Estamos vivendo o que pode ser caracterizado como a Era da Informação e do Conhecimento, onde o mundo é marcado por constante transformação, sendo o conhecimento também um processo que sofre rápida mutação.

A escola torna-se insuficiente para acompanhar o ritmo imposto pela velocidade onde o conhecimento vem se processando.

Nesta perspectiva, ler não é mais apenas exercício escolar, mas uma atividade que ultrapassa os limites da escola, uma vez que a linguagem está em todas as situações da vida e sendo ela que constitui e dá forma ao pensamento, ao conteúdo de nossas vivências.

Diante dessa situação, a leitura parece crescer em importância, à medida que as sociedades evoluem, tornando uma atividade essencial, no processo de compreensão do mesmo e do mundo no qual está inserida.

Para tanto a presença da escola é imprescindível, pois é seu papel levar os alunos a tornarem-se indivíduos curiosos, autônomos e investigadores na busca do saber. A orientá-los para serem ousados, sonhadores, arriscadores e além de tudo de serem bem-sucedidos em seus empreendimentos.

Assim, mais do que nunca, ler é uma atividade essencial em nossa atualidade. Se ler é importante, então é preciso que a escola desperte em seus alunos o gosto pela leitura levando os a sentirem a necessidade dessa atividade como se fosse um vício.

Há então uma preocupação e dela deriva um movimento na área educacional que fará com que o vício se instale e permaneça seguindo diferentes estratégias que vão desde um bom material, apresentações de várias leituras e a conscientização do aluno da importância da leitura.

Desse modo, a Literatura Infantil é uma arte muito bem-vinda na formação de futuros leitores onde a magia de boas histórias pode levar as crianças a tornarem o gosto pela leitura.

É o que aconteceu com a protagonista Sherazade do livro “As mil e uma noite” em que ela simbolizou a importância da narrativa, das histórias, do aprendizado da sedução do discurso e do poder da palavra na vida das pessoas.

O professor preocupa-se com a falta de acesso aos livros na vida dos alunos, tanto no âmbito escolar quanto doméstico, pela falta de envolvimento com o texto lido e pelo abandono das bibliotecas.

A realização deste trabalho decorre da falta de hábito de leitura apresentado pelos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental.

Desta forma, o objetivo desta pesquisa refere-se ao desenvolvimento de técnicas que despertam o prazer pela leitura nas crianças, criando futuros leitores assíduos em nossa sociedade.

O professor deve propiciar momentos agradáveis de leitura, como deixar as crianças terem contato e manusear diferentes materiais escritos, trazer textos diversificados, textos com ilustrações, dramatizações, visita a biblioteca, ou seja, propiciar momentos em que o aluno tenha liberdade e prazer no momento da leitura.

É válido e necessário que seja garantido um espaço de leitura diário para as crianças quer oportunizado pela família, quer (obrigação) pela escola.

A leitura compartilhada é um momento riquíssimo para o aluno, pois terá o professor como exemplo de leitor proficiente.

 

A leitura na escolarização 

 

A leitura é uma fonte inesgotável para se adquirir conhecimentos muito importantes para exercermos o nosso papel de cidadãos em nossa sociedade.

Quando lemos ampliamos os conhecimentos, obtemos informações e até chegamos ao prazer da leitura. Prazer que resulta num trabalho intelectual, em diferentes níveis, que se instauram entre o leitor e sua experiência de mundo.  Ler é provar a complexidade, a diversidade; é avistar inúmeros cenários secretos que se ocultam na vida cotidiana.

Ler não é uma atividade tão simples quanto se parece, por isso se queremos formar leitores competentes devemos superar a concepção do aprendizado inicial da leitura: como ler simplesmente decodificando, transformando letras e sons.

O ato de ler é mais que decodificar, é ser capaz de atribuir significado ao que está lendo.

Assim a grandiosidade arte de ler, não deve ser vinculada somente com alfabetização e decifração do código escrito, com um ler corretamente, mas como uma leitura que permite a interpretação daquilo que se lê, utilizando-a em sua prática social.

Aprender a ler significa aprender “ler o mundo”, dar sentido a isso, correspondendo a tão almejada leitura crítica que os educadores querem que seus alunos desenvolvam, por isso que o ato de ler não pode ser mecânico, apoiando-se apenas em decifrar sinais: ler é uma busca de significados, deve dar prazer e ser interessante.

O leitor que compreende o que lê transforma o texto, transformando-se a si próprio.

Segundo o PCN de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997, P.55) “(...) Escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler”.

Para isso é preciso tomar cuidado com o tipo de texto utilizado para alfabetização, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da leitura e da escrita, pois com o intuito de aproximar os alunos aos textos, acabam oferecendo textos de pouca qualidade, correndo o risco de perder um futuro leitor.

Dentro dessa perspectiva, para formar bons leitores, o professor não deve oferecer como único meio o livro didático para se ensinar nesta tarefa, podendo até aprenderem a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes.

“Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e interpretá-los”. (BRASIL, 1997, P.30)

O bom leitor é aquele que ao ter contato com um texto sabe inferir a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, antecipar e selecionar.

Todas as crianças têm muitos conhecimentos, só que umas conhecem coisas diferentes das outras. Tudo depende da cultura da família e do ambiente na qual estão inseridas.

Para isso é necessário que haja uma equalização das oportunidades para todas as crianças que chegam à escola, em que o professor deve leva-las a reconhecerem a importância da leitura em sua vida, oferecendo materiais de qualidade, práticas de leitura eficazes e modelos de leitores proficientes.

Sendo assim, para que o professor consiga sucesso nesta tarefa, deverá sensibilizar o aluno de forma a fazê-lo acreditar que o livro é o melhor veículo para se adquirir conhecimentos, conquistas, prazer, aventuras, a resolução de problemas fundamentais ao nosso desenvolvimento intelectual e emocional.

Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-las de forma a atender essa necessidade. (BRASIL, 1997, P. 55).

Portanto, ninguém, seja criança ou adulto, torna-se leitor sem querer, mas por um processo voluntário, apoiado em múltiplas tomadas de consciência sobre as condutas de leitura e a maneira de aprender e para isso cabe ao professor despertar o prazer pela leitura desde as séries iniciais colocando o aluno em contato com diferentes linguagens, criando espaços para a formação do leitor de maneira prazerosa e agradável para obter resultados satisfatórios nesta tarefa da arte de ler.

 

Estratégias de leitura 

 

Quando lemos, utilizamos, não apenas o que os olhos vêm, mas também o que está por trás, como o conhecimento prévio sobre o assunto, o gênero, o portador, o significado e o adjetivo da leitura.

O ato de ler ativa uma série de ações na mente do leitor, por meio das quais ele extrai informações. Essas ações são denominadas estratégias de leitura e, na sua maioria passam despercebidas pela consciência. Eles ocorrem simultaneamente, podendo ser mantidas, modificadas ou desenvolvidas durante a apropriação do conteúdo.

 

O processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda o texto e que pode ir construindo uma ideia sobre o conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa em função dos seus objetivos. Isso pode ser feito mediante uma leitura individual, precisa que permita o avanço e o retrocesso, que permita parar, pensar, recapturar, relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas, decidir o que é importante e o que é secundário. É um processo interno, mas que deve ser ensinado. (SOLÉ, 1998, p. 31-32)

 

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As estratégias de leitura, usadas pelos leitores, devem ser conhecidas pelo professor. Saber conhecer o que os leitores proficientes fazem quando leem é fundamental para o ensino da leitura, pois possibilita ao professor compreender quais aspectos precisam ser tematizados nas atividades que planejará.

            São as seguintes estratégias de leitura:

 

Seleção: Ao ler um texto qualquer, a mente da pessoa seleciona o que lhe interessa, nem tudo o que está escrito é útil. Escolhem-se alguns aspectos chamados relevantes e ignoram-se outros que são irrelevantes para o entendimento do texto. Quando se lê um livro, faz-se uma seleção, isto é, presta-se atenção aos aspectos que interessam, ou seja, àqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. O leitor pode eleger somente os índices mais produtivos, em função das estratégias baseadas em esquemas que desenvolve pelas características do texto e significado.

