CONCEPÇÕES DE CATÓLICOS, ESPÍRITAS E BUDISTAS A RESPEITO DA CURA PROMOVIDA PELA FÉ: UMA ANÁLISE A PARTIR DA POMADA VOVÔ PEDRO
Dra Marislei Espíndula Brasileiro
I INTRODUÇÃO
O interesse em pesquisar a respeito das concepções de católicos, espíritas e budistas a respeito da cura promovida pela fé surgiu ao se observar, no cotidiano, as complexas relações existentes entre membros de uma mesma comunidade que vivenciam diferentes concepções religiosas acerca de como lidar com a saúde, a doença e a cura, mas que utilizam uma pomada conhecida por suas propriedades espirituais ? a Pomada Vovô Pedro®.
Apesar de diferentes, as três concepções religiosas, assim como as demais, provavelmente buscam a manutenção da saúde como forma de salvação.
Schiavo e Silva (2000, p. 73-74), afirmam que, segundo o Novo Testamento, a atividade dos espíritos no homem pode provocar aflições psíquicas e comportamentos insanos (Mt 8, 28; Mc 5,1-5) incapacidade de falar (Mt 9,32) e de ouvir (Mc 9,25), cegueira (Mt 12,22), epilepsia (Lc 9, 39), tendência à autodestruição (Mt 17, 15) e outros tipos de doenças (Mt 8,16).
Os agravos acima citados representam a falta de saúde não somente física, mas provavelmente mental, social e espiritual. Saúde, conforme a Organização Mundial de Saúde (2000) "é o completo bem-estar físico mental e social" e não apenas ausência de doença a qual é perda das funções vitais seja de maneira parcial ou total. Na doença há o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham comprometidas e a cura seria, portanto a recuperação deste estado.
No entanto, segundo o Ferreira (1996) saúde tem origem no latim salude e significa, salvação, conservação da vida.
Para Terrin (1998), é bem sabido que se o homem não precisasse de "salvação" as religiões seriam inúteis, mas elas têm igualmente se tornado bastante supérfluas em um outro caso: quando não são mais capazes de sanar as doenças e os incômodos físicos e psicológicos cotidianos do homem.
Para Capra (1994) todos os distúrbios são psicossomáticos, ou seja, envolvem uma interação contínua de corpo e mente em sua origem, desenvolvimento e cura.
Por outro lado, ao se pesquisar alguns aspectos da Pomada Vovô Pedro na visão de católicos, espíritas e budistas que a utilizam, percebe-se que a cura física associada a fé é bastante presente, principalmente em uma população com diversidade religiosa.
O Brasil é um país religiosamente diverso, com tendência de tolerância e mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002) sendo sua maior parte católica. Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891.
Na segunda metade do século XIX, começa a ser divulgado o espiritismo no Brasil, que hoje é o país com maior número de espíritas no mundo. Nas últimas décadas, as religiões protestantes têm crescido bastante em número de adeptos, alcançando parcela bastante significativa da população. Do mesmo modo, aumenta o percentual daqueles que declaram não ter religião, grupo superado em número apenas pelos católicos e protestantes.
Muitos praticantes das religiões afro-brasileiras, assim como alguns simpatizantes do espiritismo, também se denominam "católicos", e seguem alguns ritos da Igreja Católica. Esse tipo de tolerância com o sincretismo é um traço histórico peculiar da religiosidade no país.
Conforme já citado, o recenseamento demográfico do IBGE em 2000, demonstrou que em porcentagem da população, em 1980 existiam no Brasil 89,2% de Católicos, mas caiu para 83,3% em 1991 e mais ainda em 2000, com 73,8%.
Já o Protestantismo que tinha 6,6% da população brasileira, subiu para 9,0% em 1991 e mais ainda em 2000, quando chegou a 15,4%. Quanto ao Espiritismo, em 1980 eles eram 0,7%, subindo para 1,1% em 1991 e chegando a 1,3% em 2000.
Somando-se os sem religião, as Afro-brasileiras e outras religiões, tais como o Budismo temos em 1980 3,5%, subindo para 6,6% em 1991 e mais ainda em 2000 com 9,5%.
Apesar das migrações entre as religiões e dos processos de secularização, a doença continua a incomodar o indivíduo, independentemente da religião que professe.
A busca pela cura e pela longa vida reflete a necessidade do ser humano em manter-se vivo, seja pela medicina convencional ou pelas fórmulas espirituais. Uma das substâncias de uso popular em nosso meio é a pomada Vovô Pedro, conhecida tanto por católicos quanto por espíritas e budistas.
Mas qual a visão de católicos, espíritas e budistas a respeito da cura promovida pela fé, em especial pela pomada Vovô Pedro? Como eles consideram a sua ação?
Este estudo poderá contribuir com novas reflexões em torno das visões de diferentes religiões em torno das práticas de saúde em sua comunidade. Poderá também contribuir com a aquisição de novos conhecimentos que envolvam as concepções de doença e cura, as quais permeiam o cotidiano das pessoas.
Assim, o objetivo deste estudo é identificar e analisar as concepções de católicos, espíritas e budistas a respeito da cura promovida pela fé, em especial a pela pomada Vovô Pedro.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Entendendo que os caminhos para se atingir um horizonte são muitos, mas o destino é um só, as religiões representam caminhos de fé que conduzem a Deus.
Para melhor compreender as concepções de católicos, espíritas e budistas a respeito da cura promovida pela fé acreditamos que seja necessário resgatarmos questões relacionadas inicialmente à doença, fé e a cura, bem como um breve relato das origens do Catolicismo, do Espiritismo e do Budismo, para finalmente culminarmos em explicações relacionadas a Pomada Vovô Pedro, uma vez que será necessário compreender esses aspectos antes de analisarmos as visões dos entrevistados das três religiões citadas à respeito da pomada.
Pesquisar a respeito da relação entre doença x fé x cura não é uma prática recente.
Del Volgo (1998, p. 8) destaca que "a doença surgia para os egípcios como um mal e a saúde como um bem. Assim, saúde e doença apresentavam características de manifestações Divinas ou, ainda, aparições Supremas". A autora nos lembra que, "na medicina Greco-romana, a doença era considerada como a conseqüência de um desequilíbrio natural, ético e estético e a saúde teria como seu equivalente a felicidade".
