O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. Este fenômeno tem ocorrido de forma acentuada nos últimos anos, especialmente nos países em desenvolvimento. Além disso, é possível observar um aumento no número de idosos acometidos por doenças crônicas e excesso de peso corporal. Esta situação requer maior atenção dos serviços de saúde, visto que os gerontes possuem necessidades nutricionais diferenciadas. Resultados de estudos prévios sugerem que ações de educação nutricional direcionadas para o público da terceira idade podem contribuir para uma alimentação mais equilibrada e, posteriormente, refletir em um envelhecimento saudável. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar atividades de orientação nutricional para idosos de ambos os sexos, alunos de uma escola pública municipal de Recife – Pernambuco. As atividades extensionistas foram realizadas semanalmente, com 50 idosos que estavam matriculados na 2ª fase da Educação de Jovens e Adultos. Para a elaboração do plano de educação nutricional, foi inicialmente realizado um encontro com o grupo de idosos. No primeiro momento, os idosos participaram de uma dinâmica de descontração e identificação de modos de vida e alimentação. Nos encontros seguintes, outras ações educativas foram desenvolvidas, tais como palestras, rodas de conversa, atividades físicas, discussão de vídeos temáticos, demonstração de temperos naturais. Para a elaboração dos conteúdos programáticos abordados nas ações educativas, foram feitas pesquisas bibliográficas buscando informações e conceitos sobre assuntos relevantes da área de nutrição no envelhecimento. As palestras foram projetadas em data show e continham imagens ilustrativas para visualização de como seguir os passos recomendados para alimentação saudável. Ademais, foram preparadas e entregues para, cada participante, amostras de temperos naturais que poderiam ser utilizados em substituição ao sal nas preparações culinárias, além de uma caderneta com sugestões de receitas de fácil preparação. Todas as ações extensionistas foram seguidas de discussões e trocas de experiências, sendo buscou-se orientar e motivar continuamente os participantes quanto ao autocuidado e a prática de escolhas alimentares saudáveis. No decorrer das atividades, verificou-se participação ativa dos idosos e percebeu-se que o plano de educação nutricional resultou em melhor conhecimento acerca da importância das escolhas alimentares e da manutenção do peso corporal no período de senescência.

