A paixão de Cristo 

Por Jeane Kátia dos Santos Silva, autora do Livro teológico "O Filho de Deus analisado à luz das Sagradas Escrituras" (já disponibilizado na internet para download gratuito).

 

Pasmem: não foi o tipo de morte que Jesus experimentou na cruz, que tornou imensurável o sacrifício realizado por Ele naquela sexta-feira que entrou para a história como sendo a Sexta-feira da Paixão de Cristo!

É de se ressaltar, que não apenas Ele experimentou a crucificação como tipo de morte, mas também, outros junto com Ele e antes dEle e, provavelmente, depois dEle! Até por que, a crucificação era naquela ocasião uma penalidade vigente!

O fato é que o tipo de morte que Ele experimentou foi para que se cumprisse o que havia sido profeticamente predito a Seu respeito.

Mas, se você acha que à luz da Bíblia, a imensurabilidade do sacrifício dEle tem a ver com o tipo de morte (crucificação) que Ele experimentou, então, você nunca entendeu o que realmente aconteceu naquela sexta-feira há mais de dois mil anos atrás!

Perceba que o sacrifício feito ali foi imensuravelmente maior do que o tipo de morte por Ele ali experimentado, pois, foi o sacrifício de carregar sobre si os pecados de toda a humanidade! Sim! Isso mesmo! Inclusive, os meus pecados e os teus!

Ocorre que por volta de 700 a. C. foi predito pelo profeta Isaías: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca." (Vide na íntegra Isaías 53).

E, naquela sexta-feira, essa profecia finalmente se cumpriu!

"Entendes, porventura, o que lês?", perguntou Felipe ao eunuco, conforme registro bíblico no livro de Atos dos Apóstolos! Ocorre que aquele eunuco lia Isaías 53 e, tendo Felipe lhe explicado que o texto falava de Jesus, creu e foi ele por Felipe batizado.

É de se ressaltar ainda, que o próprio Jesus, acerca de si mesmo, predisse pouco antes de ter sido preso, conforme registro de suas palavras em Mateus: 20. 18 a 19: "Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; E AO TERCEIRO DIA, RESSUSCITARÁ." (grifo nosso).

Sim! A Lei e os profetas se cumprem em Jesus! Pois, em outras palavras, tudo no Antigo Testamento aponta para Ele e nEle se cumpre! "O cordeiro Deus proverá" afirmou pela fé Abraão a seu filho Isaque, quando por ele foi questionado! E proveu! E aquele cordeiro que naquele dia foi provido por Deus a Abraão, apontava profeticamente para Jesus, o Cordeiro Santo, Justo e Imaculado, que, haveria de vir, na plenitude dos tempos, para como homem experimentar na própria carne as dores das injustiças deste mundo, e em tudo ser tentado; contudo, não pecou. Quer injustiça maior do que um inocente ter sido condenado à morte? Essa foi a sentença que Ele recebeu! Crucifica-o, crucifica-o e até cuspiram na face dEle! Mas, Ele se sujeitou a isso, porque sabia que essa seria a única forma de tornar o Amor de Deus manifesto a toda a humanidade.

O fato é que Jesus não veio para abolir a Lei! E quando falo Lei, refiro-me à Lei de Moisés (Lei Mosaica). Veio para que nEle se cumprissem a Lei e os profetas! O próprio Jesus, conforme relato nos Evangelhos, apontou para si em diversas ocasiões o cumprimento do que fora predito na Lei e nos profetas.

É preciso compreender que a Graça de Deus revelada por meio de Cristo Jesus é a de que nEle e por meio dEle, todos os pecados da humanidade já foram pagos! Por essa razão, Jesus, na cruz, pouco antes de expirar, disse ao Pai que havia completado a Obra que lhe havia sido dado! E, parafraseando o que, sabiamente, disse um pregador certa vez, "ninguém vai para o inferno porque é pecador, e sim, porque rejeitou a Graça Divina de já ter sido justificado diante de Deus naquele dia por meio do sacrifício de Cristo na cruz.".

Nisso se resume as Boas Novas do Evangelho de Cristo! Pois, como nos disse Jesus, conforme registro de suas palavras em João 3:16 "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.".

E foi por isso que o autor do livro aos Hebreus, comparando o sacerdócio de Cristo com o sacerdócio dos sacerdotes do Antigo Testamento nos diz que Jesus é portador de uma melhor Aliança! Sugiro que, posteriormente, leia na Bíblia, nessa sequência, os livros de Romanos, Gálatas e Hebreus e, em seguida, os quatro Evangelhos se pretende entender os seguintes temas bíblicos: Antiga Aliança (Lei Mosaica) e Nova Aliança (Graça Divina manifestada por meio da justificação em Cristo Jesus).