No Brasil, antes da colonização as enfermidades eram remediadas com o auxílio do curandeiro da tribo que associava a utilização de ervas à rituais religiosos. Após a colonização, para enfrentar as adversidades causadas pelas doenças no transcurso do cotidiano, os habitantes da nova colônia, vindos dos países europeus, recorriam a quem estivesse ao seu alcance: padres, cirurgiões, barbeiros, boticários e parteiras. Os missionários cuidavam de toda sorte de doenças que atormentavam a vida dos colonos até princípios do século XVIII. Para esses religiosos, a doença era conseqüência do pecado ou das artimanhas do demônio e, a cura era decorrência da vontade divina (SOARES, 2001, p. 9).
Pesquisadores tais como Koening (2003), Matthews (2003), Oxman (1995) e Hall (2006) afirmam que, pessoas que professam alguma fé possuem maior expectativa de vida que aquelas que não vivenciam práticas religiosas.
Se tomarmos o caso do cristianismo, encontraremos entendimentos diversos dessa relação na antigüidade e na modernidade. O interessante é que subsistem em geral nas pessoas dimensões antigas e modernas, de modo que idealmente às vezes nos comportamos como pré-modernos, vendo por exemplo na saúde a bênção de Deus e na doença sua punição, e às vezes como modernos, vendo na saúde o resultado de feliz disposição genética, de recursos econômicos e de conhecimento para cuidar da higiene e da alimentação. (PAIVA, 2007)
Antigüidade e modernidade ainda hoje se encontram no campo das próprias religiões. As religiões assentadas na comunhão com a natureza e com as forças cósmicas e semelhantes tendem a uma visão pré-moderna, que não circunscreve limites às várias áreas da existência. Nessas religiões, a análise psicológica do comportamento religioso ligado à saúde não se poderá basear no pressuposto "moderno" que distingue o aspecto religioso do aspecto da saúde. No âmbito da cultura cristã contemporânea, o caráter moderno revela-se nos estudos predominantemente correlativos entre religião, doença e saúde. (PAIVA, 2007).
Apesar do avanço das investigações, a origem de muitas doenças ainda é um ponto obscuro para muitos pesquisadores. (CUNHA, 2002).
Considerando essa obscuridade voltemos, portanto nosso olhar para as origens da Igreja Católica, para, posteriormente apresentarmos as demais religiões.
2.1 O Catolicismo
A igreja cristã primitiva foi organizada sob cinco patriarcas, os bispos de Jerusalém, Antióquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. O Bispo de Roma foi reconhecido pelos Patriarcas como "o primeiro entre iguais", embora o seu estatuto e influência tenha crescido quando Roma era a capital do império, com as disputas doutrinárias ou procedimentais a serem frequentemente remetidas a Roma para obter uma opinião. Mas quando a capital se mudou para Constantinopla, a sua influência diminuiu. Enquanto Roma reclamava uma autoridade que lhe provinha de São Pedro (que morreu em Roma e é considerado o primeiro papa) e São Paulo, Constantinopla tornara-se a residência do Imperador e do Senado. Uma série de dificuldades complexas (disputas doutrinárias, Concílios disputados, a evolução de ritos separados e se a posição do Papa de Roma era ou não de real autoridade ou apenas de respeito) levaram à divisão em 1054 que dividiu a Igreja entre a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa Oriental no Leste (Grécia, Rússia e muitas das terras eslavas, Anatólia, Síria, Egito, etc.). A esta divisão chama-se o Grande Cisma. (LATOURELLE E FISICHELLA, 1994).
A grande divisão seguinte da Igreja Católica ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante a qual se formaram muitas das facções Protestantes.
A prática da Igreja Católica consiste em sete sacramentos (Batismo, Confissão, Eucaristia, Confirmação ou Crisma, Sagrado Matrimónio, Ordens Sagradas, e Unção dos Doentes)
Dentro da fé Católica, os sacramentos são gestos e palavras de Cristo que concedem graça santificadora sobre quem os recebe.
Vamos nos ater a unção dos doentes que era conhecida como "extrema unção" ou "último sacramento". Envolve a unção de um doente com um óleo sagrado abençoado especificamente para esse fim e já não está limitada aos doentes graves e aos moribundos.
Assim, percebe-se que a utilização de óleos, considerados sagrados, são amplamente utilizados para doentes, familiares e sacerdotes.
Os mandamentos do Catolicismo incluem: Assistir missa inteira nos domingos e dias de guarda. Confessar-se ao menos uma vez por ano; Comungar ao menos pela Páscoa; Jejuar e abster-se de carne quando manda a Igreja; Jejum: quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa; Abstinência de carne: sextas-feiras da quaresma; Pagar Dízimos segundo o costume.
Quanto aos ritos, observa-se que a Igreja Católica é uma federação de 24 Ritos autónomos (sui juris) em comunhão completa uns com os outros e em união com o Papa na sua qualidade de Sumo Pontífice da Igreja Universal (apelidade "Pontífice de Roma" na lei canónica). O Papa, na sua qualidade de Patriarca de Roma (ou Patriarca do Ocidente) é também o chefe da maior das Igrejas sui juris, a Igreja Latina (popularmente conhecida como "Igreja Católica Romana"). As restantes 23 Igrejas sui juris, conhecidas colectivamente como "Igrejas Católicas do Oriente", são governadas por um hierarca que ou é um Patriarca, ou um Arcebispo Principal, ou um Metropolita. A Cúria Romana administra quer as igrejas orientais, quer a igreja ocidental. (LATOURELLE E FISICHELLA, 1994).
Os católicos acreditam na Trindade de Deus enquanto Pai, Filho e Espírito Santo, na divindade de Jesus, e na salvação através da fé em Jesus Cristo e por amar a Deus acima de todas as coisas.
As relações entre a Igreja Católica e a ciência sempre foram conturbadas. Durante a Idade Média muitos cientistas foram perseguidos pela Igreja e alguns queimados em fogueiras pela Inquisição. Podemos lembrar o caso emblemático de Galileu Galilei que foi obrigado pela Inquisição a negar que a Terra se movia em torno do Sol, fato que ele havia comprovado com o uso de um telescópio.
Os cientistas dividem-se entre alguns ateus e contrários à Igreja e outros católicos praticantes. Um dos exemplos mais conhecidos é o astrônomo Carl Sagan, que era ateu. Podemos citar, por exemplo entre os grandes filósofos do século XX, Jean-Paul Sartre que era ateu e tinha uma teoria que se opunha a da Igreja, Soren Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, e finalmente Gabriel Marcel que foi católico praticante.