Palavras – chave: Orientação nutricional. Idosos. Alimentação saudável

1 – INTRODUÇÃO

1.1 – Linha de Pesquisa 1.1.2 Educaçãoe Saúde Estuda a promoção da saúde como um dos elementos que compõe a prática da integralidade, operando com as dimensões objetivas e subjetivas de produção de cuidado. Também é necessário a inclusão da promoção de mudanças de estilos de vida saudável, com foca na atividade física e uma alimentação saudável. Considerando as diferenças de modos de vida, de inserção social, de cultura, hábitos, como requisito para a autonomia e o cuidado de si. Estudos de integralidade em saúde com foco no desenvolvimento de novas tecnologias, práticas e políticas na promoção de saúde. 1.1.3 – Tema Orientação Nutricional na Terceira Idade “O envelhecimento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo gradativo para uns e mais rápido para outros.” (CAETANO, 124, p. 20-28 2006). Atualmente o envelhecimento da terceira idade, é composto por mudanças internas como: metabolismo, mudanças ósseas, até mesmo na dentição e também externas como: falta de elasticidade na pele. Sendo caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais (BRITO E LITVOC, 2004). Segundo Brasil (2009), “A terceira idade inicia-se aos 65 anos ainda que alguns se sintam jovens nessa idade, outros começam a sentir certos desgastes antes. De fato, a terceira idade não é, ou não deveria ser sinônimo de inutilidade. Trata-se apenas de uma fase da vida. ” Já para Weineck (1991), relata que a idade cronológica determina as pessoas de acordo com sua data de nascimento, enquanto a idade biológica de cada individua é constatada pelo organismo, com base nas condições tecidulares deste, quando comparados a valores normativos. A idade psicológica é expressa por aspectos como desempenho, maturação mental e soma de experiências (WEINECK, 1991). 13 Já para Shephard (2003), classificação dos idosos se aplica em três categorias, que são: Meia-idade; Velhice; Velhice avançada; Velhice muito avançada. A etapa degenerativa do organismo ocorre gradativamente a partir dos 20-22 anos e se acentua a partir dos 60-65 anos. O processo de envelhecimento acontece no dia a dia e será cada vez mais intenso quanto maiores forem às interferências negativas em nosso organismo. Sendo assim, podemos retardar ao máximo o processo de envelhecimento adicionando mais vida aos anos e não somente mais anos a nossa vida. Fatores que interferem na saúde, segundo Shephard (2003): 1. Hábitos de vida – 51% 2. Hereditariedade – 20% 3. Condições ambientais – 19% 4. Doenças – 10% “Sabemos que os hábitos de vida de uma pessoa são os fatores que podem interferir muito na vida de um indivíduo, podendo acarretar problemas de saúde, dentre eles: estresse, fumo, bebidas alcoólicas, vida sedentária, drogas, sono, alimentação inadequada” (LESSMANN 2009). Segundo alguns autores da área dizem que é de extrema importância destinar uma parte do seu tempo para realizar atividades física, que devem ser de acordo com o ritmo de cada pessoa, contudo, é importante sentir gradualmente os seus benefícios que em sua maioria são: dormir melhor, menos estresse, menos prisão de ventre, postura melhor, controle do peso, da pressão alta, do diabetes e para garantir mais energia e disposição. Segundo CAZIAN (2010), um envelhecimento saudável e bem-sucedido é marcado por uma redução no risco de doenças e pela prevenção ou reversão da perda funcional, garantindo a manutenção de uma vida independente e autônoma. Outros fatores como as condições ambientais, que são o calor forte, frio intenso ou temperaturas oscilantes podem influenciar no aparecimento de doenças, diminuindo a resistência das pessoas (CAZIAN, 2010). Ainda segundo o autor Cazian (2010), diz em seu texto que os antecedentes hereditários, ou seja, aqueles que herdamos de nossos pais e avós são um sinal de alerta para o nosso futuro. Um controle clínico mais eficiente dos pacientes portadores de doenças crônicas aumenta significativamente a sobrevida dos mesmos. (SHEPHARD,1997). 14 Outros fatores também contribuíram para o aumento da expectativa de vida, como: a conscientização da população quanto à importância da higiene pessoal, a prevenção das doenças infectocontagiosas e a adoção de uma dieta mais saudável. Pode-se considerar o aumento da expectativa de vida uma grande conquista da sociedade moderna (SHEPHARD,1997). Com a chegada da terceira idade o aumento do tempo livre decorre de um modo geral com a isenção de inúmeras obrigações que o idoso tinha, como por exemplo, cuidar dos filhos e trabalhar. O lazer é o conjunto de ocupações as quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recuperar-se, entreterse, ou ainda para sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou livre capacidade criadora após se livrar ou desembaraçar das obrigações profissionais, familiares e sociais, reunindo as três funções do lazer: descanso; divertimento; recreação e entretenimento; desenvolvimento pessoal. (FERRARI, 1997). De acordo com (MOTIGUTI 2007), também se deve levar em consideração que a alimentação na terceira idade deve ser adequada às necessidades orgânicas ou funcionais de cada indivíduo. Segundo o autor Fechine (2001), as alterações fisiológicas do envelhecimento, também incluem alterações endócrinas, gastrointestinais, renais e musculares e podem afetar as necessidades de nutrientes. Ocorre uma diminuição das atividades das células, o que acarreta modificações das necessidades nutricionais. Por isso uma dieta incorreta pode ocasionar riscos à saúde (FECHINE, 2001). Segundo alguns pesquisadores da área foi observado que a composição adequada da dieta de um idoso sadio é de: Gorduras: Nessa fase da vida tendem a apresentar elevação da pressão arterial, elevação do colesterol total e LDL (colesterol ruim) e diminuição do HDL (colesterol bom). Pode-se notar também uma deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). As recomendações de gorduras da dieta devem ser de 25-35% do valor calórico total da dieta. Gorduras trans (fast-food, biscoitos recheados, sorvetes cremosos e comida industrializada congelada ou não) devem ser evitadas, como também gorduras saturadas e o colesterol. A distribuição das gorduras deve ser: Gorduras monoinsaturadas maiores que 15 – 20%; Gordura poli-insaturada maior que 10%; Gorduras saturadas menores que 7- 10%; Colesterol menor que 200mg. (STEEMBURGO, 2007) 15 Segundo Steemburgo (2007), diz que: Proteínas: A absorção de proteína está mais lenta, por isso, deve-se ofertar mais qualidade proteica do que quantidades. Não são recomendadas dietas restritivas e vegetarianas extremas. Os aminoácidos essenciais têm suas necessidades aumentadas em até duas vezes, para manter o balanço nitrogenado positivo (Ex. metionina e lisina), carnes vermelhas gordas (cupim, costela, contrafilé), pernil de porco, vísceras escuras (de frango e de peru), embutidos (salsicha, calabresa), leite e seus derivados integrais, devem ser evitados. As recomendações de consumo são iguais ao de jovem adulto 0.8 g/Kg/dia. (DRI 2002) ou 10-35% do valor energético total da dieta (DRI, 2002). Carboidratos: A maior parte da oferta calórica diária deverá vir dos carboidratos (50-60%). Pode haver alterações da curva glicêmica similar ao diabético, onde, é importante ofertar carboidratos integrais ricos em fibras e alimentos com baixo e moderado índice glicêmico. Deve-se restringir a sacarose e farinhas altamente refinadas, que está associada a causas de constipação intestinal, câncer de cólon e Diabetes Mellitus. Segundo (JENKINS 2000), dar preferência aos carboidratos complexos como arroz, pães e massas integrais, aveia, bolachas integrais, frutas e vegetais variados. Fibras (Ehealth Latin America, 2000). Sem esquecer o consumo de fibras que pra essa faixa etária é extremamente importante segundo a DRI (Dietary Reference Intakes), a ingestão adequada de fibras alimentares para homens a partir de 51 anos é de 30 g/dia e para mulheres da mesma faixa etária é de 21 g diárias. Os distúrbios pela falta ou excesso de fibras exercem impacto negativo na qualidade de vida dos idosos. [...]