A LITERATURA MATO-GROSSENSE E O PAPEL FORMADOR DA LITERATURA NO CONTEXTO DAS ESCOLAS DO CAMPO

Tereza Cristina De Souza

Resumo

Este artigo é um relato de experiência, ou relatório, do Desafio Profissional  do Projeto Integrador intituladoA Literatura Mato-Grossense E O Papel Formador Da Literatura No Contexto Das Escolas Do Campo”, apresentado Curso de Letras e iniciado na escola Marechal Candido Rondon, apresenta um programa de estudo no viés da Literatura Mato-grossense apontando para o papel formador/humanizador da literatura no contexto das escolas do campo localizadas no Assentamento Antônio Conselheiro, uma vez que, como afirma Todorov a Literatura encontra-se em perigo, na forma que esta tem sido oferecida aos jovens, desde a escola primaria até a faculdade Este estudo e ou projeto está sendo realizado no ensino médio na durante as aulas de português em que a proposta é: a partir da Literatura Mato-grossense observar a reação dos alunos do campo, como formadores de opinião, seu nível de maturidade e se são capazes de sentir o outro, de ter compaixão, dor, emoção, ou se estão alheios ao que acontece no mundo e com o outro... O ponto de vista é perceber se a literatura tem cumprido seu papel de humanizar a partir deste trabalho direto com os alunos nas aulas de literatura, nesta escola do campo ou ela realmente encontra-se em perigo?

 

Palavras-chaves:  Literatura. Escola. Perigo

 

Introdução

Este artigo é um relato de experiência, ou relatório, do Desafio Profissional  do Projeto Integrador apresentado curso de letras e iniciado na escola Marechal Candido Rondon, apresenta um programa de estudo no viés da Literatura Mato-grossense apontando para o papel formador/humanizador da literatura no contexto das escolas do campo localizadas no Assentamento Antônio Conselheiro, uma vez que, como afirma Todorov a Literatura encontra-se em perigo, na forma que esta tem sido oferecida aos jovens, desde a escola primaria até a faculdade veja:

O perigo está no fato de que, por uma estranha inversão, o estudante não entra em contato com a literatura mediante a leitura de bons textos literários propriamente ditos, mas com alguma forma de crítica, de teoria e ou de história literária. Isto é, seu acesso à literatura é mediado pela forma “disciplinar” e institucional. Para este jovem, literatura passa a ser então muito mais uma matéria escolar a ser aprendida em sua periodização do que um agente de conhecimento sobre o mundo, os homens, as paixões, enfim, sobre a vida íntima e pública. (TODOROV, 2009, p.10)

 

Desta forma, surgiu o interesse pelo tema,A Literatura Mato-Grossense E O Papel Formador Da Literatura No Contexto Das Escolas Do Campo,voltado para alunos do ensino médio para que se cumpra o papel da literatura, como direito dos cidadãos que segundo Todorov, a literatura pode muito, ela pode nos estender a mão quando estamos profundamente deprimido, nos tornar ainda mais próximo dos outros seres humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a viver... (TODOROV, 2009, P.76).

O objetivo é apresentar a literatura Mato-grossense aos alunos do Ensino Médio na escola Marechal e observar se a literatura cumpre seu papel formador/ humanizador de acordo com as teorias de Antonio Candido ou se encontra em perigo como afirma Todorov.

Como afirma Todorov a literatura está em perigo porque esquecemos dela e do que ela é capaz a tratamos como apenas meras ilustrações de conceito e analise, onde os textos são tratados como exemplificadores e o sentido da obra aquilo que nos conduz a um conhecimento humano, o que realmente importa é ignorado. (TODOROV, 2009, p.91). Desta analise surge o tema: Neste estudo Antonio Candido declara que literatura é uma manifestação universal e cultural do homem em sociedade em todos os tempos, e afirma que é difícil ele viver sem esta arte, em algum momento da vida. Agora, Todorov diz que nosso universo passou por transformações em que pela instantaneidade da imagem o ato de ler vai desaparecendo e a literatura até na escola tem perdido seu espaço e precisamos dela e que ela exerça seu papel transformador no espaço do campo.