As disputas ideológicas que a Igreja travou com os cientistas acabaram afastando muitos deles da religião. No entanto, no século XX a Igreja passou a aceitar e incorporar em suas crenças as descobertas científicas, separando questões de fé de questões científicas (O CATOLICISMO, 2007)
Podemos comprovar esta convergência ao observar que a Igreja apoia oficialmente a teoria do Big-Bang da física, e concorda com a genética e a hereditariedade (descobertos por Gregor Mendel, um monge católico), fundamento da teoria da evolução.
As discordâncias entre a posição oficial da Igreja e a ciência se dão apenas em questões teológicas que envolvam ateísmo e a negação da infalibilidade das escrituras e da revelação.
Na verdade, tanto a ciência como a filosofia cristã sempre tiveram como fundamento comum a filosofia Aristotélica. Mas foi São Tomás de Aquino o teólogo que afirmou que fé e razão podem ser conciliadas, sendo a razão um meio de entender a fé.
Uma vez apresentadas algumas concepções relacionadas ao catolicismo, partamos agora para breves explicações relacionadas a doutrina Espírita, codificada por Allan kardec.
2.2 O Espiritismo
Os primeiros registros da Doutrina Espírita surgiram em 1857, no entanto, os fenômenos espíritas, se tornaram comuns na Europa, principalmente na França, as chamadas "mesas girantes" ou "mesas falantes", atribuídas ao magnetismo das irmãs Fox ? nos Estados Unidos.
O professor Hippolyte Leon Denizart Rivail, pseudônimo de Allan Kardec, (1804 ? 1869) nasceu na cidade de Lion, França. Filho de antiga família que se distinguiu na magistratura e na advocacia foi educado na Escola de Pestalozzi, em Iverdum, Suíça. Bacharel em letras, estudou medicina, especializou-se em cálculos, aritmética, biologia e astronomia, criou escolas práticas de pedagogia e publicou várias obras didáticas. Dominava seis idiomas: francês, alemão, inglês, italiano, grego e latim (KARDEC, 2000).
De família católica, mas estudante em um país protestante, os atos de intolerância que sofreu lhe despertaram o interesse por uma reforma religiosa que levasse à unificação das crenças.
Kardec trabalhou, então, com o astrônomo Camille Flammarion e o escritor Leon Denis. O médico Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, foi um dos que deram continuidade a suas pesquisas e estudos. Editou ainda a Revista Espírita, reunida em 12 volumes, que lhe serviu de laboratório.
As obras básicas são:
O Livro dos Espíritos: É a síntese de toda a doutrina espírita, lançado em 18 de abril de 1857. Contém os princípios da imortalidade da alma, da natureza dos espíritos e das suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da humanidade. É constituído de 1018 perguntas feitas por Allan Kardec e respondidas pelos espíritos. Decorridos mais de 150 anos, as respostas continuam atualizadas. Faz divisão entre os espíritos. (KARDEC, 2000a)
O Livro dos Médiuns: reúne as explicações sobre todos os gêneros de manifestações mediúnicas, os meios de comunicação e relação com os espíritos, a educação da mediunidade e as dificuldades que eventualmente possam surgir na sua prática. (KARDEC, 2000b)
O Evangelho Segundo o espiritismo: estuda todos os ensinamentos morais dos quatro Evangelhos de Jesus. Traz a explicação sobre cada um, sua concordância com a doutrina espírita cristã e sua aplicação às diversas situações da vida. (KARDEC, 2000c).
O Céu e o Inferno, também conhecido como A Justiça Divina Segundo a doutrina espírita cristã, oferece o exame comparado das diversas doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual. Coloca ao alcance de todos os conhecimentos do mecanismo pelo qual se processa a Justiça Divina. (KARDEC, 2000d)
A Gênese discorre sobre a existência de Deus, origem do bem e do mal, destruição dos seres vivos uns pelos outros, explicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, a formação primária dos seres vivos, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria. Mais ainda: a explicação dos chamados milagres do Evangelho, sobre a morte e ressurreição de Jesus e o final dos tempos. (KARDEC, 2000e)
As bases doutrinárias são:
- Deus é a inteligência suprema causa primeira de todas as coisas.
- A doutrina espírita cristã segue os ensinamentos de Jesus.
- A doutrina espírita cristã é, ao mesmo tempo, filosofia, ciência e religião.
- A Evolução do espírito ocorre por meio do desenvolvimento da inteligência, bondade e moral, conseguidos com estudo constante, prática da caridade e trabalho.
- Crença na reencarnação e fé raciocinada.
- A terra é um planeta intermediário, de provas e expiações. Há, portanto, planetas menos e outros mais evoluídos que a Terra, como há espíritos menos e mais evoluídos no universo.
- São os próprios indivíduos os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei de "ação e reação", ou lei "de causa e efeito".
- Os espíritos são seres humanos sem corpo físico;
- Através dos chamados médiuns, eles se comunicam, se puderem e se quiserem. A comunicação se processa de acordo com o tipo de mediunidade, sendo as mais conhecidas: pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), pela visão (vidência) e pela intuição, a mais comum, que praticamente todos nós possuímos.
- Fora da caridade não há salvação;
- Céu e inferno são estados de alma;
- Deus é eterno, imutável, imaterial, onipotente, infinitamente justo e bom.
- A reencarnação. Criado simples e sem nenhum conhecimento, o espírito é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos. Essa evolução requer aprendizado. O espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e reencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimentos e purificar-se através de múltiplas experiências. O progresso adquirido pelo espírito não é somente intelectual mas, sobretudo, moral.
- Esquecimento do passado;
- Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.
- Fé inabalável só o é a que pode encarar frente à frente a razão, em todas as épocas da humanidade.
- Existe o mundo espiritual, habitação dos espíritos desencarnados (fora do corpo) e o mundo material que é a habitação dos espíritos encarnados (no corpo físico).
- Os espíritos são criados simples e ignorantes, mas evoluem intelectual e moralmente, através de múltiplas existências no corpo material.
- Os espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada vida material.
- Os espíritos renascem (reencarnam) quantas vezes forem necessárias ao seu aprimoramento.
- Os espíritos evoluem sempre, jamais regridem. Não existem espíritos criados eternamente para o mal.
- Os espíritos influenciam o mundo espiritual, e sua ação sempre existiu e é freqüente. Os bons espíritos nos atraem para o bem, os espíritos imperfeitos nos influenciam para o mal.
