O Trabalho Psicopedagógico

 

A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio - família, escola e sociedade- no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.

Sua natureza deve ser interdisciplinar, jamais devemos nos ater em apenas um conteúdo especifico, mas sim ampliar o campo de atuação.  Nossa área só atende no eixo neurológico com a área cognitiva no processo ensino aprendizagem. A psicopedagogia utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender. O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.

O trabalho psicopedagogico tem como objetivo: Promover aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação inter profissional.

Sabendo que a intervenção psicopedagógica contribui para aproximar sujeitos envolvidos na relação ensino aprendizagem, convém ressaltar sua importância em auxiliar o encontro de sujeitos no espaço escolar.

Tal intervenção se dá na aplicação do objetivo da psicopedagogia que implica em contribuir e solucionar as dificuldades percebidas e avaliadas cotidianamente no processo ensino aprendizagem.

Tal intervenção possibilita auxiliar tanto o aluno em seu ambiente escolar quanto a criança em sua vida cotidiana, que é assistida na área clinica.

Para isto, muito contribuiu estudos científicos voltados para a compreensão da criança, suas estruturas cognitivas, a forma como ela se apropria do saber e a influencia do meio social na formação do individuo.

Podemos destacar Jean Piaget que com estudo sobre a epistemologia genética e o desenvolvimento da criança.  Tal estudo recai sobre o processo cientifico de aquisição do conhecimento através de ações, bem como de descobertas realizadas pelo próprio sujeito, em relações entre estruturas internas e o meio externo.

Piaget apresentou o desenvolvimento cognitivo dividido em estágios de atividades mentais. Sua teoria enriquece a atuação do professor, pois aponta como meta a formação de sujeitos capazes de construir coisas novas e deixando de ser meros reprodutores de conteúdos sem significados. Suas observações enfatiza o desenvolvimento cognitivo e seus processos a serem desenvolvi dos  e valorizados na  vivência da criança: como percepção , o pensamento, a linguagem e a inteligência. Procurando compreender o homem e seu constante aprendizado, sua aquisição de conhecimentos ao longo da vida, e sua interação com o meio.

Para Piaget essa constate interação torna o sujeito crítico e criativo. Investiga o surgimento e a importância da inteligência da criança, identificando suas mudanças e adaptações ao meio.

Defende o conhecimento como objeto de constante mudança e transformações pelo sujeito que constrói conhecimentos necessários a sua constante adaptação ao meio. Utilizando esses conceitos defendidos por Piaget, o professor passa a perceber seu aluno como sujeito ativo no processo de aprendizagem, pois identifica nele capacidades pra realizar tarefas educativas novas, assimilando e acomodando informações diversas e transformando-as em conhecimento. O principal objetivo d educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e vão repetir o que outras já fizeram.

 

Freud com seu método próprio denominado psico-análise ou análise da mente, procurou essencialmente evidenciar o significado inconsciente das palavras, ações, das produções imaginárias, ou seja, sonhos e fantasias, bem como os delírios do sujeito.

Suas pesquisas recaem sobre a sistematização do conjunto de conhecimento visando descobrir as leis gerais da composição e funcionamento do psiquismo e também investigar os processos inconscientes, identificando sua influência no comportamento normal ou anormal do sujeito.

Vale ressaltar que as pesquisas de Freud abriram caminhos para a compreensão da mente e da conduta humana. Bem como apresentou técnica terapêutica para ajudar pessoas com problemas psíquicos. Problemas esses cuja origem possa estar na infância.

 

 

Henri Wallon

Para Wallon o indivíduo é social, não como resultado de circunstancias externas, mas em virtude de uma necessidade interna e que os gestos dirigidos a uma criança motivam várias manifestações infantis.

Defende a formação integral do aluno enfatizando seu lado afetivo, intelectual e social. Afirmou que a reprovação é sinônimo de expulsão ou exclusão do conhecimento, negando dessa forma o potencial do aluno, bem como a capacidade existente no universo interior do aluno.

Desta forma, entendemos que a Teoria de Wallon, motiva o educador a valorizar o potencial e as emoções no processo de ensino e aprendizagem do aluno, objetivando sempre seu pleno desenvolvimento.Valorizando sua capacidade , sua forma de expressão, a maneira como exterioriza suas vontades e desejos.

Possibilidades de estratégias de intervenção Psicopedagogica institucional

 

Cooperar para os avanços dos objetivos educacionais da instituição de ensino, com estratégias para qualificação da equipe.

Favorecer situações que propiciem ao aluno condições de avanços em seus processos de aprendizagem e desenvolvimento associando os meios necessários para que isto ocorra (provas adaptadas).