Este estudo e ou projeto está sendo realizado no ensino médio na escola Marechal Candido Rondon durante as aulas de português em que a proposta é: a partir da Literatura Mato-grossense observar a reação dos alunos do campo, como formadores de opinião, seu nível de maturidade e se são capazes de sentir o outro, de ter compaixão, dor, emoção, ou se estão alheios ao que acontece no mundo e com o outro... O ponto de vista é perceber se a literatura tem cumprido seu papel de humanizar a partir deste trabalho direto com os alunos nas aulas de literatura, nesta escola do campo.

Durante este processo, foi realizado um estudo teórico sobre o tema literatura, onde lemos artigos de Dante Gato, professor doutor da Unemat- Universidade Do Estado de Mato Grosso, localizada em Tangará da Serra, pesquisamos sobre a literatura mato-grossense, em sala leram alguns recortes de textos, poesias, contos de mato-grossenses, analisaram e expuseram suas opiniões.  

A literatura tem o poder de humanizar quem dela se apropria segundo Antônio Candido, (CANDIDO, 2011, p.182) humanização é o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. Este trabalho está sendo uma oportunidadeímpar de levar a conhecimento deste público a Literatura mato-grossense como meio de transformar vidas e por outro lado salvá-la do perigo que a ronda.

 

Desenvolvimento

Concepção de Educação do Campo 

 

Caldart afirma que a concepção de Educação do Campo que se firma no Brasil a partir da década de 1990, vem desempenhando um papel importante no reconhecimento do campo como um lugar de vida, de trabalho, de relações com especificidades próprias, onde vivem populações que caminham em busca do seu reconhecimento e, como “sujeitos de direitos”, refletem, reelaboram e recriam as situações cotidianas, a partir das próprias condições de existência social em que estão inseridas.

 A gênese deste movimento está firmada em um cenário marcado por contradições sociais. Estas se dão na medida em que esses sujeitos coletivos e históricos, ao se reconhecerem excluídos dos bens produzidos pela humanidade, se organizam em movimentos sociais, e ao dar passos na garantia de sua afirmação econômica, política, social e cultural, percebe a importância da organização e da luta, para conquista de direitos básicos e subjetivos, dentre eles, o da educação/formação dos sujeitos do campo.  Junto a essa mobilização, instaura-se uma interrogação sobre a escola, dada sua constituição, estruturada dentro de uma sociedade que se desenvolve sob a égide do modo de produção capitalista, cuja forma é predominantemente comprometida com a formação do indivíduo para este modelo de sociedade.

O projeto educativo/formativo predominante na sociedade que temos, e vigente na escola, não é o mesmo que o anunciado por meio dos vínculos sociais da concepção da Educação do Campo. A afirmação trata da perspectiva da escola identificada com a concepção originária da Educação do Campo, mais especificamente a que se vincula ao debate contra hegemônico.  Para o qual: “a nova escola deve se abrir para a vida, incluindo sua articulação com outras formas sociais formativo educativas tão importantes como a própria educação escolar” (CALDART, 2011, p. 152).

Ao refletir sobre as palavras de Caldart que fora mui bem colocadas observa-se a importância da literatura capaz de produzir todas estas condições acima citadas, pois humaniza os cidadãos que dela se apropriam garantindo reconhecimento de “sujeitos de direitos”, para assim dar passos em busca de sua afirmação econômica, política, social e cultural e educacional para formação de sujeitos, na qual se adquire na escola, mas que muitas vezes para alguns lhe são negados.

