A linguística aplicada no Brasil
Por Nadson Cardoso de Jesus | 07/01/2022 | EducaçãoO início da Linguística Aplicada no país, se dá nos anos 60 e 70, onde foi marcado por questões relativas ao ensino de línguas estrangeiras, principalmente o inglês.
Moita Lopes (1999) atesta que naquela época, as dissertações de mestrado na área refletiam o pensamento de aplicação de teorias da Linguística para melhorias de técnicas de ensino em sala de aula.
Segundo Cavalcanti (2004), uma das ênfases de trabalhos de investigação na área neste início eram as sugestões para produção e avaliação de materiais.
Para Moita Lopes (2006, p.16) hoje, é possível dizer que a LA é um campo relativamente bem estabelecido em nosso país e o que comprova este feito são os muitos programas de pós-graduação na área, através do apoio das agências de fomento à pesquisa e pela criação, em 1990, da Associação de Linguística Aplicada no Brasil – ALAB. A página da web da ALAB indica como o objetivo da associação:
(re) construir um lócus acadêmico-científico e reflexivo, fomentado, por sua vez, estudos e reflexões da área de LA, não concebida mais como aplicação de teorias linguísticas, mas como um campo de investigação indisciplinar, transgressiva e híbrida. (ALAB, 2018).
A Linguística Aplicada no Brasil se tornou uma disciplina híbrida ou mestiça, onde a interdisciplinaridade, que ainda é vivida timidamente, é cada vez mais um caminho a ser seguido. Isto é, a LA deve dialogar com outras áreas como ciências sociais, a antropologia, a sociologia, etc, pois, como afirma Moita Lopes (2006, p.96) Se quisermos saber sobre linguagem e vida social nos dias de hoje, é preciso sair do campo de linguagem propriamente dito: ler sociologia, geografia, história, antropologia, psicologia cultural e social etc.” Pois, parece indispensável que LA se aproxime das áreas com enfoque social, político e história, alias, essa é a condição para que a LA possa responder às demandas da vida contemporânea.
Esse novo modo de compreender a LA permite entender melhor os paradigmas que existem nos dias atuais, visto que em meados da década de 1980 até a de 1990 as pesquisas realizadas dentro desta área começam a ser sobre outros contextos sociais que não lidam com o ensino, passando a ser entendida, inclusive, como indisciplinar, ou seja que não pode mais ser constituída como disciplina. Isso ocorre pelo fato de que a LA deseja ousar pensar de maneira diferente ao da linguística, isto é, a LA deseja ir além dos paradigmas consolidados, prontos, acabados.
Como diz SILVA (2010), com esse ampliamento das áreas de pesquisa da LA o Brasil tem atuado não só em contextos educacionais, como também em "outros contextos profissionais, em ambientes diversos de pesquisas científicas e tecnológicas, situações forenses, nos estudos lexicográficos, no tratamento de linguagem artificial com as novas tecnologias da comunicação e informação, refletindo uma tendência internacional da área" (p. 209). O que acaba evidenciando que a área vem assumindo e reafirmando cada vez mais seu caráter interdisciplinar.
Na visão de Matos:
A LA contemporânea deixou de ser associada quase que exclusivamente ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira e dependente do embasamento teórico proveniente da linguística, considerada, a sua ciência-mãe. A LA não ignora visões importantes de outras áreas do conhecimento e as novas perspectivas têm tratado as práticas a serem investigadas de forma contextualizada, encarando os indivíduos de pesquisa heterogêneos e sujeitos ao contexto sociocultural em que estão inseridos, ou seja, os indivíduos são concebidos socialmente (MATOS, 2013, p. 6).
REFERÊNCIAS
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