- Jesus é o guia e modelo para toda a humanidade, e o cristianismo é a expressão mais pura da Lei de Deus.
- O homem tem o livro-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.
- A prece é um ato de adoração a Deus.
O Brasil é a maior nação espírita do mundo, com cerca de 10 milhões de seguidores declarados (IBGE, 2002).
A doutrina espírita cristã, apesar de se reunir em Federações e de eleger um presidente, não tem sacerdotes e não adota em suas reuniões e em suas práticas: paramentos, bebidas alcoólicas tais como vinho, incenso, fumo, altares, imagens, andores, velas, procissões, talismãs, amuletos, sacramentos, concessões de indulgência, dízimo, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, búzios, rituais ou quaisquer outras formas de culto exterior. Apesar de não constar na doutrina, os espíritas fazem em seus cultos preces iniciais e finais, palestras e ministram passes magnéticos, utilizam a água fluidificada.
O Espírito Santo, ou Espírito de Verdade, ou a equipe de espíritos perfeitos que trabalham diretamente com o Pai Celestial, da qual Jesus é um dos membros divinos, acredita que veio completar os ensinamentos do Cristo, trazendo à humanidade a doutrina espírita ? O Consolador.
A Doutrina Espírita, ensina que toda doença tem origem no espírito porque a ação moral desequilibrada do indivíduo afeta o seu perispírito. Como o perispírito do encarnado está intimamente ligado ao seu corpo físico, o desajuste vibratório de um afeta o outro, produzindo, em conseqüência, as doenças.
Para a prevenção e cura, os espíritas utilizam o passe magnético, impondo-se as mãos próximas ao indivíduo e proferindo preces.
Após apresentar o Espiritismo, partamos para compreender melhor o Budismo.
2.3 O Budismo
Budismo é uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Siddhartha Gautama, ou Sakyamuni (o sábio do clã dos Sakya), o Buda histórico, que viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. no Nepal (NURAYAMA, 2000).
Os ensinamentos básicos do budismo são: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. O objetivo é o fim do ciclo de sofrimento, samsara, despertando no praticante o entendimento da realidade última - o Nirvana. (KEOWN, 2002)
A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treinamento mental foca na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), e sabedoria (prajña).
Para os budistas a saúde significa equilíbrio espiritual, uma vez que os fluidos corpóreos são o reflexo dos fluidos espirituais. O conceito de saúde é caracterizado por uma combinação de diversos sentimentos: vitalidade, flexibilidade, alegria liberdade da dor e satisfação. Uma pessoa saudável é, acima de tudo, uma pessoa que está em estado de equilíbrio em sua vida, sentindo-se jovem e sadio (IKEDA, 2002)
Vida humana, morte, sofrimento, ser humano e direitos humanos entre outros, com as matizações específicas que lhe são dadas pelo patrimônio de valores e crenças de cada religião (Pessini, 1999).
A dor em qualquer grau de intensidade é um sinal de desconforto sendo um dos principais obstáculos para se obter esse estado de equilíbrio. Nesse sistema de saúde o conceito de saúde deveria ser considerado como busca do equilíbrio em todas as fases da vida.
Princípios do budismo segundo Bareau (1997).
1 Humanismo. O Buda não era um espírito, que andava para lá e para cá sem deixar rastros, nem fruto de nossa imaginação. O Buda foi um ser humano vivente. Como todos nós, ele tinha pais, uma família e viveu uma vida. Foi através de sua existência humana que ele mostrou a suprema sabedoria da compaixão; responsabilidade ética e sabedoria intuitiva. Portanto, ele é um Buda que foi também um ser humano.
2. Ênfase na Vida Diária. Em seus ensinamentos, o Buda deu grande importância ao cotidiano enquanto prática espiritual. Ele nos ofereceu orientação para tudo, desde o modo de comer, vestir, trabalhar e viver, até para caminhar, estar em pé, sentar e dormir. Ele deixou instruções claras quanto a todos os aspectos da vida, desde o conduzir nos campos social e político.
3. Altruísmo. O Buda nasceu neste mundo para ensinar, dar exemplo, e trazer alegria a todos. Ele ocupou-se de todos os seres, pois sempre teve, em seu coração e mente, o interesse dos demais. Em resumo, cada pensamento seu, cada palavra ou ação, originou-se de um coração repleto de interesse e consideração pelos outros.

4. Alegria. Os ensinamentos budistas dão alegria às pessoas. Através da infinita compaixão de seu coração, o Buda almejava aliviar o sofrimento de todos os seres e dar-lhes alegria.
5. Oportunidade. O Buda nasceu por uma grande razão: para construir um relacionamento especial com todos nós que vivemos neste mundo. Apesar de ter vivido há aproximadamente 2.500 anos, e ter alcançado o nirvana, ele deixou a semente da liberdade para as futuras gerações. Ainda hoje, os ideais e ensinamentos do Buda servem como guias importantes e oportunos para todos.
6. Universalidade. A vida do Buda como um todo pode ser caracterizada pelo seu espírito de desejar salvar a todos os seres, sem exceção. O Buda amava os seres em geral, fossem animais ou humanos, homens ou mulheres, jovens ou velhos, budistas ou não budistas, etc.
Diz um provérbio budista: "A saúde é mais valiosa que a riqueza". A doença - assim como a velhice - são partes integrais do ser humano. É plausível afirmar que a saúde e a doença coexistem em nossos corpos. Por exemplo, de acordo com a medicina ocidental, as células cancerígenas nascem dentro de nossos corpos e são eliminadas através da ação do nosso sistema imunológico, partindo do princípio de que este está em pleno funcionamento (KEOWN, 2002)
Para Josei (In: Keown, 2002): "Uma pessoa é saudável enquanto é capaz de comer e dormir o suficiente". O que ele queria dizer é que enquanto podemos comer e dormir suficientemente, nós deveríamos parar de pensar em nossa saúde e concentrar nossa energia em outras questões. A declaração dele pode parecer simplista, mas é relevante numa época aonde as pessoas se tornaram excessivamente preocupadas ? ou mesmo, mórbidas ? em relação a doença.
Do ponto de vista do budismo Mahayana, promover a boa saúde pode ser identificado como o estado de Bodhisattva, uma condição de compaixão adquirida através de um comportamento desprovido de egoísmo e ações altruísticas que beneficiem todas a humanidade.
