UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – MODALIDADE À DISTÂNCIA 

Maria José Souza Carvalho

A LINGUAGEM CORPORAL NA INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL “CAMINHO DO SABER” EM SANTA RITA DO ARAGUAIA 

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso, como requisito parcial para o cumprimento do Seminário Temático II. 

ALTO ARAGUAIA

2014

  1. INTRODUÇÃO 

De acordo com Lopes (2012, p. 15), no começo do desenvolvimento humano, nossos corpos eram a expressão da convivência harmoniosa com a natureza e dela dependente. Usávamos o corpo como um instrumento para a luta diária da sobrevivência humana na face da terra. A inteligência que nos caracteriza como ser diferente dos demais, foi aliada aos nossos movimentos e, assim, superamos as dificuldades enfrentadas em nossa pré-história.

Então desde os primórdios o corpo humano tem essa característica de expressão, de comunicação. No entanto, se observarmos os gestos das crianças em relação a dos adultos. Pontuaremos que as crianças têm gestos lúdicos como as brincadeiras, dança, música, artes. O corpo da criança é a ferramenta pela qual ela interage com o mundo e a linguagem corporal é uma das maneiras do aluno se expressar, relacionar e trocar experiências com o meio em que vive.

A linguagem corporal revela um universo a ser vivenciado, conhecido, desfrutado, com prazer e alegria. A Instituição de Educação Infantil pode configurar-se como um espaço em que a criança pode brincar com a linguagem corporal, com o corpo, com a gestualidade, alfabetizando-se nessa linguagem. Brincar com a linguagem corporal significa criar situações nas quais a criança entre em contato com diferentes manifestações da cultura corporal, sobretudo aquelas relacionadas aos jogos e brincadeiras, às danças e a música.

O texto de Lopes, (2004, p. 85), nos deixa a entender que a Linguagem Corporal trabalha a estimulação motora que possibilita à criança condições de entender-se e de entender o mundo. Esta interação é fundamental para sua vida, como já mostrado nas ideias dos autores Wallon, Piaget, Le Boulch e Vitor da Fonseca.

Sendo assim, o uso que a criança faz de seu corpo é que permite essa interação. Portanto, a facilitação e a estimulação do uso da vivência corporal é que devem ser nosso foco na educação infantil e no ensino fundamental.

Para Silva (2010), é preciso preocupar-nos em relação à formação das crianças, não apenas com o ensino dos conhecimentos sistematizados, mas também com o ensino de expressões, movimentos corporais e percepção.

Quando se fala em transmitir conhecimentos no espaço escolar, logo associamos a prática em fala, ou seja, ensinamentos que vem através da oralidade. Muitos acreditam que o aluno só adquire conhecimentos através da fala do professor ou textos escritos.

A escola como meio educacional deve adotar como prática a linguagem corporal, tudo que envolve essa linguagem como a dança, teatro, música e brincadeiras. Essas práticas são essenciais e determinantes no processo de desenvolvimento geral dos alunos.

Propiciar atividades corporais no espaço escolar é oportunizar ao educador e ao educando alguma forma de contribuir para amenizar o efeito da repreensão imposta pela sociedade.

A percepção corporal, o prazer do movimentar poderá conduzir o aluno a um comportamento livre, menos reprimido.

O corpo e o movimento, quando entram na escola, tendem a serem tratados como algo de menor importância, no máximo como suporte de alguma atividade em dias especiais, ou datas comemorativas.

Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa é refletir sobre de que forma a linguagem corporal vem sendo tratada na Instituição de Educação Infantil em Santa Rita do Araguaia, em especial com uma turma de 02 e 03 anos de idade.

 

  1. PROBLEMA

 

            Como podemos trabalhar com a linguagem corporal no âmbito da educação infantil?

             É possível desenvolvermos um trabalho com a linguagem corporal na educação infantil que não esteja voltado somente para o desenvolvimento de habilidades motoras ou momentos recreativos?

            Para Oliveira (1989), o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança em de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.

            Sendo assim, temos que refletir se os educadores estão dando a devida importância a linguagem corporal das crianças ou somente esta tem o intuito de cumprir com esses requisitos, mas com a finalidade de promover grandes desafios e possibilidades.

  1. OBJETIVOS DA PESQUISA

 

Os objetivos são extraídos diretamente do problema levantado no tópico anterior.

Definimos:

3.1 Objetivos gerais:

Pesquisar se a linguagem corporal tem sido tratada como parte integrante na construção do conhecimento das crianças de 02 e 03 anos e na prática docente.

3.2 Objetivos específicos:

 

  • Compreender a importância do corpo e a importância do movimento na educação das crianças de 02 e 03 anos.
  • Descobrir quais são as atividades de Linguagem Corporal que são trabalhadas com as crianças.
  • Destacar a maneira de como o professor trabalha as atividades com as crianças que envolvam Linguagem corporal.

