A INVISIBILIDADE E A VIAGEM NO TEMPO

Neste mundo de aparências, sabemos muitas coisas e ignoramos outras tantas, algumas vezes por falta de tempo e oportunidade.

Mas hoje quero falar da invisibilidade e da viagem no tempo. A invisibilidade é um fenômeno bem simples e aparentemente mal compreendido que depende, em alguns casos, tão somente do tamanho dos corpos e de sua velocidade.

Quando os corpos são muito pequenos, às vezes não os enxergamos. E quando são muito grandes, ou distantes, também não, por estarem fora do alcance de nossa capacidade visual. Quem se lembra de Micrômegas de Voltaire?

Por outro lado, se olharmos para um corpo sólido, como uma pedra, ele nos parece sólido, mas na realidade é formado por uma infinidade de espaços e de partículas atômicas em movimento que não enxergamos justamente por seu tamanho e velocidade.

O sábio Demócrito, na antiguidade, dizia que o átomo era a menor partícula da matéria, e durante muito tempo foi assim considerado, até que se descobriram as partículas subatômicas.

Alguns seres e substâncias também permanecem invisíveis dependendo de sua constituição ou composição molecular.

Mas vamos a um exemplo prático e comum. Um ventilador desligado. Suas hélices estão visíveis. Mas se o ligarmos, as hélices começam a girar e desaparecem. Assim acontece com os corpos que se deslocam em velocidade maior do que aquela que o nosso cérebro e os nossos olhos podem perceber.

Portanto, ser visível ou invisível é uma questão de tamanho, cor, aparência, consistência, distância e movimento.

Quanto à viagem no tempo, tão explorada nos livros de ficção, através do pensamento podemos tranquilamente nos transportar para onde quisermos, para o futuro que imaginamos ou para o passado que já conhecemos. Sob o efeito da hipnose regressiva podemos viajar ao passado e conseqüentemente retornar ao futuro. E dormindo, quando sofremos algum acidente durante o sono, sonhamos para trás a partir do fato causador. Eu, por exemplo, já sonhei estar brigando com três sujeitos e quando saltei sobre um deles acabei caindo da cama e batendo violentamente com a cabeça no chão. Segundo a ciência que estuda os fenômenos do sonho, nestes casos o sonho acontece a partir do momento em que sofremos o impacto da queda e, numa fração de milésimos de segundo, toda uma história é criada em nossa mente, culminando com o impacto final e o conseqüente despertar. Isto no plano mental.

Mas existem formas de viajar fisicamente no tempo: Suponhamos que alguém de fusca saiu de Santana do Livramento às 5 horas da tarde e está viajando com destino a Porto Alegre, e pretende fazer 500 km a uma velocidade de 100 km por hora. Viajando sem parar, vai levar 5 horas para chegar ao seu destino. Saindo do mesmo lugar, com o mesmo destino e no mesmo horário, alguém viaja num carro mais veloz, a uma velocidade de 150 km/h. Aquele que viaja no carro mais veloz, se mantiver uma velocidade constante, estará em Porto Alegre um pouco além das oito e meia da noite, enquanto o do fusca ainda estará viajando e recém chegará lá às dez horas da noite. No espaço e no tempo, um estará no futuro e o outro no passado.

Agora consideremos as viagens intercontinentais. Dependendo do sentido horário ou anti-horário, viajaremos para o passado ou para o futuro, indo para o ocidente (OESTE) ou para o oriente (LESTE). Imagine-se um avião em vôo direto saindo do Rio de Janeiro com destino ao Japão e outro naquele exato momento saindo do Japão com destino ao Rio de Janeiro. Relativamente ao movimento de rotação da Terra, e aos fusos horários, um deles estará viajando para o futuro e a outro para o passado e ambos haverão de se cruzar na linha do tempo, entendendo-se o ponto de vista das pessoas que habitam um e outro hemisfério de que o 'futuro' para os orientais está no ocidente e para os ocidentais está no oriente. Isto explica os conceitos (ou preconceitos) de "velho" e "novo" mundo, as migrações, e porque os árabes escrevem (e instintivamente preferem andar) da direita para a esquerda e nós da esquerda para a direita.

Luciano Machado