 

Conceito de literatura

 

Pesquisando sobre o tema Literatura Mato-grossense observei que é impossível falar se literatura sem se reportar a arte, segundo o professor Dante Gatto[1] no seu artigo publicado no Diário da Serra intitulado “Reflexões Sobre a Arte” o mesmo afirma que      fenômeno arte é uma atividade especificamente do homem, e que somos um complexo de possibilidades que não se restringe a mera satisfação das necessidades imediatas à sobrevivências que se manifesta com poderosa força instintiva.

Vemos que arte é o que nos torna humanos e nos faz sermos diferentes das outras espécies chamadas irracionais: somos animais, porém pensantes, ou seja, racionais. Isto é, realizamo-nos a partir das nossas relações sociais. Dizendo de outra forma, carecemos de reconhecimento coletivo, nem que seja da nossa pequena comunidade, família... Aquilo que queremos, acreditamos e fazemos.

Esta reflexão é concisa e objetiva em que Dante consegue expor e falar sobre arte de um modo especial ele ainda afirma que enquanto humanos somos seres que sobrevivem em coletivo que dependemos um dos outros e que também somos insaciáveis sempre queremos mais e diz que este mais desejado é de outra ordem. Veja:

 “O relacionamento imediato com a coletividade, nos torna, digamos assim, homens funcionais. Somos reconhecidos à priori pela nossa função social: aluno, professor, motorista, caixa de supermercado etc. Todos servindo à coletividade e à espécie. Mas isto, individualmente, não nos basta. Queremos mais. E este mais é de outra ordem. Há uma tensão na base do fenômeno artístico, na configuração deste sistema. Ora, a coletividade institucionaliza o que se lhe apresenta favorável a sua sobrevivência. A coletividade, como um corpo, tem uma hierarquia de necessidades básicas e o indivíduo se curva a tal exigência funcional, afinal sobreviver é preciso.” (GATTO, Art. 2010)

 

Entendemos então, que o artista vive neste meio social, também é um sobrevivente que pensa, questiona a ordem reinante e tenta por sua vez modificá-la. Segundo o professor, não podemos dizer que a arte não esteja nos interesses da coletividade uma vez que, por exemplo, um músico ou um ator são reconhecidos pela sua funcionalidade, mas isto não aparece num primeiro momento. Em princípio, a esfera da arte é a individualidade. Só será reconhecida pela coletividade pelo empenho individual do artista no sentido de sensibilizá-la.

 Dante Gatto afirma que a obra de arte, subjetiva e metafísica, requer que nós a compreendamos sentindo. O autor revela que a arte nos atinge por dentro, primeiramente, e a compara como um forno de microondas que aquece e ainda diz: A arte nos aquece nesta aproximação de nós para nós mesmos. 

 Desta forma compreenderemos que homem funcional caminha, digamos assim, para fora, efetivando um contato direto com seus chamados semelhantes, enquanto que o artista caminha para dentro de si mesmo, procurando uma confirmação íntima dos pensamentos e ações da funcionalidade e aproximando os homens pelos aspectos mais profundos da condição humana. Dante Gatto ainda deixa clara a função do artista na sociedade e sua luta constante observe o que ele escreve: 

 

“Sensibilizar a coletividade é o desafio do artista que, aliás, assim se efetiva enquanto artista. Os interesses imediatos da coletividade tendem a inibir a capacidade humana de sentir para além dos impulsos básicos de sobrevivência. A arte tende a resgatá-los. O artista, portanto, aparentemente, lutará contra a coletividade, mas o objetivo último e a irmandade dos homens na busca da essência do ser, discernir o sentido mais profundo da vida e promover a felicidade humana, mesmo que ainda não tenhamos suficiente clareza deste mistério essencial. O reconhecimento coletivo, portanto, constitui o sucesso do artista e a vitória do ser.” (GATTO, Art. 2010)

 

 

A arte está no criar, que está no sentir, que atravessa a superfície da vida, nossa funcionalidade social, para mergulhar nas profundas questões do Ser.

