficos (da antiguidade à época moderna), e de outros autores que discutem o assunto em causa.

  1. Métodos de procedimentos:
    1. Observação directa.

Esta técnica foi aplicada essencialmente durante as visitas in locus à biblioteca Provincial de Sofala, onde foram observados acervos no processo de deterioração e alguns em péssimos estados de conservação.

  1. Pesquisa bibliográfica.

Partindo deste método foi possível recorrer a leitura de diversas obras de autores que abordam o assunto, visando o sustento científico do presente trabalho. Uma especial atenção foi dada aos manuais publicados pela, Célia Zaher e a Wanda do Amaral.

  1. Pesquisa de Campo.

Com base nesta técnica, fez-se uma pesquisa exploratória (para a colecta dos dados), no terreno em estudo com vista a conferir e conhecer as políticas e as técnicas de conservação que a biblioteca tem aplicado na conservação das sua colecções, de igual forma, procurou-se perceber das medidas de conservação preventiva que se tomam para a manutenção dos acervos.

  1. Técnica fotográfica.

Com esta técnica fez-se á recolha de dados comprovativos através de imagens fotográficas dos acervos físicos da biblioteca pública provincial de Sofala, ilustrando desse modo o real estado de conservação em que se encontram.

  1. Entrevista semi-estruturada.

Para responder a questão levantada neste estudo, foi elaborado um instrumento de colecta de dados, a entrevista. Esta foi composta por questões abertas e fechadas sobre o assunto investigado, totalizando 8 (Oito) questões.

A escolha da entrevista semi-estruturada permitiu a elaboração prévia dos guiões de perguntas base para orientar o processo de questionamento e acréscimo de outras perguntas que foram surgindo em função do desenvolvimento da entrevista.

No entanto, os guiões da entrevista foram entregues antecipadamente aos entrevistados num período pré-estabelecido para a colecta aos respectivos funcionários, isto se deveu ao tempo que cada funcionário poderia ter mediante o seu turno de trabalho e as actividades que realiza, o que facilitou o preenchimento das fichas da entrevista.

A entrevista foi dirigida aos 5 (Cinco) Bibliotecários que fazem parte desta biblioteca (vide a organigrama da página 28).

Com esta técnica, pretendia-se colher dados relativos a conservação dos acervos, sobretudo, os métodos, os princípios, as técnicas e as politicas (se existem), de conservação que a biblioteca tem aplicado para manter a integridade física dos acervos (Vide o guião da entrevista no apêndice 1).

  1. Inquérito por questionário.

O inquérito foi dirigido aos usuários/leitores. Com esta técnica, pretendeu-se averiguar o quanto os usuários/leitores têm conhecimentos e a noção da conservação dos acervos bibliográficos da Biblioteca, e de igual forma sobre a postura a ter no uso ou manuseio dos acervos enquanto usuário/leitor da Biblioteca. (Vide o guião do inquérito no apêndice 2).

Porém, foram seleccionados para o inquérito um total de 20 (Vinte) usuários/leitores da Biblioteca, baseando-se no critério não probabilística intencional.

A escolha do inquérito por questionário se deveu pelo facto de ser um instrumento com muitas vantagens, primeiro por permitir obter informações de um grande número de pessoas simultaneamente e em um tempo relativamente curto, de seguida, pela razão da tabulação de dados ser de maior facilidade e rapidez na sua sistematização.

  1. Universo e Amostra da Pesquisa.
    1. Amostra.

Tendo em conta a natureza do tema, onde o fenómeno envolve a todos os intervenientes da sociedade, especialmente aos bibliotecários, a escolha da amostra foi no entanto, um pouco complexa e, por isso mesmo recorreu-se a Amostra não probabilista intencional, que, Segundo MARCONI e LAKATOS (2002:52):

O pesquisador está interessado na opinião (acção, intenção etc.) de determinados elementos da população, mas não representativos dela. O pesquisador não se dirige, portanto, à massa (...), mas àqueles que, segundo seu entender, pela função desempenhada, cargo ocupado, prestígio social, exercem as funções de líderes de opinião na comunidade. Pressupõe-se que estas pessoas, por palavras, actos ou actuações, têm a propriedade de influenciar a opinião dos demais.

Porém, seguindo este critério, foram seleccionados para a entrevista e o inquérito um total de 25 (Vinte e Cinco) indivíduos, sendo: 5 (Cinco) representando aos funcionários da Biblioteca e outros 20 (Vinte), representado aos usuários/leitores da Biblioteca, respectivamente.

Para além da amostra não probabilista intencional, será usada a amostra não probabilista por tipicidade, que ainda na óptica de Marconi e Lakatos (op cit:53), em determinados casos, onde diversas ordens impedem a escolha de uma amostra probabilista fica a cargo do pesquisador tentar por outras vias onde, Uma das formas é a procura de um subgrupo que seja típico, em relação a população como um todo (...) Tal grupo é usado como barómetro da população, (MARCONI E LAKATOS, idem).

  1. REVISÃO DA LITERATURA.

Desde a antiguidade, a conservação dos materiais de bibliotecas foi objecto de preocupação do homem. Neste espaço pretende-se mostrar como estas actividades da conservação foram sendo desenvolvidos com o tempo.

Segundo (MARTINS, 2002 apud SANTOS 2013), “Na antiguidade, as bibliotecas serviam apenas como um depósito de livros, sendo mais um local em que se escondiam os livros, de acordo com os diversos tipos de suportes, sejam minerais, vegetais ou animais”.

Acrescenta ainda o autor que os acervos dessas bibliotecas eram organizados em armários com divisórias e arrumados uns ao lado dos outros, contendo etiquetas visíveis indicadoras dos títulos. (Exemplos: Bibliotecas de Ninive, Pergamo, as Gregas e Romana - Alexandria).

No Egipto, por exemplo, era costume nos enterros, papiros contendo orações e textos
sagrados, serem revestidos com uma camada de gesso e depositados nas tumbas juntamente com as múmias. Desta forma sobreviviam e chegavam aos nossos dias.

Para os egípcios, o pior inimigo dos rolos de papiro eram os efeitos da humidade e para fins de protecção, eram conservados em jarras de barro ou estojo de madeira; e por se tratar de material frágil, o ataque de insectos era frequente. Os insectos eram combatidos imergindo a folha de papiro em azeite de cedro, (DAHL, 1982:16).

BATTLES (2003), “Na idade média, as bibliotecas definharam e morreram, uma vez que os recursos necessários para adquirir e preparar o pergaminho se tornaram caro e escasso. Acrescenta ainda que, Iniciava-se aí um período sombrio para o estudo, para os livros e para as bibliotecas”.

No entanto, MARTINS (2002), aponta que “as actividades da conservação não cessaram, uma vez que, a biblioteca ainda era definida como uma guardiã dos livros”.

Tudo indica que nas bibliotecas medievais, sobretudo nos mosteiros e conventos, no que diz respeito ao seu aspecto arquitectónico, seus armários eram embutidos nas enormes paredes e também diversas estantes de leitura existiam ali para permitir o manuseio dos grossos in-fólios medievais, inclusive as portáteis, nas quais todos os livros estavam acorrentados, o que indica que havia um medo grande de roubos de obras valiosas.

Uma vez não havia máquinas de reprodução dos impressos, todos os grandes mosteiros possuíam um Scriptorium, uma espécie de oficina de copistas em que o trabalho era distribuído aos monges. Algumas ordens estipulavam em suas regras como dever piedoso, o trabalho escriturário, e pode se dizer que, em se tratando de manuscritos, os monges contribuíram muito para salvar, através de cópias sucessivas, muitas obras cristãs e da Antiguidade.

Na época do renascimento, a colecção de livros raros e importantes e a organização em bibliotecas passou a ser uma constante na vida dos homens. É também no Renascimento que surgiu uma maior preocupação com relação à situação física dos livros. Essa tarefa cabia, exclusivamente, ao bibliotecário, (BARATIN & JACOB, 2000).

Contudo, a questão da conservação dos acervos sempre existiu e foi um meio para prolongar a vida dos documentos independentemente das técnicas que foram empregadas em cada momento de tempo.

No entanto, existem algumas diferenças entre as abordagens feitas pelos autores acima, relativamente a nossa pesquisa, pois, esta reflecte-se dentro duma realidade espacial específica (Biblioteca Provincial de Sofala), com características próprias. Pois, com esta pesquisa se procura conhecer os factores que condicionam a deterioração dos acervos na Biblioteca em estudo, como vimos no arrolamento das ideias acima, embora não se empregassem técnicas avançadas quanto comparada a actualidade, desde a antiguidade, (com destaque para os Egípcios, Gregos, e Romanos), já havia meios de salvaguardar os seus acervos.

Portanto, a preocupação aqui não reside nos autores acima, mas sim de perceber como a mesma actividade da conservação dos acervos é tratada em Moçambique, dado que não se constata autor que fala da conservação tendo em conta a nossa realidade. Em Moçambique, autores como: Wanda do Amaral, Aissa Issak, Manuel Mangue, entre outros, fazem o estudo da documentação olhando no panorama geral, sobretudo na área da formação profissional. Vejamos algumas citações abaixo ilustrando o facto:

AMARAL (1994) “Em 1975, após a Independência de Moçambique, as unidades documentais encontravam-se deficientemente organizadas e com grave carência de profissionais com competências técnicas e organizativas”.

