A LITERATURA COMO FUNDAMENTO DA EXPRESSÃO E DA AUTO-EXPRESSÃO DO SUJEITO

 

      1. INTRODUÇÃO

A Literatura apresenta-se ao homem desde os seus primórdios. Tem servido, desde sempre, para a expressão e autoexpressão do próprio homem, permitindo-o ler o mundo, ler a si mesmo, interpretar o mundo e partilhar este conhecimento com os outros ao seu redor. Neste sentido, este artigo pretende mostrar como a Literatura sempre participou na jornada do homem e de como mostra-se indispensável para o conhecimento do mundo à sua volta e do mundo dentro dele.

      2. LITERATURA NO QUOTIDIANO

Desde muito tempo, aliás, desde sempre, a Literatura sempre serviu como um meio fundamental para a representação da realidade humana; para a representação dos fenómenos sociais que diariamente se apresentam. Além disso, a Literatura é um viajante do tempo, isto na ideia dela relatar o passado, o presente e de prescrever o futuro. Muito do que hoje sabemos sobre os acontecimentos dos séculos passados, sabemos por meio da Literatura. Ora, pode-se ainda afirmar que a Literatura está presente na vida do homem desde os seus primeiros suspiros, uma vez que, o homem sempre precisou representar suas crenças, suas ideias e suas práticas. Observa-se então que a Literatura surgira muito antes da escrita; muito antes da palavra; pois antes mesmo do desenvolvimento da fala, de alguma forma, o homem já se expressava por meio de representações que espelhavam seus hábitos, suas crenças e sua história.

     3. LITERATURA

Pode-se dizer que a Literatura é toda prática voltada à escrita e à leitura. Não se sabe ao certo a data de sua origem, todavia, acredita-se que tenha surgido antes da escrita e da fala, uma vez que desde os primórdios humanos, o homem sempre procurou exprimir suas ideias, seus hábitos, costumes e suas histórias. Ora, a Literatura torna-se assim um meio de expressão do sujeito, dando a este a possibilidade de se exprimir para os outros por meio da escrita. Porém, antes mesmo de qualquer escrita, o homem embarca numa leitura interna, numa introspecção que o leva a criar. Ora, esta instrospecção é a leitura de si mesmo, das suas crenças, dos seus valores, das suas experiências. O homem embarca ainda numa leitura do mundo, de modo a relacionar sua existência e o mundo, podendo assim criar.

     4. LITERATURA COMO EXPRESSÃO

O homem lê-se a si mesmo para escrever. Observa-se então que a Literatura sistematiza-se, primeiro, pela leitura de si mesmo, segundo, pela leitura do mundo, terceiro, pela compreensão que resulta desta leitura, quarto, pela exteriorização desta compreensão através da escrita, e quinto, pela partilha deste conhecimento com os outros, dando assim a possibilidade de leitura.

A Literatura, como já adiantou-se aqui, serve também como meio de expressão. Desde sempre, a necessidade de se registar a história foi fundamental. Embora, muitas vezes, nos é ensinado que devemos ultrapassar o passado e prosseguirmos o futuro, ainda assim, o passado insiste em mostrar sua importância para a compreensão dos fenómenos actuais. Do mesmo modo, para prosseguirmos rumo ao futuro, é fundamental que saibamos os erros cometidos no passado para não serem repetidos, o que faz da compreensão do passado um aspecto necessário. A Literatura então entra neste episódio como meio de registo dos fenómenos sociais, ou seja, entra como um instrumento para o registo do passado.

Assim como qualquer manifestação artística, a Literatura apresenta-se ainda como um instrumento útil para a transmissão de conhecimentos e de participação do homem na história. Através de histórias e relatos sobre realidades passadas, pode-se compreender o passado de um determinado período da história, o que permite a construção do mundo e a representação das suas fases históricas. Ora, a Literatura põe ainda o homem como coparticipante da história, uma vez que, ao escrever, o homem deixa suas impressões na história e no mundo.

