Ionete Meireles Simões1[1]

RESUMO:

Reconhecer a importância da leitura é incentivar os alunos a esse hábito. Neste sentido, a leitura é um caminho que leva o aluno a desenvolver a criticidade, oralidade e escrita, de forma prazerosa e significativa. O docente deve refletir sobre a importância da leitura e as formas encontradas para o incentivo da mesma em sala de aula. Nesse sentido, a instância da leitura não deve ser puramente passiva, o leitor, no momento de seu exercício, precisa entender e interpretar os fatos e experiências que o rodeiam, tendo assim, uma visão de que nas aulas de língua portuguesa, não se aprende somente gramática, mas também, conceitos éticos e sociais.

Palavras-chave: Ensino. Prática de linguagem. Leitura.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como propósito, expor a investigação de uma análise sobre as praticas de ensino aprendizagem da língua portuguesa, realizada no município de Mocajuba, procurando problematizar e investigar o processo de ensino aprendizagem, desenvolvido nas escolas municipais pelos professores de língua portuguesa.

Dessa forma, nossas discussões nos levarão para a análise da pratica docente, relacionados à leitura e o aluno, objetivando-se expor e discutir, os principais aspectos pautados na concepção e, objetivo no processo de ensino da língua portuguesa, baseado nas teorias desenvolvidas por Luiz Carlos Travaglia (2005) e Irandé Antunes (2003), além de enfatizar de forma sucinta a leitura e, os métodos que norteiam sua prática, com a finalidade de formar indivíduos autônomos, redirecionando assim, o seu agir por meio da leitura, que os auxiliará não apenas nos estudos, mas, na forma de se expressar, conversar, escrever e principalmente argumentar sobre determinado tema.

Correlacionando deste modo, o ensino de língua portuguesa com a pratica de leitura, aspecto esse, essencial para a ampliação cognitiva do ser humano, que segundo Antunes (2003), é de suma importância para o desenvolvimento dos alunos. Diante disso, o professor deve procurar metodologias que aguce o interesse de seus discentes pela leitura, o que influenciará de maneira positiva no seu processo de ensino aprendizagem.

1. A LÍNGUA PORTUGUESA NA PRÁTICA DOCENTE

No ensino da língua portuguesa tem-se prioritariamente segundo Travaglia (2005), o objetivo de desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor). O educador deve instigar o individuo a desenvolver sua habilidade comunicativa, mostrando-o, as diferentes competências comunicativas da língua e, principalmente levando-o a ampliar de forma coerente, seus argumentos nas mais variadas situações interacionais. Contudo, quando se fala em língua portuguesa, assimila-se a noção de regras gramaticais, o que causa uma enorme insatisfação por parte dos alunos.

O grande equivoco em torno do ensino da língua portuguesa tem sido o de acreditar que, ensinando análise sintática, ensinando nomenclatura gramatical, conseguimos deixar os alunos suficientemente competentes para ler e escrever textos, conforme as diversificadas situações sociais. (ANTUNES, 2003, p 46)

No entanto, percebe-se que somente o ensino da gramática, não fornecerá subsídios suficientes para tornar o aluno crítico e, comunicativo, deve-se apreender além desse, outros critérios da língua portuguesa como leitura, oralização, oralidade e escrita, que também são de suma importância para a sua constituição como aluno e cidadão.  

Precisa-se criar métodos que tornem a aula de língua portuguesa prazerosa e, não monótona como ocorre na maioria das escolas, utilizando recursos que “prenda” a atenção dos alunos, garantindo o seu aprendizado e, que ao mesmo tempo proporcionem a satisfação dos professores, buscando sempre repassar para o aluno qual o principal objetivo no seu ensino da língua.

Os professores de língua portuguesa possuem habilidades suficientes para levar seus alunos a compreender e, dominar as variedades da língua, mostrando-os como utiliza-las e, acima de tudo, contextualiza-las adequadamente por meio da linguagem, seguindo assim, a segunda concepção defendida por Travaglia (2005, p. 22), que vê a linguagem como instrumento de comunicação, como meio objetivo para a comunicação, capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor.

Seguindo essa concepção de linguagem, observamos que a situação comunicativa não depende apenas do emissor, é necessário que ocorra uma interação entre emissor e receptor, só assim, ambos conseguirão se comunicar de forma coerente e compreensiva.

1.1 A LEITURA EM SALA DE AULA

Tendo em vista à importância que a leitura representa para a sociedade moderna, abordaremos aspectos relacionados ao seu ensino em sala de aula, pois, é através dela que compreendemos o mundo e interagimos com o outro. A necessidade de leitura é algo incontestável, a fim de que o aluno possa melhor refletir, compreender, problematizar e questionar os textos lidos, fazendo uso de sua criticidade e, também da capacidade em lidar com os preceitos estabelecidos para a leitura. Ler significa aprender a produzir sentidos inseridos em um período e em um ambiente, tornando o exercício de leitura ativo e, o professor como mediador da leitura, deve proporcionar aos alunos o contato com os livros, ou outros gêneros textuais.