Ao longo dos últimos anos, o funcionamento de arquivos, centros de documentação e bibliotecas
tem sido assegurado, por um lado, de forma deficiente e por pessoas sem formação, por outro, de
forma insustentável, com consultores externos e por vezes internos que criam sistemas que só
duram o tempo de vigência do projecto que os criou. Até ao presente momento, a área de documentação e arquivos continua a enfrentar muitas dificuldades resultantes da ausência de uma estratégia específica para este domínio e de normas reguladoras, da exiguidade de recursos financeiros, da falta de técnicos qualificados e com formação profissional ou superior necessários para o desenvolvimento desta área. (ISSAK, 2005).

É desta forma que vem a cede de falar da conservação dos acervos bibliográficos na biblioteca provincial.

  1. QUADRO CONCEPTUAL E LEGAL.

Antes de se falar propriamente da conservação dos acervos bibliográficos na cidade da Beira, especialmente na biblioteca provincial de Sofala, convém clarificar alguns conceitos, tais como: usuário, preservação, conservação, acervo e acervo bibliográfico, que achamos pertinentes e que estarão sempre desenrolando na abordagem da pesquisa.

  1. Acervo

Segundo o Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia (CUNHA e CAVALCANTI, 2008) Acervo, “É um conjunto de documentos conservados para o atendimento das finalidades de uma biblioteca: informação, pesquisa, educação e recreação. Também é sinónimo de colecção.

A Palavra acervo é utilizada para fazer referência a uma colecção de obras ou bens que fazem parte de um património, seja de propriedade privada ou pública. Esse património pode ser de âmbito artístico, bibliográfico, científico, documental, genético, iconográfico, histórico etc. (UNESCO, 1994).

Em suma, o acervo bibliográfico é composto por essencialmente livros e outros documentos impressos, armazenados em uma biblioteca;

  1. Biblioteca Pública

O conceito de biblioteca pública é bastante discutido por diversos autores (SPONHOLZ, UNESCO).
Biblioteca pública como é aquela que oferece a oportunidade da democratização da vida cultural seja através do acesso da população aos bens culturais, seja através da formação indispensável dos conhecimentos, instrumentos e meios e em meios postos em uso pela prática cultural, seja pela participação efectiva de cada um, na medida de suas possibilidades. (SPONHOLZ, 1984:4).

Já a UNESCO (1994), apresenta a seguinte definição: “biblioteca pública é o centro local de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os géneros”.

Contudo, depreende-se que, além de ser gratuita, a biblioteca pública é o centro de informações da comunidade que baseia-se na igualdade de acesso para todos, sem restrição de idade, raça, sexo, status social, etc. e na disponibilização à comunidade de todo tipo de conhecimento.

  1. Preservação

CASSARES (2000:12),“Preservação é um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, Política e operacional que contribuem directa ou indirectamente para a preservação da integridade dos materiais.

  1. Conservação

Segundo CASSARES (2000:12),Conservação é um conjunto de acções estabilizadoras que visam desacelerar e retardar o processo de degradação de documentos ou objectos, por meio de controlo ambiental, manuseio adequado, acondicionamento, higienização mecânica, reparos.

De acordo com DICIONÁRIO (1996:18), Conservação é o conjunto de procedimentos e medidas a assegurar a protecção física dos acervos, contra agentes de deterioração.

A preservação e a conservação são técnicas de muita importância para as bibliotecas, porque além dos benefícios que a mesma pode proporcionar para o bem dos livros e do acervo em geral, a necessidade dessas técnicas contribui, para assim poder estar disponível para consulta e manuseio para as gerações futuras.

  1. Restauração

CASSARES (2000:12),Restauração, é um conjunto de medidas que objectivam a estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu carácter histórico.

Em suma, a preservar diz respeito ao emprego de políticas que visam cuidar do acervo de uma unidade documental seja qual for, através de actividades que orientem no cuidado com este;

Já a conservação implica em técnicas e práticas específicas relativas à protecção de materiais de diferentes formatos (papel, tecido, etc.), contra danos, deterioração e decomposição.

E por restauração compreendam-se as intervenções técnicas sobre os componentes materiais de um documento já degradado/deteriorado, estas por sua vez são praticadas por especialistas.

  1. Usuário

Usuário (Utente ou utilizador) “é a pessoa ou organização que usa um determinado tipo de serviço, ou seja, o usuário é aquele que possuiu ou desfruta de alguma coisa pelo direito de uso”.

O capítulo que se segue é intitulado: Descrição geral da biblioteca provincial de Sofala, na qual apresenta-se uma breve contextualização das Bibliotecas Públicas e seus Acervo; seguido do historial da biblioteca; o fundo bibliográfico; o organigrama e o funcionamento; a visão e a missão da Biblioteca Provincial e outros aspectos que a seguir se destacam. Neste capítulo pretende-se mostrar as condições funcionais e estruturais da Biblioteca.

 

CAPÍTULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA BIBLIOTECA PÚBLICA PROVINCIAL DE SOFALA (1957-1990).

Não havendo um dossier sistematizado que fale do historial da actual Biblioteca Pública Provincial de Sofala, vimo-nos de fazer uma resenha histórica da mesma partindo de alguns fragmentos recolhidos em vários documentos antigos como: Actas, algumas dissertações, e outros tipos de documentos da década de 50, 60 e princípios de 70.

  1. Localização da Biblioteca Provincial de Sofala.

A Biblioteca Provincial de Sofala situa-se na Rua Correia de Brito, entre a antiga Repartição da agricultura e Floresta, (actual STAE) e o campo de Golfo. As instalações da mesma compreendem uma sala de leitura, três gabinetes, uma sobreloja, quatro casas de banho (uma foi transformada em deposito de livros) e um quarto onde estão guardados alguns boletins oficiais do Governo colonial e da Companhia de Moçambique.

  1. Biblioteca Provincial de Sofala No Período Colonial

MOLA[4] (2015:28), na sua dissertação, alega que, No Período Colonial, as Bibliotecas Públicas estavam sob a alçada das câmaras municipais[5], tendo sido referenciadas, em 1972, nove bibliotecas municipais.

As mais antigas registadas, eram as de Maputo (1896), da Ilha de Moçambique (1935) e de Quelimane (1941).

AMARAL (2014), “constata que as primeiras Bibliotecas Públicas no País foram criadas em 1965, nas províncias de Sofala e Inhambane, poucos anos depois da criação da BNM (1961). Estiveram, desde então, vinculadas às actividades das direcções de Educação e Cultura”.

De acordo com os dados orais colhidos juntos da directora da Biblioteca, Imaculada e o chefe do Departamento Técnico Rogério Pimba[6], a Biblioteca Pública Provincial de Sofala para chegar a ostentar esse nome, passou por várias metamorfoses. Ela foi fundada em 29 de Dezembro de 1957 Como pública, funcionando numas instalações da então câmara Municipal da Beira (que já não existem), até aos meados da década 60 denominava-se por Biblioteca Municipal da Beira DR. Araújo de Lacerda[7].

Desde a sua fundação os serviços desta biblioteca sempre foram de registo cronológico das entradas de espécies bibliográficas: Etiquetagem, Catalogação, Classificação, Alfabetação, Arrumação de catálogos e arrumação dos livros nos depósitos e ao atendimento ao público leitor.

O actual edifício onde hoje funciona a Biblioteca foi construída graças a um subsidio no valor de Oitocentos (800) Contos oferecidos pela fundação Calouste Gulbenkian[8] cujo bem tomou o nome, subsidio atribuído a quando da visita do presidente do Conselho de Administração daquela Fundação, DR. Azevedo Perdigão à Beira.

A inauguração da Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian, foi solenemente inaugurada a 04 de Janeiro de 1965, pelas 17 horas.

A Cerimónia da inauguração foi presidida por então presidente da Câmara Municipal da Beira, o Capitão-de-fragata João Alberto da Costa Soares Perdigão.

  1. Biblioteca Provincial de Sofala No Período Após da Independência.

Em 1975, após a Independência de Moçambique, as unidades documentais encontravam-se deficientemente organizadas e com grave carência de profissionais com competências técnicas e organizativas. No caso da Biblioteca Nacional de Moçambique (BNM), teve que encerrar ao público devido ao abandono dos seus quadros seniores. Só veio a reabrir em 1978, já com uma nova estrutura.

Após 1975, estes sistemas desapareceram e passaram a ser da responsabilidade das direcções provinciais e distritais da Cultura que, entretanto, foram criando novas Bibliotecas (Provinciais, Distritais e Municipais, estas criadas pelos conselhos municipais, (AMARAL, 2014).

Com a proclamação da independência Nacional de Moçambique e com as nacionalizações que tiveram lugar após independência, o governo da Província de Sofala através da Direcção Provincial da Educação e Cultura de Sofala, produziu o Oficio N˚ 2607̸GG̸ SG̸ E̸ 3, de 10.11.1997, na qual ordenava a ex. Câmara Municipal da Beira a entregar a Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian e Museu (que lá existia). Passando a pertencer ao Património do Estado, mas a mesma continuou e continua a ostentar o nome de Biblioteca Municipal “Calouste Gulbenkian” até hoje o seu reclame frontal.

O ofício aparece num relatório de termo de entrega de todos bens móveis e imóveis da Biblioteca e nessa entrega fizeram parte as seguintes individualidades: António José e Armando Victorino Macereque (na parte da entrega) e José Joaquim Meque e António César (na parte da recepção), mas, é pena que o mesmo não tenha nenhuma assinatura deles.

  1. Biblioteca Provincial de Sofala No Período de 1990 Aos Nossos Dias.

Como viu se anteriormente, após a independência, as bibliotecas foram sendo desenvolvidas sem qualquer suporte legal, mediante a elaboração de legislação de enquadramento e suporte.

