RESUMO

O presente trabalho tematizou acerca da necessidade de qualificação da mão de obra para a técnica construtiva de paredes de concreto. Abordou-se, como problema, se a mão de obra tem se qualificado de forma adequada para evitar perdas na construção civil, de acordo com as constantes evoluções tecnológicas nesse setor, tendo em vista que a mão de obra qualificada ocasiona maior qualidade na obra. Desse modo, objetivou-se analisar se a mão de obra tem se qualificado de forma adequada para evitar perdas na construção civil conforme as constantes evoluções tecnológicas que abrangem o setor. Especificamente buscou-se verificar as vantagens e desvantagens das novas técnicas utilizadas na construção civil com o objetivo de reduzir custos, analisando para tanto, sobre as edificações de paredes de concreto; averiguar se existe uma forma diferenciada de qualificar a mão de obra para a execução das edificações de paredes de concreto e; demonstrar a importância dos treinamentos dados aos montadores com o fim de apontar os cuidados que se deve ter com as fôrmas nas operações de montagem e desmontagem das paredes de concreto. O tema ora estudado é de grande relevância acadêmica, social e científica, visto que, além de trazer conhecimento aos estudantes de engenharia civil, a mão de obra qualificada consegue atender às novas demandas de edificações que trazem inovações tecnológicas trazendo grande custo-benefício para a obra e, assim, evitando perdas, tanto na execução, quanto no final da obra. Além disso, a utilização da mão de obra qualificada nas construções civis pode-se além de evitar acidentes de trabalho, promover o desenvolvimento social, pois os trabalhadores qualificados terão maior espaço no mercado de trabalho. O método utilizado no presente trabalho foi o dedutivo, tendo em vista que parte de uma hipótese de que há carência de mão de obra qualificada, capaz de construir utilizando as novas técnicas construtivas de paredes de concreto. Para verificar tal hipótese foram utilizados artigos teses em sites, além de livros sobre o tema proposto.

 

 

Palavras- chave: Mão de obra. Qualificação. Paredes de Concreto. Métodos Construtivos.

 

1. INTRODUÇÃO

 

 

A evolução tecnológica faz parte da vida humana, e na engenharia civil não é diferente, tendo em vista que, segundo Porto e Fernandes (2015, p.13) “o homem, com o passar do tempo, começou a abandonar suas moradias em árvores e cavernas e a buscar materiais como madeira e pedra para construção de novas moradias”.

Na antiguidade, o homem se abrigava em árvores e cavernas para se protegerem de outros animais e de eventos naturais, como a chuva e o frio. Buscando uma maior proteção, o homem foi adequando seu abrigo, e, desde os tempos mais remotos, o tijolo e as pedras tiveram destaque nas construções, o qual foi aperfeiçoando suas técnicas cada vez mais, como é o exemplo da civilização romana que, conforme Fusco (2012, p.14) “a civilização romana desenvolveu o tijolo cerâmico e com isso escapou das formas retas, criando arcos de alvenaria”, demonstrando aí uma evolução tecnológica.

Da construção convencional com tijolos, para a construção com concreto armado, também teve um grande avanço, porém, a construção convencional se destacou na construção civil por muitos anos e, somente com a Revolução Industrial, através de novas técnicas, é que surgiu o concreto armado.

Segundo Fusco (2012, p.14) “as técnicas têm por finalidade encontrar soluções práticas para as necessidades da vida, ou seja, elas procuram estabelecer os procedimentos de elaboração correta das coisas”. Dessa forma, o homem deve adotar práticas para atender as necessidades humanas, conforme a sua evolução.

Assim, com o passar do tempo, o homem viu a necessidade de construir edificações mais resistentes e capazes de oferecer maior segurança às pessoas. Para atender essa demanda, se fez necessária a utilização de mão de obra especializada, conhecedora das novas técnicas que chegavam ao mercado da construção civil.

Dessa forma, se fez necessário que a mão de obra acompanhe a evolução, de forma a se qualificar e adquirir o conhecimento quanto às novas técnicas que surgem ao longo do tempo, dominando equipamentos, técnicas construtivas e materiais, de forma a se evitar perdas na construção.