O inconsciente coletivo se pautará na média dos homens considerados normais (massa) e privilegiará a homogeneidade. A loucura, neste sentido, tem certa irmandade com a arte. O que a coletividade não assimila, ela tenderá a isolar e destruir. Muitos artistas extemporâneos são destruídos e, podemos até supor, que em muitos casos sua criação desapareça ou permaneça na obscuridade. Muitos são entendidos (assimilados pelo sentimento coletivo) muito tempo depois de sua passagem pelo mundo e há casos daqueles que morrem no anonimato e na miséria, e nada nos resta fazer a não ser a clara compreensão que a arte é maior que o artista.

 

“Quando pensamos literatura não estamos considerando qualquer produção escrita. Estamos falando de ficção, lirismo, subjetividade, conotação. Você não destila um conceito de um livro de literatura, mas sente-se diferente por conta desta compreensão das coisas que se dá pelo viés do sentimento: compreender sentindo. É uma maneira essencial de apreensão das coisas o que a literatura proporciona uma compreensão da vida e dos requintes e idiossincrasias de uma cultura, uma forma especial de conhecimento, complemento da vida, nunca substituto, mas um arranjo (estetização) que alarga nossa compreensão da realidade. Literatura é uma mentira que amplia e ilumina a verdade das coisas. Eis, pois, um paradoxo inerente a nossa complexa natureza.”

(GATTO, Art. 2010)

 Nesta citação o professor Dante Gatto fala sobre literatura quando segundo ele alunos seus questionavam acerca da literatura e assim pode afirmar que o ser humano não vive sem ela. Assim como não vivemos sem sonhar, não vivemos sem literatura. A mais ferrenha ditadura não pode inibi-la como o prova nosso recente estado de exceção, a partir dos anos 60 do século passado, mas aguçou-lhe, efervescentemente.

Segundo José de Nicola[2] a literatura, como manifestação artística, tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de determinado autor (o artista), com base em seus sentimentos, seus pontos de vista e suas técnicas narrativas. O que difere a literatura das outras manifestações é a matéria-prima: a palavra que transforma a linguagem utilizada e seus meios de expressão. Porém, não se pode pensar ingenuamente que literatura é um “texto” publicado em um “livro”, porque sabemos que nem todo texto e nem todo livro publicado são de caráter literário.

Não há um critério formal para definir a literatura a não ser quando contrastada com as demais manifestações artísticas (evidenciando sua matéria-prima e o meio de divulgação) e textuais (evidenciando um texto literário de outro não literário). Segundo José de Nicola (1998:24), o que torna um texto literário é a função poética da linguagem que “ocorre quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, com as palavras carregadas de significado.” Além disso, Nicola enfatiza que não apenas o aspecto formal é significativo na composição de uma obra literária, como também o seu conhecimento.  “O que é literatura?” é antes de tudo uma pergunta histórica. O que conhecemos por literatura não era o mesmo que se imaginava há, por exemplo, duzentos anos quando, na Europa, o gênero literário “romance” começou a se desenvolver graças ao desenvolvimento dos jornais, que possibilitou uma maior divulgação do gênero, mudando o que se entendia a respeito do assunto. Se antes as “belas letras” eram compostas por composições em verso que seguiam uma estrutura formal de acordo com critérios estabelecidos desde a antiguidade, agora, com o advento e a popularização do romance, a forma de se entender a literatura foi modificada e novos gêneros textuais foram ganhando espaço. Exemplo disso, é que, no século XX houve a atribuição de alguns gêneros considerados “menores” como cartas, biografias e diários à categoria “literária”.

Um dos registros mais antigos que se tem acerca do tema deve-se a Aristóteles[3], Aristóteles elaborou um conjunto de anotações em que busca analisar as formas da arte e da literatura de seu tempo. Para isso, o pensador elaborou a teoria de que a poesia (gênero literário por excelência da época) era “técnica” aliada à “mimese” (imitação), diferenciando os gêneros trágico e épico do cômico e satírico e, por fim, do lírico. Segundo o filósofo, o que difere a arte literária, representada pela poesia, dos textos investigativos em prosa é a qualidade universal que a imitação permite. Ao imitar o que é diferente (épico e tragédia), o que é inferior (comédia e sátira) e o que está próximo (lírico), o artista cria a “fictio”, isto é, “ficção”, inventando histórias genéricas, porém verossímeis.