AMARAL (1994), afirma: Moçambique herdou, do período colonial, um conjunto de serviços de informação fragmentados, em muitos casos inadequados às necessidades locais, e geograficamente distribuídos de forma desigual.

Este contexto tem vindo a mudar significativamente com a criação de diferentes tipos de bibliotecas; assim como, com a criação de cursos de formação, quer na área da Documentação e Informação, quer noutros sectores da cultura.

Como chega a afirmar a AMARAL, (2014), Para todos os efeitos, conforme referido, é o início da Década de 1990 que é considerado o marco de entrada das Bibliotecas Públicas na agenda das políticas governamentais de Moçambique Pós-Colonial.

A Resolução n.º 12/97, de 10 de Junho, que aprova a Política Cultural e Estratégia de sua implementação, atribui às Bibliotecas Públicas a função de “pesquisa, aquisição, tratamento e difusão de material bibliográfico, cinematográfico, iconográfico e fonográfico para a consulta pelos interessados para fins de estudo e deleite”. Esta finalidade incide, no entanto, numa visão algo limitada do conceito de Biblioteca Pública.

A necessidade de um quadro legal de gestão das BPP contendo normas básicas da sua organização e funcionamento, determinou a implementação do Decreto n.º 46/2007, de 10 de Outubro, que criou oficialmente as BPP e aprovou o respectivo Estatuto-Tipo pelo Conselho de Ministros, incorporando a dimensão informacional no quadro de objectivos e funções destes sistemas. O mesmo estatuto, conferiu a subordinação destas bibliotecas ao órgão provincial que superintende o sector da Cultura.

Um pormenor que na altura não foi observado para a sua retirada, foi a designação de Biblioteca Municipal, que passou a ser designada com o nome de Biblioteca pública Província de Sofala, passado desde 21 de Abril de 2004).

  1. Organigrama

O organigrama da biblioteca provincial está estruturado da seguinte maneira:

  1. Directora da Biblioteca;
  2. Chefe do Departamento Técnico;
  3. Chefe da Repartição de Administração e Finanças (R.A.F);
  4. Chefe da Secção de Planificação e Formação;
  5. Chefe da Secção Técnica;
  6. Chefe da Secretaria e Pessoal.

Actualmente, a Biblioteca conta com 15 funcionários (sendo 11 do sexo Masculino e 4 do sexo Feminino), nas quais, 5 (Cinco) são Bibliotecários, os demais são técnicos administrativos, os Bibliotecários exercem as funções de: 2 (dois) no processo técnico, 1 (Um) na referência e 2 (Dois) na administração.

A Biblioteca Provincial conta com 3 (três) turnos, (conforme ilustra a tabela 2 do regulamento interno da biblioteca), nomeadamente:

  • 1º Turno de manha: 7:30 às 13:30 horas;
  • 2º Turno de tarde: 13:30 às 17:30 horas;
  • Turno Único: 7:30 às 15:30 horas;
  • Sábado: 8.30 às 12 horas.

O horário de atendimento da Biblioteca provincial é das 07h às 17:30h interrupto, de segunda à sexta-feira. Aos Sábados os horários são: 8h às 12h.

  1. Fundo Bibliográfico

Actualmente, a Biblioteca possui um acervo documental de 21.312 obras diversas, dos quais cerca de 4.000 encontram-se em circulação e bom estado e as restantes em processo de degradação (livros velhos, servindo apenas para pesquisa).

  1. Missão da Biblioteca Provincial de Sofala

A Biblioteca Provincial de Sofala é uma instituição pública de carácter cultural que tem por objectivo proporcionar ao cidadão leitura para apoio à investigação, ao processo de ensino aprendizagem e autoformação.

São missões da Biblioteca Provincial de Sofala as seguintes:

  • Adquirir, tratar e difundir monografias (livros e brochuras), seriados (jornais, revistas, boletins e publicações periódicas) e outros documentos gráficos e audiovisuais;
  • Funcionar como Biblioteca normativa para as Bibliotecas a nível da província de Sofala e proporcionar apoio técnico às mesmas;
  • Organizar exposições, palestras e debates sobre temas diversos;
  • Dar assistência técnico-profissional aos bibliotecários da província de Sofala;
  • Promover acções que contribuam para a criação do gosto e habito pela leitura;
  • Apoiar o processo de investigação, de ensino aprendizagem e autoformação;
  • Coordenar acções conducentes à implementação e expansão de uma rede de bibliotecas ao nível da província de Sofala; e,
  • Proporcionar leitura de lazer.
  1. Visão da Biblioteca Provincial de Sofala
  • Criar mais bibliotecas públicas distritais, municipais, comunitárias e escolares;
  • Expandir bibliotecas móveis da província;
  • Formar mais bibliotecários médios e superiores;
  • Capacitar técnicos bibliotecários ao nível da província para melhor desempenho;
  • Adquirir o acervo documental de modo a satisfazer as necessidades dos leitores;
  • Informatizar as bibliotecas ao nível da província;
  • Apetrechar as bibliotecas com bens móveis; e,
  • Apoiar e assistir tecnicamente bibliotecas públicas, distritais, municipais, comunitárias e escolares.

No capítulo anterior, para além de se trazer o historial da biblioteca, também se trouxe a questão do fundo bibliográfico, e a partir dos números foi contagiante só de se perceber que dos 21.312, apenas 4000 se encontram em bom estado de conservação. Contudo, o capítulo que se segue tem como título Os principais agentes agressores dos acervos bibliográficos, e nele, são abordadas questões como: A origem e os caminhos do papel; identificação dos principais agentes de deterioração dos acervos bibliográficos; as políticas usadas para salvaguardar a integridade física dos acervos; métodos, técnicas ou princípios da conservação dos acervos, entre outros aspectos que o capítulo de forma geral faz menção, e, no mesmo capítulo II, particularmente se pretende identificar os principais agentes agressores que com incidência contribuem para a deterioração dos acervos da biblioteca provincial de Sofala.

 

 

CAPITULO II: PRINCIPAIS AGENTES AGRESSORES DOS ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS.

Antes de mencionar e caracterizar os principais agentes agressores dos acervos, achou-se pertinente trazer em vista uma breve descrição da origem do papel, no sentido de compreender como este material foi descoberto e feito, e como foi variando a sua produção com o tempo, pois isto em algum momento irá dotar-nos de conhecimentos básicos no sentido de conhecer como este material pode se degradar nas diferentes ocasiões.  

2.1. A origem e os caminhos do papel.

Apesar de certa controvérsia quanto ao real início de sua produção, a origem do papel está na China. Atribui-se sua criação ao oficial da corte T’sai Lun, que em 105 d.C., durante uma estada em Pequim, observou as vespas triturando fibras vegetais de bambu e amoreira, obtendo uma pasta celulósica que era utilizada na construção dos ninhos. Baseando-se no mesmo princípio utilizado pelos insectos, ele pilou as cascas de amoreira, bambu e restos de rede de pescar até obter uma pasta húmida que estendeu e colocou para secar: nascia, assim, a primeira folha de papel, cujo princípio básico de produção permanece quase inalterado após quase dois mil anos de sua invenção. (SPINELLI, s/d).

O segredo da confecção de papel permaneceu longo tempo apenas entre os chineses, chegando na Coreia no século VIII, quando o país foi invadido pelos chineses, e de lá propagou-se para o Japão.

O factor determinante para a difusão do processo de produção do papel no mundo foi o contacto entre chineses e árabes no século VIII, durante o episódio conhecido como a Batalha de Talas, na cidade de Sarmacanda, entreposto das caravanas comerciais chinesas, na Ásia Central. Além das baixas em seu exército, muitos chineses foram feitos prisioneiros.

Entre eles, alguns que conheciam as técnicas de produção do papel e trocaram seu conhecimento pela liberdade. Em pouco tempo Sarmacanda ficou conhecida pelo papel de óptima qualidade que produzia, principalmente em função do linho utilizado como matéria-prima e da qualidade da água utilizada no processo de fabricação. (SPINELLI, s/d).

A civilização árabe vivenciava um período de riqueza económica e cultural, e a difusão da técnica de fabricação do papel seguiu a expansão geográfica dos domínios árabes: de Sarmacanda o papel foi para Bagdá, Cairo, Fez, até chegar à Europa, precisamente na Península Ibérica, no século XI.É na cidade espanhola de Játiva ou Xátiva que aparece o primeiro registo de moinho de papel, datado de 1100, Surge em seguida, na cidade de Fabriano, Itália, outra fábrica de papel que funciona ainda hoje. Em Fabriano foi criada a maneira de identificar o papel por meio de marcas da água ou filigranas. Por toda a Europa surgem relatos de moinhos movidos pela força hidráulica: A força motriz da água revolucionou a indústria do ferro, tal como tinha revolucionado a moagem e o pisoar do pano

2.2. Principais Agentes de Deterioração dos Acervos das Bibliotecas.

Hoje a conservação de documentos compreende um conjunto de atitudes na qual é adoptada para combater o processo de deterioração e prolongar a vida útil das obras que constituem um acervo. E uma das preocupações de uma biblioteca, seja ela qual for, é conservar seu acervo de modo que a mesma tenha uma vida útil. (BARBOSA, 2015).

Assim, a conservação propõe cuidar de todos os assuntos relacionados ao combate a deterioração dos documentos. Compreende ao emprego dos aspectos administrativos e financeiros, até as investigações científicas sobre a constituição dos materiais e as mais simples medidas de higienização. (DUARTE, 2009:11).

NASSIF (1992:23), Ao se trabalhar com conservação de acervos, é preciso conhecer os factores que são responsáveis pela deterioração dos materiais bibliográficos.