A leitura está estreitamente associada ao conhecimento, possibilitando ao leitor subsídios suficientes para argumentar, refletir e interagir adequadamente, mantendo-o assim, informado sobre os acontecimentos e assuntos atuais, além de fazê-lo viajar entre o real e o imaginário.

A atividade da leitura favorece, num primeiro plano, a ampliação dos repertórios de informação do leitor: Na verdade, por ela, o leitor pode incorporar novas ideias, novos conceitos, novos dados, novas e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, do mundo em geral. (ANTUNES, 2003, p. 70)

            Nessa definição, percebe-se o quanto a leitura em sala de aula é importante, representa uma oportunidade para o aluno ir além dos seus conhecimentos cotidianos, adquirindo de forma positiva e prazerosa novos conhecimentos, que o auxiliará tanto no meio social quanto escolar, além de ser um “forte” auxilio para a competência da escrita, segundo Antunes  (2003, p. 80) “entre a escrita e a leitura existe uma relação de interdependência e de intercomplementariedade”.

Ou seja, a leitura e a escrita não podem ser estudadas em contextos diferentes na sala de aula, pois, um é complemento do outro, e possuem uma interdependência inestimável, quando se escreve se escreve para alguém e, quando se lê terá conceitos suficientes para desenvolver na escrita.

            Contudo, para que o educando inicie o processo de ensino aprendizagem com relação à leitura, não necessita somente do apoio escolar, mas também do meio familiar, para que possam despertar em seus filhos o gosto e o prazer pela leitura.

            A leitura em sala de aula funciona também, como uma forma de socializar informações e conhecimentos, além de aguçar a criticidade e, o ponto de vista de cada um, potencializando a formação de um sujeito critico, argumentativo e reflexivo, com capacidade suficiente para compreender as concepções ideológicas, que na maioria das vezes são subtendidas pelos autores das obras.

2. METODOLOGIA E ANALISE DA ENTREVISTA

Este artigo foi elaborado a partir da análise de uma entrevista gravada e, depois transcrita, realizada com a professora do Ensino Fundamental, graduada em pedagogia, letras e pós-graduada em educação inclusiva; com a intenção de relatar e analisar, aspectos relacionados à prática docente de língua portuguesa, mais especificadamente sobre leitura; logo de inicio, foi solicitado que a docente entrevistada se identificasse, (nome, escolaridade, turmas nas quais atua e já atuou etc), busquei compreender de forma qualitativa, aspectos relacionados ao ensino de Língua Portuguesa e pratica de leitura, analisando suas respostas e relacionando-as com teorias desenvolvidas por Luiz Carlos Travaglia (2005) e Irandé Antunes (2003).

No entanto, dentre os vários aspectos estudados no ensino da língua portuguesa, me destinei a investigar de forma mais profunda, a metodologia e estratégia, que os docentes empregam para desempenhar a pratica de leitura em sala de aula, objetivando compreender seus métodos e suas limitações.

Foram analisadas algumas respostas relacionadas a pratica de leitura e, ao ensino da língua portuguesa, na qual detectou-se que, quanto ao ensino de língua portuguesa em sala de aula, percebe-se uma vasta similaridade com a primeira proposta de Travaglia (2005, p. 17), para o ensino da língua materna, na qual visa, “Desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor) isto é, a capacidade do usuário de empregar adequadamente a língua nas diversas situações de comunicação”. Evidenciando dessa forma, a grande preocupação em fazer com que os alunos apreendam a cada dia os aspectos norteadores da língua, como elementos fundamentais para a ampliação e garantia da aprendizagem do aluno, de suma importância para o desenvolvimento cognitivo e critico que, os ajudará na comunicação nos mais variados ambientes sociais de enunciação, procurando sempre manter contato com a diversidade comunicativa.

Os enunciados são frutos de situações de comunicação, são, naturalmente, textos, isso significa dizer que se deve propiciar o contato e o trabalho  do aluno com textos utilizados em situações de interação comunicativa os mais variados possíveis. (TRAVAGLIA, 2005. P. 19)

A professora utiliza em suas aulas variados gêneros textuais, buscando despertar nos alunos o interesse pela leitura, interação comunicativa e socialização, para que assim, consigam interagir nos mais variados ambientes sociais, além de enfatizar outros critérios da língua portuguesa como oralidade, escrita e gramática.

Travaglia (2005) aborda em seu texto, três concepções de como o professor concebe a linguagem: A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento. A segunda, como instrumento de comunicação, e meio objetivo para a comunicação. A terceira como forma ou processo de interação.

Quanto à concepção de linguagem, pareceu-me que seu objetivo está mais próximo da “linguagem como instrumento de comunicação”, na qual se tem um código comunicativo que é emitido e, logo em seguida se terá a resposta por meio do interlocutor.