Para os Budistas a doença é algo coletivo: "Porque todos os seres estão doentes, eu estou doente. Caso a doença de todos os seres humanos forem eliminadas, a minha doença também será erradicada.
O conceito budista de boa saúde, como ilustrado neste trecho, não se limita a questão da ausência de doenças. Ela está relacionada com a presença de uma enorme compaixão por todos os seres vivos, baseados na infinita energia vital que nos capacita a enfrentar e ultrapassar qualquer tipo de dificuldade. O ato de atingir o estado de Bodhisattva significa a incorporação desta tamanha força interior, que na visão budista, é o auge da boa saúde.
De acordo com o Budismo, a saúde não é um estado separado das influências negativas. Ao contrário, é um estado especialmente ativo e positivo na qual defrontamos e buscamos resolver os nossos inúmeros problemas e daqueles ao nosso redor. Ao invés de meramente escaparmos das influências negativas, como budistas devemos assumir a responsabilidade por eles.
A palavra ?doença? denota uma falta de conforto. É tentador interpretarmos o estado de conforto como simplesmente sendo a ausência de dificuldades. Mas, se observarmos atentamente, o conforto implica na força de enfrentarmos e superarmos qualquer problema que porventura possa surgir.
Uma visão paralela com relação a natureza da saúde é compartilhada por alguns trabalhos desenvolvidos no Ocidente.
René Dubos declara em sua obra Mirage of Health (1959): "Embora possa ser confortável imaginar uma vida livre de pressões e esforços, num mundo livre de problemas, este somente irá permanecer como um sonho idílico?O homem existe para lutar, não necessariamente para si mesmo, mas em prol do crescimento do processo emocional, intelectual e ético humano e que este possa durar eternamente. O crescimento em meio ao perigo é o destino da raça humana, porque esta é a lei dos espíritos."(?)
Com respeito ao propósito da doença em nos dirigir para a perfeição, o filósofo suiço Karl Hilti (1833-1909) disse: "Assim como a inundação de um rio, ara a terra e nutre os campos; a doença serve para nutrir os nossos corações. Uma pessoa que compreende a sua doença corretamente e persevera, irá possuir uma vida com maior profundidade, força e grandiosidade."
Assim, o budismo vê a doença como uma oportunidade para que possamos galgar um estado de vida mais nobre e elevado. Nos ensina que, ao invés de agonizar sobre uma doença ou desesperar em sobrepujá-la, nós devemos ser capazes de utilizar a doença para construir um caráter mais forte e compassivo, que em retorno nos proporcionará a capacidade de desfrutarmos nossas existências repletas de realizações. Este é o significado das palavras de Nitiren Daishonin: "A doença desperta um grande espírito de procura".
Para curar um enfermo, a primeira coisa que um médico precisa fazer é um diagnóstico preciso para então saber qual o tratamento a ser prescrito. O Buda ao transmitir os seus ensinamentos agiu como um médico. O diagnóstico da condição humana é que o sofrimento é a experiência comum a todos os seres vivos, em forma de descontentamento, insatisfação ou tristeza. Em vista desse diagnóstico, o Buda prescreveu a maneira de dar um fim ao sofrimento; e o tratamento para dar um fim ao sofrimento é o núcleo da prática Budista. O sofrimento é a experiência que nos leva ao despertar, pois quando sofremos, tendemos a investigar, a ter curiosidade, a buscar uma saída.
Uma vez explanadas as faces das religiões pertinentes a este estudo acreditamos ser importante fornecer algumas informações relacionadas a Pomada Vovô Pedro. Destacamos que não foram encontradas em publicações científicas relatos ou abordagens relacionadas a pomada, o que reforça a importância deste estudo.
2. 3 A pomada Vovô Pedro
No que tange a Pomada Vovô Pedro, apesar de ignorada pelos cientistas, há indícios e relatos de que a pomada alivia diversas afecções.
Ao se analisar seu rótulo, verifica-se o item "distribuição gratuita", bem como as indicações para "Afecções da pele, úlceras varicosas e feridas em geral; mutilações de hanseníase; reumatismo; dores na coluna; bronquite; queimaduras; inflamações uterinas; hemorróidas; rinites alérgicas; herpes; tumores vaginais; dores em geral"
A Pomada está registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial desde 1977 com o processo de número 818165112 sob a categoria de medicamento alopático, homeopático, dermatológico, oftálmico e otológico. Porém, não tem registro no Ministério da Saúde, apesar de ter Farmacêutica responsável.
Sua embalagem é um frasco de filme fotográfico, adquirido gratuitamente em casas de revelação fotográfica e, no canto esquerdo está escrito "Fórmula Espiritual de propriedade da Farmácia Manipulativa Kahena".
Há outras instruções tais como: aplicar suavemente três vezes ao dia em movimentos verticais (de cima para baixo).
De acordo com Maia (1997) a fórmula recebida "mediunicamente" pelo Médium João Nunes Maia por meio de um "espírito" de um médico que viveu no século XVIII, Franz Anton Mesmer baseia-se nas plantas medicinais: própolis, erva-de-bico, ipê-roxo e condurango.
Conforme se observa de forma empírica, não há relatos de efeitos colaterais. Ouve-se informações sobre seus efeitos emolientes, cicatrizantes e anti-inflamatórios. Além de aliviar e curar enfermidades de pelo do tipo ulcerações e feridas, mesmo as de queimaduras.
A pomada não é encontrada em farmácias, mas somente em Casas Espíritas que cuidam da distribuição.
Segundo dados da Sociedade Espírita Maria Nunes (SEMAN, 2007), são produzidos 1,5 milhão de potes de pomada ao ano.
A primeira formulação foi feita em uma velha panela de pressão em 2,5kg.
Em hospitais existem diversas formulações, que são utilizadas como emolientes e cicatrizantes de feridas da pele, mas a Pomada Vovô Pedro jamais foi vista em instituições hospitalares, mas provavelmente se faz presente em diversas residências.
É importante observar que os ingredientes da pomada Vovô Pedro como a própolis tem princípio ativo contra infecções e outros, isso mostra que as diversas infecções sejam elas por vírus, bactérias ou choque mecânico podem ser controladas por este ingrediente, desencadeando assim uma reação normal ao de qualquer outro medicamento com o mesmo princípio.
No entanto, desconhece-se cientificamente a formulação da Pomada Vovô Pedro.