A autora acima (NASSIF), enfatiza que a deterioração de materiais de bibliotecas, incluindo materiais especiais e áudio visuais, é decorrente dos mesmos agentes, e que apesar de todo avanço tecnológico, o que predomina em nossas bibliotecas são os documentos de papel, sendo por isso necessário maior atenção em relação a eles.

Por conseguinte, CASSARES (2000:13), enfatiza que:

 

Os acervos são, em geral, constituídos de livros, mapas, fotografias, obra de arte, revistas, manuscritos, entre outros, que utilizam o papel como suporte da informação, sendo este, formado basicamente de fibras de celulose provenientes de diferentes origens.

Como em uma biblioteca, no seu acervo tem o papel como suporte principal precisa-se saber dos factores de degradação desse material; e com isso as deteriorações dos documentos podem ter causas internas e externas e para essa afirmação, segundo os autores LUCCAS e SERIPIERRE (1995:18), conclui que existem dois principais factores que contribuem para a degradação do papel, que se subdividem em:

  • Factores internos, que estão ligados a composição do papel como, tipos de colagem, tipo de fibras, resíduos químicos, partículas metálicas.
  • Factores externos, são agentes físicos e agentes biológicos, como radiação ultravioleta, temperatura, humidade, poluição atmosférica, microrganismos, insectos, roedores, manuseio e o acondicionamento indevido.

2.2.1. Factores internos

Os factores internos contribuem para a destruição do documento, visto que muitos papéis modernos possuem níveis elevados de acidez, que os tornam fragilizados, inclui-se ai como uma das causas que promovem essa destruição, a constituição das colas e das tintas da feitura do documento. (DUARTE, 2009:27).

Podemos dizer que consideramos agentes de deterioração dos acervos de bibliotecas [...] aqueles que levam os documentos a um estado de instabilidade física ou química, com comprometimento de sua integridade e existência. (CASSARES, 2000:13).

As condições de armazenamento, forma de manuseio, exposição e segurança do acervo devem ser uma preocupação constante por parte da biblioteca a fim de evitar sua deterioração. Para facilitar a compreensão dos factores externos apresentaremos a seguir um quadro com a classificação dos agentes de deterioração.

2.2.2. Factores externos (principais agentes e as suas características):

2.3. Agentes físicos:

2.3.1. Iluminação.

A luz é um dos factores mais agravantes no processo de degradação dos materiais bibliográficos. Tanto a luz natural como a luz artificial emitem raios que prejudicam livros. Isso acontece quando a luz solar ou de lâmpadas incidem directamente sobre os papéis e tintas o que pode tanto clarear, quanto escurecer. A incidência de luz provoca danos irreversíveis e acumulativos ao papel, tornando-os frágeis, quebradiços e amarelados. (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995:19)

2.3.2. Temperatura/humidade.       

O calor danifica os materiais e a humidade facilita a proliferação de fungos e de insectos. Estes factores quando não estão devidamente calibrados provocam no acervo uma dinâmica de contracção e alongamento dos elementos que compõem o papel, além de favorecem a proliferação de agentes biológicos. (Ibidem).

2.4. Agentes químicos:

2.4.1. Poluição atmosférica.

A poeira e as demais partículas em suspensão que a compõem, além de afectarem a qualidade do ar para o ser humano, são inimigos que se depositam sobre o acervo e aderem ao papel gerando sujidade e até alimentos para pragas.

A atmosfera pode ser considerada um grande recipiente onde permanentemente, são lançados sólidos líquidos e gazes capazes de comprometer a integridade dos acervos documentais. Dentre os poluentes mais agressivos às obras, destacam-se a poeira e os gazes ácidos devido à queima de combustíveis. A deposição contínua da poeira sobre os documentos prejudica a estética das peças, favorece o desenvolvimento de microrganismos e pode acelera deterioração do material documental devido aos ácidos contidos. (SPINELLI JUNIOR, 1997:30).

2.5. Agentes biológicos:

2.5.1. Insectos, fungos, bactérias e roedores

Os agentes biológicos constituem-se uma das mais sérias ameaças à integridade dos acervos documentais. São caracterizadas por fungos e bactérias, tais como: insectos (traças, baratas, cupins, brocas, piolhos de livros), e os roedores. As razões de sua presença em bibliotecas dependem do conforto ambiental promovido pela temperatura e humidade relativa elevada, pouca circulação de ar, falta de higiene, acesso a alimentos, entre outros. Além de nocivos ao acervo, muitas dessas pragas também são nocivas ao homem, contaminando o ambiente e colocando em risco sua saúde. (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995); (CASSARES, 2000).

2.6. O homem

O homem, consciente ou inconscientemente, é um dos maiores agressores do papel. O simples uso normal é o suficiente para degradar este material. A acidez e a gordura do suor das mãos, em contacto com o papel, produzem acidez e manchas. Também são nocivos os maus tractos como: rasgar, riscar, dobrar, escrever, marcar, colocar clipes, grampos metálicos, colar fitas, etc. Essas atitudes são comuns, tendo-se tornado um hábito entre as pessoas que não pensam na preservação do documento e que se importam apenas com a informação contida no mesmo, não levando em consideração os danos, muitas vezes irreversíveis, que estão causando.

2.6.1. A acção humana

Para SPINELLI (1997), os critérios para se manusear um documento são determinantes para uma vida útil e sua permanência no acervo.

Alguns procedimentos devem ser seguidos, como:

  • Manter sempre as mãos limpas;
  • Usar ambas nas mãos ao manusear gravuras, impressos, mapas, etc., sobre uma superfície plana;
  • Os livros devem permanecer em posição vertical. Nunca acondicioná-los coma lombada para baixo ou para cima;
  • Evitar infiltrações e goteiras junto à colecção;
  • Em dias muitos húmidos, evitar abrir as janelas;
  • Usar marcadores próprios evitando efectuar marcas e dobras;
  • Evitar enrolar documentos, gravuras, etc.;
  • Não retirar os livros da estante puxando-o pela borda superior da lombada;
  • Nunca humedecer os dedos com líquidos para virar páginas do livro. O ideal é virar pela parte superior da folha;
  • Não fumar e realizar refeições em prédios que guardem acervos;
  • Nunca usar carimbos sobre ilustrações ou textos;
  • Não dobrar o papel (orelhas), pois ocasiona o rompimento das fibras.
  • Nunca manter as estantes compactadas;
  • Não manter plantas aquáticas, guarda-chuvas e capas molhadas junto ao acervo;
  • Não fazer anotações particulares em Papéis avulsos e colocá-los entre as páginas de um livro.
    1. Métodos/Técnicas ou Princípios de Conservação.
      1. Diagnóstico.

O diagnóstico deverá ser a primeira etapa de todo o processo de conservação, pois é neste momento, que poderá ser feito um levantamento detalhado das condições físicas de cada publicação. É decisivo para a definição de qual documento será tratado primeiro, bem como, qual será seleccionado, baseado na relevância da publicação para a instituição e a disponibilização do documento em âmbito nacional. (COSTA, 2003:11).

  1. Monitoramento Ambiental

O controlo da temperatura e da humidade relativa do ar é de importância fundamental na conservação dos acervos de bibliotecas, pois níveis inaceitáveis destes factores contribuem sensivelmente para a desintegração dos materiais.

Para uma boa conservação do papel, do ponto de vista químico e físico, aconselha-se manter a temperatura entre 18º e 22º C e a humidade relativa entre 45% e 55%. A medição desses índices pode feita através da utilização de aparelhos Termo higrómetros e devem ser realizadas
diariamente. O sistema de ar condicionado deverá estar ligado ininterruptamente para evitar oscilações bruscas sobre o acervo. Os níveis de temperatura ou humidade não devem ser modificados à noite, nos fins-de-semana, ou em outras ocasiões em que bibliotecas estejam fechadas. Caso a humidade relativa ultrapassar os padrões adequados, deverão ser usados aparelhos desumidificadores de ar. (ibidem).

  1. Vistoria.

Consiste em vistoriar o acervo, identificando se ocorreu algum ataque de insectos ou microrganismo. É também objectivo da vistoria, a avaliação do estado geral dos documentos, para que sejam determinadas as providências a serem tomadas.

  1. Higienização.

A sujidade é o agente de deterioração que mais afecta os documentos. Quando conjugada a condições ambientais inadequadas, provoca reacções de destruição de todos os suportes no acervo. Portanto, a higienização das colecções deve ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, sendo assim, podemos dizer que é conservação preventiva por
excelência. Isto aumenta sensivelmente sua vida útil. A limpeza deve ser feita em intervalos regulares, cuja frequência é determinada pela velocidade com que a poeira se acumula nos espaços de armazenagem.

O método mais simples é a remoção do pó e demais sujidades a seco, denominada higienização mecânica a seco. Este procedimento consiste na remoção do pó das lombadas e partes externas dos livros com aspirador de pó, utilizando-se baixa potência, com protecção na sucção.

Para a limpeza das folhas utilizam-se trinchas, escovas macias e flanelas de algodão. Uma limpeza mais eficiente e sem riscos, deve ser feita com pó de borracha, que é aplicado em pequenas quantidades, fazendo suaves movimentos circulares sobre as superfícies desejadas.

  1. Razões que levam a se realizar a limpeza do acervo.
  • A sujidade escurece e desfigura o documento, prejudicando-o do ponto de vista estético.
  • As manchas ocorrem quando as partículas de poeira se humedecem, com a alta humidade relativa ou mesmo por ataque de água, e penetram rapidamente no papel. A sujeira e outras substâncias dissolvidas se depositam nas margens das áreas molhadas, provocando a formação de manchas. A remoção dessas manchas requer a intervenção de um restaurador.
  • Os poluentes atmosféricos são altamente ácidos e, portanto, extremamente e nocivos ao papel. São rapidamente absorvidos, alterando seriamente o pH do papel.
    1. Avaliação do objecto a ser limpo.

