Leandro Henrique de Souza*

 

“O tempo presente e o tempo passado

Estão ambos, talvez, presentes no tempo futuro

E o futuro contido no tempo passado.

Se a plenitude do tempo é eternamente presente,

O tempo, como um todo, é irredimível."

T.S. Eliot

O Charging Bull é uma das atrações turísticas mais procuradas em Nova Iorque. Conhecido como Touro de Wall Street, a escultura representa o otimismo e a prosperidade de um dos maiores centros financeiros dos Estados Unidos. Diz a lenda que passar a mão nos chifres traz sorte, mas a superstição parece estar, aos poucos, falhando. Em abril de 2015, Jamie Dimon, o chefão do gigante financeiro JPMorgan Chase, escreveu, em sua tradicional carta aos acionistas, na seção “things to think and worry about” (coisas para pensar e se preocupar), que “o Vale do Silício está chegando!”. O anúncio, feito em tom de alarme, significa que o poder está mudando rapidamente de mãos. O receio do que essas mudanças podem acarretar é enorme até em grandes organizações.

Por isso, quando se trata de economia, algumas perguntas sobre o futuro são difíceis de responder: afinal, é preferível empreender ou aumentar a empregabilidade? Quais serão as competências necessárias nos próximos anos? Como será o mercado de trabalho? É difícil encontrar uma resposta certa quando o futuro é incerto. Já dizia o futurólogo Peter Ellyard, em seu livro “Destination 2030”: “nós não podemos criar um futuro que inicialmente não imaginamos”. O comentário alarmista de Dimon sobre a ascensão do Vale do Silício me lembra um incrível livro chamado “O fim do poder”. Nele, o escritor e colunista venezuelano Moisés Naím diz que vivemos três revoluções. A primeira é a “Revolução do Mais”. Nunca houve tantas pessoas vivendo em cidades, tantos jovens, tantos anos de expectativa de vida. A sociedade vive em constante fartura de opções, pessoas e possibilidades.

A cada dia, mais pessoas cruzam fronteiras – reais e digitais – e, com isso, absolutamente tudo se move. Não apenas pessoas, mas também dinheiro, costumes, conhecimentos - e até mesmo crenças. É o que Naím chama de “Revolução da Mobilidade”. E a soma das duas primeiras revoluções conduz à “Revolução da Mentalidade”. Nela, as antigas estruturas de poder já não dão mais as cartas. Ou seja: todos os aspectos da experiência humana foram impactados pelas inovações das últimas duas décadas. Parece utopia falarmos disso tudo ao mesmo tempo em que acompanhamos o nosso triste noticiário. A crise política e econômica que vivemos é aguda; uma verdadeira névoa que esconde tudo à frente. O que faz as pessoas se sentirem perdidas não são os problemas atuais, mas sim a falta de esperança no futuro. Mas eu acredito que, se tivermos uma boa percepção das oportunidades e riscos que enfrentamos em nossas vidas e carreiras, poderemos criar um futuro brilhante.

A crise acabará. E, no mundo líquido onde vivemos, olhar para frente e nos preparar para um cenário de grandes rupturas e mudanças fará a diferença. É tempo de imprevisibilidade, mas nunca foi tão importante pensar sobre o futuro e se preparar para ele. Você já pensou sobre sua carreira hoje?

*Leandro Henrique de Souza é empreendedor e educador. É coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo.