A Menina Roubada

Lá sai Juvenal, azedo de raiva por saber que sua companheira não poderia te dar um filho. Mas, sabendo ele que isso não era um problema, por ter mais filhos a fora. Saiu naquele domingo para buscar ao menos uma cria para compor seu clã.

Por mais que não fizesse questão de filhos ao seu redor, mas sabia ele que toda mulher sonha em ser mãe. Então, lá se foi ele buscar um presente para sua esposa, antes que a mesma enlouquece dentro de casa de tanta tristeza.

A viagem longa, mal sabe ela para o que seria. Saiu tão, cedo que mal falou com ela, um dia antes apenas avisou que iria sair antes do dia raia. Tinha muitos afazeres no interior chegaria talvez no final do dia se tudo ocorresse bem. De tão cedo que saiu, no inicio da manhã lá estava ele, em Laranjeiras tinhoso como era chegou todo arrogante no bar da Jurema, a mãe das suas duas filhas no interior à pobre ao vê-lo derramou logo uma garrafa de pinga. Pelo desespero de vê-lo ali, homem mau caráter que desgraçou tanto sua vida, fazia o que ali. Arruinar o pouco que conseguira em tantos anos de luta, abandonara por outra sem ao menos pensar em ajuda-la sabendo que havia tido dois anjos com ela.

Nem deu morou muito e ele foi logo esclarecendo o motivo da sua visita, queria ver a filha mais nova. Quero vê-la, ela logo resmungou para quê?.. Ele, nem se deu mão de esperar entrou com tudo e logo a viu na sala improvisada nos fundos do bar. A mais velha o olhou com medo e recuou ao vê-lo, nem ao menos o desgraçado teve trabalho de falar com a filha mais velha, pegou a mais nova no braço e saiu de dentro da casa. Jurema o interroga:- O que queres com minha menina?. - Ele resmunga: – é minha também ou no mínimo fizeste sozinha, a coitada chorava, pedia que devolvesse a criança, - ele logo tira a arma de cintura e diz: Agora, ela pertence a mim e se você fizer alguma coisa te mato, não venha atrás de mim. Já não tem uma fique agora só com está e deu as costas sem mesmo querer saber como seria para a mais velha que chorava tanto sem entender com apenas 7 anos ,não entendia aquilo apenas percebera que sua irmãzinha , sua melhor amiga, companheira de todas as horas se distanciava ainda mais dela, o seu pranto era de causar dó para quem ao redor ouvia, os vizinhos mal sabiam eles no que se procedia. Pobre, Jurema o que seria dela, família toda a abandonara há muito tempo desde o dia que quisera sair de casa e viver com aquele energúmeno, homem sem escrúpulos ameaçara toda a família e enganara Jurema com sua mentiras ,a pobre só se deu por conta quando o desgraçado a colocara dentro de casa e a fizeste escrava sua ,só prestava para abrir as pernas para o infeliz e cuidar da casa. Após, o nascimento da pequena Aninha, saíra de casa, porque já estava de olho em Helena, arrumou logo as trouxas e pegou todas as suas economias montou casa e lá estava ele em Aracaju vida boa, mal sabia Helena do crápula que era o Juvenal, com o passar do tempo vendo a solidão da casa e os momentos de boemia do Juvenal à fazia amargurada sem ao menos conseguir engravidar para aliviar seus momentos de solidão naquela casa. O tempo passava e ela fica cada dia mais distante do sonho de engravidar por conta da idade, casou aos trinta anos, já desenganada pelos médicos em relação a uma futura gravidez, isso a entristecia cada vez mais, porém com a falta de um, quando de longe avistava alguma criança da vizinhança derretia-se toda, as crianças da rua em que morava adoravam-na pelo jeito meigo e doce no qual encantava a todos. Ás vezes, em sua mente surgia à ideia de adotar uma criança, mas sabendo como o Juvenal era tinhoso, esquecia logo dessa possibilidade de adoção. E assim, com essa infeliz amargura seguia a vida, sempre esperando que aquela solidão um dia chegasse ao fim. E graças as suas preces àquela solidão teve um fim, através de Dona Etelvina recebeu a notícia de que Juvenal estava vindo com uma criança linda em seus braços, não entendia nada, apenas levou um susto por conta daquele alvoroço todo que a pobre Etelvina fazia, em sua porta aos berros dizendo que quando estava abrindo a venda no Mercado Central, tinha visto Juvenal com uma criança nos braços e deixou a venda lá com se neto tomando conta e veio me falar, pensando que o Juvenal estava de caso com outra Dona e não voltara mais. No momento, ela ficou pasma com toda história, mas não se pronunciara ficou na porta a espera-lo e ignorou a pobre fofoqueira da Dona Etelvina que saiu a resmunga, pelo comportamento de Helena ao saber da notícia. Assim ficou no portão de casa, e lá de longe vinha o Juvenal no final do dia com uma menininha triste nos braços, olhos inchados a pobre mal entendia ,tinha apenas dois aninhos e distanciava-se daquelas duas flores que a tanto mimavam. Os vizinhos, ao verem Juvenal com aquela criança logo perguntara: Quem é vizinho, essa florzinha? Nem dá importância, turrão do jeito que era não dava condição a ninguém, a única que tratava a todos com alegria era Helena, sempre triste pela vida que levava as surras, as mulheres que ele colocava dentro de casa quando a infeliz inventava de viajar para visitar os parentes em Lagarto, viagem que muitas vezes duravam pouquíssimos dias, mas para ele eram dias maravilhosos e tudo aos olhos de todos sem ao menos lhes importava que a esposa pudesse ficar sabendo pela vizinhança sempre alerta de tudo que acontecia no Bairro. Mesmo, assim Helena sentia um grande carinho por ele e não queria de maneira nenhum sair da vida dele, mesmo sofrendo tanta violência, mas ao vê-lo chegar com uma criança, não conseguia entender de primeira o que seria aquilo, ficou pasma, porém não sabia como perguntar de Onde viria aquela menina, no entanto deixou-se levar pelo encanto de ter uma criança tão linda, fofa e ali para ela poder brincar, amar e além de tudo ser mãe, algo que ela sempre quis .

Juvenal, quando a viu se aproximando da criança sentiu uma emoção tão grande , por ter conquistado algo para a mulher sem ao menos querer saber a dimensão de tudo aquilo e suas consequências futuras. Mas, sentiu-se orgulhoso, mesmo turrão e sem demonstra nada a quem fosse sentia-se feliz por dentro, naquele momento. Sabendo ela, que ele sempre foi ignorante não questionou de onde surgira aquela criança nem nunca questionará. O silêncio sobre o assunto sempre permeara sobre eles, os vizinhos é claro a questionara sobre aquela criança, mas ela nem dava ligansa aquele mexerico todo apenas vivenciava a cada dia a alegria de ter uma filha e assim com o passar do tempo tudo foi se ganhando forma, a menina se acostumara com ela, chamava-lhes de mãe e o tempo ia passando naquela felicidade roubada.

Enfim, vieram dias, meses e anos e todos se acostumaram com a presença da pequena Luiza, a história passando de morador para morador, o novo que chegava já sabia, as crianças todas murmuravam umas para as outras por sempre ouvirem dos pais, mas nunca deixavam escapar nada. O tempo passou, a linda Luiza foi ganhando vida, felicidade e até hoje a indagação fica no ar, será que ela não sabe, nunca soube ou ao menos saberá, sobre sua chegada aquela tão amada mãe que a trata como princesa, sendo assim a curiosidade sempre tomara conta daquele povo, mas a verdade nunca será descoberta.