 

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

            Como educadores devemos pensar na linguagem e na expressão corporal e trazer esse pensamento para a prática educativa, no intuito de contribuir para o processo de formação das crianças.

            De acordo com o Livro de estudo: Módulo IV / Coleção PROINFANTIL:

Pensar no movimento, no corpo e nas mais diversas possibilidades de sua expressão nos leva a refletir sobre o compromisso que a educação tem com as crianças. Como educadores que trabalham com crianças, não podemos fugir de tais reflexões. A música, a dança, as artes, assim como as brincadeiras, revelam possibilidades muito maiores do que disciplinar corpos, trazem contribuições mais interessantes do que deixar as crianças mais calmas, menos agressivas e em melhores condições para frequentar a escola, respondendo às suas exigências e conteúdos preestabelecidos.

De acordo com SAYÃO (2002, p. 61) afirma que podemos planejar situações que levem as crianças a brincar, a interagir e a “manifestar-se através de diferentes linguagens, o que significa permitir e reconhecer que a oralidade, a escrita, o desenho, a dramatização, a música, o toque, a dança, a brincadeira, o jogo, os ritmos, as inúmeras formas de movimentos corporais, são todos eles expressões das crianças, que não podem ficar limitadas a um segundo plano.

De acordo com Santana (1995. p. 90):

Quando brinca, a criança apropria-se de uma linguagem simbólica através da qual recria elementos da realidade imediata, atribuindo-lhes novos significados. Através da brincadeira ela desenvolve atividades rítmicas, melódica fantasia-se de adulto, produz sonhos, danças, inventa histórias. Os gestos, os objetos e os espaços valem e significam aquilo que apresentam ser”.

Sabemos que as brincadeiras são de fundamental importância porque fazem parte do universo das crianças e é algo muito prazeroso e que aguça a criatividade.

E a escola deve proporcionar atividades primando pelo bem estar das crianças e trazendo o lúdico como instrumento eficaz no processo de ensino aprendizagem.

Segundo Chiarelli Barreto (2005):

Atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, sendo fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita (p. 27).

Ainda para esse autor, as atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro.

A música está presente em todas as culturas e pode ser utilizada como fator determinante nos desenvolvimentos motor, linguístico e afetivo de todos os indivíduos. (MARTINS, 2004).

A música é uma linguagem cujo conhecimento se constrói e não um produto pronto e acabado. Então a musicalização na escola é essencial. Traz alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que se precisa para o trabalho escolar (LIMA, 2010).

 As Artes Visuais também são consideradas uma linguagem e uma das formas importantes da criança se expressar, se comunicar, no mundo e na sociedade por isso tornam indispensáveis na Educação, principalmente na Educação Infantil.

De acordo com Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil vol. 3 (BRASIL, 1998, p.85).

As artes visuais expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional, além de volume, espaço, cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na arquitetura, nos brinquedos, bordados, entalhes, etc.

Toda criança precisa de experiências de comunicação criativa e expressiva por meio dos movimentos corporais. A dança faz parte desse universo expressivo, porque viabiliza a apreciação estética que envolve o corpo em movimento. Ao dançar, a criança se expressa criativamente e isto amplia as suas possibilidades de interação com o mundo.

Dançar então pode significar uma maneira prazerosa de conhecer o corpo e comunicar-se por meio dele (GODOY, 2010).

É importante entendermos que cada parte do corpo, do músculo, dependendo dos gestos, e movimentos, podem ter vários significados, sendo assim, tornando-se uma forma de comunicação, interação e socialização e aprendizados entre as crianças.

  1. METODOLOGIA

 

Após formar o grupo e escolher o subtema fizemos uma investigação teórica sobre o assunto. Para essa investigação usamos o Fascículo da disciplina Linguagem Corporal (2014), textos de livros e endereços eletrônicos.

A instituição campo da pesquisa será o Centro de Educação Infantil Caminho do Saber, localizado na cidade de Santa Rita do Araguaia, Estado de Goiás. E o grupo a ser estudado será a turma do Infantil I que atende crianças de 02 e 03 anos.

Quanto aos objetivos a pesquisa será exploratória. Segundo Gil (2007):

Esse tipo de pesquisa tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de um determinado fenômeno. Segundo o autor, esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a realidade buscando maior conhecimento, para depois planejar uma pesquisa descritiva. O planejamento da pesquisa exploratória é bastante flexível, já que o pesquisador não possui clareza do problema nem da hipótese a serem investigados.

