RESUMO

Este artigo foi desenvolvido com o objetivo de estudar a matemática ensinada na sala de aula em uma escola de Ensino Fundamental da Rede Pública de determinado município do Rj, e ao mesmo tempo verificar se os alunos conseguem associar o conhecimento matemático adquirido em sala de aula com atividades desenvolvidas no cotidiano. Utilizei uma pesquisa qualitativa e participativa, cujo desenvolvimento ocorreu através de uma pesquisa bibliográfica e de campo. Conclui que a matemática ensinada na escola deverá proporcionar inúmeras alternativas que levem os alunos não somente a abstração de conceitos e fórmulas, mas a desenvolver o pensamento com criticidade e ao mesmo tempo com criatividade, sendo capaz de fazer descobertas e compreender o “mundo” em todos os seus aspectos (social, cultural, político, econômico e etc.) 

1.INTRODUÇÃO

Nesse primeiro semestre de 2016, tive aoportunidade de observarque a matemática não tem sido trabalhada de forma a levar o aluno a fazer associações com o cotidiano, ou seja, o estudante “acha” que a única finalidade do conhecimento matemático é para efetuar a realização de uma prova e consequentemente deixa de perceber as aplicações da matemática no seu dia-a-dia.

Uma situação que observei, mas esta não foi na escola, um adolescente de 13 anos estava lavando a sua bicicleta, foi quando comecei a indagá-lo sobre algumas abstrações que ele pudesse-me dizer sobre a roda da bicicleta, mais especificamente o aro, o raio e o π (letra grega) e o conhecimento que ele tinha sobre circunferência. Depois de muitos questionamentos ele falou sobre a semelhança do “raio” que fica localizado no aro da bicicleta, com o raio da circunferência, mas não soube relacionar o π com o comprimento da circunferência e seu diâmetro.

 É importante ressaltar que nem todas as aplicações da matemática são fáceis de serem percebidas e tão pouco aplicadas. O conhecimento ensinado na escola e a matemática aplicada ao cotidiano têm abordagens diferentes, uma enfatiza o conhecimento formal o qual se torna distante da realidade do estudante e a outra dá ênfase ao cotidiano. A primeira será a que trabalha o formalismo das regras, dos modelos matemáticos e dos algoritmos, bem como a complexidade dos cálculos com seu caráter rígido e disciplinador, levando a exatidão e precisão dos resultados. Já a segunda “a matemática do cotidiano” que está presente em um simples objeto, fato ou acontecimento. Esse conhecimento matemático passa despercebido diante dos olhos de inúmeros estudantes que não conseguem associar a matemática com as suas atividades diárias.

 Com base nos aspectos mencionados este trabalho fundamenta a importância de aplicar e principalmente analisar a matemática nas diferentes situações do cotidiano, levando ao público alvo (professores e alunos) que a matemática não se limita a uma sala de aula e tão pouco ao conteúdo dos livros didáticos, ela está presente no dia a dia, a todo instante, no mundo.

            A disciplina matemática está, geralmente, ligada a inúmeros adjetivos que denotam insatisfação, medo, receio, entre muitos outros, os quais refletem de maneira significativa na vida do aluno. Os professores também fazem parte desse clima de descontentamento e acabam contribuindo para esse quadro de insatisfação.

 É importante ressaltar que muitos educadorespreocupam-se apenas com os compromissos didáticos, cumprir todo o programa pedagógico ou realizar todas as avaliações periodicamente. Eles estão mais preocupados em transmitir o conhecimento escolar trabalhado com todo formalismo do que com as aplicações práticas que são esquecidas ou deixadas de lado. Dificilmente os exemplos dos alunos que tenham ligação com a sua vida diária são trabalhados em sala de aula, fator este que dificulta a matemática ensinada nas escolas e a sua aplicação no cotidiano. 

  1. A MATEMÁTICA DA ESCOLA 

            A matemática da escola denota uma ideia de “ciência isolada”, onde os números, os cálculos, as medidas não parecem ter ligação com o mundo ao redor. Segue sempre a rigidez disciplinar, o ordenamento e precisão dos cálculos, sustentando toda a estrutura teórica, mas que uma simples falha na sua construção, impede a sua utilização.