Cada objecto deve ser avaliado individualmente para determinar se a higienização é necessária e se pode ser realizada com segurança.

  1. Materiais usados para limpeza de superfície.

A remoção da sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras ferramentas que se adaptam à técnica.

Como já foi dito anteriormente, essa etapa é obrigatória e sempre se realiza como primeiro tratamento, quaisquer que sejam as outras intervenções previstas, conforme menciona CASSARES (2000):

  • Pincéis: são muitos os tipos de pincéis utilizados na limpeza mecânica, de diferentes formas, tamanhos, qualidade e tipos de cerdas (podem ser usados com carga estática atritando as cerdas contra onylon, material sintético ou lã);
  • Flanela: serve para remover sujidade de encadernações, por exemplo;
  • Aspirador de pó: sempre com protecção de bocal e com potência de sucção controlada;
  • Outros materiais usados para a limpeza: bisturi, pinça, espátula, agulha, cotonete;
  • Materiais de apoio necessários para limpeza mecânica: Raladores de plástico ou aço inox; Borrachas de vinil; Fita-crepe; Lápis de borracha; Luvas de látex ou algodão; Máscaras; Papel mata-borrão; Pesos; Poliéster (mylar); Folhas de papel siliconado; Microscópios; Cola metilcelulose; Lápis HB, etc.
  1. Limpeza de livros – metodologia em mesa de higienização
  • Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação;
  • Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os cortes, começando pela cabeça do livro, que é a área que está mais exposta à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada e intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
  • O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa primeira higienização;
  • Oxigenar as folhas várias vezes.

Fotografia 3: Procedimento da limpeza de corte de livro.               

 

Fonte: Cassares, 2000.

  1. Documentos manuscritos

Os mesmos cuidados para com os livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. As tintas ferrogálicas, conforme o caso, podem destruir um documento pelo seu alto índice de acidez. Todo cuidado é pouco para manusear esses documentos. As espessas tintas encontradas em partituras de música, por exemplo, podem estar soltas ou em estado de pó.

  1. Documentos em grande formato
    1. Desenhos de Arquitectura

Os papéis de arquitectura (no geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, após testes.

Pode-se também usar um swob-cotonete, bem enxuto e embebido em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem ter distorções causadas pela humidade que são irreversíveis ou de difícil remoção.

  1. Posters (Cartazes)

As tintas e suportes de poster são muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento.

  1. Mapas

Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas condições, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas. Os grandes mapas impressos, muitas vezes, têm várias folhas de papel coladas entre si nas margens, visando permitir uma impressão maior. Ao fazer a limpeza de um documento desses, o cuidado com as emendas deve ser redobrado, pois nessas, geralmente, ocorrem descolamentos que podem reter resíduos de borracha da limpeza, gerando degradação. Outros mapas são montados em linho ou algodão com cola de amido. O verso desses documentos retém muita sujidade. Recomenda-se remover o máximo com aspirador de pó (munido das devidas protecções em seu bocal e no documento).

  1. Limpeza do espaço físico – salas de acervo

A limpeza da biblioteca como espaço físico abrange especialmente o piso, as estantes e os móveis.

  • Piso – a forma mais eficiente e adequada de limpeza do piso é com aspirador de pó, pois remove a sujidade sem transferir parte da mesma para outras áreas. Qualquer tipo de solvente ou cera não é recomendado. Deve-se evitar também a água, pois sua interferência, por menor que seja, desequilibra a humidade relativa do ambiente. Normalmente, as bibliotecas e arquivos funcionam em espaços não adequados, que apresentam elevado índice de humidade relativa do ar e temperatura. Toda a humidade residual que entrar no ambiente vai se transformar em vapor e, desta forma, fazer subir ainda mais o índice de humidade nas salas de acervo.
  • Estantes - as estantes também podem ser limpas com aspirador de pó. Caso seja necessário remover a sujidade muito intensa (incrustada) da sua superfície pode ser usada uma solução de água + álcool a 50%, passada com pano muito bem torcido. Em seguida, passar outro pano seco. É preciso estar atento à humidade relativa do ar. Não devem ser utilizados produtos químicos, porque estes exalam vapores que geralmente são compostos de elementos de natureza ácida. As estantes mais adequadas são as de metal esmaltado. A madeira não revestida ou de fórmica não é recomendada, pois em ambos os casos há emissão de produtos voláteis ácidos. O mesmo tratamento se aplica aos móveis de madeira ou metal.
  1. Acondicionamento

O acondicionamento tem por objectivo a protecção dos documentos que não se encontram em boas condições contra agentes externos e ambientais ou para a protecção daqueles que foram restaurados a favor da manutenção da integridade física da obra, armazenando-os de forma segura. São embalagens para o acondicionamento de volumes (livros, etc.), em estantes,
no sentido vertical, etc. (COSTA, 2003:12).

  1. Reparos

Pode-se prolongar a vida dos documentos, procedendo pequenos reparos (remendos), utilizando papel japonês ou outro alcalino e cola metil-celulose para impedir que rasgos maiores, ou mesmo perdas de partes do texto. Esses recursos não podem ser aplicados em publicações muito
danificadas ou deteriorados. Neste caso deverão receber tratamento mais específico, como a restauração.

Os fragmentos: são partes integrantes dos documentos que se desprendem. Estes têm importância vital para a obra, quando possuem dados integrantes do texto, ou partes da encadernação original.

  1. Encadernação e reencadernação

É o processo de conservação mais eficiente. Ocorre através da reencadernação dos documentos que foram reparados.

Actualmente a encadernação mais utilizada é a cola, ou seja, do tipo capa solta, aquela na qual os cadernos ou folhas soltas são presos entre si para formar um bloco, utilizando uma camada de adesivo sintético ou cola, que além de serem ácidos, com o manuseio intenso soltam-se com
facilidade.
No documento que apresentar folhas soltas ou a encadernação estiver fragilizada, deverá ser feito o reforço. No caso de material mais recente, e tratando-se de encadernação de época, a obra deverá ser apenas acondicionada. As publicações a serem encadernadas só serão definidas após o
diagnóstico.

  1. Armazenamento

Os documentos devem ser guardados na posição vertical, em estantes, e em ambientes bem ventilados. Os folhetos (documentos soltos sem encadernação) devem ser armazenados em gavetas na posição horizontal e acondicionados em caixas confeccionadas com papel neutro,
também chamado de papel permanente. Os documentos maiores não devem ser colocados em cima de outros menores, para evitar total deformação do suporte.

 

  1. Plano de Emergência

A planificação para os casos de emergência não deverá acontecer deforma isolada. Para funcionar efectivamente, ele terá de ser integrado aos procedimentos operacionais rotineiros da instituição. O plano precisará contemplar todos os tipos de emergência e calamidades que a instituição pode vir a enfrentar. Incluirá acções tanto de curto, quanto de longo prazo para os esforços de resgate e recuperação. O plano deverá ser de fácil execução, de modo que instruções concisas e treinamento são fundamentais para que o êxito seja total.

 

  1. A CONSERVAÇÃO DOS ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS NA BIBLIOTECA PÚBLICA PROVINCIAL DE SOFALA: OS PRINCIPAIS AGRESSORES E FORMAS DE INTERVENÇÃO.

2.8.1. Factor Temperatura

Como viu-se anteriormente, o calor danifica os materiais e a humidade facilita a proliferação de fungos e de insectos. Portanto, depreende-se que na biblioteca provincial no que se refere a este factor, constitui um grande desafio, primeiro pela ausência de instrumentos de controlo tanto da temperatura, bem como da medição da humidade e, de seguida pela ausência de ar condicionados que poderiam manter temperaturas amenas e inibiriam a proliferação de fungos tanto dos insectos, o que tem permitido a deterioração dos acervos, (Vide a fotografia 10, página 54).  

2.8.2. Factor poluição atmosférica.

Vários autores são unânimes em afirmar que a poeira e as demais partículas em suspensão que compõem a atmosfera, depositam sobre os acervos e aderem ao papel gerando sujidade e até alimentos para pragas. A deposição contínua da poeira sobre os documentos prejudica a estética das peças, favorecendo deste modo o desenvolvimento de microrganismos e pode acelerar a deterioração do material documental devido aos ácidos contidos. Isto é bem visível quando observamos as prateleiras de armazenamento dos acervos, estão bem empoeiradas, mostrando que inexiste uma conservação preventiva na biblioteca, de certa forma, a falta da higienização, condiciona a prevalência de insectos, fungos, bactérias e roedores, pois as razões de sua presença dependem do conforto ambiental promovido pela temperatura e humidade relativa elevada, pouca circulação de ar, falta de higiene, entre outros. 

2.8.3. Factor Homem.

No que se refere a este factor, analisou se em 2 (Dois) aspectos:

  1. As condições de armazenamento;
  2. Formas de manuseio, exposição e segurança dos acervos, aliada ao perfil de formação dos funcionários da biblioteca.

No que se refere às condições de armazenamento, percebeu-se que em algum momento os bibliotecários têm seguido com as formas recomendadas, como por exemplo a arrumação dos acervos de forma vertical, dentre outras formas. Contudo, observou-se ainda que no âmbito da retirada dos acervos nas prateleiras quando solicitados pelos leitores ou mesmo quando se pretende fazer limpeza nos locais por onde estão acondicionados, a sua retirada tem sido feita a partir da borda superior da lombada, o que acarreta o seu rompimento e enfraquecimento contribuindo para a degradação. Aqui, pretendia-se trazer em termos numéricos, dados estatísticos de alguns acervos que se degradaram a partir deste aspecto, mas não foi possível pois a gestora da biblioteca havia se ausentado e o seu substituto redondamente não quis fornecer nada a respeito. 