Nicola ainda afirma que os escritos de Aristóteles são questionados nos dias de hoje, uma vez que a literatura sofreu uma evolução sem precedentes nos últimos séculos, aceitando novos gêneros e presenciando a criação de novos meios de veiculação, como a internet. Todos esses fatores acabam “diluindo” a definição clássica de literatura e gerando novas atribuições ao longo de seu desenvolvimento e recepção.

 

Literatura na escola

 

Partindo desde pressuposto encontramos um universo literário rico, que é a literatura mato-grossense e que nas escolas do estado, não por negligencia, mas por falta de conhecimento sobre o assunto, de bibliografias, estas questões ficam esquecidas, sendo necessário disseminar este conhecimento que é relevante para o crescimento cultural e social do nosso Estado. Talvez esta aflição e angustia de muitos esteja chegando ao fim, pois já se comenta sobre a regulamentação da lei número 5.573, de fevereiro de 1990.

A lei em questão dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino das disciplinas de História, Geografia e Literatura de Mato Grosso, nas Escolas de 1º e 2º Graus, públicas ou particulares, que funcionem no Estado.

LEI Nº 5.573, DE 06 DE FEVEREIRO DE 1990 - D.O. 17.04.90.

Dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino das disciplinas de História, Geografia e Literatura de Mato Grosso, nas Escolas de 1º e 2º Graus, públicas ou particulares, que funcionem no Estado.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO: 

Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso aprovou e eu, nos termos do § 6º, combinado com o § 8º do Artigo 42 da Constituição do Estado, promulgo a seguinte lei:

Art. 1º Passa a ser obrigatório o ensino da História, da Geografia e da Literatura de Mato Grosso nas Escolas Públicas ou Particulares, de 1º e 2º Graus, que funcionem no Estado.

Art. 2º Nos cursos de 1º Grau o ensino se restringirá a noções de História e Geografia de Mato Grosso, como complemento das noções gerais de História e Geografia do Brasil.

Art. 3º No 2º Grau a História, a Geografia e a Literatura de Mato Grosso constituirão objeto de uma cadeira autônoma, com programas específicos.

Art. 4º Compete à Secretaria de Educação e Cultura baixar as normas e programas básicos para a inclusão dessas disciplinas nos currículos escolares, nos termos desta lei.

Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário e as que tenham anteriormente disposto sobre o assunto.

 

Este processo de regulamentação segundo estudiosos movimentaria o mercado editorial do Estado, na produção de livros, teríamos novas edições, e recursos para lançamento de novos autores, novas publicações e gerenciamento na distribuição de livros, um grande avanço, pois nossos jovens conheceria a história do Estado, bem como seu patrimônio cultural através da literatura.

Rubens De Mendonça, Lenine Póvoas e Hilda Gomes Dutra Magalhães, são os teóricos estudiosos da cultura, história e literatura em Mato Grosso, três personagens fundamentais na construção deste estudo com reflexões e discussões sobre a literatura regional. 

Antonio Candido chama de literatura, todas as criações de toques poéticos, ficcional ou dramático em todos os níveis da sociedade, em todos os tipos de cultura desde que o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grande civilizações, assim a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos e não há povo e não há homem que possa viver sem ela, sem a necessidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. (CANDIDO, 2011, P.176)

Esta mesma literatura encontra-se em perigo, segundo Todorov, e no mundo moderno, capitalista e digital, estimulado pela instantaneidade da imagem o ato de ler vai desaparecendo e a literatura até na escola perde seu espaço. “Para Todorov, o perigo que hoje ronda a literatura é: o de não ter poder algum, o de não mais participar da formação cultural do indivíduo, do cidadão” (TODOROV, 2010, p.08). Em outras palavras: não temos mais leitores de Literatura, ela está sendo abandonada. 