Sempre buscar condições atuais de ensino, o que inclui alterações ou modificações  nas práticas docentes, didáticas, currículo, nos recursos educacionais, dentre outros aspectos  (adaptação do currículo funcional).

Proporcionar suporte ao docente em todas as situações de aprendizagem, em específico aqueles onde se mostram evidenciados problemas ou queixas.

Estar assessorando a instituição escolar para o alcance de ótimas condições de funcionamento que ajudem a condição dos processos de ensino e aprendizagem de qualidade, com metodologias de ensino de acordo com a faixa etária. Oferecer suporte a família para lidar com as diferenças e dificuldades de seus filhos respeitando as circunstâncias em que eles vivem e sem negar os problemas existentes, com relatos as quais possam orientar a família, para que procure profissionais que possam auxiliar no tratamento dos problemas existentes.

O psicopedagogo tem o papel fundamental de colaborar com a inclusão do aluno que apresenta algum tratamento ou distúrbio, visando melhorar a aprendizagem do mesmo.

Para que haja uma intervenção precisa no ponto de vista psicopedagógico, é necessário que o profissional avalie corretamente uma situação de dificuldade ou fracasso escolar sendo totalmente consciente em sua prática.      

Quais são os profissionais indicados para as avaliações das disfunções ? Por que fazer um encaminhamento para estes profissionais ?

Os profissionais indicados para as avaliações das disfunções são: neuropediatra e neuropsiquiatra. A importância de direcionar para eles é que  a Neuropediatria constitui uma especialidade ou sub-especialidade médica dedicada às doenças ou disfunções do sistema nervoso e do sistema muscular que se manifestam na criança ou na adolescência. Enquanto que a Neuropediatra como sucede noutras especialidades médicas, tem como função essencial o diagnóstico, prognóstico, orientação terapêutica e aconselhamento dos problemas neurológicos que afetam a criança ou o adolescente.

 

A partir da devolução dos profissionais, qual o papel de adaptação inclusiva do psicopedagogo na instituição de ensino?

 

Estudo de caso

As dificuldades de aprendizagem resultantes de problemas sociais, sócio-afectivos e deficiências mentais ou outras, são facilmente observadas e compreendidas , mas aquelas que resultam de fatores muito específicos que à primeira vista podem parecer caprichos do aluno escapam-nos facilmente. E no trabalho psicopedagógico para que haja uma intervenção precisa e de sucesso devemos avaliar o sujeito enquanto individuo capaz de aprender e quando isso não acontece devemos intervir de forma auxiliadora ou facilitadora do processo.

Roteiro seguido para elaboração do estudo de caso

  • disléxia e termos associados
  • Tipos de disléxia
  • Caracterização do contexto educativo do aluno e ambiencial; nivel educativo dos alunos fora da escola
  • Caracterização do aluno
  • Intervenção
  • Conclusão

 

 

Evolução histórica

Rueda (1995) refere três períodos históricos fundamentais na evolução histórica da dislexia:

_Período da fundamentação

_Período da transição

_Período da integração

O período da fundamentação diz respeito a estudos realizados ainda no século XIX, onde se destacam os investigadores Hinshelwood e Samuel Orton.

O período de transição situa-se entre os anos 40 e 50. Neste período os estudos dos psicólogos e educadores são relevantes no estudo das dificuldades de aprendizagem em geral e na leitura em particular. Ao contrário do período anterior que privilegia estudos apenas médico-neurológicos,estudiosos como Bender fundamentam os seus estudos em disfunções perceptivas e não em lesões cerebrais como no período anterior.

Por fim o período de integração situa-se entre os anos 60 e70, coincide com o auge das teorias que propõem a influência de múltiplos fatores para explicar a origem das dificuldades de aprendizagem da leitura ( Carr 1981, Vellutino 1979).

É o momento a partir do qual as investigações sobre as dificuldades de aprendizagem são mais concretas. Estudiosos como Piaget e outros citados por Rueda (em 1995), consideram que as causas da disléxia são múltiplas e relacionadas com um inadequado processamento da informação linguística; estamos perante uma teoria cognitivista – psicologia cognitiva.

 

 

  Conceitos – disléxia e termos associados

Disléxia – termo utilizado para designar a dificuldade que certos indivíduos revelam para adquirir os mecanismos da leitura, não podendo esta ser imputada a baixo nivel intelectual, problemas socio-económicos, distúrbios emocionais, etc.