A pomada é utilizada, principalmente, para afecções de pele e, apesar do avanço das investigações, a origem de muitas doenças ainda é um ponto obscuro para muitos pesquisadores, assim como a fórmula espiritual da pomada.
Daí a necessidade de se partir à campo a fim de se pesquisar as representações sociais de pessoas que utilizam a pomada. No entanto, não é o bastante pesquisar apenas as perspectivas de espíritas (seus maiores utilizadores), mas também pessoas de outras religiões.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com a análise qualitativa com base nas Representações Sociais.
O estudo descritivo, como o próprio termo o define, descrê as características de um fenômeno ou população (ALVES, 2003). Para isso se utilizou de um estudo qualitativo uma vez que as falas dos entrevistados retratam situações subjetivas, que não podem ser quantificáveis.
Optou-se pelas representações sociais como lente de análise pois, para Abric (2000, p. 35) as representações sociais são "elementos que se estruturam em torno de um núcleo central e de núcleos periféricos para a sistematização do conhecimento na busca do aprofundamento do objeto".
Esta teoria é útil pois, considera que todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, com necessidades e significados culturais que moldam os próprios valores e que se expressam no quotidiano, por meio de representações sociais construídas, no senso comum, nas interações, nas ideologias e nos modos de viver das pessoas.
Seja teoria, conceito, categoria analítica ou explicativa, o importante é que a expressão "representação social" vem sendo de importância primordial para se compreender a relação sujeito/objeto, principalmente quando se trata da subjetividade, da singularidade e do senso comum do cotidiano das pessoas.
A pesquisa foi feita no período de maio a julho de 2008, na Livraria Castro Alves, onde a pomada é distribuída gratuitamente e na feira de roupas usadas, uma vez que nestes locais se agregam pessoas de diversas religiões. Foram convidados a participar, aqueles que já usaram a pomada pelo menos uma vez que concordassem em responder à entrevista contendo três questões relacionadas às percepções que eles têm da pomada Vovô Pedro em suas vidas. Todos os entrevistados foram informados a respeito dos princípios éticos da Resolução 196/96, garantindo-lhes o anonimato e o uso das informações exclusivamente para fins científicos e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Após a aplicação da entrevista, seguindo o critério de saturação, procedeu-se a leitura vertical e horizontal das mesmas, buscando-se no conteúdo global das falas dos sujeitos, conforme Abric (2000, p. 35), as representações sociais destes sobre a Pomada Vovô Pedro.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistadas 12 pessoas, sendo 04 católicos, 03 budistas e 5 espíritas que utilizaram a pomada, sendo a maioria do sexo feminino, 3 são casados e 9 solteiros, com faixa etária predominante entre 20 e 70 anos, sendo todos com ensino médio completo. A maioria usa a pomada há mais que um ano, sendo que tiveram acesso à pomada por meio de doação de familiares.
Após a análise das falas foi possível acessar as seguintes categorias:
- A pomada Vovô Pedro é uma pomada milagrosa;
- A Pomada Vovô Pedro é útil para aliviar dores, curar picadas de insetos, queimaduras e infecções na pele;
- Os ingredientes da pomada associados à fé do indivíduo garante a cura;
Tais categorias serão analisadas à luz das Representações Sociais.
4.1 A Pomada Vovô Pedro é uma pomada milagrosa.
Ao se solicitar aos entrevistados que falassem a respeito da Pomada Vovô Pedro a maioria respondeu que tem poder de cura, que é muito eficaz, sendo útil para diversas afecções e que é, acima de tudo, milagrosa, conforme é possível verificar em suas falas:
"Ela tem poder de cura, seguindo direitinho ela cura lesões musculares. Em mim teve resultado positivo" (Católico, 30 anos).
"Quando eu comecei a usar ela agia muito rápido, primeiro ela esquentava, depois aliviava e junto ia a dor" (Católica, 20 anos).
"Em minha opinião é uma pomada milagrosa capaz de reverter muitas inflamações que causam feridas na pele, dentre outras coisas" (Católico, 21 anos).
"Eu gostei da pomada, ela foi muito eficaz, só o cheiro que não me agradou muito no começo" (Católica, 30 anos);
"Conheci a pomada pela minha tia, daí comecei a usar e a recomendo" (Budista, 20 anos).
"Eu uso para várias doenças e fins terapêuticos" (Budista, 42 anos).
"Eu comecei a usar e gostei. Ela é ótima para tudo" (Budista, 59 anos).
"Em primeiro lugar eu tenho muita fé e acredito que os espíritos colocam na substância o que a gente precisa. É antiinflamatória, alivia a tensão no músculo, uso até na minha cadelinha" (Espírita, 54 anos).
"Eu acho que ele é milagrosa, porque uso para machucados, coceira, acho que serve para tudo" (Espírita, 50 anos).
"Eu sei que é manipulada de forma especial, tem preparação moral, num ambiente puro, por pessoas equilibradas com contato com o alto. É preparada fluidicamente. Ela é pura" (Espírita, 57 anos)
Milagre, na concepção de Hume (1748) "é uma transgressão de uma lei da Natureza pela vontade de uma Divindade, ou a interposição de um agente invisivel." (Hume, p. 123).
Por outro lado, acreditar num milagre, como dizia Hume, não é um ato de razão mas de fé.
O resultado do milagre é a cura, na concepção de católicos e espíritas. O conceito de cura como cuidado e como recuperação da doença, relacionando-o em particular com o enfrentamento religioso, forma específica de cuidado consigo e com outrem, distinguem-se várias possíveis relações entre cura e religião. (PAIVA, 2007)
Curar, em latim, significa literalmente "cuidar". Muitos termos do português conservaram esse sentido literal: curador, curatela, curioso. Outros termos há, como procurar, descurar, segurar (de securus, sem cuidado), que literalmente significam cuidar de alguma coisa ou estar dela descuidado. (PAIVA, 2007)
Como o resultado do cuidado é muitas vezes o retrocesso da doença e a melhora do organismo, curar, curar-se, passou, por metonímia, a significar sarar. "Eu me curei" atualmente não quer dizer "eu me cuidei", mas "eu sarei". A cura, então, pode ser entendida como cuidado e como resultado desse cuidado, a recuperação da saúde. (PAIVA, 2007)
Não há dúvida de que na história do cristianismo, ontem e hoje, o cuidado pelos enfermos é uma das manifestações mais patentes de sua presença no mundo. (PAIVA, 2007)
Se, muito em função do desconhecimento geral no campo da saúde, esse cuidado foi, no passado, mais remediativo do que preventivo, hoje, em razão dos novos conhecimentos e de novas sensibilidades, a psicologia em geral e a psicologia da religião apontarão novos ou renovados elementos motivacionais, como responsabilidade social, senso de justiça, direitos da pessoa, respeito ecológico, elementos que adquirem uma dimensão religiosa caso incluam uma intencionalidade religiosa. É, com efeito, a relação com o objeto religioso que torna religiosa uma variável, e não sua categorização em alguma classe especial de comportamentos. (PAIVA, 2007)
Para Rosen (1994) a doença torna-se um acontecimento simbolicamente significativo que organiza (ou desorganiza) a vida de todos os envolvidos, portanto, o discurso religioso trabalha com a experiência concreta e subjetiva que o paciente/família têm de sua doença.
