RESUMO

Este artigo tem como propósito as diferenças e possíveis relações que podem ser estabelecidas entre a memória individual, que pode ser traduzida como um processo de experiência própria e psicológico básico, e a chamada memória coletiva, também conhecida como memória social, ou, em outras palavras, como um processo de construção em grupo. Por meio de pesquisa bibliográfica, e pela internet, foram pesquisados os conceitos de memória individual, memória coletiva e memória social e também a importância da fotografia como “gatilho” na utilização da memória. Assim, verificou-se que a memória individual é muito importante para a construção da memória coletiva, uma vez que as lembranças são constituídas no interior de um grupo e têm a linguagem como seu meio de socialização.

Palavras-chave: Ciências sociais, Memória individual, Memória social, Memória coletiva, Fotografia.

INTRODUÇÃO

Neste artigo, abordaremos o conceito de memória individual, memória coletiva ou memória social. Podemos entender que, a memória individual é aquela adquirida e guardada por um indivíduo, refere-se às suas próprias vivências e experiências, porém, possui também, aspectos da memória do grupo social onde ele se formou, ou seja, onde o indivíduo foi socializado. A partir da leitura dos textos e do entendimento do pensamento de alguns autores que retratam a questão sobre memória, abordaremos uma linha sobre esse tema.

O presente artigo usa como fonte o material fornecido para os debates em sala de aula e também o livro “Diante da dor dos outros” de Susan Sontang.

Para a construção do texto, tentaremos definir como se daria o uso da memória citado por vários autores. Em seguida, abordaremos o tema relacionado à memória individual e memória coletiva, e ainda, a importância da fotografia como fator motivador da memória.

Assim sendo, este texto pretende verificar algumas diferenças entre a memória individual, que pode ser entendida como um processo psicológico básico, e a memória coletiva, ou mais comumente conhecida como memória social ou como um processo de construção grupal, e também abordar o papel do historiador na utilização desse material.

Acredita-se que a imagem ou qualquer conteúdo visual, seja uma das formas mais eficazes de retermos (para posteriormente resgatarmos) algo na memória. A partir desta premissa, teremos como fonte secundária o livro “Diante da dor dos outros”, que tem como argumento a fotografia, onde a autora explora imagens de guerra para que sejamos capazes de perceber até que ponto o ser humano pode chegar. As imagens de guerra podem ser traduzidas como imagens “negativas” e estas têm mais poder de retenção na memória que as imagens “positivas”, ou seja, os fatos ou situações negativas e causadoras de sofrimento são mais lembradas que as positivas.

Por se tratar de um tema extenso e complexo, ressaltamos que este artigo não tem a pretensão de abranger e nem esgotar o assunto por completo. Desta forma, aborda-se algumas interpretações acerca do assunto, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de futuras investigações.

1 O USO DA MEMÓRIA

Sabe-se que a memória faz parte de nossa formação e informação como historiador, memória esta que nos remete a uma construção, tanto na área psíquica quanto intelectual, que acarreta uma representatividade seletiva do passado, que não é somente de um só indivíduo, mas de um indivíduo que está inserido em um contexto familiar, social e nacional.

As lembranças nem sempre serão positivas, haja visto que nosso passado não fora formado somente por fatos positivos e prazerosos. Ao recorrermos ao uso da memória podemos cometer excessos, pois assim podemos resgatar as memórias que são facilmente arquivadas, as memórias negativas, memórias estas que podem tender às más utilizações das memórias de tal passado.

De acordo com Andreas Huyssen (2000), é possível identificar vários fenômenos ligados a práticas de memória, tais fenômenos estão ligados a percepção que envolvem uma capacidade intelectual. Segundo ele, existe uma problematização a partir de um pensamento que a memória, que é uma volta ao passado, é um fator político e cultural nas sociedades. A história vivida de um lugar, de uma pessoa, um momento, um objeto patrimonial e etc. podem ser usadas para fundamentar o conhecimento do próprio dia-a-dia.

Segundo Michael Pollak, Maurice Halbwachs atesta que a lembrança é uma reconstrução do passado com o auxílio de dados fornecidos pelo presente. Além disso, ele afirma, que a partir da convivência em uma sociedade, ou em grupos, a lembrança pode ser construída e simulada.

"Para que nossa memória se beneficie da dos outros, não basta que eles nos tragam seus testemunhos: é preciso também que ela não tenha deixado de concordar com suas memórias e que haja suficientes pontos de contato entre ela e as outras para que a lembrança que os outros nos trazem possa ser reconstruída sobre uma base comum."

A memória envolve duas questões importantes, a capacidade perceptiva e intelectual. A capacidade perceptiva envolve em perceber a importância dos objetos com conteúdo e valor histórico, já a intelectual, compreende em diferenciar tais valores. Pode-se dizer que a memória se apresenta de forma documentada e através da oralidade, ou seja, por meio de contos, testemunhos e depoimentos.

Pode não parecer, contudo, a transmissão oral da memória, a oralidade, é uma das mais importantes formas de culto à memória, onde, por exemplo, os ensinamentos passados, de geração em geração, passam a ser registrados de forma escrita, o que Todorov chama de legitimação do poder.

Para Andreas Huyssen, não é possível discutir memória sem considerar a influência das tecnologias como veículos de memória. Com a informatização e junto a ela, vários aplicativos de comunicação, a história que antes era mais oral que escrita, passa a ser mais documentada que oralizada, ganhando o poder de registro e armazenamento.

Conclui-se que nos dias atuais, a memória possui várias formas de registro, tanto perceptíveis quanto intelectuais, e com o advento da tecnologia, seu acesso, utilização e resgate a memórias históricas, tornaram-se usuais, para não dizer, comuns.