 

Antecipação ou Estratégias de predicação: São hipóteses que o leitor levanta, antecipando informações com base nas “pistas” que vai percebendo durante a leitura. Essa estratégia ocorre, por exemplo, quando no início da leitura de um conto de fada espera-se que apareçam personagens e lugares característicos desse tipo de texto. Além disso, o leitor espera encontrar palavras ou expressões iniciais e finais que marcam o conto de fadas. Durante a leitura comprova-se as antecipações estavam corretas ou não.

 

A velocidade da leitura silenciosa habitual demonstra que os leitores estão predizendo e selecionando enquanto leem. Não poderiam trabalhar com tanta informação tão eficiente se tivessem que processar toda a informação. Predizem sobre a base dos índices a partir de sua seleção do texto e selecionam com base em predições.

 

 

Inferência: São os complementos que o leitor fornece ao texto a partir de seus conhecimentos prévios. É tão frequente o uso dessa estratégia que é comum o leitor não se lembrar se determinado aspecto estava implícito ou explícito no texto.

A inferência é utilizada para decidir sobre o antecedente de um pronome, sobre a relação entre caracteres, sobre as preferências do autor, entre outras tantas coisas. Pode-se inclusive utilizar a inferência para decidir o que o texto deveria dizer quando há um erro de imprensa

 

Auto regulação: É a ponte que o leitor faz entre o que supõe (seleção, antecipação, inferência) e as respostas que vai obtendo através do texto. Trata-se de avaliar as antecipações e as inferências, confirmando-se ou contestando-se com a finalidade de garantir a compreensão. Processo este que também é utilizado pelo leitor para pôr à prova e modificar suas estratégias. Os leitores aprendem a ler através do autocontrole de sua própria leitura.

 

 

Autocorreção: Quando as expectativas levantadas pelas estratégias de antecipação não são confirmadas, há um momento de dúvida. O leitor, então repensa a hipótese anteriormente levantada, constrói outras e retorna as partes anteriores do texto para fazer as devidas correções. É o caso do leitor, por exemplo, que volta para corrigir a palavra que leu errado. Outras vezes, requer uma regressão a partes anteriores do texto, em busca de úteis adicionais.

A autocorreção é também uma forma de aprendizagem, já que é uma resposta, a um ponto de desequilíbrio no processo de leitura.

Essas estratégias de leitura são empregadas pelo leitor proficiente no processamento dos sentidos do texto. Mas para que isto aconteça, a leitura tem que desempenhar uma seleção de informações durante seu processo e assim consequentemente a compreensão do texto.

O aluno tem que saber as finalidades para realizar a leitura e que em algumas leituras, podem ser estritamente pessoais ou não. É a função dos objetivos postos que as informações serão selecionadas e processadas pelo leitor.

A finalidade colocada para a leitura orienta o leitor na elaboração de previsão a respeito do que será tratado, orientando-se na ativação do seu conhecimento prévio, correlato.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil. São Paulo: Global, 1994.

 

BRASIL – Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares: Língua Portuguesa. Brasília, 1997.

 

CARVALHO, Bárbara Vasconselos de. A Literatura Infantil: visão histórica e crítica. 4ª ed. São Paulo: Global, 1985.

 

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do amor: a contribuição das histórias universais para a formação de valores das novas gerações. 10 ed. São Paulo: Gente, 2003.

 

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. 12 ed. São Paulo: Ática S.A., 1991.

 

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura e de escrita. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na escola. 6 ed. São Paulo: Global, 1995.

 

Jornal Bolando Aula, nº 66. Dezembro de 2004. P. 3-4. Gruhbas.

Autores:

Elaine Cristina Cavicchioli

Everson Augusto Marques

Silmara Aparecida Vigatti