Por outro lado, enquanto no cristianismo os fiéis consideram a cura uma manifestação do Reino de Deus e a religião délfica é essencialmente de cura, no Budismo, por exemplo, a cura é desnecessária (PAIVA, 2007).
Reações psicossomáticas, buscas por curas milagrosas, libertações ou simplesmente efeitos psicológicos, é fato que tais realidades são vivenciadas no cotidiano de pessoas adoecidas.
Há numerosos estudos a respeito da correlação entre religião e saúde, religião e doença, religião e cura (Paiva, 1998a).
Em evidente conexão com essas discussões, coloca-se a questão da cura pela religião. Note-se que essa questão não é apenas psicológica e médica, mas também teológica. Há religiões essencialmente de cura, como a religião délfica. (PAIVA, 2007)
Há outras, como o budismo, em que a cura é desnecessária. E outras, como o cristianismo, consideram a cura às vezes fim em si mesma, embora parcial, e às vezes sinal de outra realidade final. (PAIVA, 2007)
Numa cultura, por exemplo, em que saúde e doença são consideradas holisticamente extensões da relação com a divindade, como na antigüidade organizada ao redor da religião (Vergote, 2001), a cura só pode ser religiosa, pela definição dos termos. (PAIVA, 2007)
4.2 A Pomada Vovô Pedro é útil para aliviar dores, curar picadas de insetos, queimaduras e infecções na pele.
Quando os entrevistados foram solicitados a falarem sobre os usos que já fizeram da Pomada Vovô Pedro a maioria católicos e espíritas respondeu que utilizam-na para conter dores, picadas de insetos, cicatrização de queimaduras e processos infecciosos na pele, conforme se observa nas falas abaixo:
"Contusões musculares, torções no tornozelo" (Católico, 30 anos)
"Uso para dor de cabeça, perna, ombro e garganta" (Católica, 20 anos).
" Uma alergia que tive na pele, daí usei ela muito tempo e foi muito bom porque ela me curou" (Católica, 30 anos).
"Com queimaduras e hematomas" (Budista, 20 anos).
" Já usei a pomada Vovô Pedro várias vezes, e foi para torções, na maioria das vezes e algumas pancadas que levei" (Budista, 42 anos).
"Tira dores nas pernas, mancha na pele, a gente usa pra quase tudo, né?" (Budista, 59 anos).
Para os espíritas a Pomada Vovô Pedro também agem em picadas de inseto, dor e queimaduras.
"É cicatrizante, para dor, contra alergia, picada de inseto, rapidinho sara queimaduras, uso até nos cães" (Espírita, 54 anos).
"Torcicolos, eu uso e dá certo, picada de inseto, queimadura. Um dia o caseiro estava mancando, com a perna queimada e inflamada. Eu dei o potinho a ele e no outro dia ele disse: ?Nossa! Dona, onde a gente compra essa pomada? Porque ficou bom. Que pomadinha boa!". Aí eu disse: Pode ficar eu tenho mais" (Espírita, 50 anos).
"Para dores, erisipela. Meus vizinhos usam. Uma vez uma evangélica pegou para usar na sogra dela que estava no HDT. Lá no hospital proibiram de usar, mas em casa ela usou e sarou a perna da sogra dela." (Espírita 41 anos).
"Já utilizei em várias situações, queimadura, picada de inseto e para uso externo e até interno. "Esta pomada é aplicada para muitos problemas de saúde: contusões, alergias hematomas, gripe, garganta inflamada, hanseníase" (Espírita, 62 anos).
Ao se observar os depoimentos acima, percebemos que não se trata de cura psicossomática, mas de situações concretas tais como alívio da dor imediata e ações antiinflamatórias em queimaduras.
O fenômeno mágico da cura constitui-se num sistema simbólico que produz um conhecimento sobre o mundo, lhe atribui significados e transforma a situação, os conflitos, o caos.
Entretanto, a cura mágica surge como algo que se soma, que se complementa ao tratamento médico. A compreensão da doença e a expectativa pela cura, revaloriza as práticas mágico-religiosas explicando aos envolvidos "o por que" da situação. Assim, a doença material requer intervenção médica (a cirurgia) e a doença espiritual requer a busca da saúde do espírito através da fé religiosa. Embora haja uma distinção formal, não há um confronto real. Essa polaridade leva os pacientes e familiares a buscarem pela complementariedade das duas práticas (Rosen, 1994, p.17).
Sullivan (1987) descreve em seu estudo, dados que evidenciam a crença em Deus como indispensável para o enfrentamento de momentos de sofrimento e insegurança e compreenderam que o paciente/família desvelam que a interpretação religiosa da doença é um acontecimento mais abrangente do que uma disfunção orgânica.
Percebe-se uma evidente conexão entre religião e saúde/doença pois, "embora os achados empíricos não sejam inequívocos, os estudos têm registrado consistentmente que vários aspectos do envolvimento religioso estão ligados a resultados desejáveis da saúde (...) e que várias investigações recentes, usando rigorosos métodos analíticos, também registram efeitos salutares de diversos indicadores de envolvimento religioso numa ampla gama de resultados de saúde física e mental" (ELLISON, 1998, p. 692)
Consideradas pela ciência moderna como reações psicossomáticas, as curas, muitas vezes solicitadas pelos enfermos ou por outras pessoas, apontavam mais um bem-estar religioso que propriamente um bem-estar físico, concretizado pela sensação de libertação do pecado e a união com Deus (PAIVA, 2007). Nesse sentido, segundo Aletti (2004), não se trata de perguntar se "Deus ajuda", mas "se crer em Deus ajuda".