Ao ensinar uma língua, podemos segundo Halliday, Mclntosh e Strevens (1974: 257-287) realizar três tipos de ensino: o prescritivo, o descritivo e o produtivo.

No ensino da língua, torna-se evidente que o método utilizado na prática docente é o “decritivo”, na qual apenas se mostra como a linguagem funciona e como determinada língua em particular funciona, pois, de acordo com os dados obtidos, a língua serve exclusivamente como meio comunicativo, ou seja, descreve apenas o funcionamento da língua.

Dentre os vários aspectos trabalhados nas aulas de língua portuguesa, enfatizarei a leitura baseada nos subsídios fornecidos pela professora entrevistada, na investigação procurei saber como era desenvolvida a pratica de leitura, qual a intenção da professora, dentre outros elementos.

Segundo a docente, a leitura em sala de aula é desenvolvida frequentemente, a professora funciona como mediadora entre o aluno e o livro, já que nas escolas não há biblioteca, somente uma municipal, mas, em situações precárias, o que dificulta ainda mais o acesso e interesse dos alunos pelos livros, preocupada com a situação resolveu criar uma estratégia corajosa.

Antes preocupada com a falta de leitura dos meus alunos, e percebi também o não contato com a leitura, montei o meu acervo particular a minha mala, ou seja, “os livros viajantes”, comecei meu trabalho levando minha pequena biblioteca para a sala de aula, fazendo com que meus alunos possam ter contato com leitura, com diversos gêneros textuais. (PALAVRAS  DA PROFESSORA)

Percebo na professora uma perfeita determinação e entusiasmo em levar leitura para seus alunos, mesmo com os problemas ela não desiste sempre persistente, buscando de todas as formas incentiva-los, e mesmo sem biblioteca e projetos de leitura, iniciou uma experiência inovadora, levando por conta própria livros para a sala de aula os quais denomina “livros viajantes” e, como ela mesma diz: “de tudo isso, fico feliz em ver alguns alunos lendo pelo menos um livro de conto infantil, ou uma manchete de jornal”.

Para desenvolver a leitura em sala de aula, a mesma, utiliza várias metodologias como: roda de leitura silenciosa, em grupo, individual, dentre outros, buscando despertar a criticidade, interesse pela leitura, analisando a oralidade e a escrita.

Nas didatizações de leitura, ressalta a importância do autor, sua história, e os estimula a lerem a obra por completo, não apenas fragmentos, que segundo ela estão contidos no livro didático, no entanto, não os leva a depreender qual a verdadeira intenção do autor com aquela obra, aspecto de suma importância para o desenvolvimento e compreensão do aluno, que segundo Irandé (2003, p. 67) “o leitor, como um dos sujeitos da interação, atua participativamente, buscando recuperar, buscando interpretar e compreender o conteúdo e as intenções pretendidas pelo autor”.

Contudo, o que mais a preocupa é o total desinteresse dos alunos para com a leitura, que só se estimulam para realizar algo que seja benéfico a eles, ou seja, como a leitura não influencia em suas notas escolares, não se interessam, deixando de lado todo o esforço e empenho realizado pela professora.

3. CONCLUSÃO

O hábito de leitura, é de suma importância para a formação do indivíduo, levando-os a uma reflexão sobre a realidade, além de proporcionar um conhecimento amplo sobre outros aspectos do mundo, portanto, professor e familiares como mediadores do conhecimento, devem fornecer suporte para que seus alunos e filhos desenvolvam essa habilidade.

Acredito que as práticas de leitura serão somadas às experiências do professor nas suas atividades, além de muitos outros benefícios que o próprio leitor-professor construirá, com a inserção no universo da leitura e, principalmente transformar seus alunos em cidadãos preparados para a vida em sociedade. Sendo assim, acredito que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação, é necessário que todo professor apresente aos seus alunos pequenas doses diárias de leitura, para que assim, sintam o encanto de ler e desenvolver sua habilidade de leitura.

Desta forma, pretende-se que o docente de língua portuguesa e a escola, tenham suporte e formação suficiente para incentivar seus alunos a não abandonarem o hábito de leitura, pois todo bom leitor será um excelente profissional, capaz de dialogar e se comunicar em qualquer ambiente social.

            Portanto, sejamos agentes socializadores e, transformemos a prática de ensino aprendizagem da língua portuguesa, construindo assim, as condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos de leitura, os quais incluem oportunidades para ler todos os gêneros possíveis; sabe-se que muitas dificuldades serão encontradas, mesmo assim não podemos desistir de forma alguma, sempre visando uma educação de qualidade, que proporcione a formação de indivíduos críticos, argumentativos e detentores dos seus direitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação / Irandé Antunes, - São Paulo: Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1).

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática / Luiz Carlos Travaglia. – 10 ed. – São Paulo: Cortez, 2005.