Por Ludmilla Paniago Nogueira, Maria Zilda da Silva Barbosa e Simone Batista Campos

Para se discorrer acerca do tema convém esclarecer o significado e a contextualizações do termo lúdico. Recorrendo ao dicionário Aurélio, tem-se que o termo mencionado refere-se ao que tem caráter de jogos, brinquedos e divertimentos. Com base nessa definição pode-se admitir que o brincar é de fundamental importância para as crianças, seja na aquisição de seu desenvolvimento físico e psicológico ou na sua sicialização. 

Na concepção de Maluf (2003), brincar é para a criança um momento mágico. Brincando a criança alimenta sua vida interior, liberando assim sua capacidade de criar e reinventar o mundo. Para a autora, o

brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Trata-se, portanto, de uma necessidade básica para a criança. 

Brincar é manipular o sentido das palavras, dos sentimentos e da realidade, tendo consciência de que é uma simulação. Toda criança que brinca sabe que brinca! Por isso ela decide sobre o que, como, com quem, com o que, quanto tempo e onde brincar. (ABRAMOWICZ & WAJSKOP, 1999, p. 58). 

E é partindo desta visão da interação social e cultural que se pretende compreender o lúdico, que é visto como uma espécie de canal que é capaz de mediar o real, o imaginário e o simbólico: em se tratando do que é, do que poderia vir a ser e do que é representado. 

Muitas vezes a criança vem curiosa, cheia de experiências trazidas de casa, que precisam ser ampliadas e organizadas. Nesse contexto, o professor pode realizar atividades interessantes, que auxiliem aos alunos em seu desenvolvimento. É nesse momento que existe a possibilidade de trabalhar com diversas propostas em sala de aula; expor o conteúdo a ser apreendido e construído através de instrumentos diferentes do giz e do quadro negro aos quais tantos cresceram acostumados – utilizar os jogos como recursos pedagógicos facilitadores da aprendizagem.

Em muitas escolas os recursos pedagógicos são escassos visto que as mesmas não possuem recursos financeiros para a compra destes materiais a serem utilizados com as crianças da educação infantil. Isso faz com que os professores da educação infantil acabem por comprar alguns brinquedos com os próprios recursos, ou garimpe fora da escola materiais recicláveis para que possa desenvolver um trabalho satisfatório.

A confecção de brinquedos e jogos pedagógicos com este tipo de material requer tempo, e certa destreza do professor. Certamente será uma experiência diferente para as crianças, já que eles podem participar da construção deste material proporcionando a efetividade do processo de construção. A respeito destes materiais disponíveis para o brincar, Moyles (2002, p. 25) argumenta que, “Se todo brincar é estruturado pelos materiais e recursos disponíveis, a qualidade de qualquer brincar dependerá em parte da qualidade e talvez da quantidade e da variedade controladas do que é oferecido”.

Os recursos didáticos são componentes do ambiente de aprendizagem que estimulam o aluno. Podem ser materiais audiovisuais, equipamentos diversos, livros e recursos da própria natureza, adaptados às situações didáticas. Podem ser considerados recursos pedagógicos até mesmo recursos humanos: contadores de histórias, animadores de auditórios, monitores de ensino. Tudo o que se encontra no ambiente onde ocorre o processo ensino-

aprendizagem pode se transformar em um ótimo recurso didático, desde que utilizado de forma adequada, planejada e correta para o fim a que se destinam.

Os alunos têm que viver a experiência de descobrir por si mesmo o que está acontecendo, o que está sendo mostrado e como está sendo mostrado, e também o que está sendo omitido. Parece-me que a comunicação atualmente está muito sustentada em todos os meios pela tecnologia de informação. E isso coloca, à educação, múltiplos temários. Um é a alfabetização múltipla, pois a linguagem escrita já não basta com a proliferação de tecnologias, de linguagens e de expressões. Isso implica alfabetizar os estudantes para que sejam capazes de elaborar suas próprias comunicações, com suas distintas linguagens, com distintas lógicas de articulação (GÓMEZ, 1998, p. 81).

Recursos didáticos são, portanto, métodos pedagógicos empregados no ensino de algum conteúdo ou na transposição didática para a transmissão de informações; são instrumentos complementares, ferramentas educativas que ajudam a transformar as idéias e os conteúdos conceituais em fatos e em realidades.

Tais instrumentos coadjuvantes no processo auxiliam na transferência didática de situações, experiências, demonstrações, sons, imagens e fatos para o campo da consciência, para então se transmutarem em idéias claras e inteligíveis.

Dentre as funções principais dos recursos didáticos pedagógicos, tem-se: estimular e despertar o interesse do educando para determinados conteúdos conceituais; favorecer o desenvolvimento motor e da capacidade de observação; aproximar o participante da realidade através de imagens e sons captados diretamente do mundo sensorial; permitir a visualização ou concretização dos conteúdos da aprendizagem; oferecer informações e dados; permitir a fixação da aprendizagem; ilustrar noções mais abstratas, tornando-as de fato mais compreensíveis; desenvolver a experimentação concreta através do manuseio e utilização de materiais e objetos de ensino.

