Atualmente vivemos em uma sociedade, onde a maior parte dos seres humanos não pratica mais a virtude da paciência, impera em nosso meio a cultura do imediatismo, pragmatismo e do egoísmo, não temos mais tempo para esperar, aguardar, queremos tudo de forma imediata, não temos tempo a perder! Para nós católicos, isso é extremamente prejudicial a nossa cultura e vivência em sociedade, pois ser cristão é ser paciente, caridoso e bondoso. Precisamos nos curar dessa doença da pós-modernidade, que está nos levando a loucura, se continuarmos assim, em pouco tempo não teremos mais paciência com nenhum irmão, e quando isso acontecer, a nossa sociedade estará com os dias contados.

               No livro sagrado, Provérbios, cap.3, versículo 21/26, encontramos o seguinte conselho:

´´ O dom da prudência - meu filho, conserva a prudência e a reflexão sem jamais perdê-las de vista! Elas serão vida para ti e um adorno para teu pescoço. Então andarás seguro no teu caminho, sem tropeçar com teu pé. Quando te deitares, não terás pesadelos, e dormirás um sono tranquilo. Não temerás o terror imprevisto, nem a desgraça que cai sobre os ímpios, porque o senhor estará a teu lado e guardará teu pé da cilada.´´    

                  A prudência é outra virtude que precisamos ter para conseguir chegar à paciência, sem prudência não há paciência, Deus nos chama a conservar a prudência, e também nos convida a reflexão, esses dois atos devem ser praticados conjuntamente, para que possamos atingir as nossas metas e os desígnios de Deus, é essencial para sermos pessoas mais calmas, pacientes e solidária com os irmãos. Sabemos que não é fácil praticarmos essas virtudes nos dias atuais, sabemos que o mundo às vezes nos sufoca e nos aprisiona em nossas prisões pessoais, e isso nos impede de ver o outro, de senti-lo, de compreendê-lo, de sermos paciente, respeitoso e agradável, precisamos romper com os muros que nos impede de ver as coisas boas com tranquilidade e sabedoria, a impaciência é a grande responsável por não deixarmos ver a beleza e a singularidade das coisas. O mundo às vezes nos transforma em verdadeiros monstros, mas é preciso resistir a tudo isso, com sabedoria e muitas orações, e fé absoluta em nosso senhor Jesus Cristo.

               A falta de paciência nesse mundo confuso que vivemos, vem matando pessoas, segundo a escritora americana Mary Jane Ryan, em seu livro O poder da Paciência:   

  ´´ Recentemente, o estado da Califórnia colocou cartazes nas estradas com os dizeres - diminua a velocidade nos trechosem obras. Trata-sede uma campanha para fazer os motoristas diminuírem a velocidade de cem para oitenta quilômetros por hora nesses trechos, porque muitos operários estão morrendo atropelados. A propaganda informa que, no trecho em construção, a diferença de tempo entre oitenta e cem quilômetros é de apenas dez segundos. Pessoas estão morrendo porque não estamos dispostos a chegar a algum lugar dez segundos mais tarde!´´ (M.J.R, 2006,p.13)

                   Podemos perceber nesse relato, que a falta de paciência têm ceifado a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, inclusiveem nosso País, as tragédias ocorridas diariamente pela falta de paciência e prudência são inumeráveis. Isso é inaceitável, não podemos continuar a viver em uma sociedade que mata, fere e machuca, pelo simples fato de não termos paciência, sem paciência não conseguimos amadurecer, e não amadurecendo, seremos sempre crianças mimadas. ´´ Se tivermos paciência, enfrentaremos a vida da seguinte maneira: algo está acontecendo, e o resultado tanto pode ser ruim quanto bom. De qualquer forma, o importante é saber lidar com ele. ´´

                 Nossa maior inspiração para começarmos a praticar a virtude da paciência vem de um personagem bíblico muito conhecido, Jó, o servo do nosso senhor. Havia na terra de Hus um homem chamado Jó. Era um homem íntegro e reto, que temia a Deus e se afastava do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.     Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, era o mais rico de todos os homens do oriente. De repente, toda essa riqueza desaparece, e Jó passa a viver em profundo sofrimento e miséria.

                 Disseste Deus a Satã - Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem que teme a Deus. Satã respondeu ao senhor, é por acaso que Jó teme a Deus? Porventura não levantaste um muro de proteção ao redor dele, de sua casa e de todos os seus bens? Abençoaste a obra das suas mãos e seus rebanhos cobrem toda a região. Mas estende tua mão e toca nos seus bens, eu te garanto que te lançará maldiçõesem rosto. Entãoo senhor disse a Satã. Pois bem, tudo o que ele possui está em teu poder, mas não estendas tua mão contra ele. E satã saiu da presença do senhor.

                   Chegou o dia em que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, chegou um mensageiro á casa de Joe lhe disse: Estavam os bois lavrando e as mulas pastando ao lado deles, quando os sabeus caíram eles, passaram os servos ao fio da espada e levaram tudo embora.Só eu pude escapar para trazer-te a notícia.Este ainda falava, quando chegou outro e disse: Caiu do céu o fogo de Deus e queimou ovelhas e pastores e os devorou, só eu pude escapar para trazer-te a notícia.Este ainda falava, quando chegou outro e disse: Estavam teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo na casa do irmão mais velho, quando um furação se levantou das bandas do deserto e abalou os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens e os matou.Só eu pude escapar para trazer-te a notícia.

                  Então Jó se levantou, rasgou seu manto, rapou sua cabeça, caiu por terra, inclinou-se no chão e disse: Nu sai do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá - O senhor deu, o senhor tirou, bendito seja o nome de Deus.Apesar de tudo isso, Jó não cometeu e nem imputou nada de indigno contra Deus.Quem de nós suportaríamos viver a vida que Jó viveu durante certo tempo, quem suportaria tanto sofrimento e miséria, sem blasfemar contra Deus? Creio que a imensa maioria de nós não suportaria nem dez minutos da vida que teve Jó, na maioria das vezes blasfemamos contra Deus, simplesmente porque nossas vaidades e egoísmo não são atendidos.

                 A história de Jó, independentemente de religião, de credo, nos convida a refletir e meditar sobre a nossa falta de paciência que em geral nos leva a cometer sérios atos de indignidade contra Deus e também contra nossos irmãos. Vamos ser homens e mulheres mais confiantes em nosso senhor Jesus Cristo, vamos acreditar piamente em seu poder restaurador, acreditemos, tenhamos fé. Quando fizermos isso e praticarmos a paciência de cada dia, seremos pessoas melhores e construiremos uma sociedade mais amável, harmônica, solidária e fraterna.