Leonice Silva FERREIRA

Desde antiguidade a África é vista como um país inferior aos demais, onde o que se sobrepõe é a miséria. A imagem da África é de selvageria, de um lugar habitado por seres inferiores. Por isso na intenção de mudar tal visão e resgatar os valores negros surgiram alguns movimentos, dentre eles o pan-africanismo.

O pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. É um movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. É um movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. É um movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. É um movimento político, filosófico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto na África como em diáspora. Esse movimento tem influenciado a África a ponto de alterar radicalmente a sua paisagem política e ser decisiva para a independência dos países africanos.

A teoria pan-africanista surge em Paris, e tem por objetivo trabalhar a consciência do negro frente ao branco. Surgi para questionar a noção de raça e criar resistência contra o seu colonizador. O movimento veio quebrar, romper com a noção de superioridade, reabilitando o ser negro, o seu valor.

Nessa perspectiva alguns autores africanos fizeram uso das palavras para expressarem suas revoltas e suas inquietações a respeito da exploração do seu povo que a muito tempo vem sofrendo grandes injustiças. Um exemplo é o poeta José Craveirinha.

Para começar acreditamos ser a negritude o traço dominante da poesia de Craveirinha. Na análise dos diversos elementos que compõem a poesia do poeta iremos observar tais elementos e assim poderemos concretizar a noção de negritude nos seus versos. Craveirinha é um poeta negro que em suas poesias busca um encontro com valores matriarcais e culturais presentes nas sociedades africanas. Na verdade, ao falar de si, ao reivindicar o seu eu e o seu modo de despertar para o mundo, Craveirinha invoca obsessivamente sua Terra evidenciada pela imagem da mulher negra. O autor busca suas raízes, trata, pois, de procurar uma identidade, uma nacionalidade, a fim de, poder realizar-se e exprimir simultaneamente uma cultura e uma personalidade artística e humana.

            O poeta canta a sua cor com uma exaltação que atinge por vezes inflexões narcisistas ao contemplar-se na beleza ímpar do corpo negro, de um universo que pode chamar de seu, como acontece no poema “Manifesto”. Tal como no todo da sua poesia, em “Manifesto” Craveirinha ergue rapidamente a voz do individual ao geral, numa progressão de amplitude, procura atingir os espaços mais vastos em que não é só dele, poeta Craveirinha, que fala, mas da África inteira. Nas poesias de autor notamos que apesar de usar a língua portuguesa ele também se utiliza de palavras moçambicanas, o que podemos dizer ser um elemento da negritude.

            A questão da negritude também é demonstrada através da paisagem humana e da paisagem física.  Craveirinha vota uma paixão ardente aos motivos paisagísticos da sua terra que poetisa em termos de encantamento. “Ah!/ “0 fogo, a lua, o suor amadurecendo os milhos/ “A irmã água dos rios...”

Além da paisagem física, africana é também a paisagem humana dos versos de Craveirinha. Com efeito, são homens, mulheres, crianças, jovens e velhos negros que, quase exclusivamente, a povoam, o que em boa parte é a resultante da escolha que o poeta fez. É para a sua gente negra que o poeta se volta, para esse povo que sofre, ama, canta.

            No poema “Manifesto”, o autor refere-se “ao som da orgia dos insetos urbanos apodrecendo a manhã nova: com a cega-rega inútil das cigarras obesas”. O poeta lança e mão de processos onomatopéicos extraordinariamente expressivos e possuem um ritmo obtido através de repetitivos que ele muito usa e até abusa.

            O narcisismo também é presente, uma vez que o sujeito de enunciação no poema Manifesto canta os seus “(...) belos e curtos cabelos crespos, os meus olhos negros, olhos enormes, as suas maravilhosas mãos escuras raízes do cosmos, a sua boca de lábios túmidos, cheios da bela virilidade ímpia de negro, a sua face altiva, os seus dentes brancos de marfim, o seu corpo flexível, o cálido encantamento selvagem da sua pele tropical, e nessa exaltante geografia do corpo físico a incomensurável metáfora esta a reabilitação épica africana.

Neste mesmo poema a repetição do pronome pessoal eu e dos pronomes possessivos meu, minha, são bastante para que a pessoalidade do discurso ganhe uma avassaladora força tutelar. O próprio título do poema possui a força de uma proclamação que, no disfarce do ajuste estético, do discurso literário, visa o enobrecimento de uma condição ideológica: a do nacionalismo e o africanismo. O poema constitui-se, desse modo, em manifesto de Negritude, da africanidade.

Outro poema do autor, Grito negro, expressa o grito do negro libertando-se da dominação através da combustão que tudo queima. Aqui o colonizado tem consciência de que constitui a mão-de-obra barata, produtora das mais valias do patrão e que a sua força de trabalho, por enquanto subjugada à riqueza do patrão, se há-de voltar contra este: mas eternamente não / Patrão! (...) Sim! / Eu serei o teu carvão / Patrão!. Nestes últimos versos do poema, o sujeito poético conta-nos que o colonizado tem consciência de que a sua força de trabalho, quando organizada no sentido oposto ao da exploração colonialista, poderá transformar-se numa poderosa força anti-colonial e terminar com o reinado dos patrões coloniais. O carvão representa os colonizados negros, assimilados, alienados das culturas tradicionais, buscando uma identidade, desejosos pela libertação.

Assim podemos constatar que a questão da negritude esta arraigada na poesia de José Craveirinha, em suas obras a Negritude caracteriza-se pela negação, pela recusa do outro, pela africanização do ser, pretendendo, sobretudo revelar e assumir o direito de valorizar o negro afro-americano e a sua cultura.

REFERÊNCIAS

HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. O Pan-Africanismo in A África na sala de aula: visita à contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

MUNANGA, Kabengele. O universo cultural africano. Publicado na Revista Fundação João Pinheiro, 14(7-10):66-74, Belo Horizonte, jul. a out., 1984.