Já foi descrito que os ingredientes da pomada Vovô Pedro incluem própolis que tem princípio ativo contra infecções, isso mostra que as diversas infecções sejam elas por vírus, bactérias ou choque mecânico podem ser controladas por este ingrediente, o qual em excipiente emoliente desencadeia uma reação de restabelecimento dos tecidos, semelhante ao de qualquer outro medicamento com o mesmo princípio.
A associação da composição da pomada à fé dos usuários transformam-na em uma substância singular.
4.3 Os ingredientes da pomada associados à fé do indivíduo garante a cura.
As maneiras como os entrevistados explicam a ação da Pomada Vovô Pedro, são bastante variadas, no entanto, a maioria concorda que a associação dos ingredientes da pomada com a fé do indivíduo resultam na cura, conforme as falas à seguir:
"A Pomada Vovô Pedro foi bem eficaz. Cheguei a ter cura. Se usar corretamente, massageando do jeito certo a ação é mais rápida" (Católico, 30 anos).
"Ela no começo ardeu um pouco, depois foi aliviando. Não sei como ela fez isso, mas parou a dor" (Católica, 20 anos).
"Acredito que seja uma pessoa muito sábia e correta que a inventou, porque ela cura e é eficaz contra muitas coisas" (Católico, 21 anos).
"Ela tem ação, mas eu não sei explicar (pela razão), só sei que alivia a dor e não deixa cicatriz" (Católica, 30 anos).
"Sei que é cicatrizante" (Budista, 20 anos).
"Ela pode ter em sua composição alguns medicamentos que funcionam, mas eu acho que a maioria dos casos de cura é pela fé religiosa e crença" (Budista, 42 anos).
"Eu sei que ela é feita mediunicamente. É maravilhosa" (Budista, 59 anos).
Para os espíritas a fé também é um elemento importante e mais contundente.
"Eu acho que é fé. Com certeza meu mentor espiritual sabe o que é melhor para mim. Eu levo muito a sério a benção divina, por isso eu uso a pomada para quase tudo, acho que é uma intuição espiritual essa pomada" (Espírita, 54 anos).
"Ela é feita mediunicamente. Ela tem ingredientes eficazes para vários tipos de doenças, com certeza tem muita influência espiritual, tanto na fabricação quanto no uso." (Espírita, 50 anos).
"Acho que ela age de acordo com a crença, com a busca da pessoa. Ela dá um resultado mais positivo dependendo da pessoa. Um tratamento fluídico reflete uma ação fluídica. Em minha mãe ela não faz efeito, porque ela não acredita! Ela só tem fé em remédio que médico passa" (Espírita, 57 anos).
"Eu acho que é através dos componentes e pela fé da pessoa, esperança em ficar bom de uma doença" (Espírita, 41 anos).
"A sua ação é realmente milagrosa por ser uma fórmula espiritual, os ingredientes utilizados são magnetizados pelo grande amor durante a fabricação. Tudo isso aliado à fé faz dessa pomada uma maravilha" (Espírita 62 anos).
Estudos realizados por Aletti (2004) mostram que é a fé quem cura, pois há uma intrigante coincidência entre reações positivas a tratamentos medicamentosos e o fato de o paciente ter uma crença religiosa. Assim, a fé é um fator determinante não apenas na cura, mas também na qualidade de vida das pessoas.
Em seu estudo, Aletti (2004) identificou que a longevidade é, em média, 10% maior entre aqueles que professam alguma fé e que mulheres e homens que rezam com freqüência se curam com maior facilidade em casos de doenças em que o stress é um fator determinante.
Concordando com o autor acima citado, afirma Matthews (2003) do Instituto Nacional de Pesquisas de Saúde dos Estados Unidos: Pessoas que têm fé em geral são menos propensas a fumar, beber, lidar com drogas e ter comportamento sexual de risco. São também menos ansiosas e mais atentas a fatores de segurança cotidiana, como usar cinto no carro, além de seguir mais fielmente as orientações médicas.
Em outro estudo, promovido por Oxman (1995) da Faculdade de Medicina de Dartmouth, mostrou que pacientes com convicções religiosas tinham três vezes mais chances de sobreviver a cirurgias cardíacas do que os não religiosos. "Acredito que exista um mecanismo psicológico que faz com que os religiosos lidem melhor com o stress que uma intervenção dessa natureza acarreta" (OXMAN, 1995, p. 1).
Um estudo feito por Hall (2006) no centro médico da Universidade de Pittsburg, nos Estados Unidos, revelou que participar de cerimônias religiosas regularmente pode aumentar a expectativa de vida. De acordo com a pesquisa, idas semanais à igreja podem adicionar de dois a três anos ao tempo de vida de uma pessoa.
Numa cultura moderna, em que se reconhece a autonomia dos diversos segmentos da vida individual e social, a saúde e a doença não têm de passar pela definição religiosa ou, se o fazem, é num sentido bastante peculiar. (PAIVA, 2007)
Provavelmente o fato de a Pomada Vovô Pedro ser gratuita e de fácil acesso, possibilite um cuidado imediato à lesões, evitando-se que infeccionem ou agravem a dor com o passar do tempo. A crença de que a pomada é milagrosa e que promoverá a cura é um fator importante a ser considerado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi identificar e analisar as representações sociais de católicos, espíritas e budistas a respeito do uso e ação da Pomada Vovô Pedro.
Após a análise das falas percebe-se que tanto para católicos, quanto para espíritas e budistas, a Pomada Vovô Pedro é uma pomada milagrosa, que tem ação sobre dores, queimaduras, picadas de insetos e que essa ação está relacionada a sua composição, bem como a fé do indivíduo que dela faz uso.
Interessante notar que os entrevistados não se referem à pomada como elemento que expulsa os maus espíritos ou males espirituais, provavelmente porque eles não mais consideram a doença, a dor e a ferida como algo provocado por espíritos malignos, apesar de considerá-la como uma substância que age pela fé.
Este estudo nos auxiliou na compreensão de três religiões e da singularidade com que cada uma, por meio dos entrevistados, demonstra sua relação com o sagrado, a doença e a cura, estimulando-nos a repensar o cuidado ao indivíduo, não somente como um ser biológico, mas psicológico, social e acima de tudo, espiritual.
Importante lembrar que os enfermeiros conhecem bem sobre curativos e é importante consultar um profissional especialista em feridas antes de usar qualquer produto.
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