A mentira

Por Jean Carlos Neris de Paula | 14/02/2011 | Filosofia

A Mentira
O ato de mentir se mostra presente cotidianamente na vida da humanidade. Polidez, omissão, educação, estratégia, autocontrole, dissimulação, ironia, eufemismo, simpatia, hipérbole, elogio, política e inteligência emocional, bem como cirurgia plástica, uso de silicone, alisamento de cabelo e sutiã de bojo, constituem algumas maneiras encontradas pelas pessoas de usar a mentira, a enganação, isto é, uma forma de esconder a essência pela aparência, prática tão valorizada em tempos modernos.
As crianças, por exemplo, gostam de dizer o que pensam, entretanto são tolhidas pelos pais, os quais ensinam a elas "regras sociais de convivência", que não passam de marcas da inverdade nas relações interpessoais. Mas isso não revela um "privilégio" apenas dos humanos, haja vista que os animais irracionais também camuflam, fingem e enganam suas presas, tudo para sobreviverem, assim como fazem os indivíduos.
Dessa forma, observa-se que grande parte das pessoas se mostra hipócrita quando afirma que odeia a mentira, visto que mente para si e para os outros todos os dias. Sendo assim, faz-se necessário discutir filosoficamente a ação de esconder a verdade, até porque muitas verdades não passam de mentiras consolidadas pelo autoengano, pois, como dizem o gênio Machado de Assis e um provérbio chinês, respectivamente, "nada embriaga mais a vida do que o vinho da verdade" e "uma meia-verdade é sempre uma mentira inteira".
Ninguém deve, por essas razões, se intitular dono da verdade, nem usar a mentira de forma inescrupulosa, haja vista que todos precisam da busca pela ética comportamental, por meio do entendimento de que a reflexão crítica das ações pode promover transformações socioculturais imprescindíveis ao ser humano e ao mundo em que ele vive.

Jean Carlos Neris de Paula