RESUMO

O presente artigo trata da importância do lúdico e da aprendizagem por meio de jogos para a alfabetização dos alunos do 1º ano do ensino fundamental. Faz-se uma revisão bibliográfica da produção acadêmica no campo da ludicidade ao ponto de notar certa escassez de materiais produzidos nessa área do conhecimento, trata dos motivos dessa falta de produção acadêmica, inclusive do preconceito de que o lúdico é vítima, por conta de a nossa sociedade ter se pautado desde os primórdios da civilização na racionalidade como fonte de todas as repostas. Também tratar da ausência de disciplinas que enfatizem o lúdico nas grades curriculares dos cursos de formação de professores. O foco é o ensino dos alunos do 1º ano do ensino fundamental. Entender a origem do conceito de desenvolvimento de competências por meio dos conhecimentos, habilidades e atitudes. Falar da importância do ensino por meio de jogos e de suas vantagens para o desenvolvimento de competências nos alunos. Trazer exemplos de inserção do lúdico na aprendizagem de que deram certo na escola.

1 INTRODUÇÂO

A constante busca do conhecimento não é uma tarefa fácil, ao contrário, é uma tarefa árdua que envolve múltiplas determinações colocadas pela constante dinâmica da realidade. É com este pensamento que nos dedicamos ao desafio de escrever este trabalho. O objetivo deste artigo foi de contribuir para o desenvolvimento escolar e pessoal desses alunos que estão no inicio da vida escolar e compreender o tema que foi trabalhado da prática de ludicidade na alfabetização de alunos de 1º ano, no desenvolvimento de suas competências legais. No intuito de facilitar a compreensão, antes de adentrar no objetivo estabelecido, fez-se breve explanação a respeito de aspectos conceituais da educação fundamental do 1º ano. Demonstrar o uso do lúdico como metodologia de aprendizagem pedagógica, pode beneficiar e contribuir para maior absorção de conhecimentos dessas crianças? O tema escolhido para ser trabalhados parte do conceito da utilização de jogos, brinquedo e a brincadeira, pois os alunos conseguem assimilar os conteúdos com maior facilidade e atenção, sendo que devemos respeitar o  tempo de cada aluno.

 Alguns estudiosos afirmam que a o uso da ludicidade para prática pedagógica surgiram da Roma e na Grécia antigas, pois havia a produção de doces em forma de letras que eram uma das maneiras de aprendizado  na época.

A utilização desses métodos pedagógicos vem crescendo cada dia, com idéias inovadoras, a participação de educadores em cursos de formação continuada, o apoio das escolas com a inclusão do método na  construção do PPP  e nos bons rendimentos escolares.

Estudiosos e pesquisadores afirmam que a ludicidade vai além de um método educativo, sendo também, uma forma de crescimento intelectual, mental e sócil educativo, não somente na escola mais em todo o seu ambiente social.

A metodologia empregada para desenvolvimento deste artigo  deu-se pela importância que se atribui às atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem para alunos de 1º ano acredita-se ser necessário, que se amplie a discussão sobre brinquedos, jogos e brincadeiras tanto no que se referem aspectos gerais do jogo no desenvolvimento infantil, como importância que este possa ter na construção de conhecimentos específicos, será uma pesquisa qualitativa aplicada com alunos do 1º ano do ensino fundamental.

2 O LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO 

Para VYGOTSKY (1984), a ludicidade é considerada um estímulo para a criança no desenvolvimento interno no processo de relações com os outros nas experiências sociais, culturais transformados pela imaginação. A situação imaginária de qualquer tipo de brincadeira vem acompanhada de regras que mostrará características de comportamento mesmo que de maneira explícita.

A brincadeira oferece a oportunidade para a criança explorar, aprender a linguagem e solucionar problemas.

Segundo KISHIMOTO, (1988, p. 26) “Educar e desenvolver a criança significa introduzir brincadeiras mediadas pela ação do adulto, sem omitir a cultura, o repertoria de imagens sociais e culturais que enriquece o imaginário infantil.”

Isto significa que o adulto deve observar as brincadeiras, investigar, mas deixar que as regras sejam criadas pelas crianças ou com participação da mesma, pois desta maneira terá facilidade para obedeces-lhas. “Se brincar é essencial é porque é brincando que o paciente se mostra criativo”. (RICHTER, 1998, p. 21). Brincar é visto como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter certa distância em relação ao real, brincar é o modelo do principio do prazer oposto ao principio da realidade.

Através das brincadeiras a criança desenvolve várias coordenações, habilidades e competências, dependendo dos objetivos bem traçados e do condutor da mesma, desde letrinhas feitas pelo professor em joguinhos de memórias.

