Ler não é apenas decifrar os códigos escritos. Ler exige muito mais. Exige principalmente imaginação, diversão, interpretação e compreensão. Além disso, a leitura deveria ser vista também como um ato de lazer.

Estimular a leitura é fundamental para que, nos dias de hoje, se consiga criar cidadãos que sejam leitores mais assíduos na escolae que possam ser mais críticos em sua vida. A base para que isso aconteça é a familiar. O incentivo à leitura que a criança precisa ter precisa partir da família. De preferência, que se inicie o mais cedo possível, por volta dos dois anos de idade. O recurso mais utilizado é a contação de histórias.

A leitura não é apenas uma decodificação das letras e palavras escritas. É muito mais. A leitura abre diversos caminhos ao leitor. Faz com que a imaginação extravase ao ler uma obra de ficção, por exemplo. Também faz com que o leitor ao identificar as palavras escritas, compreenda o significado e crie a sua opinião ou fale sobre o que está escrito. O exercício da leitura é fantástico e deveria ser incentivado com muito afinco desde a mais tenra idade. Este incentivo precisa iniciar na família da criança. Processo esse que, se fosse realizado por todas ou a maioria das famílias, desde cedo, faria com que existissem mais pessoas com opiniões próprias, senso crítico e autonomia.

Muitas pessoas, inclusive pais e professores, podem acreditar que contar uma história a uma criança de dois anos não surtirá efeito algum na mesma. Porém, não é isso o que acontece. A criança já tem capacidade de aprender, pois, até atingir a idade de dois anos a criança já passou por várias situações de aprendizagem como, por exemplo: comer, caminhar e falar. Em todas essas situações a criança precisou ser estimulada a passar por vários processos de aprendizagem até conseguir fazer tais coisas. Com a leitura não é diferente. É preciso estimular!

Existem crianças que simplesmente não gostam de ler. Deixar de incentivar? Não. Pressionar? Jamais. Então, o que fazer neste caso?

Com muita paciência, surgirão, ao longo do tempo, leituras que despertem o interesse da criança. Pode ser que demore, mas, daqui a pouco, surge o interesse pela tirinha do jornal, gibis, ou até mesmo por livros que, obviamente, já teriam sido apresentados à criança, mas não com assuntos ou temas de seu interesse. E, desta forma, a criança vai querer mais, terá vontade de procurar por novas leituras domesmo estilo, com outros temas interligados e o seu conhecimento vai sendo construído aos poucos juntamente com o seu senso crítico.

Para que isso aconteça é necessário que o incentivo exista, tanto por parte da família como da escola. A criança precisa ser apresentada o quanto antes a todas as formas de leitura possíveis que a família conseguir, pois, assim, vai começar a fazer relações com assuntos que mais gosta no estilo de leitura que mais lhe atrair. O despertar da curiosidade nesta fase é fundamental.

Ao chegar aos anos iniciais do ensino fundamental a criança deveria ter o incentivo da leitura perpetuado por seus professores. Infelizmente nem todas as crianças tem essa sorte, pois, geralmente, a leitura na escola é vista de forma mecânica. Se o aluno sabe ler e escrever já é considerado alfabetizado. A escola acaba não levando em consideração se o aluno sabe realmente o que está lendo, porque está lendo e o principal: Se compreende o que está lendo. Assim acaba por desmotivar a criança que veio cheia de motivações de casa e àquelas que vieram com pouco ou quase nada de incentivo permanecem na mesma situação.

Desta forma, para a criança que já vem motivada de casa, a escola perderá todo aquele encanto que os alunos possuem ao ingressar no âmbito escolar, pois, a mesma não lhes oferecerá nada de atrativo e novo que possa vir a despertar seus interesses.

Os professores precisam buscar incentivar seus alunos conhecendo a realidade a qual os mesmos estão inseridos. Descobrir o que gostam, conversar sobre tais assuntos e procurar trazer leituras referentes a esses assuntos. Estas são formas simples que o professor pode utilizar e que vai fazer com que se aproxime e conheça seus alunos.

O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam ‘decifrar’ o sistema de escrita. É - já o disse – formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro. (LERNER, 2002, p.27.)

Lerner (2002) nos apresenta que não se deve tratar a leitura e também a escrita de forma mecânica ou sistematizada. Nas escolas, hoje em dia, o incentivo à leitura é realizado de forma que os alunos fiquem enclausurados em uma sala: a biblioteca. Lá, as crianças lêem apenas o que lhes oferecem, pois ir a prateleira escolher um livro é sinônimo de bagunça. Livros diferentes com fantoches, dedoches ou em alto relevo chegam a ser colocados em uma área restrita onde os alunos não tem acesso, apenas a professora. Estes apenas são utilizados para uma possível contação de histórias pela professora sem que os alunos possam manuseá-los, pois podem vir a estragá-los. O que a maioria dos professores não entende é que não é uma biblioteca com os livros novos e intocáveis que farão a diferença na leitura dos seus alunos e sim o manuseio, o “poder” escolher, pegar, folhear, ler e etc. Portanto, a hora da leitura nas escolas precisa ganhar um novo olhar, pois dessa forma não há incentivo algum.