E, como eu já disse noutras ocasiões, "a Graça é estendida a todos os homens, mas, é alcançada tão somente por meio da fé! Por essa razão, o apóstolo Paulo nos esclarece em I Coríntios 1: 18 e 21 "Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que creem.".

Eis aí a loucura da pregação pela qual importa que sejamos salvos: Jesus, embora sendo Deus, fez-se homem e na cruz se doou por amor a toda a humanidade, para salvação de todo aquele que nele crê.

E, como disse o historiador Will Durant: "Que uns poucos homens simples pudessem em uma geração, ter inventado uma personalidade tão poderosa e atraente, tão sublime e ética, e uma visão tão inspiradora de fraternidade humana, seria um milagre bem mais incrível do que qualquer outro registrado nos Evangelhos".

E no que tange à Graça Divina, não a entendam como um convite a permanecer no pecado! Acerca disso, observem o que o apóstolo Paulo disse em sua carta aos romanos: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida." (Romanos: 6. 1 a 4).

Permitam-me abrir um parêntese para explicar que é por esta razão, que, recém-nascidos não devem ser batizados, antes, tão somente devem ser apresentados a Deus a exemplo do que feito a Jesus por ocasião de seu nascimento virginal, visto que o batismo deve se dá quando a conscientização do que o batismo simboliza já seja possível ao indivíduo, a saber: morrer para o mundo, a fim de viver em novidade de vida em Cristo Jesus. Estando o morrer para o mundo representado simbolicamente no ato da imersão nas águas e a nova vida em Cristo Jesus representada simbolicamente no ato de emergir das águas. Tendo, o batismo, conforme eu já disse, um valor puramente simbólico, porém, devendo ser feito de forma consciente.

Na Graça, somos convidados a viver em novidade de vida, prosseguindo para o alvo que nos está proposto em Cristo Jesus, sempre avançando e nunca retrocedendo e com a consciência de que somente na dependência diária de Deus, conseguiremos nos manter no centro de Sua Santa Vontade em nossas vidas.

Finalizo o presente artigo deixando abaixo para a nossa reflexão, texto de autoria de Philip Yancey:

Na cruz Ele se fez maldito por nós
Por Philip Yancey

"Deus é injusto? A resposta depende de quão intimamente associamos Deus e a vida. Com certeza a vida na Terra é injusta... O escritor Henri Nouwen conta a história de uma família que ele conheceu no Paraguai. O pai, um médico, protestou veementemente contra o regime militar de lá e contra as violações dos direitos humanos. A polícia local se vingou dele prendendo seu filho adolescente e torturando-o até a morte. Enraivecido, o povo do vilarejo quis transformar o sepultamento do menino numa imensa marcha de protesto, mas o médico escolheu um outro meio de protesto. No sepultamento, o pai deixou à mostra o corpo do filho tal como o havia encontrado na prisão — nu, marcado com sinais de choques elétricos e queimaduras de cigarros e espancamentos. Todos os moradores, em fila, passaram junto ao corpo, que jazia não num caixão, mas no colchão da prisão, encharcado de sangue. Foi o mais forte protesto imaginável, pois pôs a injustiça numa vitrina grotesca.

Não foi isso o que Deus fez no Calvário? "É Deus quem deve sofrer, não você e eu", dizem aqueles ressentidos contra Deus por causa da injustiça da vida. O xingamento que- alguns ousam dizer expressa bem: Maldito Deus! E naquele dia Deus foi maldito. A cruz que sustinha o corpo de Jesus, nu e cheio de marcas, expôs toda a violência e injustiça deste mundo. Foi necessário aquele ato mais injusto da história — a execução de Jesus, o Cristo — para vencer o mal do mundo.

A cruz revelou que tipo de mundo nós temos e que tipo de Deus nós temos... Assim como a Sexta-Feira da Paixão pôs por terra a crença inata de que esta vida é justa, em seguida veio o Domingo de Páscoa com sua surpreendente pista para o enigma do universo. Em meio às trevas resplandeceu uma fulgurante luz. O desejo congênito de justiça não desaparece facilmente, e assim deve ser. Quem de nós às vezes não anseia que haja mais justiça aqui e agora neste mundo? Tenho de admitir que, no íntimo, anseio por um mundo à prova de tristeza e sofrimento,...

Necessitamos de algo mais do que milagres. Necessitamos de um novo céu e uma nova terra, e, até que tenhamos isso, a injustiça não desaparecerá". (Extraído do livro "Decepcionado com Deus" - autor: Philip Yancey).

Obs.: Em anexo a este artigo, encontra-se disponível para download gratuito o livro teológico de minha autoria "O Filho de Deus analisado à luz das Sagradas Escrituras". Caso se interessem, espero que apreciem a leitura. Trata-se de livro já registrado na Biblioteca Nacional, porém, ainda não foi feita a correção ortográfica.