Souza (2005, p.23) define perdas como “toda quantidade de material consumida além da quantidade teoricamente necessária, que é aquela indicada no projeto e seus memoriais, ou demais prescrições do executor, para o produto sendo executado”. Segundo o autor, todo material gasto além do necessário caracteriza a perda na construção civil.

Desse modo, a mão de obra qualificada pode contribuir para evitar perdas, através do gerenciamento dos materiais e das atividades desenvolvidas, de forma a observar o projeto e seus memoriais, bem como todas as prescrições que o executor propõe.

As perdas na construção civil podem ocorrer tanto através de recursos físicos, quanto através de recursos financeiros, onde, Souza (2005, p.30) explica que os recursos físicos são aqueles mais debatidos na construção civil, como a mão de obra, materiais e equipamentos. Já os recursos financeiros podem, segundo o autor, causar perdas por motivos financeiros ou mesmo por causa dos motivos físicos.

O fato é que, no caso dos recursos físicos, com a qualificação da mão de obra, os trabalhadores estarão aptos a manusear os equipamentos e materiais, de forma a evitar desperdícios nos canteiros de obra, pois vão saber dosar a quantidade certa de material a ser utilizado, além de manusear os equipamentos de forma adequada, bem como, a forma de distribuí-los dentro do canteiro de obras.

As empresas devem investir na gestão do canteiro de obras, qualificando os trabalhadores, de forma que estes irão conhecer e observar as normas, conseguindo assim, organizar o canteiro de obras de forma planejada de acordo com a construção e disponibilizando os materiais e equipamentos de forma acessível, evitando deslocamentos desnecessários dos trabalhadores, controlando a quantidade e qualidade do material a ser utilizado, para assim, reduzir desperdícios. Para tanto, o trabalhador deve seguir as normas técnicas e, também, as normas de segurança do trabalho, utilizando os devidos equipamentos de proteção individual (EPIs), de forma a evitar, não só o desperdício, mas também os acidentes de trabalho.

Além disso, no planejamento do canteiro de obras devem ser observadas as normas de condições e meio ambiente de trabalho, previstas na Norma Regulamentadora (NR) 18, bem como, os espaços de vivência nos canteiros de obras, de acordo com a Norma Técnica (NBR) 1367.

Conforme Thomé (2017), em seu artigo “10 dicas para melhorar a eficiência no canteiro de obras” define como canteiro de obras “o local onde são armazenados os materiais que serão utilizados (como cimento, ferro, madeira, ferramentas), sendo também o espaço no qual são realizados os serviços necessários para a construção”.

Deste modo, para que se tenha uma boa gestão no canteiro de obras, os materiais e equipamentos de trabalho devem ser distribuídos de forma organizada para evitar que o trabalhador demore no transporte do material até a obra, e utilizando o espaço de maneira adequada para receber com eficiência a entrada e saída de caminhões para entrega de materiais, além do trânsito dos trabalhadores no canteiro de obras, otimizando, assim, a rotina dos trabalhadores.

Analisando o tema em questão observou-se como problema se a mão de obra tem se qualificado de forma adequada para evitar perdas na construção conforme às constantes evoluções tecnológicas nesse ramo, haja vista que a mão de obra qualificada gera um resultado com maior qualidade na execução e conclusão das obras, devido à qualidade do serviço prestado.

Segundo Marcondes (2016.p.02) em sua obra Programas de Qualificação de Obras, afirma que “com a evolução tecnológica na construção civil, as construtoras necessitam de mão de obra qualificada, tanto na fase de elaboração, quanto na fase de execução do projeto”.

 Diante o exposto, levanta-se a hipótese de que há carência de mão de obra qualificada, capaz de evitar perdas na construção civil, devido à evolução das técnicas utilizadas no setor, abrangendo as paredes de concreto.

Nesse sentido, a autora Marize Santos Teixeira Carvalho Silva, em sua obra “Planejamento e Controle de Obras” (2011, p.62-67) explica que a mão de obra mal qualificada ocasiona tanto perdas quanto baixa produtividade na obra.

O tema ora estudado é de grande relevância acadêmica, social e científica, visto que, além de trazer conhecimento aos estudantes de engenharia civil, a mão de obra qualificada consegue atender às novas demandas de edificações que trazem inovações tecnológicas, como as paredes de concreto, trazendo grande custo-benefício para a obra e, assim, evitando perdas, tanto na execução, quanto no final da obra.

