Não basta apenas ler,

É preciso as páginas viver.

Morar em cômodos pobres

Do tamanho da humildade dos Nobres.

Na geladeira a comida é uma escassez,

Mas tem sempre a água da embriaguez.

Respiro o aroma das teias

Enquanto se fecha o rasgo das meias.

Nas ruas onde desfilam os Nobres sobre pneus

Eu me sinto um anjo, um demônio, um deus.

Na calçada a burguesia passa de nariz empinado

Escorrendo o sangue do cérebro castrado.

É preciso ser moderno na imaginação

E destruir o computador e a televisão,

Deixando na tomada apenas o fio da canção.

Toda janela tem uma grade

Para que na casa não entre a maldade.

Mas pela porta não sai a felicidade.

Precisamos nos tornar o Futuro

E assim não ter que levantar mais um muro.

Precisamos nos tornar os Poetas do Obscuro.

Seremos então o Desconhecido

E não mais os Esquecidos.

Seremos a Nação dos Enlouquecidos.