A LIBERDADE

A liberdade é algo tão subjetivo que muitas vezes o seu sentido se perde no amontoado de significados que a liberdade em si pode ter. Racionalmente tem se uma idéia de liberdade quando isto lhe é cedido, este ser pode contar com certos números, nunca ilimitados, de privilégios que geralmente para se ter valor é comparado ao de alguns semelhantes que não dispõe destas mesmas regalias. Para assim esta liberdade ter algum valor vale-se sempre da comparação.
Funciona assim; o que existe a disposição de todos, como direito são espaços cedidos onde pode se atuar legalmente, sem que ajam distúrbios ou venha a ferir normas e leis impostas pelos governos.
Diz-se liberdade o que se pode fazer desde que dentro do que foi estipulado como "certo" para se fazer, logo é uma liberdade "fechada, onde não se deve fazer o que foi tachado de proibido".
Estas proibições sempre são vistas como atitudes anti-sociais que perturbariam a ordem e o progresso da sociedade. Pode ser incriminado quem desobedecer estas
ordens ou pode ser tido como sociopata, carente de tratamento medico para que venha viver novamente em sociedade.
Tanto um como outro serão indivíduos incapacitados de viver em comum com as outras pessoas, pois não dispõem de modos racionais para esta interação. Estes modos racionais que carecem nestes indivíduos são os mesmos motivos racionais que foram avalizados anteriormente, vistos e adotados como normas e regras saudáveis a manutenção desta sociedade.
Admirável esta conduta do ser humano, de prezar pela saúde corporativa de sua grei e também pela saúde individual de seus membros, já que quando estes teêm suas vidas em perigo iminente diante de um "sociopata" ou algum individuo que queira sustentar-se de maneira indigna retirando o que não é seu de seu semelhante, talvez ate a própria vida futilmente.
Dentro deste aspecto nada mais justo que limitar a liberdade do sujeito anti-social, restringindo seu espaço a locais diminutos e vigiados, com tratamento medicamentoso ou normas educativas, mas fora deste contexto crimino-patologico, o que significa a liberdade para os cidadãos legais?
Podemos se julgar em plena liberdade, ou toda liberdade tem um preço?
Talvez o que para nós seja pouca liberdade, possa ser uma maravilha sem fim para cidadãos que vivenciam ditaduras militares, ou regimes religiosos ortodoxos.
Mas também possa significar uma clausura para cidadãos que vivam em sociedades onde o ser humano é valorizado prioritariamente antes dos impostos e leis de contenções civis.
Os impostos cerceiam literalmente a liberdade dos indivíduos, desde que em função do peso que eles causem aos bolsos de seus pagantes, interfira diretamente em planos como uma viagem de férias, a compra de um carro novo, a entrada de um filho á faculdade, desde que se torne um peso acima das condições saudáveis para a manutenção da vida.
Onde existem limitações que impeçam o sujeito ir alem de determinado ponto, ali se marca o fim de sua liberdade. E quando não se toma atitude alguma diante deste problema, este tem muitas das vezes o poder de avançar em direção do sujeito e da sociedade reduzindo cada vez mais seu espaço, induzindo este a viver cada vez mais limitada e desumanamente.
A razão que escreve os parâmetros legais de condutas sociais tende a tornar se tirana quando em nome desta razão estabelecem-se leis e regras que submetem seus cidadãos a vivenciarem, cotidianamente, altos teores insalubres de cerceamento psicológico e financeiro.
Povos que se tornam passivos demasiadamente, são alvos fáceis destes tipos de abusos, pois onde, por exemplo, a criminalidade cresce desproporcionalmente e começa a atingir níveis inescrupulosos, pondo em risco de vida seus cidadãos honestos, tomam-se como necessária uma postura autoritária e generalizada.
Cresce os números de presídios, tem que se aumentar o corpo policial para atender a demanda criminal, aumentam-se os gastos com o judiciário e fatalmente isto tudo ira pesar no bolso de seus contribuintes, para que assim possa se manter a maquina do estado.
Mas se esta maquina é gerida pela razão, pelo raciocínio dos que governam e estes são colocados neste posto pelos próprios cidadãos que vivem também nesta sociedade?
E quando existe o peso gerado pelos impostos e consequentemente a liberdade dos "livres" é restringida, aonde então foi parar a razão disto tudo?
Sim, a razão, já que tudo é pesado e pensado em decorrência do que achamos ser melhor para nós.
A razão, o que nos difere dos outros animais, que não tem esta faculdade, a do raciocínio.
A restrição da liberdade dos cidadãos de bem pode ser bem exemplificada nas grades e portões das casas. Nos muros que hoje atingem alturas semelhantes a dos presídios onde ficam os "sem" liberdade.
Vivemos em sociedades e a liberdade temos por direito, mas quando somos passivos e deixamos que aos poucos esta liberdade seja subtraída, em nome da ordem ou da vanguarda da lei,corremos o grande risco de perdermos o espírito verdadeiro da palavra.
Perdemos imediatamente a razão supra e magnânima do termo liberdade, para um termo fraco, abstrato e meramente rotulador de uma democracia.