Em relação a forma de manuseio, este facto se observou com maior incidência nos leitores durante as suas pesquisas e investigações na biblioteca Provincial que apresentavam formas inadequadas com respeito a postura ética diante dum acervo, principalmente ao folharem as páginas; E, em relação a segurança dos acervos, se analisarmos a natureza dos documentos, a ciência documentária claramente diz-nos que existem documentos tidos como “especiais”, dependendo do seu material (raro) ou conteúdos a que trazem, que naturalmente devem e são guardados ou acondicionados em prateleiras vidradas ou que possam impossibilitar a passagem de quaisquer agentes predadores. Contudo, quando observamos o local de armazenamento dos acervos inexiste a descriminação em relação ao tratamento dos acervos, ambos são embutidos no mesmo local de guarda e sem a protecção devida.

Em relação às formas de intervenção, ou melhor aos métodos ou técnicas de conservação, quase estes inexistem, dado que para os acervos que se encontram em deterioração, a única forma de intervenção tem sido com base no uso de fitas adesiva ou fitas-cola, para acervos que apresentam capas soltas ou folhas rasgadas, e os meios de higienização não são convencionais.

Em síntese, na Biblioteca Provincial de Sofala, inexiste tanto a conservação preventiva como a reparadora (Toda intervenção na estrutura dos materiais que compõem os documentos, visando melhorar o seu estado físico, combater os danos causados por manuseios, acondicionamentos e armazenamentos inadequados aos documentos).

  1. POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO DOS ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS.

Se observarmos o quadro conceptual e legal, baseando-se no conceito do Cassares (2000), vemos que por preservação entende-se como um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional que contribuem directa ou indirectamente para a preservação da integridade dos materiais.

Nas inúmeras Bibliotecas existentes em Moçambique, ficam armazenadas informações importantes em diversas áreas do conhecimento, com isso manter e conservar esses materiais onde estão armazenados não são tarefas fáceis. Reduzir o processo de deterioração de acervos é um desafio para as bibliotecas que enfrentam a degradação natural dos suportes.

Diante desse problema, faz-se necessário a elaboração e uso de políticas de preservação de acervos, para que possam assim atender suas comunidades, disseminando a informação e garantindo a integridade da memória para as futuras gerações.

Políticas podem ser entendidas como uma série de medidas para a obtenção de um fim. Segundo AGUIAR (2000:156) Uma política implica, pois, na explicitação de princípios sobre o que é desejável e factível realizar com relação a uma determinada questão, em determinado tempo e com determinados recursos.

Já para ALMEIDA (2000:06) “As políticas ou directrizes são planos gerais de acção, guias genéricos que definem linhas mestras, orientam a tomada de decisão e dão estabilidade à organização”.

Os elementos essenciais de uma política de preservação a serem vistos pelo gestor conforme MERRIL (2001:91) compreende:

  1. Administração de preservação (planificação, criação de políticas);
  2. Monitoramento de condições ambientais em prédios de bibliotecas, com o objectivo de assegurar que elas promovam a longevidade das colecções;
  3. Tratamento para conservação de colecções gerais e especiais, tanto internamente quanto pela contratação de serviços comerciais. Os tratamentos variam de pequenos reparos e encadernação de panfletos à reencadernação para conservação e desacidificação comercial em massa;
  4. Contratação de serviços de encadernação comercial para bibliotecas;
  5. Reprodução de materiais da biblioteca por vários meios (microfilmagem, fotocópia, digitalização) para substituí-los ou para melhorar o acesso e proteger os originais do excesso de uso;
  6. Prevenção e preparação para emergências que afectem colecções;
  7. Treinamento de equipa e de usuários para manusearem os materiais de forma que aumentem a vida das colecções da biblioteca.

Cabe também lembrar que uma política de preservação só terá sucesso se for bem administrada, conforme coloca EDMONDSON (2002:19) “[...] A boa administração, é uma condição prévia indispensável para a conservação.

Com toda essa explanação foi possível perceber, portanto o quanto importante torna-se a presença de uma política em uma biblioteca para sua gerência e controle. Portanto, o desenvolvimento de uma política de conservação contribui no sucesso da Biblioteca, bem como na satisfação do usuário que é a razão de ser da instituição, de maneira que facilita a manutenção do acervo e garante não só acessibilidade como o seu resguardo.

 

 

CAPITULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

  1. Analise dos dados da entrevista.

Nesta sessão vai se analisar e interpretar os dados colectados na pesquisa sobre a temática preservação e conservação de acervos de biblioteca, especificamente da Biblioteca Provincial de Sofala. Portanto, os resultados foram analisados de maneira qualitativa e quantitativa, mediante a discussão dos dados obtidos junto aos pesquisados através de um guião de entrevista (Apêndice 1) enviado para cinco Bibliotecários que actuam na biblioteca.

Para melhor compreensão a entrevista foi enumerado da seguinte forma: B1, B2, B3, B4 e B5, correspondente a Bibliotecário 1, Bibliotecário 2 e Bibliotecário 3, Bibliotecário 4, e Bibliotecário 5.

Na questão número um (1), questionados os funcionários se consideram importante o processo de conservação do acervo da biblioteca, dos cinco (5) entrevistados, obteve-se um resultado de 100% mostrando que sim, é importante. Pediu-se ainda que nesta resposta os entrevistados justificassem suas colocações, as quais são apresentadas a seguir:

 

Consideram importante o processo de conservação do acervo da biblioteca?

B1

“É através da conservação que conservamos a memória documental de uma biblioteca ou centro de documentação.”

B2

“Só por meio da conservação e higiene mantemos os acervos em melhores condições de uso para às futuras gerações.”

B3

“É através da conservação que mantemos os acervos disponíveis por muito tempo”.

B4

O processo da conservação dos acervos permite uma boa organização e manutenção de documentos”.

B5

O processo da conservação dos acervos permite uma boa organização e manutenção de documentos”.

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Diante disso, podemos inferir que os bibliotecários têm conhecimento de que conservação, é algo importante para um acervo, para conservar a memória documental bem como dos materiais da biblioteca. Então a necessidade de conservação dos acervos de bibliotecas se situa no entendimento de todos os envolvidos em garantir a integridade da memória histórica para as gerações futuras. Em documento elaborado pela UNESCO, EDMONDSON (2002:19) enfatiza essa posição ao colocar que preservação “[...] é a soma das medidas necessárias para garantir a acessibilidade permanente para sempre do património documental”.

Na questão seguinte perguntou-se quais as acções que estão sendo desenvolvidas na biblioteca com relação à conservação dos seus acervos, e obteve-se:

 

Quais as acções que estão sendo desenvolvidas na biblioteca com relação à conservação dos seus acervos

B1

A transferência dos livros nas estantes é feita duma forma organizada”

B2

“ Incentivar os funcionários tanto aos leitores a conservarem os acervos, fazendo um bom uso e limpando-os”

B3

“Registo, etiquetagem e carimbagem”

B4

Arrumação dos livros nas estantes”

B5

Registo, etiquetagem e carimbagem”

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Com base nas respostas, podemos ver que existe um desconhecimento nas acções de conservação dos acervos.

Neste sentido DUARTE (2009) diz que “O ideal é ter um sistema de ar condicionado para manter as salas de leitura e os depósitos numa temperatura estável, que não exceda 18º C”.

Não obstante, pode se proceder a higienização, reparos. Também, a educação de usuários e funcionários na disseminação de boas práticas no ambiente da biblioteca, a exemplo de não se alimentar dentro da biblioteca. A iluminação da biblioteca não deve ficar em cima das estantes, evitando o aquecimento e envelhecimento dos livros, bem como o risco de incêndio.

Contudo, cada objecto deve ser avaliado individualmente para determinar se a higienização é necessária e se pode ser realizada com segurança, tendo em conta os seguintes materiais: Pincéis; Flanela que serve para remover sujidade de encadernações; Aspirador de pó; Bisturi, pinça, espátula, agulha, cotonete, etc. (CASSARES, 2000).

Na terceira questão pediu-se que os pesquisados indicassem as condições de conservação dos acervos actualmente. 100% Dos entrevistados, consideraram razoáveis.

Com isso observa-se que, em uma biblioteca é muito importante que seu acervo esteja em boas condições de conservação, para assim possibilitar o seu acesso às gerações futuras.

Com isso, percebe-se que quando se trata de conservação em acervos devemos ser vigilantes e atentos visando garantir vida longa ao acervo com procedimentos adequados na guarda e manuseio dos mesmos.

Na questão quatro perguntou-se se existiam problemas/barreiras que podem ser citados no processo de conservação do acervo da biblioteca. Neste sentido, 100% dos entrevistados, disseram que sim e justificaram suas respostas da seguinte forma:

 

Existem problemas/barreiras que podem ser citados no processo de conservação do acervo da biblioteca?

B1

“Falta de material para encadernação, computadores para informatizar o acervo bibliográfico”.

B2

“Falta de uma equipe que faça limpeza constante nos livros e nas estantes”

B3

“Falta de um profissional qualificado para a restauração dos livros, falta um bibliocanto, suporte que organiza e mantém os livros em posição correcta nas estantes”.

B4

“Falta de materiais como fichas catalográficas”.

B5

“Falta de um profissional qualificado para a restauração dos livros”.

