A INSATISFAÇÃO DO SER HUMANO

Qual ser humano está satisfeito sobre esta terra? Nenhum deles. Encontramos insatisfação em todas as situações. Comecemos pelo casal. Será que o marido está totalmente satisfeito com sua mulher e esta com seu marido? O homem pode satisfazer todos os gostos da mulher e a mulher os do homem? Não há nenhuma rusga, nem um probleminha a se queixar? Nos primeiros dias até que as coisas podem andar bem, mas depois começam os problemas. Muitas mulheres procuram o príncipe encantado por muitos anos. Acabam ficando tia e então casam com o primeiro que aparece. Geralmente o homem é mais velho, pode ter muito dinheiro e logo logo ela pode ir ficando pelo escanteio. Ele começa a sair com os amigos, depois encontra algumas mulheres da vida muito mais bonitas, muito mais fogosas. A esposa também dá chances ao marido, pois não gosta de festa, não gosta de badalada, acha que está muito gorda, está muito feia. Enquanto isto o homem pega corda e sai a vontade. Vamos analisar um belo casal que se casou em um determinado país. Vamos dar o nome dele de Norberto e o dela de Geraldina. Norberto era muito rico e com a idade um pouco avançada, casou-se com Geraldina. Não era um casamento por amor, mas por interesse. Os pais de Geraldina sempre quiseram manter a pose no meio social e a filha só poderia sair de casa se casasse com um senhor bastante gabaritado. Assim combinado, assim foi feito. As coisas pareciam que iam bem no começo, mas era apenas aparência perante a sociedade. Depois de um certo tempo encontramos Norberto bastante magro, amarelado, parecia doente. Dizia ele da sua enorme decepção, tinha o coração oprimido e estava muito melancólico. Onde o antigo sorriso do mancebo? Perdeu um ente muito querido, roubaram-lhe as economias? Tudo parecia esmaecido para ele. Andava tristonho e cabisbaixo, mas precisava manter as aparências para a sociedade. Então ele disse que foi o destino que lhe pregou uma grande peça. Ele não tinha mais tranquilidade no coração. É como se tivesse morrido e tivessem esquecido de enterrálo. O pior é que era muito tarde. Então Norberto abre o jogo. Tinha ressentimento com sua família, obrigaram-no a um casamento que não daria certo. A falta de amor e compreensão é a pior coisa da vida. Todos se casam esperando que tenham uma vida de ampla felicidade, mas há sempre um problema a atrapalhar a sua jornada. E neste momento não tem quem lhe possa ajudar, lhe tirar do buraco onde se meteu. Fogem os amigos e os inimigos estão ainda mais longe. Como sair desta situação? Amar com todas as fibras do seu coração e não receber este amor de volta nos traz sempre muitosofrimento. Ninguém poderia lhe ajudar, então teria que viver por isto até Deus sabe quando. Ele amava aquela mulher, tirou-lhe da enorme pobreza, estava encantado e perdido por sua beleza. Deu-lhe belos vestidos, as mais preciosas gemas, belíssimos presentes, depos aos seus pés toda a sua afeição. Esta mulher para ele era o tudo, o seu mais preciso tesouro, a sua eterna felicidade. Ele estava totalmente inebriado. Não saía mais de casa. Realizou festas importantes e trazia o seu troféu. Toda a sociedade ficava empolgada com o seu lindo diamante, mas a sua mulher parecia mais uma estátua e recebia tudo aquilo com desdenho. Ele queria que agora lhe abrisse um grande buraco para ele se meter dentro dele e não sair nunca mais. A bela mulher sem coração tinha tudo o que o homem podia lhe dar. Ele foi encontrar a sua mulher nos braços de um pobretão que não tinha nem onde cair morto. Sentiu vontade de esganá-la, mas era pessoa civilizada e aguardou que sua esposa viesse para casa e lhe desse uma explicação. Não tardou e ela chegou. Depos na mesa todas as joias que Norberto tinha-lhe dado, colocou ali tudo que tinha recebido, os seus vestidos mais caros e disse a Norberto que nada daquilo lhe servia. Que ela não o amava, que nunca o amou e foram os pais tanto os dele como os dela os culpados por aqueles problemas. Tudo poderia ser resolvido se os pais deixassem o coração dos jovens falar por eles, mas os pais não importavam com a felicidade dos filhos, mas com a deles. Ela síria dali somente com a roupa do corpo e nunca em nenhuma situação iria exigir nada dele. Passaria fome pelas ruas, mas não voltaria também para a casa dos pais, mas seria uma pessoa digna, respeitando os esplendores do seu coração e iria viver com aquele que era a chama do