A Metodologia da Cabala 

Os modelos contemporâneos da metodologia na maioria das vezes derivam de um ou outro dos muitos ramos da ciência e da tecnologia, onde técnicas altamente sofisticadas e complexas estão sendo inventadas para coletar e analisar informação. Por mais esforço científico que avance em seu caminho escolhido, seus mátodos mais parecem atrapalhar seus objetivos. Atualmente nós chegamos a um estágio onde a linguagem e a terminologia dos cientistas são incompreensíveis para o homem leigo, o mesmo ocorrendo em relação a outros cientistas pertencentes à outras disciplinas. Os filósofos-cientistas das gerações antigas, os quais entendiam como sua área de estudo enquadrava-se dentro da estrutura do universo, têm dado lugar ao especialista, o qual limita seu campo do mundo físico.

De acordo com os ensinamentos da Cabala uma tal esperança é vã, pois o mundo físico ao qual a ciência tem estado limitada, não passa de um mundo dos efeitos. As causas verdadeiras encontram-se além do reino da metafísica. Mesmo assim, um certo número de suposições elaboradas pelo método científico vai de encontro à noção de objetividade, sendo a mais importante sem dúvida a hipótese a de que o universo é ordenado e que ele obedece ao pricípio da causa e do efeito. Nenhum destes princípios fundamentais, sem os quais a ciência não pode existir, podem se estabilizar sem recorrer ao conhecimento dos modos de existência de nível mais elevado, de natureza não material.

Mesmo no seio destas restrições, que a ciência se impõe a si mesma, existem limites ao alcance do método científico, pois por si mesmo, ele é incapaz de gerar novas idéias. Max Plank, o renomado físico, escreveu em sua auto-biografia: “Quando o pioneiro em matéria científica projeta os tentáculos de seus pensamentos, ele deve ter uma imaginação vívida e intuitiva, pois idéias novas não são geradas por dedução, e sim por uma imaginação artisticamente criativa”.

Sem a utilização deste elemento subjetivo do pensamento que é a imaginação, os objetivos da ciência não podem ser concretizados. Mas como a ciência pode ser científica, se ela depende de um impulso que, por definição, não é científico?

A maneira de colocar esta questão é talvez imprópria. Nós estamos sempre prontos para classificar idéias e princípios, mas geralmente nos esquecemos que nossas categorias são, de fato, selecionadas de modo arbitrário. Nós concebemos a ciência como relacionada a conhecimento, tal como suas raízes etimológicas parecem sugerir, e religião ou filosofia como estando ligadas à verdade ou à essência. No entanto, a realidade não parece tão clara, e nós descobrimos que todas estas disciplinas tentam desenvolver juntas uma combinação do saber e da verdade balanceada. Tal combinação constitui-se na sabedoria referida pelos sábios, conforme já vimos anteriormente, a saber, “ter consciência das consequências dos atos”.