      5. LITERATURA COMO REPRESENTAÇÃO

A Literatura apresenta-se ainda como um instrumento simbólico para os fenómenos que diariamente acontecem na sociedade. Um exemplo para esta ideia é o romance Romeu e Julieta de William Shakespeare (1564-1616). Esta obra mostra, claramente, os amores que diariamente se mostram no quotidiano. Ora, os seres humanos nutrem sentimentos pelos outros o tempo todo. Ao percorrermos pela vida, passamos por amores proibidos e por amores não correspondidos, o que nos leva a pensamentos conflituosos e, muitas vezes, a cometermos tragédias e a desenvolver transtornos mentais pelo simples facto de não podermos estar ao lado de quem amamos. Ora, esta realidade humana é vista quando Romeu suicida-se por não poder estar com sua amada; e Julieta, aflita pela ausência definitiva do amado, decide também calar a própria respiração. Pode-se dizer que este episódio de Romeu e Julieta é, na verdade, um acto simbólico de como as relações humanas, sobretudo as amorosas, podem se tornar angustiantes e trágicas.

As mitologias por sua vez são perfeitas representações simbólicas da realidade humanas. Ao percorrermos pelas histórias míticas, observamos o quanto os relatos falam da condição humana; por exemplo, na A Divina Comédia, Dante Alighieri (1265-1321) mostra, simbolicamente, como o homem, no percurso de sua vida, passa por infernos e purgatórios existenciais antes de chegar ao paraíso. Pode-se entender o inferno e o purgatório como obstáculos, problemas e dificuldades que o homem tem de passar; ao passo que, o paraíso pode ser interpretado como conforto, felicidade ou algum tipo de satisfação; ou seja, para que o homem alcance qualquer satisfação ou conforto, primeiramente passa por obstáculos, obstáculos e dificuldades.

      6. LITERATURA NA SALA DE AULA

Como vimos, a Literatura serve como um instrumento de representação da realidade. Serve ainda como mecanismo para a expressão e autoexpressão do sujeito, ou seja, para a transmissão de conhecimentos sobre o mundo e sobre nós mesmos. Neste sentido, o ensino da Literatura em salas de aula é extremamente fundamental para o crescimento do aluno, uma vez que, a Literatura exprime-se através da escrita; e o aluno, ao usar a escrita, torna-se leitor do mundo e de si mesmo, possibilitando-o a entender os fenómenos do mundo à sua volta e do mundo dentro dele.

A prática da Literatura é, exclusivamente, a prática da escrita e da leitura. Um bom escritor tem de ser, necessariamente, um bom leitor; e nada é mais benéfico para o crescimento do cérebro senão a leitura. Ora, se a Literatura é a expressão perfeita da leitura e da escrita, logo, ensinar a Literatura é, ao mesmo tempo, investir no crescimento intelectual e social do aluno.

A Literatura oferece ainda diversos géneros que foram usados para a representação simbólica e até real da realidade; as mitologias por exemplo, muitas delas, foram escritas com uma linguagem poética, podendo-se assim recorrer à poesia como forma de expressão e de autoexpressão. Pode-se ainda preferir a prosa, o romance, o conto, a fábula e muitas outras formas literárias fundamentais para a compreensão do mundo e do próprio homem.

      7. CONCLUSÃO

A Literatura é então um meio de expressar e de se autoexpressar no mundo; ou seja, um meio fundamental para o homem que o permite ler o mundo à sua volta, ler a si mesmo e compreender suas complexidades e as que o cercam, de modo a partilhar o conhecimento com os outros. A Literatura é ainda usada para simbolizar a realidade, ou seja, para representar simbolicamente a vida do homem na sua jornada pelo mundo, o que pode-se ver nas mitologias e em muitas outras obras literárias. Todavia, a Literatura é indispensável para o homem e o seu ensino em salas de aula torna-se fundamental para a formação de pessoas capazes de interpretar o mundo e participar nela.