A LOGÍSTICA INTEGRADA NO TRANSPORTE DE CARGAS VIVAS. A realidade brasileira concernente á Logística Integrada, em especial a relacionada com o transporte de cargas vivas é preocupante e responde por prejuízos incalculáveis em todos os patamares. A preocupação inicial se apresenta como um total despreparo por parte dos responsáveis pelo setor: MAPA, EMBRAPA, DENIT, ABNT, ABIEC, ABRAFRIGO, CFMV. Explico. Todos os diplomas legais existentes a respeito do transporte de cargas vivas são obsoletos. São tão antigos que sequer mencionam o termo Logística. Quanto menos Logística Integrada. Imaginem então: Logística Reversa. A Embrapa provavelmente lançou ou deverá lançar um estudo a respeito de transporte de suínos. Em um dos canais por assinatura, assisti um documentário a respeito da Logística empregada no transporte de cavalos Puro Sangue Inglês, que iriam participar de dois Grandes Prêmios. Um avião modelo 777 especialmente formatado para transportar animais, foi usado. É simplesmente interessante. Mas chama a atenção neste documentário a Pré-Logística. Toda uma programação contempla os preparativos que antecedem o embarque dos cavalos. No documentário ela praticamente não aparece com destaque, mas assistindo mais de uma vez, nota-se como se planejam as ações necessárias como: ações anti-estresse, movimentação normal que não de exercícios fortes, alimentação necessária e a qual os cavalos estão acostumados. E notem. Os cavalariços com os quais os cavalos estão acostumados irão acompanhá-los dos haras ao aeroporto, ao embarque, na viagem, no desembarque e nos Jóckey’s Clubes. São dois cavalos e uma égua. Valor? Muito acima do imaginado. Animais oriundos de Los Angeles aos hipódromos de La Paz, Santiago e Buenos Aires. Esta introdução foi necessária, para que possamos ter uma idéia conjuntural do que representa este segmento em termos de Brasil e quanto somos ineptos, irresponsáveis e atrasados, relação à Logística Integrada no Transporte de Cargas Vivas. A ABNT publicou a NBR 7503, relacionada com o transporte de cargas. (Escrito por Alexandre Porto) . “A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou, na última terça-feira (29), a norma ABNT NBR 7503:2012 - Transporte terrestre de produtos perigosos - Ficha de emergência e envelope(*) - Características, dimensões e preenchimento, que revisa a norma ABNT NBR 7503:2008. Segundo documento enviado pela própria ABNT, as novas regras entram em vigor no dia 29 de junho de 2012” (*) O grifo é nosso. Aconselho ler esta NBR. Esta é uma das inúmeras NBR’s que tratam de um segmento de transporte. Isto posto vamos agora raciocinar sobre outra Logística. Quem assistiu ao filme “O Naufrago” que tem por núcleo a FEEDEX, nota o planejamento que antecede a decolagem do avião, só não contavam com o mau tempo. E o que relaciona este filme com o título do artigo? Na realidade o que chama atenção é a Pré-Logística que envolve um complexo sistema que deverá culminar com a entrega do produto ao seu ponto final: o destinatário. Na Logística Integrada no Transporte de Cargas Vivas, não temos sequer uma “Ficha de emergência e envelope”, para situações de acidentes com cargas vivas. E aqui a situação é complicada. Como agir em uma situação de acidente com um caminhão transportando 22 bovinos? É um exemplo extremado? Provavelmente sim. A Logística Integrada no Transporte de Cargas Vivas, em geral se aplica aos segmentos da pecuária bovina de corte, pecuária bovina de leite, pecuária avícola de corte, pecuária avícola de ovos comerciais, pecuária avícola para pintainhos de um dia, pecuária avícola para ovos embrionados,pecuária avícola para matrizes de corte e de postura comercial, aqüicultura de alevino, aqüicultura de corte, aqüicultura ornamental, ovinos, caprinos, bubalinos, muares, eqüinos, animais exóticos destinados à Zoológicos e às Reservas Ambientais. Não vamos nos estender a cada uma delas. Mas pelos menos três podem nos levar a um estudo mais próximo. Bovinos, suínos e frangos destinados ao abate. As Logísticas são totalmente diferentes em relação a: Veículos apropriados. Divisões transversais. Tipos de grades laterais. Carrocerias com siders. Tipo de piso. Material usado no fabrico da carroceria. Altura das grades. Divisões laterais e transversais, a altura e metragem quadrada. Metragem em relação ao número de animais / peso vivo. Uso de contêineres de plástico e suas dimensões em relação a carroceria do caminhão. Mão de obra. Sistema de embarque. Horário de embarque. Experiência comprovada do motorista e de seu auxiliar (nunca existe este elemento). Planejamento da rota e rotas alternativas. Pontos críticos da rota. Metereologia. Pontos de apoio. Comunicação via PX ou celular (quando funciona). Contato com as Polícias Rodoviárias. Plantas frigoríficas que possam vir a atender em situações emergenciais. Fichas de emergências e envelopes. Afora estes pontos citados. Faz-se necessário todo um Planejamento Logístico Operacional. Conforme os tipos de Carga Viva passam a exigir e existir mão de obra diferente, devidamente treinada e capacitada para o tipo de operação. Postos de abastecimento de combustíveis. Oficinas mecânicas. Empresas especializadas no tipo de transporte específico, no caso da necessidade de transbordo. O que se tem no momento é a preocupação exagerada da Defesa Sanitária, com as GTA’s. É preferível pecar por excesso de zelo, ao invés de pecar por escassez. A realidade que ora vivemos devido à falta de preparo em todos os elos desta cadeia logística em parte se deve a falta de uma política embasada, a partir da pesquisa, da elaboração de Normas Técnicas específicas. Um exemplo. E.P.I. Equipamento de Proteção Individual, para os apanhadores de frangos. Como aquilatar o volume de pó inalado, pelos apanhadores de frango? Quais os malefícios inerentes desta inalação? Quantos apanhadores serão necessários para apanhar 20.000 frangos? Quantas horas são ideais para o apanho de 20.000 frangos. Entre o apanho, a arrumação da carga e o acesso da rodovia vicinal e a principal, quantas horas serão necessárias. E o estresse provocado nos frangos? Como se mede o estresse em relação aos tópicos citados? Estes exemplos se aplicam a todas as demais. Quando buscamos informações a este respeito, na Comunidade Européia, há de se acautelar. Uma carga de pintainhos de um dia, que inicie o seu percurso de Cascavel e que percorra 1.200 quilômetros em 15 horas, se comparado com a Europa, provavelmente terá atravessado no mínimo 3 países. Lógico dependendo dos países. Dai que os Protocolos em uso, rigorosos na sua essência, se pretendidos o seu uso e aplicação no Brasil, devem ser analisados sob vários pontos importantes. Alguns. As distâncias entre as plantas de abate e as propriedades produtoras européias, não são distantes se comparadas ao Brasil. Na Europa o inverno é rigoroso com a presença de neve e temperaturas mínimas abaixo de zero. As rodovias são tecnicamente construídas. Quando a Norma exige parada técnica, os animais são descarregados em uma propriedade especialmente adequada para tal. No caso, bovinos, ovinos e provavelmente suínos. Em geral estas propriedades que se prestam para pontos de apoio, são construídas tecnicamente para tal. Outro detalhe. Carga viva tem preferência de trânsito. E por ser considerada de alto valor agregado em termos de Bem Estar Animal são consideradas como cargas leve o que exige caminhões que desempenhem velocidades compatíveis e permitidas nas rodovias. Enquanto isso no Brasil.... Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.