Nas palavras de Costa:

Quem trabalha em bibliotecas e em escolas com a formação de leitores conhece de perto o poder de sedução de uma bela história. Para falar apenas de meios de comunicação populares e acessíveis, podemos observar que o cinema e a televisão se tornaram veículos privilegiados de encenação das infinitas histórias criadas ou a criar. A ligação afetiva, emocional e ideológica dos expectadores exemplifica, muito bem, a força atrativa das histórias ali apresentadas, não distinguindo nessa atração idade, sexo, religião ou nacionalidade. Assistimos a uma telenovela, por exemplo, como nossos antepassados ouviam alguém ler ou contar longos folhetins com histórias igualmente emocionantes...o contador de histórias tem igualmente essa atenção à reação dos seus ouvintes, sempre pronto a causar efeitos imediatos de riso, angústia, expectativa, mas também, de contar histórias que façam pensar. (2009, p.82)

É preciso motivar os alunos primeiramente com o que lhes interesse. Depois, o próprio aluno é que vai começar a procurar os tipos de leituras que lhe atraia e sem perceber, através destas leituras, começará a escrever e ler melhor, além de conseguir expor suas opiniões, compartilhar os conhecimentos adquiridos e construir seu senso crítico.

Este artigo não tem por objetivo a intenção de relatar ou apresentar uma fórmula para ensinar a ler ou ainda, descrever, uma maneira lúdica para este processo. Pelo contrário, o objetivo é apresentar aos leitores deste artigo que o desenrolar desta etapa é difícil e traz muitos medos e preocupações aos professores e insegurança aos alunos. Porém, a motivação dos alunos nesta etapa, depende da motivação do professor, ou seja, o mesmo deve conhecer sua turma para buscar os recursos necessários e sempre que possível, recursos lúdicos para que a aprendizagem tenha significado.

De acordo com CENAFOR,

O processo ensino-aprendizagem pode ser assim sintetizado, o professor passa para o aluno, através do método de exposição verbal da matéria, bem como de exercícios de fixação e memorização, os conteúdos acumulados culturalmente pelo homem, considerados como verdades absolutas. Nesse processo predomina a autoridade do professor enquanto o aluno é reduzido a um mero agente passivo. Os conteúdos por sua vez, pouco tem a ver com a realidade concreta dos alunos, com sua vivência. (1990, p.15)

A dificuldade para os professores se apresenta quando ainda não conhecem seus alunos, não sabem o quanto eles sabem, o que torna difícil ter um ponto de partida. Sendo que, do outro lado está uma criança com expectativas altíssimas em relação a leitura e consequentemente, a escrita.

Com base nisso, primeiramente o professor precisa manter a calma e aos poucos conhecer seus alunos. Logo, descobrirá a melhor forma de trabalhar com aquela turma.

Por que “com aquela turma”?

Cada turma é diferente e embora muitos profissionais em pleno século XXI acreditem que existe uma fórmula para o processo de aprendizagem da leitura e escrita, isso exige um trabalho diferente focado e voltado para as características individuais e únicas dos alunos que compõe cada classe. Logo, o primeiro planejamento não poderá ser reutilizado por vários anos em diferentes turmas. Conforme Celso dos S. Vasconcellos:

O professor deve levantar situações-problema que estimulem o raciocínio, ao invés de sobrecarregar a memória com uma série de informações desconexas. O olhar deve se voltar para a realidade em primeiro lugar e depois para o discurso para ver se ele dá conta de explica-la. (1995, p.62)

Ao receber uma nova turma o educador deve buscar aplicar suas habilidades e técnicas de ensino através de atividades voltadas ao estilo de vida e aos interesses deles atentando a possibilidade de execução das mesmas.

Para o aluno, o professor deve ser mediador de suas aprendizagens. Deve-se instigar, questionar, fornecer espaço em sala para sanar dúvidas e o mais importante, a dedicação do professor em elaborar uma aula prazerosa, embasada no cotidiano dos alunos e em assuntos que os mesmos gostem.

Empolgar e motivar os alunos a trilharem o caminho da educação e do conhecimento em sala de aula é garantir que a escola esteja entre as atividades prazerosas do aluno.

O incentivo à leitura, então, é essencial para a vida escolar dos alunos e para as crianças de forma geral, pois, além de incitar a criatividade, desenvolve a imaginação e o intelecto delas, bem como ajuda a tornar essas crianças, pequenos leitores, em cidadãos mais autônomos e críticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MEC/CENAFOR. Reinventando a prática do orientador educacional e do supervisor escolar: a prática em questão. São Paulo: CENAFOR, 1983. Apud J. C.

COSTA, Marta Morais da. Literatura Infantil. 2.ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento – Plano de Ensino-aprendizagem e Projeto Educativo. São Paulo: Libertad – Centro de Formação e Acessória Pedagógica, 1995.

Artigo escrito pelas professoras das escolas de São Marcos:

Escola Municipal de Educação Infantil Amor Perfeito

- Aline Madruga Sganzerla

- Cristine Machado Gomes

- FabieliTrevisol

- Luciana BugançaPerozzo

Escola Municipal de Educação Infantil Ternura

- Caroline Machado Gomes