Além disso, a utilização da mão de obra qualificada nas construções civis, pode-se além de evitar acidentes de trabalho, promover o desenvolvimento social, pois os trabalhadores qualificados terão maior espaço no mercado de trabalho.

Outrossim, a relevância científica do presente trabalho é clara, haja vista que o sistema de execução de edificações que apresentam novas tecnologias possibilita que a sua competitividade seja potencializada através da produtividade da mão-de-obra.

O objetivo geral deste trabalho é analisar se a mão de obra tem se qualificado de forma adequada para evitar perdas na construção civil conforme as constantes evoluções tecnológicas que abrangem o setor, como as edificações de paredes de concreto.

Abordando-se para tanto, como objetivos específicos: verificar as vantagens e desvantagens das novas técnicas utilizadas na construção civil com o objetivo de reduzir custos, analisando para tanto, sobre as edificações de paredes de concreto; averiguar se existe uma forma diferenciada de qualificar a mão de obra para a execução das edificações de paredes de concreto e; demonstrar a importância dos treinamentos dados aos montadores com o fim de apontar os cuidados que se deve ter com as fôrmas nas operações de montagem e desmontagem das paredes de concreto.

Para falar sobre o tema proposto, qual seja “a necessidade de qualificação da mão de obra para a técnica construtiva de paredes de concreto”, o primeiro capítulo apresenta um breve resumo acerca da evolução histórica da construção civil no Brasil. Já no segundo momento, aborda acerca da qualificação da mão de obra e a evolução tecnológica na construção civil, além de       explanar sobre a execução de paredes de concreto e a necessidade da mão de obra qualificada para essa técnica construtiva. Logo após aborda sobre o concreto armado – suas vantagens e desvantagens, os tipos de agressão ao concreto. No terceiro momento expõe acerca da principal finalidade do método construtivo de parede de concreto e, em seguida, da qualificação da mão de obra para a execução das edificações de paredes de concreto, abordando ainda, acerca da redução de desperdícios na obra.

Por fim, expõe sobre a importância dos treinamentos dados aos montadores com o fim de apontar os cuidados que se deve ter com as fôrmas nas operações de montagem e desmontagem das paredes de concreto e, apresenta um comparativo entre as novas técnicas construtivas de casas com paredes de concreto e a construção de casa com paredes de blocos cerâmicos.

 

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

2.1 Evolução Histórica da Construção Civil – Breve Resumo

 

A construção civil está presente na vida das pessoas desde a antiguidade, onde segundo Fusco (2012), “na arquitetura grega, a pedra e o tijolo foram os materiais mais importantes para as construções humanas”. Porém, o grau de potência à tração das pedras se mostrou baixo e surgiu a iniciativa de utilizar pequenos vãos, dando origem às colunatas características daquelas construções.

Já a civilização romana, criou o tijolo cerâmico, o que facilitou a construção de arcos de alvenaria, porém, na construção das obras portuárias, os romanos desenvolveram a fabricação de concreto, onde o cimento era formado por pozolanas naturais ou adquiridas através da moagem de tijolos calcinados.

De acordo com Fusco (2012), “com a Revolução Industrial, que trouxe à luz o cimento Portland e o aço laminado, surge o concreto armado em meados do século XIX”.

Cabe destacar que, a primeira construção com concreto armado, foi o barco construído por Lambot, na França, em 1849, cuja data é conhecida como a do nascimento do concreto armado.

A invenção do concreto armado teve vários pioneiros, como os franceses Monier e Coignet e o norte-americano Hyatt.

A partir de então, surgiu a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (em 1940) e, em 1850, surge o CEB – Comitê Europeu do Concreto – do qual o Brasil faz parte e; a FIP – Federação Internacional da Protensão, com a finalidade de regulamentar os procedimentos realizados com a utilização do concreto armado.

No final da década de 90, a CEB e a FIP se uniram e se transformaram na FIB – Fédération Internationale du Béton, que se tornou líder na evolução das estruturas de concreto.

Conforme os autores Porto e Fernandes (2015) acredita-se que, no Brasil, o concreto armado, teve seus primeiros cálculos estruturais desenvolvidos por Carlos Euler e seu auxiliar Mário de Andrade Martins Costa, por volta do ano de 1908, onde eles criaram um projeto de uma ponte sobre o Rio Maracanã.