Em seu texto Direitos humanos e Literatura, Antonio Candido defende que a literatura é, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos, o autor destaca o que são os direitos humanos, aqueles ligados a alimentação, moradia, vestuário, instrução, saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência a opressão, bem como o direito à crença, à opinião, ao lazer. Este são bens que asseguram a sobrevivência física e também a integridade espiritual, segundo o crítico, a literatura se manifesta universalmente através do ser humano, e em todos os tempos, tem função e papel humanizador, sendo assim deve participar mais da vida dos cidadãos e cabe a escola proporcionar para que a literatura cumpra seu papel.

 

Considerações finais

 Concluímos que este trabalho de resgate da literatura é importante e relevante para a sociedade atual que se tornou nesta era digital, midiáticas, amantes da linguagem visual e imagética, é preciso resgatar o gosto pela leitura de um bom livro e o hábito de ler,pois o que se depara atualmente entre os alunosé a falta de motivação para a leitura.

O resultado esperado foi satisfatório, visto que, observamos que o adolescente avaliado neste projeto mesmo parecendo não se importar com o que está a sua volta ele se preocupa com o próximo, com seu futuro, o futuro das próximas gerações, com o meio ambiente etc. Os alunos depois de fazerem as leituras propostas e sendo instigado a dar sua opinião demostraram ter senso crítico e opinião formada em assuntos pertinentes e fica claro que o projeto tem surtido efeito.  

Devemos compreender que a literatura tem papel importante na formação do cidadão e constitui um direito e cabe a escola e aos profissionais da educação assegurar que o perigo que a ronda seja dissipado.

Este trabalho ainda não foi finalizado na escola, pois é constituído de várias etapas, sendo necessário mais tempo de estudo e então decidimos dar continuidade no próximo ano, pois é um trabalho eficaz e necessário na formação dos alunos do campo.

Quero expressar a importância dessa comunicação para a sociedade mato-grossense que convive na comunidade Antonio Conselheiro localizada em Tangará da Serra- MT, literatura é cultura, um povo que valoriza sua cultura é um povo sábio, para valorizar é necessário conhecer, para que a literatura cumpra seu papel na sociedade, que nada mais é do que um direito de todo cidadão.  

 

REFERENCIAS

CALDART, Rosely Salete. Sobre Educação do Campo. Especialização Latu Sensu em Educação do Campo – UAB/UNIMONTES / Módulo II. 2009.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 4ª ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2011

CANDIDO, Antonio. Direitos Humanos e literatura. In: A.C.R. Fester (Org.) Direitos humanos E… Cjp / Ed. Brasiliense, 1989.  

GATTO, Dante. Professor da UNEMAT (Universidade Do Estado de Mato Grosso), pertence ao grupo de pesquisa “Estudos DA Literatura de Mato Grosso Wladimir Dias Pino, escritor e autor de artigos literários. Nucleodepesquisa.blog.terra.com.br.  

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. História da literatura de mato Grosso: século XX. Cuiabá: Unicen publicações, 2001, 328 p.    

MENDONÇA, Rubens de. História da literatura de Mato Grosso. Cuiabá 1982

NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998.

PÓVOAS, Lenine de Campos. História da Cultura de Mato Grosso. São Paulo: resenha tributária, 1982.

TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: Difel, 2009.

 

 

[1]Gatto, Dante professor da UNEMAT (Universidade Do Estado de Mato Grosso), pertence ao grupo de pesquisa “Estudos DA Literatura de Mato Grosso Wladimir Dias Pino, escritor e autor de artigos literários. Nucleodepesquisa.blog.terra.com.br.    

[2]NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998.

[3]Pensador grego que viveu entre 384 e 322 (A. C.)