Segundo VYGOTSKY (1979), no processo do desenvolvimento a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela. Isto ocorre porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades da criança adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social, refratadas através de seu ambiente humano, que ajuda a entender seus objetivos. Isto vai envolver a fala, a comunicação.

O processo de solução de problemas não é inicialmente, diferenciado pelo bebê no que se refere aos papéis desempenhados por ele e por quem o ajuda. Ao contrário, constitui um todo geral e sincrético. Todavia, graças a estas regulamentações do comportamento infantil realizadas por outras pessoas, que destacam certos elementos do campo da experiência, estabelecendo relações entre meio e fins a criança desenvolve uma capacidade para se auto-regular.

Os movimentos tentativos do bebê, de estender os dedos para tocar um objeto colocado distante dele, são interpretados pelo adulto como um pedido de ajuda para completar a tarefa. O movimento mal sucedido de pegar é interpretado como um gesto de pedir para pegar e, gradativamente, passa a ser compreendido pelo bebê como um gesto de apontar, que envolve a ação com o outro (VYGOTSKY, 1984, p. 63-64).

Nota-se que “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual dos que a cercam”. Isto se daria através da demonstração ou de pistas usadas por um parceiro mais experiente (VYGOSTSKY, 1984, p. 99), ou seja, pela internalização das prescrições adultas apresentadas na interação. Inicialmente, portanto, a criança dispõe apenas de sua atividade motora, do ato, para agir sobre o mundo, sem ter consciência da ação e dos processos nela envolvidos.

Gradativamente, através da interação com indivíduos mais experientes, ela vai desenvolvendo uma capacidade simbólica e reunindo-a à sua atividade prática, tornando-se mais consciente de sua própria experiência. Isto dá origem às formas puramente humanas  de inteligência prática e abstrata. As interações da criança com as pessoas de seu ambiente desenvolvem-lhe, pois, a fala interior, o pensamento reflexivo e o comportamento voluntário (VYGOSTSKY, 1984, p. 101).

A construção do real parte, pois, do social (da interação com outros, quando a criança imita o adulto e é orientada por ele) e, paulatinamente, é internalizada pela criança. Assim, no pensamento silencioso, a criança executa mentalmente o que originalmente era uma operação baseada em sinal, presente no diálogo entre duas pessoas. Estas internalizarão da fala, assim como dos papéis de falante e de respondente, ocorre, aproximadamente, dos três aos sete anos. Tal diálogo interno libera a criança de raciocinar, a partir das exigências da situação social imediata, e permite-lhe controlar seu próprio pensamento.

VYGOTSKY (1979, p. 70) cria um conceito para explicitar o valor da experiência social no desenvolvimento cognitivo. Segundo ele, há uma “zona de desenvolvimento proximal”, que se refere à distância entre o nível de desenvolvimento atual determinado através da solução de problemas pela criança, sem ajuda de alguém mais experiente e o nível potencial de desenvolvimento medido através da solução de problemas sob a orientação de adultos ou em colaboração com crianças mais experientes.

A criança começa uma situação imaginária, que é uma reprodução da situação real, sendo a brincadeira muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu, do que uma situação imaginária nova. Á medida que a brincadeira se desenvolve, observamos um movimento em direção á realização consciente do seu propósito. Finalmente, surgem as regras, que irão possibilitar a divisão de trabalho e o jogo na idade escolar. Nesta idade, a brincadeira não desaparece, mas permeia a atitude em relação à realidade. (VYGOSTKY, 1984, p. 118).

Percebeu-se que a brincadeira se relaciona com o desenvolvimento, VYGOTSKY (1979) coloca que o comportamento da criança nas situações do dia-a-dia é quanto a seus fundamentos, o oposto daqueles apresentados nas situações de brincadeiras. Esta cria uma zona desenvolvimento proximal da criança, que nela se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário. A brincadeira forneceu, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparecem à ação na esfera imaginativa numa situação de faz-de-conta, a criança, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar.

O brincar é uma experiência fundamental para qualquer idade, onde as crianças interagem com o real, descobrem o mundo que os cerca, se organiza, se socializam. Dessa forma, o brincar e o brinquedo já não são mais vistos pela escola, apenas como passa tempo, utilizado pelo professor para distrair.

Quanto mais rica for à experiência da criança, maior será o material disponível e acessível a sua imaginação, daí a necessidade do professor ampliar, cada vez mais, as vivências da criança com o ambiente físico, com jogos, brincadeiras e com outras crianças.

A ludicidade deve permear o espaço escolar a fim de transformá-lo num espaço de descobertas, de imaginação, de criatividade, enfim, num lugar onde as crianças sintam prazer pelo ato de conhecer.

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