A matemática trabalhada na escola acaba tendo um caráter abstrato, onde os pensamentos ou ideias matemáticas acabam ficando apenas dentro da sala de aula, sem estabelecer vínculo com a prática docotidiano, ou seja, as crianças dentro desse contextodevem seguir rigorosamente as falas, os diálogos... e de maneira paralela os professores seguem o roteiro da matemática.

O livro “Investigações Matemáticas na Sala de Aula” aborda muito bem a importância do professor em realizar investigações em suas aulas, onde ele deve promover a curiosidade e incentivar os alunos a fazer descoberta.

 Quando o conhecimento matemático é estudado de maneira restrita, certamente irá nos empobrecer, mas se for visto e analisado dentro de um contexto amplo e abrangente écerto que irá ampliar nosso horizonte e consequentemente favorecerá um pensamento crítico. 

 Para Terezinha Carraher “Se nossas metas no ensino são a transmissão de regras, elas, talvez dependam mais de outros fatores do que do raciocínio, e a compreensão das estruturas lógicas-matemáticas não será, nesse caso, nem condição necessária nem suficiente para a aprendizagem”.

 Esse fragmento reforça a idéia de que os educadores não devem ter como objetivo primordial a transmissão das regras, é evidente que a sistematização do conhecimento é importante, mas a sua aplicabilidade em situações práticas merece fazer parte das metas de prioridade. Dessa forma percebe-se a distância entre a matemática ensinada na sala de aula e o conhecimento matemático utilizado no dia-a-dia.

 As dificuldades apresentadas por crianças na escola não traduzem as mesmas dificuldades encontradas na vida diária, até porque nesta última não há a rigidez dos algoritmos e nem a cobrança dos cálculos escritos, elas podem operar o cálculo mentalmente e consequentemente expressá-los de maneira verbal. 

  1. A MATEMÁTICA DO COTIDIANO 

NO “cotidiano” o indivíduo é conduzido a fazer uso dessa extraordinária ferramenta que é a matemática, mas infelizmente ele não percebe que a utiliza e acaba passando despercebida. É importante que a presença do conhecimento matemático seja percebida, analisada e aplicada, visto que a matemática desenvolve o raciocínio, garante uma forma de pensamento, possibilita a criação e amadurecimento de ideias, fatores estes que estão intimamente ligados a sociedade. Por isso, ela favorece e facilita a interdisciplinaridade, bem como a sua relação com outras áreas do conhecimento (filosofia, sociologia, literatura, música, arte, política, economia, etc.).

A matemática do cotidiano não está em um exemplo de um livro didático ou apostila. .

O conhecimento está intimamente ligado a fenômenos naturais, fatos ou acontecimentos (é comum encontrar nos jornais, notícias envolvendo linguagem matemática: gráficos, tabelas, taxas de financiamento, pesquisas eleitorais, em fim inúmeras aplicações matemáticas) quando o mesmo é percebido torna-se mais simples e mais fácil a interpretação da realidade.

            O ser humano busca cada vez mais, até por uma questão de necessidade, minimizar a distância entre a realidade e o conhecimento matemático. A matemática tem uma contribuição significativa na área das ciências exatas (Física e Química), assim como contribui em outros campos do ambiente real (contexto sociocultural, política, medicina, questões ambientais...).   

O livro, Da realidade à ação, de Ubiratan D’Ambrosio, apresenta um fragmento interessante: “Isto nos conduz a atribuir à matemática o caráter de uma atividade inerente ao saber humano, praticada com plena espontaneidade, resultante de seu ambiente sociocultural e consequentemente determinada pela realidade material na qual o indivíduo está inserido”. (D’ Ambrosio, 1996). 

 A matemática realmente tem essas características (inerente e espontânea). A aplicação da matemática não depende de um papel e um lápis para surgir, depende de uma situação que exija a necessidade do conhecimento matemático de maneira formal ou informal.

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