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Nesta questão nota-se que, mesmo quando não se tem um profissional qualificado, podem-se elaborar algumas directrizes para os próprios funcionários orientar os usuários. Tais como: maneira correcta de pegar o livro, não riscar, não dobrar as páginas, não manusear com as mãos sujas entre outras, bem como, educação de usuário para o uso do acervo, conforme foi dito na questão dois. “É primordial que em uma unidade de informação seja organizado, planejado e desenvolvido actividades com vistas à capacitação e interacção dos usuários através da sua educação”. (SANTIAGO; AZEVEDO NETO, 2012:247).

Adiante, perguntamos aos entrevistados para informar os recursos que a biblioteca dispõe para a preservação de sinistros, onde as respostas estão no quadro abaixo:

Recursos da Biblioteca

SIM

NÃO

Extintores Manuais

B1, B2, B3, B4, B5.

 

Extintores Automáticos

 

B1, B2, B3, B4, B5.

Revisão e Manutenção da Rede Eléctrica

 

B1, B2, B3, B4, B5.

Detectores de Fumaça

 

B1, B2, B3, B4, B5.

Sistema contra Incêndios

 

B1, B2, B3, B4, B5.

Sistema de Alarme

 

B1, B2, B3, B4, B5.


Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Analisando as respostas, podemos observar, que 100% dos entrevistados concordaram na existência de extintores manuais contra sinistros como um único recurso de protecção da biblioteca.

Na publicação de OGDEN (2001:8) sobre administração de emergências em bibliotecas e arquivos, o autor destaca a importância de uma planificação para estes casos.

Em relação a sinistro envolvendo fogo, indica que os membros da biblioteca devem trabalhar em parceria com a brigada de incêndio. Sugerem inspecções periódicas nos sistemas de protecção, hidromecânicos e eléctricos e, além disso, exercícios periódicos com os funcionários no combate ao fogo e na forma de evacuação do prédio.

Dando seguimento, na sexta questão, questionado aos entrevistados se consideravam que as instalações da biblioteca estão em boas condições de conservação, 100% afirmaram que não consideram boas as condições de conservação da instalação da biblioteca.

As instalações físicas de uma biblioteca devem estar adequadas às necessidades de seus usuários e funcionários, bem como oferecer condições favoráveis para a preservação e conservação do acervo.

Na penúltima questão questionados se na biblioteca existem rachaduras, vazamentos ou infiltrações, dois (2) bibliotecários, correspondentes à 40% citaram a existência infiltrações, dois (2) correspondente a 40% citaram outros problemas estruturais especificando que há problemas de esgotos e (1) bibliotecário, que correspondeu a 20%, mencionou a existência de rachuras.

Com isso podemos perceber o quanto é importante rever a organização da estrutura, ver se precisa passar por uma reforma para sanar os problemas, observando sempre a melhoria da biblioteca, pois são esses problemas que propagam a existência de vários agentes agressores.

Na última questão perguntamos quais recomendações eles (bibliotecários) sugeriam para a melhoria da biblioteca. Nesta pergunta se teve o retorno de 4 (Quatro) entrevistados, o outro por razões desconhecidos não se fez presente. E, os entrevistados presentes relataram que:

 

Quais recomendações sugerem para a melhoria da biblioteca provincial?

B1

“O item conservação é um desafio em quase todos os Centros de Informação, eu acho”. Uma das recomendações sugeridas é ter um profissional especializado no assunto e local adequado para fazer o desenvolvimento desta actividade.”

B2

“Que seja feita a manutenção semanalmente, de preferência nas segundas (como temos vindo feito), assim também com contractos de estagiários e Biblioteconomia para melhor distribuição no acervo.”

B3

“A inclusão de alguns sistemas que ainda não possuímos para a melhoria da conservação do acervo da biblioteca, como o de alarme, além do suporte bibliocanto nas estantes”.

B4

“Que se obtenha um sistema de ar condicionado para ajudar a manter uma temperatura estável tanto para os acervos, quanto para afugentar os insectos das prateleiras”

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A partir das respostas apresentadas pelos entrevistados, foi possível constatar que ao que diz respeito a questão de um profissional especializado, é interessante para a biblioteca até por que ajudaria na questão de conservar os documentos, a fim de que não chegasse a ser deteriorado, inclusive bom para acervo em geral.

Há também questões simples como compra de um acessório, como por exemplo, o bibliocanto nas estantes algo tão simples e relevante que poderia ser atendido na biblioteca, mas frisando que, não depende apenas dos funcionários que trabalham na instituição, e sim da verba disponibilizada para investir em materiais para a biblioteca, mas quando eles têm interesse em conservar e zelar pelo seu ambiente de trabalho, estão sempre junto a chefia, solicitando e insistindo por melhorias.

 

  1. Análise dos dados do inquérito.

A interpretação dos resultados abaixo, resulta do inquérito feito aos leitores da Biblioteca Provincial, num total de Vinte e Cinco (25).

Na primeira questão, dos 20 leitores inquiridos, na qual se procurava saber se já ouviram falar da conservação dos acervos bibliográficos, 19 leitores equivalentes a 95% responderam que Sim, já ouviram falar, e em contrapartida, 1 leitor equivalente a 5% respondeu que Nunca teria ouvido falar antes, o leitor frequenta o ensino técnico profissional.

Prosseguindo para a pergunta número dois, questionados os leitores se conheciam algumas formas pelas quais poderiam degradar os acervos bibliográficos, dos 20 inquiridos, 17 leitores equivalentes a 85% afirmaram que Sim conheciam, e os 3 leitores, equivalentes a 15%, responderam não.

Na questão três, caso os inqueridos respondessem positivamente a pergunta anterior (1) que sim conhecem as formas pelas quais poderiam degradar os acervos, pedia-se nesta questão (3) para que colocassem suas alegações, na qual 8 leitores dos 20 inquiridos, correspondentes a 40% afirmaram que poderiam degradar os acervos caso efectuassem manuseio inadequados; e 9 leitores, que corresponderam a 45% dos 20 inquiridos apontaram a falta da higienização como factor que pode degradar os acervos (dos leitores tanto dos funcionários), não só, como também apontaram o factor humidade, que poderá proliferar outros problemas. E, 3 leitores, correspondentes a 15% não tomaram nenhuma posição, possivelmente pelo desconhecimento do assunto.

Dando continuidade, na pergunta quatro, questionados aos leitores de que forma poderiam conservar os acervos bibliográficos, dos 20 inquiridos, 5 leitores, correspondentes a 25% (frequentam o ensino superior), afirmaram que o manuseio deve ser feito com mãos limpas e os locais de guarda também devem estar limpos, e, 15 leitores, que corresponderam a 75%, não tomaram nenhuma posição em relação ao questionado.

Na pergunta cinco, questionados os leitores se achavam os acervos da Biblioteca Provincial bem conservados, dos 20 inquiridos, 9 leitores correspondentes a 45%, afirmaram que Sim os acervos estão bem conservados, em contrapartida, 11 correspondentes a 55% leitores, afirmaram que não apresentam boas características da conservação. 

A seguir, isto na penúltima pergunta seis, inquiridos aos leitores se já tiveram algumas capacitações, palestras ou mesas redondas promovidas pela biblioteca sobre matérias da conservação dos acervos, dos 20 inquiridos, 4 leitores equivalentes a 20% afirmaram que sim, em contrapartida, 16 dos inquiridos, equivalentes a 80% alegaram que nunca tiveram.

E, finalmente, questionados a sugerir o que a biblioteca deve mais promover, dos 20 inquiridos, 9 leitores correspondentes a 45% sugeriram a biblioteca a obter mais livros, pois acham que os livros existentes nada satisfazem as suas preocupações. 6 Leitores correspondentes a 30%, Não sugeriram nada a esse respeito e 5 leitores, que corresponderam a 25%, sugeriram a biblioteca em promover palestras para instruir os leitores, tanto quanto informar sobre os livros que dispõem.

 

  1. Considerações finais/Conclusão

Para a materialização deste estudo no período em análise (1990 à 2016), propôs-se a seguinte pergunta de partida: Quais são os factores que condicionam a deterioração dos acervos na biblioteca provincial de sofala?

Em conformidade com as duas hipóteses avançadas (principal e secundária), embora sejam confirmadas: A primeira quando pediu-se que aos entrevistados (funcionários) indicassem as condições de conservação dos acervos actualmente, onde 100% dos entrevistados, consideraram razoáveis. E a segunda hipótese foi confirmada quando pediu-se a sugerirem algumas recomendações para a melhoria da biblioteca, na qual um dos bibliotecários apontou a montagem do sistema de ar condicionados, pois acreditava que poderia auxiliar para combater aos insectos. Portanto, as afirmações dos entrevistados vão ao encontro daquilo que a presente pesquisa havia previsto. Porém, os resultados obtidos com esta pesquisa mostram ainda que embora a biblioteca possua uma política que oriente as actividades de preservação, no entanto, a conservação dos acervos da biblioteca provincial não é eficiente e eficaz, dado que deparou-se com mais um outro factor, o desconhecimento dos bibliotecários em relação às técnicas de conservação dos acervos bibliográficos, facto que contribui grandemente para a degradação dos acervos devido ao desconhecimento da aplicação de diversas técnicas alternadas.

Essa conclusão emerge quando se questionou quais as acções que estão sendo desenvolvidas na biblioteca com relação à conservação dos seus acervos, percebeu-se de imediato um desconhecimento das técnicas de conservação por parte dos funcionários, o que de certa forma pode ser indicado como um outro factor/barreira responsável para a deterioração dos acervos bibliográficos desta biblioteca.

