A justiça Federal determinou que as tropas do exército que ocupavam o morro da Providência, no Rio, saiam de lá, imediatamente. Além disso, a Juíza que determinou essa retirada também definiu que essas tropas sejam substituídas pela Força Nacional de Segurança.

No Palácio do Planalto, o pensamento é que o exército acate a decisão judicial, tendo uma saída "honrosa" do episódio.

Engraçado como o Palácio do Planalto tem preocupação com coisas honrosas, principalmente quando o assunto são "saídas".

O exército, por pura incompetência do governo, está dando um mínimo de segurança para uma região e está sendo rechaçado por isso, pedindo que saia de forma "honrosa" por aqueles que são os grandes responsáveis por essa desonra que chegou a situação do país.

O que o exército alega estar fazendo lá, é dando andamento às suas obras sociais, como faz em outros pontos do país, limpando a bandidagem da região e protegendo seu próprio quartel que fica nas imediações e que tem sido alvo de balas perdidas dos traficantes.

A substituição de suas tropas no local cria uma "aberração", uma vez que a Força Nacional de Segurança é formada por policiais militares, justamente os que não tem tido muito sucesso na repressão dessa criminalidade.

Para entender melhor: o Estado não consegue dar segurança para a população, nem assistência social e manda o exército cumprir esses dois papéis, quando entra a justiça e ordena que eles se retirem de lá e sejam substituídos pela policia militar que é o representante do Estado, na segurança e tem sido ineficiente nessa empreitada.

Aqui no Brasil a hipocrisia faz escola. Existem poderes independentes, mas tudo o que se acredita e segue (pelo menos se devia) que são as leis, são feitas e modificadas por um só poder e pelos políticos, classe essa, que não pode estar em fase mais desacreditada e com tantos vícios difíceis de largar.

Segundo especialistas de plantão, a grande decisão sobre o episódio será política. A mesma política que criou o problema, não conseguiu administrá-lo, interveio errado, envolveu terceiros e multiplicou seus erros, virá agora para resolver essa questão como a última esperança da terra. Como o salvador absoluto.

E teremos que ouvir aquela mesma ladainha de que só o caminho político pode resolver as coisas de forma racional no mundo, de que tudo é uma questão política.

Lógico que é. A origem dos problemas, pelo menos.

Agora eu entendo porque muitos escritores bons, não abordam mais assuntos como esse e estão se especializando em resenhas de filmes de cinema.

Sérgio Lisboa.