A pesquisa como metodologia para o processo de ensino-aprendizagem da gramática e da produção textual
Por Fernanda Alberti | 01/10/2018 | EducaçãoCarpenedo, Raquel - Professora de Língua Portuguesa, Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima – Santa Rosa - RS
Formada em Letras - Português, Inglês e Literaturas Brasileira e Estrangeira - Pós- graduação em Leitura e Redação e Pós Graduação em Educação Especial.
e-mail: raquelcarpenedo@terra.com.br
Alberti, Fernanda - Professora de Língua Portuguesa, Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima – Santa Rosa - RS
Formada em Letras- Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas - Pós- graduação em Ensino-aprendizagem de Línguas - Língua Portuguesa.
e-mail: fernandaalberti448@gmail.com
RESUMO
O trabalho apresentado, partiu da experiência realizada em sala de aula, solicitando aos alunos do 6ºano, a pesquisa sobre determinado conteúdo gramatical que se fazia presente no texto que estava sendo trabalhado em aula, naquele momento. A pesquisa foi direcionada em itens que a tornaria mais apropriada àquela turma (ano) e que também de certa forma os levaria à leitura do conteúdo solicitado.As opções de pesquisa estavam abertas de maneira que o educando não se sentisse constrangido caso ele não dispunha de tecnologia em casa. Ficou livre a pesquisa em livros (uso da biblioteca escolar) e biblioteca virtual. Anotar os passos indicados é desafiar o educando a construir conceitos por si mesmo, que mais tarde, durante a explicação do professor, com certeza lhe fará compreender melhor o uso do termo gramatical e aplicá-lo com mais segurança no momento da escrita. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é incentivar a pesquisa, ressaltando a importância desta para o processo de ensino-aprendizagem da gramática, bem como para a produção textual. O trabalho, consequentemente acontece quando, paralelamente, apresentamos um texto e dentro dele aquilo que queremos que seja compreendido e aplicado pelo nosso aluno através da pesquisa realizada de maneira segura. Nada acontece ao acaso. Tudo deve estar interligado: texto e gramática. Um não flui sem o outro. Aprendendo a buscar e compreender as regras gramaticais, o educando está construindo seu conhecimento através do método investigativo, sendo agente do seu próprio aprender. Dizer que a gramática não é tão importante, é desmerecer nosso próprio idioma. Como é possível o educando construir sua escrita sem ao menos conhecer o básico da estrutura da sua língua materna? É dever da escola ensinar a língua padrão.
Palavras- chave: Pesquisa. Gramática. Texto.
1 INTRODUÇÃO
A aprendizagem é um processo contínuo. É uma busca incansável de novas metodologias que incentivem o aluno a buscar e construir seu conhecimento ao invés de, apenas recebê-lo pronto.
No entanto, é importante lembrar que, em primeira mão, a leitura se faça presente a todo instante, pois é ela que direcionará o caminho do educando na construção desse conhecimento.
Este estudo busca incentivar a pesquisa gramatical em sala de aula de maneira a auxiliar o professor no desenvolvimento do conteúdo e posteriormente a melhor compreensão do educando, pois não é de hoje que discute-se o uso da gramática em sala de aula.
2 DESENVOLVIMENTO
O trabalho aqui apresentado não tem a pretensão de dizer o que é certo ou errado, mas tentar ajudar tanto ao professor quanto ao educando a como trabalhar de maneira simples e sem desespero a questão gramatical. Como afirma Bagno (1999):
(...) ensinar bem é ensinar para o bem. Ensinar bem significa respeitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe do mundo, da vida e reconhecer na língua que ele fala a sua identidade como ser humano. Ensinar para o bem é acrescer, não suprimir (BAGNO, 1999, p. 146).
Desafio então, é dar a partida para essa construção, através da pesquisa direcionada sobre o assunto que será trabalhado em sala de aula.
Em tempos de globalização, faz-se necessário o uso de tecnologias, onde o acesso à informação dá-se instantaneamente. Porém, percebe-se que embora as tecnologias existam, deixou-se de realizar pesquisas. A utilização de um smartphone, por exemplo, se restringe a futilidades, jogos e redes sociais. Por isso resgatar metodologias de ensino como a pesquisa é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a tecnologia deve se tornar aliada do professor, não uma ferramenta causadora de estresse.
O incentivo à pesquisa faz com que alguns educandos busquem, por conta própria, um complemento além da solicitação docente, mostrando ao professor que ele pode sim, ir além, entender e discutir esse aprendizado; o que se torna um ponto positivo para os demais educandos.