Como afirmou-se no paragráfo acima, embora haja na bibioteca uma política de preservação, esta não é eficiente, isto se observou quando foram inqueridos aos leitores se já tiveram algumas capacitações, palestras ou mesas redondas promovidas pela biblioteca sobre a conservação dos seus acervos ou marketing dos seus serviços, e 80% destes afirmaram que não, embora na questão um (1) respondessem que já ouviram falar da conservação.

Entretanto, a partir das informações obtidas através, da colaboração dos funcionários da Biblioteca Provincial de Sofala e os leitores da mesma biblioteca, com o objectivo de  “Conhecer os factores que condicionam a deterioração dos acervos bibliográficos”, percebeu-se que os entrevistados (funcionários), conhecem a importância da conservação dos acervos em uma biblioteca e o que ela representa para o acervo. Contudo, com a análise feita aos dados doutras perguntas, viu-se ainda que os os mesmos funcionários consideram que, sobre as acções de conservação desenvolvidas na biblioteca, sobretudo às de higienização, reparos e o ambiente climatizado, estas acções estão em situações muito precárias, estando assim em contradição se realmente conhecem o valor da conservação dos acervos.

Concluí-se ainda, do interesse dos bibliotecários nas suas respostas, por um profissional qualificado para a restauração de livros.

Contudo, a questão de como conservar o acervo hoje faz parte do dia-a-dia da biblioteca, porém muito precisa ser feito ainda, embora exista já uma política de preservação na biblioteca, mas é necessário que suas acções se sintam no concreto, para que se possa nortear o trabalho dos bibliotecários e sua equipe no sentido de melhor conservar o acervo. Nesse sentido, entende-se que através da análise da situação actual da biblioteca é possível planificar e programar medidas necessárias para conservação do acervo.

Para finalizar, se o bibliotecário trata a informação e a torna acessível ao usuário final seria interessante que este profissional também busque compreender, minimamente, os aspectos pelos quais levam um acervo, por exemplo, a se deteriorar. É uma questão ética fazer com que todos tenham acesso à informação. Prevenir a deterioração do suporte no qual encontra-se a informação é condição necessária para que todos tenham acesso a ela.

Por isso, é função ética de todos os profissionais da informação fazer com que haja uma boa conservação e prevenção da informação. Não importa se em bibliotecas, museus, etc. Todos devem zelar pela conservação e preservação da informação.

O ponto de vista que quero defender neste texto é a de que o bibliotecário deve assumir uma posição de gestor da informação, ou seja, deve assumir uma postura de um profissional bem informado e que tenha noções mínimas acerca dos riscos que pode vir a enfrentar. Gerir a informação não significa dominar tudo e todos os procedimentos de conservação, preservação e restauração de documentos, mas sim entender um pouco mais a fundo as causas, efeitos e danos que podem ocorrer caso este profissional não entenda alguns aspectos essenciais, neste caso sobre a conservação e preservação de documentos.

Com uma visão de gestão o bibliotecário saberá, por exemplo, caso enfrente alguma adversidade, quem chamar para resolver um problema. Saberá treinar e orientar seus funcionários a não cometer deslizes que podem acarretar problemas para a conservação do acervo.

Creio que essa visão de gestão acerca da conservação e preservação de documentos tem faltado ao bibliotecário. Este tem encarado seu trabalho apenas com um agente que prepara a informação para ser utilizada pelo usuário final, não se importando com os aspectos de preservação e conservação.

 

  1. Sugestões

Para a conservação dos acervos bibliográficos da biblioteca provincial de Sofala, algumas acções podem ser feitas visando minimizar as acções de predatórias dos usuários, como foi relatada a questão de como orientar os usuários a conservar os materiais, tais como: Não entrar com alimentos na biblioteca, uma outra forma adequada seria a educação de usuários, para que possam fazer essa orientação de modo que todos os funcionários esclarecessem de forma educativa essas directrizes, o que para se concretizar seria conveniente a realização de palestras, mesas redondas, dentre outras ocasiões.

Outro aspecto importante e que diz respeito às actividades de gestão é a necessidade de treinamento dos próprios funcionários da biblioteca, pois a conservação requer pessoas aptas para o trabalho. Neste caso, o treinamento seria eficaz sobretudo em relação aos métodos de conservação, tanto dos acervos, bem como dos lugares de guarda dos mesmos, é lógico que possam inexistir meios eficazes para sua realização, mas tendo se conhecimentos sólidos a este aspecto, auxiliaria o bastante.

Sabe-se também que, quanto há estas acções de conservação, destaca-se que as mesmas dependem profundamente de recursos financeiros para sua realização.

Assim, a conservação deve fazer parte do orçamento da instituição, portanto, a gestora da biblioteca deveria debater junto à administração o orçamento necessário para a realização da conservação, embora exista uma défice no que diz respeito ao orçamento para áreas relacionadas a documentação da qual as bibliotecas fazem parte, contudo, esse não deve ser a razão de se perpetrar a deterioração, pois, um gestor tem de ter dinamismo, criatividade, iniciativa, intuição, versatilidade, facilidade para trabalhar bem em equipe, proatividade, comunicabilidade e disposição para novos desafios, o que poderá ser benéfico tanto a ele quanto a sua instituição.

Visando contribuir para a melhoria da biblioteca desde que a gestora entenda que é necessário, cabe a ela adequar ou não as sugestões apresentadas a seguir:

  • Periodicidade na higienização dos livros e outros materiais que integram o
    acervo;
  • Produção de folders que vão orientar os usuários na utilização do acervo (podem ser gravuras);
  •  Treinamento dos funcionários em relação aos métodos de conservação tanto dos acervos bem como dos lugares de guarda dos mesmos, e a utilização recursos contra sinistros, como extintores, visando facilitar o manuseio em casos de emergência;
  • Conscientizar os usuários acerca de não se alimentar no acervo;
  • Necessidade de um profissional especializado em conservação de acervo, para a restauração dos livros;
  • Elaboração de uma política de preservação de acervos (tornar mais prático).

Enfim, os entrevistados contribuíram de maneira satisfatória para se alcançarem os objectivos desta pesquisa, visando melhorias para a biblioteca no que tange a preservação e conservação do acervo da mesma. Desta forma, fica a critério da biblioteca analisar e a partir das colocações feitas, buscarem implementá-las no que for possível, e também no que estiver ao seu alcance, para assim melhorar as condições de preservação e conservação dos acervos.

  1. Limitações da Pesquisa

Algumas dificuldades foram encaradas ao longo da elaboração deste trabalho. Numa primeira fase se deparou com a exiguidade de estudos específicos que versam sobre o tema “A Preservação e conservação dos acervos bibliográficos na cidade da Beira, caso da Biblioteca Provincial de Sofala” e que poderiam fornecer mais detalhes para a elaboração do problema de pesquisa. Aquando do trabalho de campo, houve dificuldades em aceder a alguns documentos institucionais a nível da Biblioteca Provincial, tais como, dados estatisticos que cobrem o período em estudo, caso de 1990, e por outro lado, o medo de alguns funcionários em puder se expressar (alegando que mantinham o sigilo profissional), o que poderia ter contribuído para o enriquecimento da análise dos dados exaustivamente. Por último, a outra dificuldade encarada tem a ver com a indisponibilidade dos entrevistados, o que de certa forma optou-se em elaborar as fichas das entrevistas e encaminhar antecipadamente, na qual foram resolvendo o questionário e posteriormente fizeram sua entrega. As conversas como o preconizado, foram feitas em poucas instâncias.

 

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Notas de Roda Pe:

[1] Evento ocorrido nas instalações da casa dos Bicos, 2016.

[2]Por Wanda do Amaral. Sistema e serviços de informação em Moçambique, 1994.

[3] Os funcionários têm retirado os livros das estantes, puxando-os pela borda superior da lombada, este procedimento acarreta o enfraquecimento da mesma e o consequente rompimento, comprometendo a sua integridade.

[4] Dissertação intitulada “Bibliotecas Públicas Provinciais e desafios da acção cultural em Moçambique”, 2015.

[5]Actualmente chamados de Conselhos Municipais. As Câmaras Municipais representavam o poder local das vilas no período colonial da história de Moçambique. Elas surgiram em função da necessidade da coroa portuguesa em controlar e organizar as cidades e vilas que se desenvolviam em Moçambique. Elas eram uma das peças fundamentais da administração colonial, pois a coroa portuguesa encontrava dificuldades para administrar directamente os municípios e vilas que se desenvolviam.

[6] Imaculado & Rogério, directora da Biblioteca Provincial, e Chefe do Departamento Técnico, 2018 (cp.).

[7] Prestou serviço a companhia de Moçambique em 1897 e tendo falecido em 1928, foi chefe dos serviços de saúde. Antes da sua morte, legou todos os seus avultados bens, avaliados em cerca de 100 000 libras, incluindo o edifício do actual conselho municipal à cidade da Beira. A praça com o seu nome, onde se encontrava o seu busto, é a actual praça do Metical, que fica entre o prédio imporium e o edifício vinha funcionando o defunto Banco Comercial de Moçambique (BCM), na baixa da cidade da Beira.

[8]A Fundação Calouste, nasceu em 1956 como uma fundação portuguesa para toda a humanidade, destinada a fomentar o conhecimento e a melhorar a qualidade de vida das pessoas através das artes, da beneficência, da ciência e da educação. Criada por testemunho de Calouste Sarkis Gulbenkian, a fundação tem carácter perpétuo e desenvolve as suas actividades a partir da sua sede em Lisboa (Portugal) e das delegações em paris (França) e em Londres (Reino Unido).