Disgrafia – segundo Baroja (1983) disgrafia é uma alteração da escrita ligada a problemas perceptivo-motores.As características do disgráfico revelam-se através de letras excessivamente grandes deformadas e inclinadas, espaços disformes entre letras ou palavras, ou palavras apinhadas....

Disortografia – A disortografia consiste numa escrita não necessariamente disgráfica, mas com numerosos erros , que se manifesta logo que se tenham adquirido os mecanismos da leitura e da escrita tais como:

-grande número de faltas devido a alterações da linguagem.

-erros de percepção

-faltas de atencão, etc.

 

ENTREVISTA COM O SUJEITO 

 

Nome: Pedro de Souza

Data de nascimento: 20- 02-2005   

Idade: 11 anos

 Escola Atual: Escola Municipal João de Barro

Série: 5º ano

Nome da Professora:  Martha Silva

 

O aluno Pedro de Souza 5º ano numa escola situada na zona Oeste de Santa Cruz encontra-se matriculado em uma escola pública regular de ensino. A vizinhança desta   população escolar varia entre o limiar da pobreza e a classe média.

 

 Caracterização ambiente do aluno

O aluno tem 11 anos, vive com os pais e uma irmã mais velho (20 anos). O nível socioeconômico da família é médio; o pai é micro empresário, detentor de um mini mercado no bairro em que residem e a mãe é técnica em enfermagem.

As relações familiares parecem satisfatórias, aparentemente a família é harmoniosa, entretanto um tanto agitada, devido as obrigações trabalhistas da família.

O nível social do bairro onde vive é variável ;existe habitação social , prédios , moradias de pequena e grande dimensão. 

Nível educativo dos amigos fora da escola

Ele relaciona-se com jovens dos vários níveis econômicos e sociais. A relação que ele mantém com estes amigos é por vezes instável. A relação com os professores pauta-se por ser aberta, franca, descontraída e até desinibida. Adapta-se facilmente aos vários meios devido à sua capacidade de adaptação, descontração e desinibição.

 Caracterização do aluno

Pedro é uma criança um tanto tímida com adultos, mas extremamente desinibido com seus amigos do bairro em que moram e da escola em que freqüenta.

Adora assistir desenhos animados, ouvir músicas e brincar com seus colegas na rua.

Seu histórico escolar No primeiro ciclo revelou extremas dificuldades em Língua Portuguesa e não beneficiou de apoios educativos na fase escolar inicial.

 No 3º ano de escolaridade beneficiou de apoios educativos a Língua Portuguesa e Matemática; transitou para o 4º ano com níveis inferiores a três a L.P. No 5º ano freqüentou reforço educativo escolar a Mat. e sala de estudo a LP; foi submetido a uma avaliação de recuperação por ter obtido níveis dois a LP, Mat e Inglês.

 

História clínica da família:

Quanto ao estado sensorial (visão), e apesar do exame oftalmológico nada revelar, o aluno diz que ver tudo “embolado, atravessado”

 

 Fatores de observação

Exploração específica na criança disléxica.

O aluno apresenta:

-percepção visual e auditiva: dentro dos parâmetros normais

-aspectos pedagógicos:

-leitura:

A leitura é lenta, silábica, sem expressividade e sem pontuação. É visível a confusão de símbolos, a variação de sílabas, inversões e omissões. Revela dificuldade em compreender o que lê, troca de letras, segue a leitura com o dedo e é incapaz de ler sem essa orientação.

- Escrita :

A caligrafia é desorganizada, descoordenada, com movimentos incompletos e desiguais. A escrita revela disgrafias e disortografias, e alguma dificuldade em seguir a linha do caderno.

 

 

Características da personalidade de um aluno disléxico.

O aluno manifesta falta de atenção, e um aparente desânimo, desinteresse pelo estudo sobretudo na disciplina de Língua Portuguesa (disciplina com maior dificuldade), rejeita tarefas escolares, tais como ditado, leitura e exercícios escritos.Também apresenta sentimento de insegurança.

 

                                                     Estratégias metodológicas

Intervenção pedagógica

Medidas

  • Posicionar o aluno sentado na carteira da frente de modo que se possa minorar a falta de atenção, estando próximo ao quadro e aos professores ele terá uma atenção maior aos mesmos.
  • Desvalorizar os erros da LP mais tentando, tanto quanto possível, promover a auto correção no quadro para que na haja constrangimento e sensação de fracassos constantes.
  • Indicá-lo para apoio pedagógico, reforços, explicadora e tudo o que a família e a escola puderem oferecer.
  • Nos exercícios, ler o texto em voz alta.
  • Avaliações diárias, semanais e mensais, sempre que possível oral.
  • Os trabalhos de casa devem ser pequenos.etc.