A arte da fotografia não necessita de nenhum carimbo intelectual de teorias universitárias para que seja importante: registrar é sim muito importante por si só.

Nas universidades, fotógrafos tentam qualificar a arte como muitas outras coisas, como se a fotografia de registro fosse algo banal e menor, intelectualmente falando.  Claro que os títulos universitários são importantes. Mas mesmo quando arte, a fotografia jamais deixa de registrar. Um sorriso, espontâneo ou ensaiado, um trabalho artístico-contemporâneo, uma pintura corporal que expressa arte, um olhar específico: não importa se é arte ou não, fotografia é sempre registro.

A palavra “registro” deve deixar de ser relacionada aos eventos importantes da vida, como casamentos e aniversários, e passar a ser vista literalmente: a foto é uma impressão de um exato momento. Antes no filme fotográfico, agora uma impressão digital. E impressão significa “s.f. Ação ou efeito de imprimir, de gravar (a oco ou em relevo), de reproduzir (imagens, dizeres) mediante pressão. Marca” (em http://www.dicio.com.br/impressao/, 07/05/2015). E é isso que a luz nos permite na fotografia: gravar uma imagem, registrá-la.

Na Wikipédia brasileira diz-se que significa "desenhar com luz e contraste", por definição, é essencialmente a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível”. Fixar numa superfície sensível, não seria a mesma coisa de registrar?

Sim, uso termos técnicos e pouco poéticos, mas é isso que proponho com esse artigo, mostrar que o registro é inegável, e desprezar essa palavra seria desprezar a própria técnica fotográfica.

O fotojornalismo por exemplo. Kevin Carter fez o registro mais triste da história ao fazer sua foto mais famosa. Pouco tempo depois, suicidou-se. Um registro pode ser arte, pode doer. Registrar sem poder modificar aquela situação e perpetuá-la através de sua arte é mais doloroso ainda.

Kevin Carter ganhou o prêmio Pulitzer, um dos mais importantes da fotografia, mas por falta de dinheiro e talvez pela situação de fome que presenciou – e registrou, para sempre-, 3 meses antes, matou-se.

Registro é documento. Documentários quase que invariavelmente necessitam de fotos ou filmes para ganhar veracidade. No fotojornalismo, registra-se a história, o cotidiano, mas principalmente fatos importantíssimos que não seriam tão tocantes no futuro sem imagens para ilustrá-los. O fotojornalismo é um exemplo de como o registro é essencial para o futuro, para pesquisas e para lembrar a humanidade de sua História.

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