Apontando o que queremos que o educando busque, em termos de texto ou conteúdo gramatical, estamos oferecendo a ele, a oportunidade de exercer e enriquecer a leitura e seu próprio conhecimento, entendendo o conteúdo antes mesmo que ele seja explicado pelo professor, o que não significa tirar “o corpo fora”, mas dar a possibilidade do educando testar sua capacidade de absorver por si mesmo o que o livro apresenta; pois, segundo Passarelli (2012, p.78): “Uma metodologia mais adequada para o trabalho em sala de aula aumenta a produtividade e o tempo passa a ser melhor aproveitado por todos”.
Utilizar apenas o método expositivo, torna o educando um ser passivo. Ele deve aprender a construir seu próprio conhecimento, remontando partes por ele pesquisadas, apurando assim um espírito crítico e investigador.
Passarelli (2012, p. 74) destaca que “Despertar o interesse dos alunos é levá-los a uma elaboração interna do pensamento, uma vez que a aprendizagem ocorre quando há uma mudança de comportamento”.
Todo esse trabalho de pesquisa em torno dos conteúdos gramaticais, não se faz em vão, ou seja, apenas por fazer e cumprir metas. A partir dessa primeira etapa, ou seja, a pesquisa, é possível mostrar onde cada conteúdo se encaixa dentro da produção textual, ou seja a funcionalidade e aplicabilidade da gramática no uso da linguagem formal, que é deveras necessária à formação do indivíduo.
Conforme Campos (2012):
O professor não deve dar as costas para as atividades gramaticais, mas servir-se delas como um meio de reflexão sobre a linguagem e suas estruturas linguísticas, auxiliando no aprendizado das duas habilidades básicas tão fundamentais ao desempenho escolar do educando que são ler e escrever textos
(CAMPOS, 2012, p. 16-17).
Quando o aluno se acostuma a buscar a informação solicitada pelo professor, ele já está sendo o agente da sua formação. E, mais do que isso, ele começa a perceber como as palavras se comportam dentro do texto e como elas agem para sua estruturação coesa.
3. CONCLUSÃO
A concepção de pesquisa, diante deste trabalho deverá tomar outro significado, além do que a etimologia da palavra propõe. Ela deverá ter uma definição de caráter investigativo, levando o educando a querer buscar, a despertar o interesse pela aprendizagem e responsabilizando-o pelo seu crescimento pessoal. Aprender a gramática e produzir textos com esta metodologia de pesquisa investigativa resultará em êxito na vida pessoal e profissional do educando.
É importante ressaltar também que o ensino da gramática é ainda, e continua sendo de suma importância, porque concursos e vestibulares não a descartam de suas avaliações e a redação, ou a produção textual, continua a ser o item mais exigido. Reafirma-se que, em hipótese alguma, a escola deixe de trabalhar as variedades linguísticas, pois elas fazem parte do contexto de formação do indivíduo em seu meio. Porém, o contrário também não pode acontecer, ou seja, permitir que um professor seja motivo de zombaria por usar uma variedade lingüística, por exemplo, desconhecida do educando.
Trabalhando a gramática sob a ótica da interação comunicativa e do funcionamento textual-discursivo é possível integrar os diferentes aspectos do ensino-aprendizagem da língua materna, desde a leitura, passando pela produção textual e chegando ao vocabulário.
Afinal, se nós fazemos uso diariamente da língua portuguesa falada e escrita para estabelecer uma comunicação, é porque temos conhecimento e respeito pela língua que falamos e nada pode ser deixado de lado quando buscamos o “aprender”.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. – São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. – São Paulo: Publifolha, 2011.
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. 15 ed. - São Paulo: Loyola, 2002.
CAMPOS, Elísia Paixão de. Por um novo ensino de gramática – orientações didáticas e sugestões de atividades. Cânone Editorial: Goiânia, 2012.
FIORIN, José Luiz (org). Introdução à lingüística – I. Objetos Teóricos. – 6 ed. – 2 reimpressão. São Paulo: Contexto, 2012.
GOMES, Maria Lúcia de Castro. Metodologia do ensino da língua portuguesa. – São Paulo: Saraiva, 2009.
MAIA, Joseane. Literatura e formação de leitores e professores. – São Paulo: Paulinas, 2007.
PASSARELLI, Lilian. Ensino e correção na produção de textos escolares. 1ª ed. - São Paulo: Telos, 2012.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Mercado de Letras: Campinas 1996.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de Gramática.- 14.ed. – São Paulo: Cortez, 2009.