Pesquisadores americanos e britânicos anunciaram, a descoberta de vestígios da mais jovem supernova já encontrada na Via-Láctea. Supernovas são explosões de estrelas de massa muito maior que a do Sol. Quando ocorrem, podem brilhar mais que uma galáxia inteira, e deixam para trás nuvens de destroços que continuam a emitir radiação, os chamados remanescentes de supernova. São as supernovas que lançam ao espaço os elementos químicos mais pesados, como ferro e cálcio, que depois poderão entrar na composição de novas estrelas, de planetas e de seres vivos.

Em tempos de cultuar o corpo e descartar qualquer ser humano que atinja uma idade em que não precise mais talquinho no bumbum, o título dessa crônica pode parecer mais uma chamada para algum concurso de beleza em que foi descoberta uma nova ninfeta transformada em estrela.Embora a chamada do texto não esteja, assim tão distante deste mundo descartável e de um consumismo replicante do corpo e da beleza.

Essas modelos famosas, assim como as supernovas (as estrelas astronômicamente falando), nascem de uma explosão, brilhando mais que uma galáxia inteira, deixando para trás destroços que continuam a emitir radiação por um bom tempo. Lançam no espaço elementos químicos mais pesados tais como heroína e cocaína, somados a estados anoréxicos, que podem entrar na criação de novas estrelas, de novos mundos de superficialidades e de novos seres vivos que cultuam esse universo imerso em um vácuo de sentimentos e razões e multiplicam essas ideologias.

No nosso mundo de hoje, meninas de dezoito anos estão tomando anti-depressivos para poderem suportar a dura realidade de já estarem muito velhas para enfrentar a concorrência das meninas de catorze anos. Hoje não basta mais ser supernova e sim, ser a mais jovem supernova, para ser realmente uma notícia aceitável. Talvez a próxima notícia seja a descoberta da concepção do mais recente feto supernovo. Rezemos para que ele não nasça muito enrugado, pois pode ser descartado no ato por outro um pouco mais lisinho.

E quanto aos que têm mais de dezoito anos, fica o apelo dos astrônomos para que não se desesperem, pois também estão catalogando e virando notícia novas descobertas de crateras e poeira cósmica, assim como as aparições não tão glamourosas, descendo do espaço sideral de lixo espacial.

Já é alguma coisa.

Sérgio Lisboa.