A morte não é uma chegada. A morte é uma passagem desta vida de sofrimento, que fere e machuca, vida de ingratidão e de dor, para uma vida benfazeja, de promessa; vida que tem como companhia os Santos e anjos de Deus. É a vida triunfal. Não podemos olhar para a morte como sendo o ponto de chegada. Se enxergarmos a morte como sendo esse ponto de chegada, estaremos fracassados e cairemos no erro de olharmos a vida apenas no plano horizontal. Quando nós olhamos a vida com o plano vertical, compreendemos que ela é uma passagem que nos liga entre a terra e o céu.

Diante desse grande mistério em que nós estamos vivendo, há ainda no nosso coração um dispor interior de cada um para colher aquilo que Deus tem para oferecer, que é a vida eterna. Isso, sim, é o que nós desejamos alcançar: a vida eterna. Por isso, chegarmos à vida eterna significa que temos que viver, no momento em que estamos, realmente de acordo com o plano de Deus, ancorado na observância dos mandamentos e na vivência de uma vida sacramental em dia. 

Portanto, a vida não pode simplesmente ser olhada como uma realidade cíclica de um dia após o outro. Não! Ela tem que ser encarada como uma grande oportunidade que Deus nos dá para fazermos essa ponte, essa passagem entre a vida de sofrimento, a vida sem sentido que nos traz desespero e incerteza, a vida do fracasso para uma vida de promessa dada pelo Santo Evangelho. A cada dia, o sacerdote tocava-O com seus lábios e que cada pessoa toca com os seus ouvidos atentos à mensagem que produz ânimo e esperança ao seu coração. 

Não podemos entristecer a nossa vida frente aos obstáculos que a própria vida nos impõe. Olhar para Jesus Cristo, que veio a este mundo e passou fazendo bem, mas morreu em uma cruz para nos salvar, poderíamos olhar como um grande fracasso. É isso mesmo, um grande fracasso a morte de Cristo se não percebermos com os olhares da fé, se não olharmos com o olhar do Evangelho, o olhar do cristão que almeja encontrar com o seu Senhor de uma vez por todas, na vida eterna. Frente a isso, o que nos resta é olharmos para a nossa vida e fazermos a seguinte pergunta: será que nós, enquanto caminheiros nesta vida, estamos aptos para alcançarmos a vida eterna?

Não sabemos responder de imediato se já conseguimos adentrar o reino dos céus com a vida cristã que levamos, no entanto, respondemos com toda certeza se ainda não conseguimos alcançar o Reino do céus com a vida  que estamos levando.  Pedimos, humildemente, ao nosso Senhor Salvador que nos coloque no caminho que nos levará à Salvação. É tão somente isso que temos que pedir todos os dias ao nosso Senhor, ao nosso Cristo, ao nosso Deus, ao Deus da misericórdia infinita para que nos firme no caminho do bem, para que as nossas vidas não sejam levadas para o opróbrio eterno, a geena, o tão temido inferno. A vida nas mãos de Deus tem um grande valor, porque Jesus vai dizer que esse grande valor, para se ter a vida vindoura, temos que perder essa vida que agora temos. Cristo nos diz que é perdendo a vida que vamos ganhar a vida eterna. É o sacrifício do dia a dia que nos configura ao Cristo Senhor, Redentor nosso.

Por isso, a morte, repito mais uma vez, não é uma chegada, é antes um caminho pelo qual todos deverão passar. Uma passagem, na qual ricos e pobres, bilionários e milionários, ou, uma pessoa indigna através da sua pobreza extrema, todos devem atravessar esse mar de incerteza, e é justamente passando por esse mar incerto que “O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra” (cf. Is 25,8) daqueles que padecem o peso desta vida traiçoeira, de sofrimento, de desespero para uns e dúvidas para outros, mas, por fim, de confiança para todos nós, cristãos, que depositamos a nossa fé, a nossa esperança na ressurreição para chegarmos à vida eterna, à vida dada por Jesus Cristo.


Padre Joacir d’Abadia, filósofo, autor de 15 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da "Casa do Poeta Brasileiro -  Seção Formosa-GO"_Contato: (61) 9 9931-5433 | Siga lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/