seu amor e com ele sofreria muito, mas era isto o que ela queria. Que ele procurasse alguém que pudesse lhe fazer feliz, pois ele merecia, mas não ao lado dela. E então ela partiu em busca de sua aventura, mas antes resolveu falar também de toda a sua angústia, de todo o seu sofrimento. Teve que casar muito jovem, pois os pais estavam à beira da falência. Teria que ser com Norberto, pois apesar de um pouco idoso, era extremamente rico o que daria uma boa felicidade a ela. Nunca se importaram de perguntar se ela não tinha outra opinião. Geraldina foi morar num casebre muito pobre, coberto de sapé do mato. Era um casebre de pau a pique, de barrote. Qualquer fogo ou vendaval levaria seu casebre, mas ali Geraldina estava feliz, estava ao lado de um homem que ela realmente amava, que sentia as fibras do seu coração falar mais alto. Iria trabalhar duro junto a ele. Mais tarde poderia ter filhos que os ajudaria em sua caminhada. Estava decidida a enfrentar a vida. Jamais queria ser mostrada à sociedade com um troféu que se ganha em uma partida, mas como um ser humano digno. Dizia que era totalmente infeliz ao lado de Norberto. Ele era muito festeiro, não parava em casa, bebia com os amigos, tinha várias amantes, não se importava com ela. Dizia que ela deveria estar sempre em casa, mas nas festas ela era apresentada como o belo troféu. Tudo isto para dar inveja aos seus amigos. A sociedade tinha que achar que aquele casal era muito feliz e que estava por cima da nata. Que importa o que a sociedade fala? Não adianta ver somente a casca, mas o interior das pessoas. Em seguida culpou a ela mesma ter aceito aquele casamento anterior. Ela se martelava, não pensava no que poderia ocorrer futuramente. Tinha dado o seu corpo a um homem, mas o seu espírito estava muito longe dele. Mas ela abriu os olhos enquanto era tempo e procurou o seu amor que não tinha nada de riqueza, de ostentação, mas tinha muito de amor, solidariedade e compreensão. Era com este homem que ela pretendia viver para o resto de sua vida. Para este homem ela não entregaria somente o seu corpo, mas também o seu espírito. Se andarmos por aí vamos ver muitos destes relatos. Que defeitos pode encontrar o homem na mulher? Alguns defeitos podem ser pelo seu próprio tipo físico: ou é muito magra ou é muito gorda ou é desleixada ou é preguiçosa. Muitos se queixam que a mulher não lhe faz nenhum tipo de carinho, nenhum abraço, nenhum beijo. Por isto ele vai buscar isto em outras mulheres e arruma algumas amantes. E a mulher que defeitos acha no marido? Algumas olham também o tipo físico: muito magro, muito gordo, muito porco, ronca demais, não sai com ela pra lugar algum. Tem vergonha de estar em sua companhia em público. Algumas acham o marido muito violento, muito gastador. As rusguinhas vão aparecendo sempre. Separar? Nem pensar, pois os dois já estão com alguma idade e seria difícil encontrar outro consorte e assim a insatisfação vai ficando pela vida toda. São raros os casais que não encontram algumas diferenças marcantes no seu parceiro. Mas vamos supor que os dois vivem bem, mas tem os problemas dos filhos. Aí as reclamações são dos dois. Os filhos não querem trabalhar, não querem estudar, dormem o tempo todo, só querem coisas de primeira classe. Se reclamar dos filhos eles ainda falam: “Não fazem mais que a obrigação, não pedi pra nascer.” Os filhos também reclamam dos pais: são muito exigentes, querem que os filhos se matem nos estudos, procurem logo um emprego, passem nos exames sempre nos primeiros lugares e assim sucessivamente. Supomos que a família vive bem sob todos estes aspectos, mas aí vem o problema da política. Os políticos são cada vez mais corruptos, não importam com o povo, aumentam os salários só deles, criam leis para que a sociedade fique sempre por baixo e eles por cima. E assim a insatisfação existe por toda parte. O homem nunca está satisfeito com nada. Sempre falta alguma coisa. Daí o jargão: “não há ninguém feliz neste mundo” ser verdadeiro. Não estamos em nosso mundo original, estamos aqui por empréstimo, aprendendo boas lições para só depois voltar ao nosso mundo. Isto vai demorar, pois o próprio homem é preguiçoso por natureza e precisa crescer e evoluir muito para retornar ao seu mundo do origem. Este mundo aqui é uma escola, que precisamos gravar bem as nossas lições, tirando sempre as melhores notas para um dia realmente sermos realmente felizes.