A Negação das Negações.

Eu não sou o que sou.

Não sou não sou.

Mas sou exatamente.

O que não sou.

Porque essencialmente.

Não sou.

Pois o mundo não é.

Não é, e, não poderá ser.

Mas o mundo é o que não é.

O que não deveria ser.

Exatamente o que é.

Tudo isso é um jogo.

De contradições dialéticas.

Mas não é dialético.

O mundo é sua negação.

Mas não existe a negação.

 Então ele deixará de ser.

Exatamente o que não é.

Jamais poderá ser.

O que de fato deveria ser.

 O mundo é o seu não ser.

E que sou é esse não ser.

Do mundo.

Sendo naturalmente.

O que sou.

Mas o que sou é o que deixo.

Exatamente de ser.

 Mimeticamente.

 Com a ausência do saber.

O paradoxo da negação.

 Mas não sou.

Afirmo peremptoriamente.

Com efeito, o não ser.

É uma exuberância.

O que obviamente.

Não sou.

Inexoravelmente para o ser.

A derrelição do ser.

O dasein de Heidegger.

Eu não sou.

Afirmo categoricamente.

Porque tudo que já fui.

Indescritivelmente neguei.

 Sou a negação da negação.

Do que de fato não serei.

Die  Schönheit do mundo.

Esse mundo é assim mesmo.

A negação de tantos outros.

Que foram.

 Não  sobraram sequer resquício.

Dos outros mundos perfunctórios.

Sendo dessa forma.

Sou apenas o vazio de mim mesmo.

Nada mais além das inexistências.

O mundo é a ficção delas.

Pois sou tantas ficções.

São sombras.

Que representam nossas negações.

Eu não sou não poderia ser.

Sou tão somente as imaginações.

De um ser perdidamente.

Sem trilhos.

Sem saber ser o meu não ser.

Deontologicamente.

O meu não ser recusa.

A consciência como detentora.

Das intenções.

Disse Dennet.

Tanto a consciência.

Como as intenções.

São apenas dispositivos.

De complexas operações.

Mentais.

Dos não significados.  

Mas o que é consciência.

Apenas as relações complexas.

Ideologizadas.

Motivo pelo qual não sou.

O que naturalmente sou.

Sou a negação dos seres.

Que já foram incorporados.

Na estrutura da minha mente.

Mas como serei sempre.

A negação de todos eles.

Sou o que nunca serei.

Eternamente sendo a negação.

Edjar Dias de Vasconcelos.