Porto e Fernandes (2015) também mencionam que, em 1924, a empresa Wayss & Freytag se associaram à Companhia Construtora em Cimento Armado, o que fez com que o concreto armado tivesse uma grande evolução no país, com a consequente formação de engenheiros brasileiros.

Porto e Fernandes (2015) asseveram ainda que as estruturas em concreto armado tiveram grande sucesso, e se tornaram o modelo de estrutura mais utilizado no país.

Atualmente, a construção civil tem apresentado novas técnicas de construções, como a construção sustentável, na qual o trabalhador instala métodos de coleta de água da chuva e um sistema de armazenamento; o isolamento térmico das paredes, o qual é utilizado com o fim de diminuir o custo de energia elétrica com ar-condicionado e com um sistema de aquecimento.

Uma forma de reduzir custos é qualificar a mão de obra com o fim de que ela possa acompanhar a evolução tecnológica e inserir nas construções, as novidades que o mercado da construção civil oferece, como a impressão 3D, a qual, segundo Pacheco (2017), em seu artigo “3 indícios que o uso da impressora 3D na construção civil brasileira é iminente”, afirma que “É possível dizer que a impressora 3D ainda está em sua fase embrionária, com um imensurável potencial de crescimento [...]e que o uso de protótipos em escala reduzida auxiliaria também a equipe de execução da obra, que utilizam apenas plantas em 2D para orientação”.

Outra técnica utilizada pelos construtores, com o objetivo de reduzir custos é a aplicação do contrapiso autonivelante, o qual, segundo Pacheco (2017), “seu uso acelera em cerca de 50% a execução do piso por pavimento e minimiza o estoque de agregados no canteiro, o que o torna mais funcional”, a autora ressalta ainda que, “neste exemplo, o uso do autonivelante custou 10,31% a mais, mas levou apenas metade de um dia para a execução de uma laje de 450 m². No sistema convencional, o mesmo serviço teria demorado sete dias”. A técnica do contrapiso autonivelante, embora custe pouco mais que 10% mais caro, ele diminui os custos na obra, haja vista a significativa economia de tempo. Mas para a execução desse trabalho, o trabalhador deve conhecer essa técnica diferenciada da aplicação do piso, em relação às formas convencionais, através da qualificação da mão de obra.

Para a autora Nadine Alves, em seu artigo “Mão de Obra na Construção Civil: 6 erros causados por funcionários despreparados” (2017), “além da falta de tecnologia, a contratação inadequada de mão de obra na construção civil é um dos problemas mais graves da indústria”. A autora aponta a mão de obra sem qualificação, como sendo uma das principais causa dos desperdícios na construção civil, onde ela explica que a mão de obra despreparada além de resultar em baixa produtividade “funcionários sem qualificação profissional ainda podem contribuir para a construção de estruturas ineficientes, gerando desperdício de tempo, de materiais e comprometendo a qualidade e segurança dos projetos construídos”.

Ademais, o trabalhador sem o conhecimento para manusear corretamente alguns materiais ou os novos métodos construtivos, a consecução das obras ficam expostas ao perigo de ser executada incorretamente, de forma a colocar em risco tanto a obra, quanto a segurança dos próprios trabalhadores.

Para tanto Alves (2017) sugere que “na hora de contratar mais mão de obra, dê preferência para profissionais com experiência – no caso de funcionários inexperientes, também é importante fornecer treinamento”.

Assim, pode-se observar que a construção civil teve um grande avanço tecnológico, visto que, na antiguidade, para se aquecerem, as pessoas se abrigavam em cavernas, e em vez de concreto, os construtores utilizavam pedras para reforçar as edificações.

Atualmente, têm surgido novas técnicas para o setor da construção civil, o que alavanca o setor de forma a produzir edificações mais seguras, com maior rapidez e menor custo, utilizando da mão de obra qualificada, onde os construtores atuais têm utilizados novas técnicas construtivas, como edificar paredes de concreto, que é uma técnica que traz mais rapidez à execução da obra, em vez de usar as técnicas antigas de construção utilizando blocos cerâmicos. [...]