RESUMO

A utilização de atividades experimentais voltadas para melhoria do aprendizado dos alunos no Ensino Fundamental tem sido cada vez mais discutido, por se tratar de uma metodologia eficiente, conforme as colocações de Bassoli (2014), ao referir-se aos benefícios adquiridos pelos alunos, além de ser uma forma de despertar a atenção e desenvolver outros fatores que vão além do desenvolvimento científico. Assim, este artigo discute e tece considerações a respeito da importância desse tipo de atividade e a concepção do professor sobre o referido assunto. Nesta perspectiva, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, essencialmente qualitativa, além da aplicação de questionários à professores formados em ciências biológicas e atuantes em sala de aula para assim pautarmos os resultados finais em consonância com a visão dos mesmose verificarse ideias apresentadas sobre o tema, vão ao encontro das ideias de teóricos e estudiosos do assunto, como: Bassoli (2014), Lewin e Lamascólo (1998), Driver etal (1999), entre outros. Ao fim da pesquisa, fica claro que é preciso, sobretudo, que haja empenho em realizar as atividades propostas, respeito mútuo, pois, apesar de haver dificuldades de recursos materiais e físicos, o recurso mais importante é o professor e o aluno; ressaltando que o maior objetivo de atividades experimentais é o bom aprendizado do educando.

1 INTRODUÇÃO

            A escola é um ambiente de constante aprendizado, aliás, todo o meio social pode servir como forma de aprender algo, pois as crianças, em especial, conseguem assimilar melhor as informações quando as vivenciam; a partir dessa ideia é que subentende-se que um estudante, independente da disciplina, tem maiores probabilidades de aprender determinados conteúdos quando têm a oportunidade de “experienciar”; Conforme Brito, Lima & Ribeiro (2016).

            O presente artigo detém-se especificamente a disciplina de ciências, e buscou-se, por meio de pesquisa de campo conhecer as opiniões de alguns professores da rede pública à respeito das atividades experimentais, observando assim quais conceitos eles atribuem ao método quanto a contribuição para o alunado do ensino fundamental. A experiência de sala de aula e o uso de métodos diferentes a cada aula, sendo que em algumas nos detemos apenas a leitura e explicação, e em outras buscamos inovar os métodos, ao longo do tempo tornou-se notável que usar a experimentação como método de ensino é mais estimulante do que apenas leituras e interpretações de texto, ou mesmo transcrever informações, por isso as atividades experimentais despertam forte interesse entre os alunos dos mais distintos níveis escolares.

            Normalmente, ouve-se relatos positivos por parte de docentes em relação ao sucesso escolar de muitos alunos, proveniente de atividade experimentais. Para Brito, Lima & Ribeiro (2016), o conhecimento quando pode ser manuseado, analisada de forma mais direta é muito mais simples de ser assimilado, estimula a participação, a curiosidade, e envolve o aluno, fazendo com que ele queira aprofundar-se; todavia, não se pode generalizar e acreditar que essa metodologia irá atingir toda uma turma de forma semelhante. Conforme Bueno (2011) apud Brito, Lima & Ribeiro (2016, p. 1) “a função do experimento é fazer com que a teoria se adapte à realidade [...]”. Apesar de os professores entenderem que as atividades experimentais são uma forma mais eficaz de aprendizado, o uso do método ainda é precário, pois as escolas públicas, muitas vezes, não dispõem de material e equipamento necessário.

            Conforme discute-se no BRASIL/PCN (1997),o ensino de ciências no contexto escolar atual, especificamente nas séries iniciais, deve fazer sentido para o aluno e fazer com que por meio dos estudos feitos ele possa ter melhor compreensão do mundo físico, assim como reconhecer seu papel enquanto participante e colaborador de decisões individuais e/ou coletivas; esta visão é de grande importância e deve ser considerada visto que as crianças têm facilidade em construir, espontaneamente, conceitos sobre o mundo que as cerca, esses conceitos, se bem direcionados podem se tornar um estágio inicial para a construção de grandes conhecimentos científicos.

            Consoante Campos e Nigro (1999) apud Bassoli (2014, p. 03), como forma de organizar os tipos de atividade práticas, eles as organizaram em categorias, nomeadas da seguinte maneira: demonstrações práticas, experimentos ilustrativos, experimentos descritivos e experimentos investigativos:as quais serão melhor explicadas no decorrer deste artigo.

Aulas que apresentam experimentos associados a uma didática inovadora e estimulante são também um desafio para o professor, pois requerem mais pesquisas e dedicação, por isso há necessidade que o docente esteja em contínua formação a fim de estar apto para atender seus alunos que, em plena era tecnológica têm acesso às mais diversas informações com apenas um clique. Afigura do professor não é mais de autoritarismo e único “dono” do conhecimento, na sociedade atual, o professor é um mediador, facilitador, esclarecedor daquelas informações que circundam os alunos constantemente. Segundo Hodson (1994) apud Pereira (2014, p. 3):

A função do ensino experimental está relacionada com a consciência da necessidade de adoção, pelo professor, de uma postura diferenciada sobre como ensinar e aprender ciências. A postura do professor deve basear-se na intenção de auxiliar os alunos na exploração, desenvolvimento e modificação de suas ‘concepções ingênuas’ acerca de determinado fenômeno para concepções científicas, sem desprezá-las. Os alunos devem ser estimulados a explorar suas opiniões, incentivando-os a refletirem sobre o potencial que suas ideias têm para explicar fenômenos e apontamentos levantados na atividade experimental.

            A aprendizagem satisfatória acontece quando novas ideias são adicionadas a conceitos já existentes, ou seja, os experimentos devem funcionar como uma ponte, que liga aquilo que os alunos já sabem com o que estão aprendendo,GUIMARÃES (2009, p. 6).Dessa forma, entende-se que o experimento liga a teoria à prática, instigando o aluno a formular questionamentos e possivelmente pesquisar e tentar novas atividades experimentais, intuindo aprender cada vez mais sobre o que está estudando.

Para Driver (1999), as diferentes maneiras de pensar do indivíduo (aluno) devem ser valorizadas pelo professor, ou seja, não se deve construir uma única ideia sobre o que esta estudando, deixar as possibilidades abertas dinamiza as relações entre teoria e prática da interação dos sujeitos que fazem parte do ensino e aprendizagem. Assim, frente às colocações já apresentadas, compreende-se que o professor precisa delinear suas atividades ao aplicar uma aula experimental, no entanto não deve trazer esta totalmente acabada, como se fosse uma receita, que terá como resultado algo já determinado antes do experimento começar, mas, dispor de experimentações, através das quais os estudantes tenham a possibilidade de levantar hipóteses e questões sobre os conteúdos referentes a aula, isso significar, possibilitar ao aluno que ele mesmo encontre uma forma de aprender, e não ter conceitos prontos sobre aquilo que vai “experienciar”, ideia esta que corroborada por Carvalho et al. (1998, p. 35), “a resolução de um problema pela experimentação deve envolver também reflexões, relatos, discussões, ponderações e explicações características de uma investigação científica”.

Diante do exposto é importante conhecer quais as percepções que os professores têm sobre a aplicação das atividades experimentais nas aulas de ciências usando a metodologia de atividades experimentais e suas respectivas visões sobre as possíveis contribuições do método para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos do ensino fundamental, e de que maneira isto é implantado pelas limitações da rede pública para que aulas experimentais se tornem uma realidade.