Quanto aos procedimentos adotados na coleta de dados será pesquisa bibliográfica, de acordo com Gil (2007):

Como o próprio nome diz se fundamenta a partir do conhecimento disponível em fontes bibliográficas, principalmente livros e artigos científicos. Segundo Koche (1997, p. 122), tem a finalidade de ampliar o conhecimento na área, de dominar o conhecimento para depois utilizá-lo como modelo teórico que dará sustentação a outros problemas de pesquisa e para descrever e sistematizar o estado da arte na área estudada. Este tipo de pesquisa se restringe ao campo de atuação no levantamento e na discussão da produção bibliográfica existente sobre o tema. O processo de pesquisa envolve a escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar, formulação do problema, elaboração do plano provisório de assunto, busca das fontes, leitura do material, fichamento, organização lógica do assunto e redação do texto (GIL, 2007, p. 60).

E estudo de caso, que segundo Zanella:

“Estudo de caso é uma forma de pesquisa que aborda a fundo um ou poucos objetos de pesquisa, por isso tem grande profundidade e pequena amplitude, procurando conhecer de forma perspicaz a realidade de uma pessoa, de um grupo de pessoas, de uma ou mais organizações, uma política econômica, um programa de governo, um tipo de serviço público, entre outros. Assim, a característica principal é a profundidade do estudo” (ZANELLA, 2012, p.86).

Para realizar a pesquisa escolhemos o Centro Municipal de Educação Infantil localizado em Santa Rita do Araguaia, GO. A Instituição atende crianças de 6 meses a 6 anos, e funciona num período integral das 6:30 ás 17:30. No turno Matutino as crianças são divididas em três turmas: Berçário, Infantil I e Infantil II.

A observação é uma técnica de levantamento de dados e é próprio do ser humano é o seu método básico para colher informações.

A observação participante será realizada no turno matutino na turma do Infantil I que atende crianças de 02 e 03 anos. E acontecerá durante uma semana porque se for em apenas uma aula corremos o risco do objeto de nossa pesquisa não se revelar.

A observação participante pode ser conceituada como:

O processo no qual um investigador estabelece um relacionamento

multilateral e de prazo relativamente longo com uma associação humana na sua situação natural com o propósito de desenvolver um entendimento científico daquele grupo (May, 2001: 177).

A observação será pautada pela linguagem corporal das crianças e se na prática a linguagem corporal é vista como um aliado no processo de aprendizagem das crianças. O instrumento para registrar tais informações será papel, caneta e máquina fotográfica.

Durante o trabalho de observação elaboraremos questionários fechados que serão feito com os Gestores, professores e se possível pais das crianças da turma especificada, sobre o tema da pesquisa.

Durante a observação iremos registrar as atividades da turma em todo espaço escolar durante o período Matutino, visto que ao pedir autorização a Gestora da escola autorização para realizar a pesquisa, ela nos autorizou e nos informou que a instituição tem autorização registrada dos pais para que seus filhos sejam fotografados.

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996.

 

COLEÇÃO PRINFANTIL – Portal do Professor – Ministério da Educação. Módulo IV. Unidade 4. Volume 2.

CHIARELLI, L. K. M.; BARRETO, S. DE J. A importância da musicalização na educação infantil e no ensino fundamental: a música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do ser. Revista Recre@rte. n. 3, 2005.

GARCIA, Vitor Ponchio; SANTOS, Renato dos. A importância da utilização da música na educação infantil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 169, 2012. http://www.efdeportes.com/efd169/a-musica-na-educacao-infantil.html

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007

GODOY, Kathya Maria Ayres de. Seminários de Dança: Algumas PerguntaS sobre Dança e Educação. Joinville /SC, 2010. (A dança, a criança e a escola: como estabelecer esta conversa).

LIMA, S. V. de. A Importância da Música no Desenvolvimento Infantil. Artigonal – Diretório de Artigos Gratuitos. 2010.


LOPES, Tomires Campos, Multiplas Linguagens: Linguagem Corporal/Tomires Campos Lopes. Cuiabá: UAB/EdUFMT, 2012.

OLIVEIRA, Paulo de Salles. O que é brinquedo. 2. Ed. S.o Paulo: Brasiliense, 1989.

SAYÃO, Deborah Thomé. Infância, Prática de Ensino de Educação Física e Educação Infantil. In: VAZ, Alexandre Fernandez, SAYÃO, Deborah Thomé e PINTO, Fábio Machado (Orgs.). Educação do corpo e formação de professores: reflexões sobre a Prática de Ensino de Educação Física. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002. p.45-64.

SILVA, D. G. da. A importância da música no processo de aprendizagem da criança na educação infantil: uma análise da literatura2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. 

SANTANA, Marli Pires de. Brinquedoteca: Sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artemed, 1995. 

CHAGAS, Renata dos Santos. Linguagem Corporal. Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/linguagem-corporal-3567030.html Acesso em 09 de setembro de 2014.