MASIERO, Gilmar; COELHO, Diego Bonaldo. A política industrial chinesa como determinante de sua estratégia de going global. Revista Economia Política, São Paulo, v. 34, n. 1 (134), p. 139-157, jan-mar/2014. Disponível em: .          

Resumido por: Fabiana Barbara Pereira de Souza

A economia mundial, a partir do século XXI, começou um processo intenso de modificação. Nesse cenário, a China ganha grande destaque como uma das maiores potências político-econômica. O país adotou políticas econômicas que permitiram ao país passar de uma economia menos significativa na década de 1990, para um dos maiores exportadores mundiais e maior destino de Investimento Direto Externo (IDE), a partir dos anos 2000. Essas políticas fazem parte da estratégia going global, caracterizada, principalmente, pela inserção de empresas chinesas em terceiros mercados por meio da exportação e investimento direto. Nesse cenário, a intervenção do Estado tem um papel fundamental, não apenas por sua participação em si, mas, também, em como é realizada e sua articulação com os demais agentes. O processo de crescimento chinês foi pautado, primordialmente, no desenvolvimento industrial. Nesse sentido, o Estado formulou, orientou e liderou um programa industrial para sanar os problemas estruturais de sua indústria, priorizando setores estratégicos (alta tecnologia e capital-intensivo). Num primeiro momento, a atuação do Estado foi mais intensa, sendo decisiva na promoção de infraestrutura, no fornecimento de energia e matéria prima e para subsidiar tecnologia. Além disso, o Estado foi responsável pela recepção do IDE e direcionamento deste para inserção no comércio mundial. Seguidamente, a política industrial chinesa buscou intensificar a competitividade dos seus setores chave, ganhando destaque os setores metalmecânico, eletrônico e químico. O setor metal-mecânico foi priorizado para atender a indústria doméstica e estimular a qualidade através da agregação de valor adicionado por meio de inovação tecnológica. Já no setor de eletrônicos visava-se a redução de dependência desses produtos de economias externas e, também, o desenvolvimento de sua capacidade produtiva. O setor químico foi privilegiado devido a sua importância como fornecedor de matéria prima pra diversas indústrias, principalmente, o agroquímico, os materiais químicos e a química fina. Essa transformação estrutural da indústria chinesa foi o ponto essencial na sua estratégia de going global. A indústria ganhou competitividade através da nova estrutura industrial, do desenvolvimento tecnológico e da política de atração de IDE. Esse ganho de competividade permitiu que a China iniciasse, em 2000, investimentos externos com a internacionalização de suas empresas e aumento nas exportações de produtos de maior valor agregado, chegando ao momento atual, com contribuições em inovações tecnológicas de baixo custo. Consequentemente, a China modificou a sua imagem, de que produtos desenvolvidos e criados nacionalmente possuem baixo preço e qualidade para produtos de grande valor adicionado. Sendo assim, as políticas industriais adotadas pelo Estado chinês contribuíram significativamente para inserção internacional do país, modificando definitivamente a composição de suas atividades econômicas, transformando-o em uma das maiores economias mundiais.