Gómez (1998) explana que existem estratégias as mais diversas, que possibilitam o uso adequado de recursos didático-pedagógicos nos ambientes escolares, tais como dinâmicas e técnicas de integração, histórias, teatralizações, exibições de imagens, exploração de sons diversos e o que a imaginação criar, respeitando sempre os limites de aceitação do público e adequação à faixa etária do público-alvo.

A escolha do recurso mais indicado para a situação de ensino-aprendizagem exigirá sensibilidade e conhecimento técnico por parte do educador.

O educador deve estar atento aos recursos mais adequados ao seu labor cotidiano, tais como: exemplificações, ilustrações a partir de situações e experiências que a comunidade educativa oferece, bem

como o aproveitamento do conhecimento empírico trazido pelo educando do seu ambiente familiar. São recursos educativos adaptáveis, que se encontram próximos à realidade do educando e que exigem do educador, a cada dia, novas posturas, a fim de sejam utilizados de forma profícua e eficiente.

Gómez (1998, p. 79) afirma que a comunicação atualmente está muito sustentada em todos os meios pela tecnologia de informação. E isso coloca, à educação, múltiplos temários. Um é a alfabetização múltipla, pois a linguagem escrita já não basta com a proliferação de tecnologias, de linguagens e de expressões. Isso implica alfabetizar os estudantes para que sejam capazes de elaborar suas próprias comunicações, com suas distintas linguagens, com distintas lógicas de articulação.

Segundo Gómez (1998), algumas pessoas subentendem que a escola parou, está muito atrasada com relação aos aparelhos tecnológicos e que, então, a solução é trazer tecnologia para que a educação tenha êxito, o que é uma atitude reducionista, uma vez que a educação não depende apenas das tecnologias e sim de muitos outros fatores.

Através do uso adequado dos recursos e ferramentas didático-pedagógicas é que se conseguirá sensibilizar e despertar o aprendiz para o conteúdo ministrado. Para que a sensibilização ocorra, os gestores escolares precisam saber o que se tem de modificar na escola, no processo educativo, para realmente se fazer uma educação relevante para o estudante.

A finalidade dos recursos didáticos, portanto, é a de melhorar a qualidade de transmissão e recepção das mensagens e tornar os conteúdos ministrados mais facilmente assimiláveis, aprimorando o processo ensino-aprendizagem.

A formação e a capacitação docente impõem-se como fator decisivo para a utilização adequada dos recursos didático-pedagógicos que se encontram em alto grau de acessibilidade na escola contemporânea, como meta principal a ser alcançada na concretização de um sistema educacional que inclua a todos, verdadeiramente.

A definição do que deve ser usado em cada momento está intrinsecamente vinculada aos conhecimentos, à formação e à prática reflexiva do professor. Modismos não contribuem, por si só, com a aprendizagem; a contextualização é fundamental para a utilização eficiente dos recursos didáticos.

Com tantas possibilidades e materiais disponíveis, o que se exige do professor é criatividade e senso de adequação aos objetivos, quando este vai selecionar qualquer recurso didático-pedagógico para a utilização em processos de ensino-aprendizagem. Quanto maior for o conhecimento do professor nesta área, maiores serão as chances de que o mesmo venha a optar pelos recursos mais adequados aos seus anseios.

Assim, investir na capacitação docente é buscar autonomia e sintonia com os novos tempos.

Não adianta a tecnologia reforçar o processo educativo tradicional. Isso não contribui. É preciso pensar na educação em primeiro lugar. Repensar a educação é repensá-la a partir das situações dos próprios educandos e, a partir daí, pesar um novo desenho do processo educativo, ver o replanejamento desse processo e verificar para que se pode servir a tecnologia (GOMÉZ, 1998, p. 79).

Os recursos didático-pedagógicos devem ser empregados como ferramentas auxiliares adequadas ao que ser quer alcançar em forma de objetivos, habilidades e competências. Ao lançar mão de tais recursos, a intenção deve ser de agregar valor aos conteúdos conceituais e não de sobrepujá-los em espetáculos muitas vezes inconsistentes, que não se sustentam enquanto fonte de conhecimento, que carecem de informatividade e não contribuem para conhecê-lo, o saber fazer e o vir a ser do educando.

Em suma, os recursos são partes significativas do processo educativo, mas não se constituem na totalidade deste; os recursos didático-pedagógicos são imprescindíveis na escola contemporânea e os educadores precisam atentar para esta realidade irreversível, investindo na própria formação e tornando-se aptos a fazer bom uso das várias possibilidades existentes.